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sábado, 5 de dezembro de 2020

LÓGICA; LAPIDÁRIO; EM BUSCA DA VERDADE COM O PROFESSOR


 



Cristiano, da cidade de Vera Cruz, trouxe-nos mais um desafio, agora relacionado aos adversários do Espiritismo que se baseiam em dois textos encontrados em obras espíritas – um sobre frenologia na Revista Espírita de 1862 que trata da “raça negra”  ( entre aspas) e outro no livro OBRAS PÓSTUMAS sobre teoria do belo , que esses adversários utilizam para dizer que Kardec foi racista.

 O assunto é complexo e cremos que, neste curto espaço, não há como abordá-lo com mais profundidade. Seria preciso que as pessoas interessadas se inteirassem primeiramente dos princípios fundamentais da Doutrina Espírita e em seguida lessem com espírito de análise esses textos – o primeiro publicado na edição de abril de 1862 de autoria do próprio Kardec, e o segundo num da capítulo de “Obras Póstumas” sobre a teoria do belo de autoria de Panfílio e Lavater.

Na época de Allan Kardec o conceito científico de raça estava em voga. Veja as teorias da época. Hoje esse conceito não é mais aceito. A raça na ocasião se referia às características biológicas das pessoas (principalmente as particularidades físicas, como cor da pele, o tipo de cabelo, as dimensões corporais, a conformação craniana, etc.) e estavam ligadas à sua origem, ao povo. e à sua herança cultural. Acreditava-se que a raça branca era superior, e disso já resultava um forte preconceito que pretendia justificar o domínio político dos europeus sobre povos indígenas, africanos e aborígenes, incluise a escravidão negra.

O Espiritismo se declarou desde o início contrário à escravidão e a qualquer espécie de dominação de um povo sobre outro. Dentro dos postulados espíritas, Kardec não podia contemplar qualquer tipo de discriminação. Seria absurdo admitir tal possibilidade, por parte de quem proclamava a igualdade entre os homens, a liberdade e a fraternidade, bandeiras da doutrina. O Espiritismo não admitia qualquer tipo de opressão e preconceito contra quem que fosse, conforme lemos em O LIVRO DOS ESPÍRITOS. Logo, ao elaborar o texto, Kardec vai além da ciência, para mostrar que as qualidades reais da pessoa não estão no seu corpo, mas no espírito, razão pela qual não se podia admitir qualquer discriminação entre os seres humanos.

  Desse modo, podemos dizer que é fácil, para quem conhece o Espiritismo, rebater esta acusação de racismo, uma vez que o Espiritismo, por princípio, além de não concordar, ele combate veementemente  esse tipo de comportamento, entendendo por racismo toda atitude de preconceito ou discriminação contra pessoas, comunidades e povos, até mesmo contra inimigos. É o que lemos em suas principais obras, a começar de O LIVRO DOS ESPÍRITOS. O que há de mais sagrado na Doutrina Espírita é a sua total adesão aos ensinamentos morais de Jesus e, em Jesus, não encontramos nada que possa diferenciar os seres humanos perante Deus.

 Quanto à teoria do belo, é a mesma coisa. Não temos nada a acrescentar, a não ser nos reportar ao panorama cultural dos meados do século XIX, centralizado na hegemonia do homem branco europeu, e que certamente trazia fortes ranços de preconceito em relação à aparências física das pessoas oriundas de diferentes etnias. Lavatér, autor de um desses textos, chega a dizer que “o belo, sob o ponto de vista puramente humano, é uma questão discutível e assaz discutida”.

  A par disso, podemos acrescentar que esses escritos, embora estejam em obras espíritas e expressem o pensamento de seus autores naqueles momentos, não fazem parte das chamadas obras da codificação espírita, que são O LIVRO DOS ESPÍRITOS, O LIVRO DOS MÉDIUNS, O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO, O CÉU E O INFERNO e A GÊNESE. Por quê? Porque eram matérias que aguardavam momento propício de amadurecimento da humanidade para a Doutrina se pronunciar mais diretamente a respeito. Allan Kardec era muito prudente e criterioso nesse sentido. Basta ler toda a sua obra para conhecê-lo nos seus mais íntimos sentimentos. Interpretar frases e textos separados do contexto é contrariar o verdadeiro sentido do texto.

Por último, podemos concluir que não existe uma doutrina filosófica, política ou religiosa, como o Espiritismo, que demonstre tamanha aversão contra  racismo ou qualquer tipo de preconceito. Admitindo a reencarnação, o Espiritismo sempre pôde proclamar em alto e bom som que, antes de sermos humanos e pertencermos a qualquer etnia, somos Espíritos imortais, filhos de Deus, de onde decorre que temos a mesma origem e estamos destinados ao mesmo fim. Eis porque a  mera condição humana e todas as convenções sociais não servem de critérios para avaliar a verdadeira dimensão da pessoa. 
















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