O nosso Cristiano, de Vera Cruz, nos
enviou a seguinte pergunta: “ “Para a Lei de Causa e Efeito o bem praticado com
segunda intenção pode reparar uma má ação?”
Vamos
ver se entendemos a pergunta do Cristiano. Bem praticado com segunda intenção é quando escondo a intenção
verdadeira da ação que pratico, talvez numa situação como esta: “Vou em socorro
de uma pessoa, a quem eu não gostaria de
socorrer ( porque não gosto dela), mas neste caso eu a ajudo porque há muita
gente me observando e eu não quero comprometer minha imagem ou minha reputação diante
da comunidade. Pelo contrário, quero parecer uma pessoa de bem, solidária e
amiga de todos.
A
pessoa socorrida é, portanto, beneficiada com a minha atitude, mas eu mesmo não
estou satisfeito com esse benefício que lhe dei, pois minha intenção não é
propriamente ajudá-la, mas até
prejudica-la, se tiver oportunidade. Escondo, nesse caso, uma segunda intenção
– ou seja, a intenção de me promover diante da sociedade e não propriamente de
ajudar um irmão necessitado.
A
pergunta do Cristiano é se esse bem que eu pratiquei com segunda intenção – ou seja, com a intenção de
me promover e não de beneficiar o necessitado – pode “reparar uma má ação”.
Quer dizer, se praticando esse ato de caridade, como pratiquei (embora ele
esteja escondendo minhas reais intenções), eu estou me redimindo de algum mal
que fiz, talvez um mal que já tivesse feito até mesmo a essa pessoa.
Podemos
dizer, Cristiano, que a prática de um ato bom pode ter dois principais efeitos.
O primeiro efeito é em relação à pessoa que o recebe, no caso o beneficiário. O
ato para ele, socorrendo-o numa situação de extrema necessidade, foi bom, porque o ajudou, porque o livrou de um mal maior, proporcionando-lhe
alívio. O segundo efeito desse ato com segundas intenções é em relação ao autor do ato.
Neste
caso, o autor agiu contrariado; ele não foi movido por um sentimento de
compaixão ou de bondade para com o necessitado, com quem não se simpatiza. Ele
simplesmente se aproveitou de uma situação para tirar proveito somente em
benefício próprio. Logo, o ato bom redundou somente em benefício de quem o
recebeu, mas não ajudou em nada quem o praticou. Não houve aí uma manifestação
de amor, mas de egoísmo.
Sendo
assim, como esse ato não é uma expressão autêntica de caridade, ele não pode
atender às necessidades espirituais de seu praticante, a ponto de liberar sua
consciência da culpa pelos males que já fez. No entanto, mesmo assim, por ter
trazido benefício a alguém, esse ato pode ser reconhecido pelo beneficiado e,
neste caso, futuramente, o autor poderá receber dele alguma retribuição. Desse
modo, podemos concluir, como disseram os Espíritos a Kardec, que o bem é sempre
o bem – e que dele algum bem sempre
resulta.
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