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quinta-feira, 17 de dezembro de 2020

O VERDADEIRO SENTIDO; EM BUSCA DA VERDADE COM O PROFESSOR

 Indiscutivelmente o principal meio de difusão do Espiritismo tornou-se num ponto de referência e convergência dos que são surpreendidos por revezes com os quais não imaginavam. Na superficialidade de suas avaliações concluem ser a prática espírita mero instrumento de reequilíbrio através dos passes ou outros tratamentos oferecidos nas Casas Espíritas, supõem ponto de encontro entre a realidade material e a imaterial, a tangível e a intangível. Um meio onde se pode encontrar a cura ou o caminho a seguir através das orientações dos Amigos Espirituais ou Mentores como se costuma dizer. Será apenas isso? Será apenas esta a finalidade da Doutrina Espirita. Em texto apresentado na edição de novembro de 1864, da REVISTA ESPÍRITA, Allan Kardec esclarece essa dúvida. Escreve ele: -“O Espiritismo não é uma concepção individual, um produto da imaginação; não é uma teoria, um sistema inventado para a necessidade de uma causa. Tem sua fonte nos fatos da natureza mesma, em fatos positivos, que se produzem aos nossos olhos e a cada instante, mas cuja origem não se suspeitava. É, pois, resultado da observação, numa palavra, uma ciência: a ciência das relações entre os mundos visível e invisível; ciência ainda imperfeita, mas que diariamente se completa por novos estudos e que, tende certeza, tomará posição ao lado das ciências positivas. Digo positivas, porque toda ciência que repousa sobre fatos é uma ciência positiva, e não meramente especulativa. O Espiritismo nada inventou, porque não se inventa o que está na Natureza. Newton não inventou a Lei da Gravitação: está Lei Universal, existia antes dele; cada um a aplicava e lhe sentia os efeitos, posto não a conhecessem. Por sua vez, o Espiritismo vem mostrar uma nova Lei, uma nova força da natureza: a que reside na ação do Espírito sobre a matéria, lei tão Universal quanto a da gravitação e da eletricidade, contudo ainda desconhecida e negada por certas pessoas, como o foram outras Leis no momento de sua descoberta. É que os homens geralmente sentem dificuldade em renunciar às suas ideias preconcebidas e, por amor próprio, custa-lhes concordar que estavam enganados, ou que outros tenham podido encontrar o que eles próprios não encontraram. Mas como, em definitivo, esta Lei repousa sobre fatos e contra os fatos não há negação que possa prevalecer, terão que render-se à evidência, como os mais recalcitrantes tiveram que o fazer quanto ao movimento da Terra, à formação do Globo e aos efeitos do vapor. Por mais que taxem os fenômenos de ridículos, não podem impedir a existência daquilo que é. Assim, o Espiritismo procurou a explicação dos fenômenos de uma certa ordem e que, em todas as épocas, se produziram de maneira espontânea. Mas o que, sobretudo, o favoreceu nessas pesquisas, é que lhe foi dado o poder de produzi-los e os provocar, até certo ponto. Encontrou nos médiuns instrumentos adequados a tal efeito, como o físico encontrou na pilha e na máquina elétrica os meios de reproduzir os efeitos do raio. Compreende-se que isso é uma comparação e não uma analogia. Há aqui uma consideração de alta importância: é que, em suas pesquisas, ele não procedeu por via de hipóteses, como o acusam; não supôs aexistência do Mundo Espiritual, para explicar os fenômenos que tinha sob as vistas; procedeu pela via da análise e da observação; dos fatos remontou à causa e o elemento espiritual se apresentou como força ativa; só o proclamou depois de o haver constatado. Como força e como Lei da Natureza, a ação do elemento espiritual abre, assim, novos horizontes à ciência, dando-lhe a chave de uma porção de problemas incompreendidos. Mas se a descoberta de Leis puramente materiais produziu no mundo revoluções materiais, a do elemento espiritual nele prepara uma revolução moral, porque muda totalmente o curso das ideias e das crenças mais arraigadas; mostra a vida sob um outro aspecto; mata a superstição e o fanatismo; desenvolve o pensamento e o homem, em vez de se arrastar na matéria, de circunscrever sua vida entre o nascimento e a morte, eleva-se no Infinito; sabe de onde vem e para onde vai; vê um objetivo para o seu trabalho, para seus esforços, uma razão de ser para o Bem; sabe que nada do que aqui adquire em saber e moralidade lhe é perdido, e que o seu progresso continua indefinidamente no além túmulo; sabe que há sempre um futuro para si, sejam quais forem a insuficiência e a brevidade da presente existência, ao passo que a ideia materialista, circunscrevendo a vida à existência atual, dá-lhe como perspectiva o nada, que nem mesmo tem por compensação a duração, que ninguém pode aumentar à sua vontade, desde que podemos cair amanhã, em uma hora, e então o fruto de nossos labores, de nossas vigílias, dos conhecimentos adquiridos estarão para nós perdidos para sempre, muitas vezes sem termos tido tempo de os desfrutar. Repito, demonstrando o Espiritismo, não por hipótese, mas por fatos, a existência do Mundo Invisível e o futuro que nos aguarda, muda completamente o curso das ideias; dá ao homem a força moral, a coragem e a resignação, porque não mais trabalha apenas pelo presente, mas pelo futuro; sabe que se não gozar hoje, gozará amanhã”.


Gostaria de saber por que há tanta maldade no mundo. Por que existem pessoas que têm prazer em prejudicar e até em matar seu semelhante? Como podemos ser bons no meio da mentira, da violência e da miséria?  (Pergunta da Adriana Regina)

 Sem uma visão mais ampla e profunda da vida, Adriana, sem a certeza da imortalidade da alma e da reencarnação, não é possível responder sua pergunta. Se a vida fosse esta única que estamos vivendo (aqui e agora) e nada mais houvesse depois dela, não faria sentido vivermos num mundo em que existem bons e maus, sendo os bons as principais vítimas. Assim considerando, tudo se daria ao acaso: os bons seriam bons porque nascem bons, os maus porque nascem maus, e a vida seria o resultado dessa convivência incerta, onde levaria mais vantagem quem tivesse mais sorte. Depois, estaria tudo acabado.

 Mas não é assim que pensamos. O mais importante para nós, seres inteligentes, é o que pensamos ser a vida. Kardec fala disse n’O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO”, no item intitulado “O Ponto de Vista”. Procure estudar esse capítulo. Do ponto de vista materialista, Adriana, tudo começa e tudo termina aqui na Terra: quem foi feliz, sorte dele; quem não foi, azar. Isso significaria que a vida é uma questão de sorte ou azar, e que natureza nos prega  uma grande peça, enganando a todos.  Neste caso, ela nos daria a inteligência para procurarmos entender o sentido da vida, mas, ao mesmo tempo, ela nos esmaga com a perspectiva do nada ou da nossa destruição.

  O Espiritismo, contudo, nos aponta para um futuro promissor, dizendo mais: que somos imortais, já vivemos antes desta existência, estamos vivendo hoje e viveremos depois. O Espírito foi criado por Deus simples e ignorante e todos marcham em busca da perfeição, que é a sua felicidade, a sua completa realização, cada um abrindo seu próprio caminho com maior ou menor dificuldade. Como se trata de um processo evolutivo – ou seja, de aperfeiçoamento constante  – vamos adquirindo a própria individualidade, e cada um de nós caminha no seu próprio ritmo.

 É disso que surgem as diferenças individuais ao longo das encarnações.  Há Espíritos ainda em estágio pouco avançado de evolução, enquanto outros estão lá adiante. Aqui, na Terra, somos Espíritos passando por uma determinada faixa evolutiva, mas existem outros mundos – uns mais atrasados e outros mais adiantados que o nosso. Em nosso planeta, devido ao estágio de progresso espiritual de seus habitantes, ainda vemos grandes diferenças no aspecto moral entre os indivíduos, o que faz com que você afirme existirem pessoas maldosas no mundo.

O que chamamos maldade, Adriana – ou seja, predisposição para prejudicar o semelhante e fazê-lo sofrer – é condição de determinados Espíritos, que estão neste mundo para aprender com os bons com quem convivem, assim como numa escola  convivem bons e maus alunos. Mas eles, a quem chamamos maldosos, também  são nossos irmãos, tão amados por Deus ( que é o Pai) quanto cada um de nós, justamente porque eles têm carência de espiritualidade, não desenvolveram bastante o sentimento para experimentarem a felicidade que a paz de espírito proporciona.

 A vinda de Jesus à Terra , há dois mil anos atrás, mostrou bem isso. Jesus, um Espírito Puro, teve uma missão divina neste mundo. Ele veio demonstrar que o caminho para a felicidade humana está na prática do bem ( o que chamou de amor ao próximo) e que os maus ( quer dizer, aqueles que ainda não conseguiram compreender os efeitos do amor) são ignorantes e por isso não sabem o que fazem. Jesus representou o supremo bem e eles, seus executores, o supremo mal.

 A preocupação em seguir o caminho do bem, Adriana, já é bem pronunciada em nosso planeta. Isso significa que já demos passos significativos na compreensão da fraternidade que Jesus ensinou. Mas, de uma maneira geral, ainda não conseguimos superar o mal que existe em cada um de nós ( pois, ainda temos muito de egoísmo e de orgulho) . Mesmo assim estamos convivendo com Espíritos ainda mais atrasados que a maioria das pessoas deste planeta, e cuja presença na Terra, para eles, é mais uma oportunidade de descobrir que o amor é o caminho da felicidade. Evidentemente, nós temos um papel de ajudar a todos, começando pela educação das crianças, que são novos Espíritos que vêm para ser educados.

   Jesus está mais preocupado com o que os bons podem fazer para ajudar os maus a se erguerem. Por causa da ausência ou da omissão dos bons, os Espíritos, ainda dominados pelos instintos, são revoltados e agressivos, quase sempre mal recebidos neste mundo, onde reencarnaram para aprender. Quantos desses Espíritos renasceram em ambiente de violência e abandono! Como não estão sendo atendidos em suas necessidades – e diante de tanta ignorância e de tanta miséria que existem no mundo – eles se mostram mais revoltados ainda, e a consequência de tudo isso é uma sociedade com medo, acuada e insegura.


















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