“Eu ainda não
entendi o que é auto perdão”. “Eu penso que se a pessoa fez uma coisa errada e
depois se perdoa, ela vai fazer de novo. E, se erra novamente, até quando vai
continuar se perdoando? Esse auto perdão
não é uma desculpa para voltar a errar?”
Nesse sentido, que
você está usando, sim. Há pessoas que
vivem pedindo desculpas ( por isso, por aquilo – aliás, por todos os deslizes que
cometem), mas nunca se emendam e continuam usando de desculpas para ofender e
ferir. Essas pessoas ainda não têm consciência da gravidade de seus atos e pensam
que os outros podem tolerá-las ao infinito. São imaturas, contumazes, insistem
sempre no mesmo erro, mas não são capazes de reconhecê-los.
Não é a esses
casos que se aplica o auto perdão naturalmente, até porque o sentimento de
culpa tem um papel importante em nossa vida, principalmente quando erramos
conscientemente e, depois de errar, nos arrependemos para, em seguida,
decidirmos reparar o prejuízo causado. Logo, o impulso, que nos leva à
reparação ou à correção do erro cometido, é o primeiro indicio de que realmente
houve arrependimento.
O sentimento de
culpa, portanto, decorre do arrependimento sincero pelo mal praticado, e ele é
útil na medida em que contribui para a reparação do erro e para que a pessoa não
volte a errar. No entanto, muitas vezes, a culpa é desproporcional ao erro e,
nesses casos, ela é intensamente perturbadora. Quando perturbadora ela pode
levar o culpado a sofrimentos inenarráveis e a atos extremos (como o suicídio,
por exemplo), pode causar enfermidades
físicas e mentais.
Na obra, NOS
DOMINIOS DA MEDIUNIDADE, encontramos o caso de um rapaz que chegou bêbado em
casa e esbofeteou o pai. O pai, incapaz de revidar e já perdendo sangue pela
boca, gritou ferozmente com o filho, afirmando em voz alta que seu braço secaria.
Naquele momento, o filho-agressor registrou na mente a maldição do pai e, assim
que tomou o bonde para de fugir de casa e de si próprio, perdeu o equilíbrio e caiu
sob as rodas do veículo, vindo a perder um braço.
Ele sobreviveu por alguns anos cristalizando em seu
pensamento que a maldição do pai tivera a força de uma ordem e por isso ao
desencarnar recuperara o membro antes mutilado, a pender-lhe ressecado e inerte
no corpo espiritual. Ou seja, com a mente subjugada pelo remorso ele introjetou
no próprio espírito a maldição recebida. É assim que funciona o mecanismo da
culpa em nossa mente. Desse modo, a culpa, cedo ou tarde, pode levar a pessoa a
praticar violências contra si mesma, mas
este não é o melhor caminho para a libertação.
No livro MISSIONÁRIOS DA LUZ,
André Luiz relata o caso de Segismundo, um Espírito que, numa encarnação
passada, assassinou seu rival na disputa do amor de uma jovem. Não há
referência de arrependimento imediato por parte do assassino, mas o tempo acabou cristalizando em sua mente o mal
praticado. Quando já havia alcançado nível considerável de evolução, é que a
dor da culpa soou mais forte na sua consciência e ele decidiu quitar de uma vez por todas sua
dívida para reconciliar-se com o adversário.
Contudo,
a essa altura ele já era capaz de compreender que seria inútil pagar com
sofrimento o que poderia fazer com afeto e devoção. Decidiu, então, renascer
como filho de seu antigo rival que, ao lado da mulher que no passado fora o
pivô do crime, agora os dois poderiam dele receber a compreensão e o amor que nunca
lhes devotara. Trata-se de uma forma de auto perdão ou de reconhecimento de que
Deus nos ama e sempre nos dá oportunidades de ajustamento às leis da vida.
Desse
modo, quase sempre as doenças renitentes, os aleijões físicos e mentais que
marcam dolorosamente uma vida, as mortes muito sofridas e as expiações coletivas,
que frequentemente acontecem, envolvem aqueles Espíritos que não conseguiram se
perdoar pelo mal que fizeram no passado e, sendo assim, não encontraram um
caminho mais suave ( mas não menos eficaz) de resolver seus conflitos de
consciência.
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