POSTAGEM 9-1-22
Pessoas geralmente se perguntam qual seria a diferença entre Espírito e Alma? O próprio Allan Kardec esclarece dizendo que essencialmente são a mesma coisa. Costuma-se usar a palavra Alma ao Espírito enquanto ligado ao corpo na condição de encarnado. Quando não, seria o Espírito. A propósito na edição de janeiro de 1866 da REVISTA ESPÍRITA, ele desenvolve alguns argumentos interessantes para nosso esclarecimento. Diz ele: -“A alma é o Ser inteligente; nela está a sede de todas as percepções e de todas as sensações; ela sente e pensa por si mesma; é individual, distinta, perfectível, preexistente e sobrevivente ao corpo. O corpo é o seu invólucro material: é o instrumento de suas relações com o mundo visível. Durante sua união com o corpo, ela percebe por meio dos sentidos, transmite seu pensamento com a ajuda do cérebro; separada do corpo, percebe diretamente e pensa mais livremente. Tendo os sentidos um alcance circunscrito, as percepções recebidas por seu intermédio são limitadas e, de certo modo, amortecidas; recebidas sem intermediário, são indefinidas e de uma sutileza surpreendente, porque ultrapassa, não a força humana, mas todos os produtos de nossos meios materiais. Pela mesma razão, o pensamento transmitido pelo cérebro se fintra, a bem dizer, através desse órgão. A grosseria e os defeitos do instrumento a paralisam e em parte a abafam, como certos corpos transparentes absorvem uma parte da luz que os atravessa. Obrigada a servir-se do cérebro, a alma é como um músico muito bom, diante de um instrumento imperfeito. Livre desse incômodo auxiliar, desdobra todas as suas faculdades. Tal é a alma durante a vida e depois da morte. Para ela há, portanto, dois estados: o de encarnação ou de constrangimento, e o de desencarnação ou de liberdade; em outras palavras: o da vida corporal e o da vida espiritual. A Vida Espiritual é a vida normal, permanente da alma; a vida corporal é transitória e passageira. Durante a vida corporal, a alma não sofre constantemente o constrangimento do corpo, e aí está a chave dos fenômenos físicos, que só nos parecem estranhos porque nos transportam para fora da esfera habitual de nossas observações. Qualificaram-nos de sobrenaturais, embora, na realidade, estejam submetidos a leis perfeitamente naturais, porque essas leis nos eram desconhecidas. Hoje, graças ao Espiritismo, que deu a conhecer essas leis, desapareceu o maravilhoso. Durante a vida exterior de relação, o corpo necessita de sua alma ou Espírito por guia, a fim de o dirigir no mundo; mas nos momentos de inatividade do corpo, a presença da alma não é mais necessária; dele se desprende, sem, contudo, deixar de a ele se prender por um laço fluídico, que a ele o chama, tão logo se fizer necessária a sua presença. Nesses momentos recobra parcialmente a liberdade de agir e de pensar, da qual só desfrutará completamente depois da morte do corpo, quando deste estará completamente separada. Esta situação foi espiritualmente e muito veridicamente descrita pelo Espírito de uma pessoa viva, que se comparava a um balão cativo, e por um outro, o Espírito de um idiota vivo, que dizia ser como um pássaro, amarrado pela pata. (REVISTA ESPÍRITA, junho de 1860). Esse estado, que chamamos emancipação da alma, ocorre normalmente e periodicamente durante o sono. Só o corpo repousa para recuperar as perdas materiais; mas o Espírito, que nada perdeu, aproveita essa pequena trégua para se transportar para onde queira. Além disso, tal estado também ocorre toda vez que uma causa patológica, ou simplesmente fisiológica, produz a inatividade total ou parcial dos órgãos da sensação e da locomoção. É o que se passa na catalepsia, na letargia, no sonambulismo. O desprendimento ou, se se quiser, a liberdade da alma, é tanto maior quanto mais absoluta a inércia do corpo.
Cecília Rodrigues Molina, residente no Jardim Brasil, nos fez a seguinte colocação; “Tenho visto algumas coisas dormindo e que, depois, acontecem. Por exemplo: numa noite vi um homem na porta, sem que pudesse identificar seu rosto, porque o ambiente estava escuro. Na frente casa, havia um buraco, semelhante a uma cova, onde eu lia nomes de pessoas família. No dia seguinte, por volta do meio-dia, recebi um telefonema comunicando que um de meus irmãos havia falecido na noite anterior. Gostaria de saber o que é isso e por que acontece.”
Bem, Cecília. Tudo leva a crer que esse tipo de percepção, que você teve, estava relacionada com a morte de seu irmão. Nós, seres humanos, temos capacidades ainda desconhecidas da ciência, e que hoje são estudadas tanto pelo Espiritismo, como pela Parapsicologia. É o que chamamos de “percepção extra-sensorial”, ou seja, além dos nossos sentidos comuns. É claro que nossos sentidos – a visão, a audição, o olfato, o paladar e o tato – são limitados ao ambiente que nos encontramos. Logo, se você percebe um fato que está acontecendo a quilômetros de distância, ele não pode ser percebido por nenhum desses sentidos comuns.
Entre os fenômenos de percepção extra-sensorial temos, por exemplo, a telepatia ( que é a captação do pensamento de alguém à distância), a premonição ou precognição( que é a visão de um acontecimento futuro) e a clarividência e clariaudiência ( visão e a audição do que está acontecendo à uma longa distância). Todos eles revelam que o ser humano não é só o corpo e que, portanto, existe um espírito, que deve ter uma capacidade muito mais ampla que o cérebro, tanto para buscar tais informações à distância, como para prever um fato que ainda não aconteceu. A Doutrina Espírita, com os estudos de Allan Kardec, há mais de 160 anos, antecipou esses estudos. Depois surgiram outros campos de pesquisa, como a Metapsíquica e a Parapsicologia, no final do século 19.
A sua percepção, porém, Cecília - ou seja, o quadro que você viu - do homem, da cova e dos nomes de família – se deu em nível inconsciente, e pode ter a seguinte explicação. Enquanto você dormia, captou o pensamento ( ou de seu irmão que estava desencarnando ou de algum outro familiar que se encontrava com ele e que, na hora, pensou em você). Essa transmissão telepática, trazendo a informação da morte dele, provocou um certo abalo inconsciente no seu mundo emocional, que redundou no quadro que você viu. Poderia ser uma premonição, se o fato ocorreu antes da morte de seu irmão e se essa morte não estava em sua cogitação.
De qualquer forma, foi uma percepção extra-sensorial. Allan Kardec considerou que a percepção além dos sentidos é a primeiro passo para se chegar à conclusão de que não somos apenas corpo, que podemos captar de alguma forma fatos que ocorrem à distância, sem nenhum contato físico nosso. Ela faz parte da mediunidade – quer dizer, ela é a base da mediunidade - pois é pelo pensamento que os Espíritos se comunicam através dos médiuns ou que se fazem visíveis para eles. Trata-se de uma faculdade do espírito que, aliás, não é muito rara. Percepções e premonição são muitos comuns na adolescência, principalmente nas mulheres.