Comentário de um ouvinte. No final do
ano passado, vi um filme sobre a vida de Jesus quando ele era ainda criança.
Ali conta que ele ressuscitou um passarinho que estava morto na praia e também ressuscitou
um menino que morreu, depois de ter sido por ele agredido. Achei meio
esquisitos esses casos, porque nunca soube que isso está no Evangelho.
Realmente, caro ouvinte, os evangelhos mais
conhecidos – de Mateus, Lucas, Marcos e João – aqueles que foram considerados
autênticos pela Igreja, não contêm nada a respeito da infância de Jesus, a não
ser um encontro que ele teve aos 12 anos com doutores da lei, quando seus pais
visitavam o templo em Jerusalém. No entanto, existem outros evangelhos que
abordam alguns lances desse período –
como é o caso da Evangelho de Tomé. Esses evangelhos não foram reconhecidos
como verdadeiros pela Igreja e, por isso, são chamados de evangelhos apócrifos.
Qual a diferença entre os chamados evangelhos
canônicos (verdadeiros) e os evangelhos apócrifos? Há realmente uma grande
diferença, principalmente nas questões relacionadas aos fatos da vida de Jesus.
Contudo, alguns apócrifos narram fatos um tanto suspeitos, que os primeiros
tradutores da Igreja não se arriscaram em aceitar como verdadeiros, até porque
colocariam em risco a credibilidade da religião.
Aliás, todos os personagens, que se
notabilizaram na História da Humanidade, principalmente na antiguidade,
acabaram se tornando lendas ou mitos, porque com o tempo seus feitos foram enaltecidos
e acrescidos de fatos fantásticos ou miraculosos, uma vez que naquele tempo a grande
parte das informações eram passadas oralmente, de boca em boca, de geração em geração,
até chegar a um ponto que alguém as escrevia. Jesus não foi exceção.
As religiões, por outro lado, sempre com o
anseio de se fazerem reconhecidas como representantes de Deus, apegavam-se mais
a fatos maravilhosos, querendo com isso demonstrar que o poder divino está na
realização de milagres. Com o próprio Jesus foi assim. Ao invés de valorizarem mais
a sua doutrina, que ensinava o amor ao próximo e a prática do bem como salvação
para a humanidade, elas preferiram ressaltar feitos ditos milagrosos com o
intuito de impressionar e atrair maior número de adeptos.
-Com Jesus foi a mesma coisa. Depois de sua
morte e aparições, muitas histórias maravilhosas e até ridículas se espalharam,
não só porque o povo assim interpretava, como porque as narrativas imaginosas
são as que mais chamam a atenção. Muitas dessas narrativas foram escritas nos
primeiros séculos de nossa era. Tomados pela emoção, o povo sempre foi levado a
acreditar sem questionar. Usando o bom senso, é possível perceber que o exagero
nas narrativas sempre foi o forte das religiões.
Por outro lado, praticamente não conhecemos
nada da infância de Jesus, mas se você perguntar se era possível ele ter
produzido algum fenômeno extraordinário quando criança, não poderíamos negar. O
fato é que não sabemos e, portanto, não podemos afirmar. O Espiritismo explica
esses fatos inusitados por meio da mediunidade e Jesus, como um Espírito puro
que reencarnou na Terra e que deu mostras de suas faculdades espirituais,
poderia fazê-lo.
Para a Doutrina Espírita o que há de
verdadeiramente extraordinário na rápida missão de Jesus é a sua mensagem consoladora
de amor incondicional e o exemplo de vida que ele deixou para a humanidade, valorizando
mais as coisas espirituais do que as materiais, no intuito de demonstrar a vida
eterna, a vida que a vida continua, que Deus é Pai de Amor e Misericórdia e
que, portanto, todos os seus filhos são amados.
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