UMA ANÁLISE
DA REALIDADE ATUAL EM ENTREVISTA COM AUTORIDADES ESPIRITUAIS (material produzido para o Seminário O PLANETA E A HUMANIDADE - AS RESPOSTAS QUE O ESPIRITISMO DÁ)
1 – “Um século em
nosso Calendário é comparável a um relâmpago na Eternidade” segundo O ESPÍRITO
DA VERDADE n’O LIVRO DOS ESPÍRITOS. Como a Espiritualidade avalia a saída do
Século 20 e a entrada no Terceiro Milênio ante os momentos tumultuados que
marcam a realidade da Terra atualmente?
- A Humanidade
terrena, atualmente, é como um grande organismo coletivo, cujas células, que
são as personalidades humanas, se envolvem no desequilíbrio entre si, em
processo mundial de reajustamento e redenção. Criminosos agarram-se a
criminosos, doentes associam-se a doentes. A Humanidade terrena aproximou-se,
dia a dia (no século que encerrou o
Milênio), da Esfera de vibrações
dos invisíveis de condição inferior, que a rodeia em todos os sentidos. Esmagadora percentagem de habitantes da Terra
não se preparou para os atuais acontecimentos evolutivos. E os mais angustiosos
conflitos se verificam no ambiente humano. A Ciência progride vertiginosamente no Planeta, e, no
entanto, à medida que se suprimem sofrimentos do corpo, multiplicam-se aflições
das almas. Os jornais do mundo estão cheios de notícias maravilhosas, quanto ao
progresso material. Segredos sublimes da Natureza são surpreendidos nos
domínios do mar, da terra e do ar; mas a estatística dos crimes humanos é
espantosa. Os assassínios da guerra, apresentam requintes de perversidade muito
além dos que foram conhecidos em épocas anteriores. Os homicídios, os suicídios,
as tragédias conjugais, os desastres do sentimento, as greves, os impulsos
revolucionários da indisciplina, a sede de experimentação inferior, a inquietação
sexual, as moléstias desconhecidas, a loucura, invadem os lares humanos. Não
existe em país algum preparo espiritual bastante para o conforto físico.
Entretanto, esse conforto tende a aumentar naturalmente. O homem dominará, cada
vez mais, a paisagem exterior que lhe constitui moradia, embora não se conheça
a si mesmo. Atendido, porém, o corpo revelará as necessidades de cima e vemos agora
a criatura terrestre assoberbada de problemas graves, não só pelas deficiências
de si própria, senão também pela espontânea
aproximação psíquica com a Esfera vibratória de milhões de desencarnados, que
se agarram à Crosta Planetária, sequiosos de
renovar a existência que menosprezaram, sem maior consideração aos desígnios do
Eterno. (M,1) Sopros imensos da onda evolucionista varrem os ambientes da
Terra. Todos os dias ruem princípios convencionais, mantidos a titulo de
invioláveis durante séculos. A mente humana, perplexa, é compelida a transições
angustiosas. A subversão de valores, a experiência social e o processo
acelerado de seleção pelo sofrimento coletivo perturbam os tímidos e os
invigilantes, que representam esmagadora maioria em toda parte... (NMM,1 )
2- Por que os
temas espirituais não empolgam as criaturas humanas tanto quanto os assuntos
sensoriais e materiais?
Estamos ainda
presos às aglutinações celulares dos elementos físio-perispiríticos, tanto
quanto a tartaruga permanece algemada à carapaça. Imergimo-nos dentro dos
fluidos carnais e deles nos libertamos, em vicioso vaivém, através de
existências numerosas, até que acordemos a vida mental para expressões
santificadoras. Somos quais arbustos do solo planetário. Nossas raízes
emocionais se mergulham mais ou menos profundamente nos círculos da animalidade
primitiva. Vem a foice da morte e sega-nos os ramos dos desejos terrenos;
todavia, nossos vínculos guardam extrema vitalidade nas camadas inferiores e renascemos entre aqueles mesmos que se converteram em nossos
associados de longas eras, através de lutas vividas
em comum, e aos quais nos agrilhoamos pela comunhão de interesses da linha
evolutiva em que nos encontramos. A vida física é puro estágio educativo,
dentro da Eternidade, e a ela ninguém é chamado a fim de candidatar-se a paraísos
de favor e, sim, à moldagem viva do céu no santuário do Espírito, pelo máximo
aproveitamento das oportunidades recebidas no aprimoramento de nossos valores
mentais, com o desabrochar e evolver das Sementes Divinas que trazemos conosco.
O trabalho incessante para o bem, a elevação de motivos na
experiência transitória, a disciplina dos impulsos pessoais, com amplo curso às
manifestações mais nobres do sentimento, o esforço perseverante no infinito
bem, constituem as vias de crescimento mental, com aquisição de luz
para a vida imperecível. Cada criatura nasce na
Crosta da Terra para enriquecer-se através do serviço à coletividade. Sacrificar-se é superar-se, conquistando a vida maior. Por isto
mesmo, o Cristo asseverou que o maior no Reino Celeste
é aquele que se converter em servo de todos. Um homem poderá ser temido e respeitado no Planeta pelos títulos
que adquiriu à convenção humana, mas se não progrediu no domínio das ideias,
melhorando-se e aperfeiçoando-se, guarda consigo mente estreita e enfermiça. Em
suma, ir à matéria física e dela regressar ao campo de trabalho em que nos
achamos presentemente, é submetermo-nos a profundos choques biológicos,
destinados à expansão dos elementos divinos que nos integrarão, um dia, a forma
gloriosa. Voltemos ao símbolo da árvore. O vaso físico é o vegetal, limitado no espaço e no tempo, o corpo perispirítico é o fruto que
consubstancia o resultado das variadas operações da árvore, depois de certo
período de maturação, e a matéria mental é a semente que representa o substrato da árvore e do fruto,
condensando-lhes as experiências. A criatura para adquirir sabedoria e amor
renasce inúmeras vezes, no campo fisiológico, à maneira da semente que regressa
ao chão. E quantos se complicam, deliberadamente, afastando-se do caminho reto
na direção de zonas irregulares em que recolhem experimentos doentios, atrasam,
como é natural, a própria marcha, perdendo longo tempo para se afastarem do
terreno resvaladiço a que se relegaram, ligados a grupos infelizes de companheiros
que, em companhia deles, se extraviaram através de graves compromissos com a
leviandade ou com o desequilíbrio. (L)
3- As Religiões
tradicionais que teoricamente deveriam trabalhar pelo despertar da consciência
espiritual das criaturas parece terem se contaminado em demasia com os
interesses sensoriais e materiais em detrimento do Espiritual afastando os
Seres Humanos de sua destinação evolutiva. Há uma forma de atenuar ou reverter
esse quadro?
É preciso
oferecer no mundo os instrumentos adequados às retificações espirituais,
habilitando os encarnados a um maior entendimento do Espírito do Cristo. Para
consegui-lo necessário colaboradores fiéis, que não cogitem de condições,
compensações e discussões, mas que se interessem pela sublimidade do sacrifício
e de renunciação com o Senhor. Quem não deseje servir, procure outros gêneros
de tarefa. A Comunicação não comporta perda de tempo nem experimentação doentia,
sem grave prejuízo dos cooperadores incautos. Acima de trabalhadores, precisamos
de servidores que atendam de boa vontade.(Telésforo,M O Espiritualismo, nos tempos modernos, não
pode restringir Deus entre as paredes de um templo da Terra, porque sua missão
essencial é a de converter toda a Terra no templo augusto de Deus.
4- Numa população
de mais de 20 bilhões de Seres Espirituais em que um terço se renova em
experiências materiais constantemente, há colaboradores em numero suficiente
para fazer frente a problemas de Dimensões tão gigantescas?
A codificação
do Plano Mental das criaturas ninguém jamais impõe: é fruto de tempo, de
esforço, de evolução; e o edifício da sociedade humana, no atual momento do
mundo, vem sendo abalado nos próprios alicerces, compelindo imenso número de
pessoas a imprevistas renovações. Em face do surto
da inteligência moderna, que embate na paralisia do sentimento, periclita a
razão. O progresso material
atordoa a alma do homem desatento. Grandes massas, há séculos, permanecem distanciadas
da luz espiritual. A Civilização puramente científica é um Saturno devorador e
a Humanidade de agora se defronta com implacáveis exigências de
acelerado crescer mental. Daí o agravo de obrigações
no setor da assistência. As necessidades de preparação do Espírito
intensificam-se em ritmo assustador. O acaso não opera prodígios. Qualquer
realização há que planejar, atacar, por a termo. Para que o homem físico se
converta em homem espiritual, o milagre exige muita colaboração do Plano
Invisível.
5 - Uma apreciação
da situação Global sugere a ideia de que o barco está à deriva, afundando, como
se estivéssemos entregues à própria sorte. Isso é um falso ou verdadeiro?
O
desequilíbrio generalizado e crescente invade os departamentos da mente humana.
Contudo, Soberanas e indefectíveis leis
nos presidem aos destinos. Somos conhecidos e examinados em toda parte. As facilidades concedidas aos Espíritos santificados, que
admiramos, são prodigalizadas a nós, por Deus, em todos os lugares. O aproveitamento, porém, é obra nossa. As máquinas terrestres podem alçar-vos o corpo físico a
consideráveis alturas, mas o voo espiritual, com que nos libertaremos da
animalidade, jamais o desferiremos sem asas próprias. A consolação e a amizade
de Benfeitores encarnados e desencarnados enriquecer-vos-ão de conforto, quais
suaves e abençoadas flores da alma; entretanto, fenecerão como as rosas de um dia, se não fertilizarmos o coração
com a fé e o entendimento, com a esperança inquebrantável e o amor imortal, sublimes adubos que
propiciem o desenvolvimento no terreno do nosso esforço sem tréguas. Não
cobicemos o repouso das mãos e dos pés; antes de abrigar semelhante propósito, procuremos a paz interior na suprema tranquilidade da consciência. Abandonemos a ilusão, antes que a ilusão nos abandone. Deixemos plantado o Bem na esteira de nossos passos. Somente os servos que trabalham gravam no tempo os marcos da
evolução; só os que se banham no suor da responsabilidade conseguem cunhar
novas formas de vida e de ideal renovador. Os demais,
chamem-se monarcas ou príncipes, ministros ou legisladores, sacerdotes ou
generais, entregues à ociosidade, classificam-se na ordem dos sugadores da
Terra; não chegam a assinalar sua permanência provisória na Crosta do
Planeta; adejam como insetos multicores, tornando à poeira de que se alçaram
por alguns minutos.
6- No livro A GÊNESE, capítulo 18, Lê-se que “o Mundo dos Espíritos, mundo que vos rodeia, experimenta o
contrachoque de todas as comoções que abalam o mundo dos encarnados. Digo mesmo
que aquele toma parte ativa nessas comoções.
Ficai, portanto, certos de que, quando uma revolução social se produz na
Terra, abala igualmente o Mundo Invisível, onde todas as paixões, boas e más,
se exacerbam, como entre vós. Indizível efervescência entra a reinar na coletividade
dos Espíritos que ainda pertencem ao vosso mundo”. Procede então a informação sobre a desproporcional influência do
Mundo Espiritual Invisível sobre o Material pelo sem fio do pensamento, exercer
grande pressão sobre o comportamento individual, notadamente numa realidade
como a vivida em função da chamada Pandemia?
Guerreiam-se
as Esferas de ação entre si; encarnados e desencarnados de tendências
inferiores colidem ferozmente, aos milhões. Inúmeros lares transformam-se em
ambientes de inconformação e desarmonia. Duela o homem consigo mesmo no atual
processo acelerado de transição. Necessário equilíbrio
na edificação necessária, convictos de que é impossível confundir a Lei ou
trair-lhe os ditames universais. Imensa é a
extensão do intercâmbio entre encarnados e desencarnados. A determinadas horas da noite, três quartas partes da população de cada um dos hemisférios da
Crosta Terrestre se acham nas zonas de
contato com a realidade espiritual e a maior percentagem desses semi-libertos
do corpo, pela influência natural do sono, permanecem detidos nos círculos de
baixa vibração Nessas Regiões muitas vezes se forjam dolorosos dramas que se desenrolam
nos campos da carne. Grandes crimes têm nestes sítios as respectivas nascentes e,
não fosse o trabalho ativo e constante dos Espíritos protetores que se desvelam
pelos homens no labor sacrificial da caridade oculta e da educação
perseverante, sob a égide do Cristo, acontecimentos mais trágicos estarreceriam
as criaturas. a coroa da sabedoria e do amor é conquistada por evolução, por esforço,
por associação da criatura aos propósitos do Criador. A marcha da Civilização é
lenta e dolorosa. Formidandos atritos se fazem indispensáveis para que o Espírito
consiga desenvolver a luz que lhe é própria. O homem encarnado vive
simultaneamente em três planos diversos. Assim como ocorre à árvore que se radica
no solo, guarda ele raízes transitórias na vida física; estende os galhos dos
sentimentos e desejos nos círculos de matéria mais leve, quanto o vegetal se alonga
no ar; e é sustentado pelos princípios sutis da mente, tanto quanto a árvore é
garantida pela própria seiva. Na árvore temos raiz, copa e seiva por três processos
diferentes de manutenção para a mesma vida, e no homem vemos corpo denso de carne, organização perispirítica em tipo de matéria mais rarefeita e mente, representando três
expressões distintas de base vital, com vistas aos mesmos fins. O homem exige
para sustentar-se, no quadro evolucionário, segurança relativa no campo
biológico, alimento das emoções que lhe são próprias nas Esferas de vida psíquica
que se afinam com ele e base mental no mundo íntimo. A vida é patrimônio de
todos, mas a direção pertence a cada um. (Gúbio; L;6)
7– Como atenuar ou neutralizar em nós esses efeitos?
Se o
patrimônio da fé religiosa representa o indiscutível fator de equilíbrio mental
do mundo, que fazeis de vosso tesouro, esquecendo-lhe a utilização, numa época
em que a instabilidade e a incerteza vos ameaçam todas as instituições de ordem
e de trabalho, de entendimento e de construção? Não vos assombra, porventura,
acordando-vos a consciência, a borrasca renovadora que refunde princípios e
nações? Impossível uma Era de paz exterior, sem a preparação interior do homem
no espírito de observância e aplicação das Leis Divinas. Por admitir semelhante
contra-senso, a máquina, filha de vossa inteligência, anula as possibilidades
de mais alta incursão no reino do Espírito Eterno. Ser cristão, outrora,
simbolizava a escolha da experiência mais nobre, com o dever de exemplificar o
padrão de conduta consagrado pelo Mestre Divino. Constituía ininterrupto
combate ao mal com as armas do bem, manifestação ativa do amor contra o ódio,
segurança de vitória da luz contra as sombras, triunfo inconteste da paz
construtiva sobre a discórdia destruidora.
8- Pode se sugerir
algum roteiro ou receita que auxilie uma mudança comportamental desse tipo?
Não basta crer
na imortalidade da alma. Inadiável é a iluminação de cada
um , a fim de que seja claridade sublime. Não basta,
para o arrojado cometimento da redenção, o simples reconhecimento da
sobrevivência da alma e do intercâmbio entre os dois mundos. Os levianos e os
maus, os ignorantes e os estultos, podem corresponder-se igualmente a
distância, de País a País. Antes de mais nada importa elevar o coração, romper
as muralhas que encerram a criatura na sombra, esquecer as ilusões da posse,
dilacerar os véus espessos da vaidade, abster-se do letal licor do personalismo
aviltante, para que os clarões do monte refuljam no fundo dos vales, a fim de
que o Sol eterno de Deus dissipe as transitórias trevas humanas. Exigível é a
cabal demonstração de estar-se certos da Espiritualidade Divina. O Plano Superior não se interessa pela incorporação de devotos famintos
de um paraíso beatifico. Admitiríeis,
porventura, a própria permanência na Crosta Planetária, sem finalidades
específicas? Se a erva tenra deve produzir consoante objetivos superiores, que
dizer da magnífica inteligência do homem encarnado? Que não há que esperar da
razão iluminada pela fé! Se o patrimônio da fé religiosa representa o
indiscutível fator de equilíbrio mental do mundo, que fazeis de vosso tesouro,
esquecendo-lhe a utilização, numa época em que a instabilidade e a incerteza
vos ameaçam todas as instituições de ordem e de trabalho, de entendimento e de
construção? Não vos assombra, porventura, acordando-vos a consciência, a
borrasca renovadora que refunde princípios e nações? Impossível uma Era de paz
exterior, sem a preparação interior do homem no espírito de observância e
aplicação das Leis Divinas. Por admitir semelhante contra-senso, a máquina,
filha de vossa inteligência, anula as possibilidades de mais alta incursão no
reino do Espírito Eterno. Ser cristão, outrora, simbolizava a escolha da experiência
mais nobre, com o dever de exemplificar o padrão de conduta consagrado pelo
Mestre Divino. Constituía ininterrupto combate ao mal com as armas do bem,
manifestação ativa do amor contra o ódio, segurança de vitória da luz contra as
sombras, triunfo inconteste da paz construtiva sobre a discórdia derruidora.
9 – Por fim, qual
a melhor orientação aos que desejam atravessar tais turbulências sem se
perturbar?
Sejam instrumentos
do bem, acima de expectantes da
graça. A tarefa demanda coragem e suprema devoção a Deus. Sem que nos
convertamos em luz, no círculo em que estivermos, em vão acometeremos a sombra,
aos nossos próprios pés. E, no prosseguimento da ação que nos compete, não esqueçamos de que a
evangelização das relações entre as Esferas visíveis e invisíveis é dever tão
natural e tão inadiável da tarefa quanto a evangelização das pessoas. Não busquem o maravilhoso: a sede do
milagre pode viciar e fazer perder-vos. Vinculem-se, pela
oração e pelo trabalho construtivo, aos Planos Superiores
e estes vos proporcionarão contato com os Armazéns Divinos, que suprem a cada
um de nós segundo a justa necessidade. As ordenações que vos oprimem na
paisagem terrena, por mais ásperas ou desagradáveis, representam a Vontade
Suprema. Não galguemos obstáculos, nem tenteis
contorná-los pela fuga deliberada: vencei-os,
utilizando a vontade e a perseverança, ensejando crescimento aos vossos
próprios valores. Cuidai em não transitar sem a
devida prudência nos caminhos da carne, em que, muita
vez, imitais a mariposa estouvada. Atendei as
exigências de cada dia, rejubilando-vos por satisfazer as tarefas mínimas. Não intenteis o voo sem haver aprendido a marcha. Sobretudo, não indagueis de direitos prováveis que vos caberiam no banquete
divino, antes de liquidar os
compromissos humanos. Impossível é o título de anjos, sem ser, antes, criaturas
ponderadas.
(Pesquisa em obras da Série NOSSO LAR (feb), de autoria do Espírito André Luiz pelo médium Francisco Cândido Xavier,OS MENSAGEIROS; NO MUNDO MAIOR; LIBERTAÇÃO)
No livro EVOLUÇÃO EM DOIS MUNDOS do
Espírito André Luiz, psicografia de Chico Xavier e Waldo Vieira, segunda parte,
item 4, sobre “Linhas fisiológicas dos Desencarnados”, lemos: “ A forma
individual em si obedece ao reflexo mental dominante, notadamente ao que se
refere ao sexo, mantendo-se a criatura com os distintivos psicossomáticos de
homem ou de mulher, segundo a vida íntima, através do qual se mostra com
qualidades espirituais acentuadamente ativas ou passivas. Fácil observar,
assim, que a desencarnação libera todos os espíritos da feição masculina ou
feminina que estejam na reencarnação em condição inversiva, atendendo à
provação necessária ou tarefa específica, porquanto, fora do arcabouço físico,
a mente se exterioriza no veiculo espiritual com admirável precisão de controle
espontâneo sobre as células sutis que o constituem”. Pergunta o Cristiano: “
Esse entendimento pode se aplicar no caso das pessoas trangêneres após a
desencarnação? Pode-se afirmar que, depois da desencarnação, o perispírito de uma mulher transgênere
assuma um aspecto feminino e o
perispirito de um homem transgênere assuma um aspecto masculino?”
Cristiano, ainda temos pouco conhecimento de
como funciona a sexualidade no mundo espiritual. Sabemos muito menos quanto à
questão da transexualidade, que nem foi ventilada ao tempo de Kardec, pois não
era uma grande preocupação da sociedade época. Porém, quando Kardec perguntou
aos mentores se o Espírito tem sexo, eles responderam “não como o entendeis,
pois os sexos dependem do organismo”. E completaram: “Entre eles há amor e
simpatia baseados na identidade de sentimentos” Veja que sexo aqui é tratado no
sentido restrito do sexo orgânico, enquanto que os Espíritos se referem ao aspecto espiritual da sexualidade.
A resposta à questão 200 de O LIVRO DOS ESPÍRITOS permaneceu por
muito tempo um tanto vaga, até que André Luiz, após um século – depois de
algumas polêmicas teorias sobre a questão, principalmente a idealizada por
Sigmund Freud – veio da Espiritualidade com nova contribuição. Naturalmente, os Espíritos não
podiam adiantar algo que ainda não tinha sido estudado e discutido com mais
profundidade neste plano de vida. Então, a questão voltou à baila com uma
roupagem nova para um tempo novo.
Ora, é
próprio da Doutrina Espírita, que tem caráter dinâmico e progressista, a
ampliação e o aprofundamento de seus conceitos, conforme a evolução do
conhecimento humano. Para entender melhor a problemática sexual, que cada vez
se torna mais intrincada com o avanço da civilização, André Luiz passou a
tratar a questão paulatinamente e de forma progressiva em suas obras, deixando
claro que a chamada sexualidade é uma força criativa da alma que, durante a
encarnação, tem muitas formas de se manifestar, mas que se manifesta também no
plano espiritual.
“Sexo,
mas não como o entendeis” (primeira resposta dos Espíritos a Kardec) se refere,
portanto, a outras formas de expressão dessa força criativa da alma que, no
fundo, decorre dos impulsos do sentimento. Em nosso mundo físico, o sexo é
responsável pela procriação e preservação da espécie, mas ele também está em
toda manifestação que levou o ser humano a desenvolver a filosofia, a arte, a
ciência, a religião e outros instrumentos da cultura. No livro AS FORÇAS
SEXUAIS DA ALMA, o Dr. Jorge Andréa desenvolve bem este tema.
Dito
isso, podemos nos reportar a André Luiz, conforme a pergunta do Cristiano, mas
não somente ao texto que do livro EVOLUÇÃO EM DOIS MUNDOS, que ele citou. Na
vasta obra desse autor espiritual, vamos encontrar a confirmação de Kardec de
que o Espírito, ao deixar o corpo e ingressar no plano espiritual, ele leva
consigo a bagagem espiritual que aqui acumulou e nessa bagagem, com certeza,
estão suas emoções, seus sentimentos, seus anseios e desejos, também seus
desajustes e suas taras.
Para
o Espirito em si a masculinidade e a feminilidade, que se manifestam aqui na
Terra, são condições passageiras, dependendo da jornada evolutiva de cada
um. Jorge Andréa, em FORÇAS SEXUAIS DA
ALMA, considera que o desenvolvimento desses dois polos da sexualidade é
importante e cada qual carrega consigo
características próprias e, ainda, que
podem ocorrer inversões – ou seja, um Espírito cujo domínio é o polo masculino
encarnando num corpo de mulher, ou um Espírito que apresenta dominância
feminina encarnar num corpo de homem, o que caracterizaria o que chamamos de
transexualidade.
Porém,
como afirma André Luiz, a sexualidade em nível físico ( que Jorge Andrea chama
de sexo de periferia) existe apenas no corpo físico ( não há procriação no
mundo espiritual), razão pela qual, com a desencarnação o perispírito sofre
modificações tanto na parte gástrica como na parte genésica. Isso não muda o
Espírito em si; portanto, não muda suas tendências (masculina ou feminina), que
continuam atuando no seu mundo consciente, exercendo ação sobre seu
perispírito, levando-o a assumir a forma que mais atende às suas necessidades
imediatas.
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