Embora interpretasse tudo como fantasia por não acreditar em reencarnação, a Dra Edith Fiore reconhecia o valor da terapia aplicada em alguns de seus pacientes no sentido de auxiliá-los a reencontrar o próprio equilíbrio. Relata que, nos primeiros anos de experiência utilizando a hipnose nos atendimentos clínicos, percebeu que muitos deles “escorregavam” para outras personalidades enquanto se achavam mergulhados no transe a que eram induzidos. Pela experiência construída no exercício de sua atividade da Psicologia Clínica, presumiu se tratar de personalidades múltiplas, lidando com elas como se o fossem, embora lhe parecesse que alguns pacientes tivessem tantas, algumas se limitando a passar depressa. Com dificuldade de compreender o que acontecia com seus pacientes, especialmente enquadrá-los num sistema aceitável de coordenadas, buscou aprofundar-se em temas metafísicos, através de livros. Acessando inúmeros casos na literatura pesquisada, começou a comparar com os por ela tratados, imaginando se não estivera lidando com Espíritos. Diante de tais informações, principiou a prestar mais atenção nas descrições ouvidas dos pacientes sobre seus problemas e comportamentos, alguns se queixando de ter alguém dentro deles, induzindo-os a pensamentos e atitudes contraditórios, por vezes. Desenvolvendo uma metodologia diferenciada para identificar a personalidade manifestante durante o atendimento que fazia. Surpreendia-se com a melhora súbita de alguns casos, bem como, as reações emocionais durante as sessões, as quais variavam das lágrimas, ao medo opressivo ou alegria e alívio, dizendo muitos sentir que ‘alguma coisa saía, erguendo-se deles, enquanto outros observavam ‘aqui agora está menos apertado’, ‘sinto-me meio vazio’, ‘um peso está sendo retirado’, etc. Esse trabalho que ela classificava como sendo com Espíritos possessores, levou-a a rever suas próprias crenças na vida depois da morte e à sobrevivência da consciência. Ao longo dos anos, evoluiu de uma descrença no “sobrenatural” para uma aceitação intelectual dos conceitos de reencarnação e de continuação da personalidade. Relutando em acreditar totalmente nisso, continuou a utilizá-la como ‘hipótese de trabalho’. Passou a encarar as entidades possessoras como os verdadeiros pacientes, os quais sofrem imensamente, talvez até sem o compreenderem. Conversando com os Espíritos, através de pacientes hipnotizados, a Dr Fiore obteve informações interessantes: 1- Alguns estavam tão convencidos, durante a própria existência, de que não havia nada depois da morte, que simplesmente se recusavam a ver os membros da família ou os guias espirituais que vinham busca-las na reentrada noutro Plano existencial, perambulando sem rumo num estado de confusão e ignorância que, não raro, durava anos. 2- Interrogados, costumavam negar que estivessem mortos, dizendo qualquer coisa parecida com “Quando você está morto, está morto! Agora estou aqui, de modo que estou tão morto como você!”. 3- Alguns se achavam num estado tão profundo de confusão ao morrer que simplesmente não perceberam que estavam mortos, especialmente os suicidas. 4- Era comum a confusão entre pessoas que experimentavam morte súbita e inesperada, alguns deixando-se ficar onde haviam morrido durante horas, meses e, em alguns casos, até anos. 5- Outros confessaram sentir-se tão envergonhados dos seus atos anteriores que não queriam ver os Espíritos dos entes queridos, especialmente os educados num ambiente muito religioso que os deixava aterrorizados com a perspectiva de ir para o inferno, resistiam desesperadamente aos auxiliares que se faziam presentes na ocasião de sua morte. 6- O apego obsessivo aos vivos era outra razão pela qual algumas entidades permaneciam presas à Terra. 7- Houveram casos de entidades obsessoras que mantinham-se hostis às criaturas que as haviam tratado dessa forma enquanto estiveram “vivas”, atormentando os pacientes a que se ligavam, com as mesmas ideias que alimentaram antes de morrer. 8- Casos foram registrados de pessoas possuídas por várias entidades. 9- Manifestaram-se Espíritos que tinham sido assassinados, demorando-se na ideia fixa de prejudicar deliberadamente seu ‘malfeitores’. 10- Um dos laços mais fortes que prendem os Espíritos ao Mundo Físico é a propensão para o álcool, para as drogas, para o sexo, para o fumo e até a comida, estando o dependente tão cego à própria partida, que se preocupando apenas em satisfazer sua compulsão, ignorando parentes ou a Luz Brilhante que se manifestava para ajuda-los. No interessante relatório da Dra Fiore, diz que os viciados espirituais costumavam aglomerar-se em torno dos viciados vivos e dos lugares por eles frequentados, tentando experimentar de novo o que fora outrora o tema dominante de sua vida. Como se vê, as constatações da Doutora em Psicologia norte americana, corroboram literalmente as informações observadas nas cartas recebidas mediunicamente por Chico Xavier ao longo da maior parte de sua última existência na nossa Dimensão, bem como aquelas apuradas por Allan Kardec e inseridas no livro O CÉU E O INFERNO, que por sinal, está completando cento e cinquenta anos de publicação.
Pergunta levantada em nosso grupo de
estudo. Se Jesus não conseguiu mudar o mundo quando esteve aqui há dois mil
anos, como que nós, que somos tão pequenos diante dele, queremos mudar?
Para responder esta pergunta, caro ouvinte,
precisamos primeiramente levar em conta que para o Espiritismo toda mudança –
seja do indivíduo, seja de uma coletividade ou mesmo da humanidade inteira –
depende de uma lei natural a que chamamos evolução. Evolução é, acima de tudo,
transformação e aperfeiçoamento, a que tudo no universo está sujeito, inclusive
nós, seres humanos. Ela não abrange somente o corpo físico ( que é o nosso
principal instrumento de ação aqui na Terra), mas sobretudo nosso psiquismo, a
nossa inteligência e a nossa capacidade de viver e principalmente de conviver.
Não é difícil perceber que nesse
desenvolvimento, olhando para o passado da humanidade, constatamos que viemos
de um estado primitivo, quando despontou a Inteligência humana. Nessa condição
‘estagiamos durante milhões de anos, passando por várias fases de
aperfeiçoamento, estimulando nossa inteligência e aprendendo regras de
convivência, até chegarmos ao que somos hoje – muitíssimo mais avançados, mas
ainda distantes do ideal de vida que aspiramos: que é o de fazer da Terra um
mundo fraterno.
Vários mestres, Espíritos superiores que aqui
reencarnaram, através dos séculos, para nos impulsionar o progresso moral, sob
a coordenação espiritual de Jesus, deixaram para a humanidade elevados ensinamentos.
Vieram como mestres, não só falando, mas sobretudo vivenciando o que pretendiam
ensinar, para que nos inspirássemos em seus preceitos de vida, e conseguimos,
por nós mesmos e ao longo do tempo ( séculos, certamente) , desenvolver essa
capacidade de nos amar uns aos outros: eis o que entendemos por salvação.
Imagine você uma grande empresa com grande
parte de sua capacidade instalada ociosa e, portanto, longe de alcançar a sua
produção ideal.. Aliás, uma empresa com tantos problemas internos, que já está
a caminho de sua derrocada total.
Existem problemas técnicos e metodológicos que são obstáculos à
qualidade dos produtos e impedem o avanço da produção. Mas o maior problema
está na dificuldade de convivência de seu pessoal, que não se entende, desde os
escalões mais altos até os mais simples operários.
Após várias tentativas anteriores, um
consultor de elevada competência vem à empresa e aponta seu principal
problema: é preciso melhorar o nível de
relações entre todos os seus integrantes, incentivando a cooperação e acabando
de vez com disputas pessoais e de grupos. Todos se debruçando sobre o principal
objetivo da empresa, em pouco tempo ela poderá se reerguer e assim será salva.
Contudo, poucos compreenderam a mensagem do consultor, que acabou recebendo
críticas e, por fim, foi expulso da empresa. Apenas alguns, que creram nas suas
orientações, persistiram e se empenharam para coloca-las em prática, de modo
que a empresa foi lentamente se
reerguendo em busca de sua meta principal. Esta empresa é a Terra ( a
humanidade) e o consultor Jesus.
Jesus,
que é um Espírito, classificado como puro pelos espíritas, está ligado
diretamente ao planeta Terra e mais precisamente aos habitantes desse planeta,
que somos nós. Da mesma forma que o consultor na empresa, ele não veio trazer
uma solução mágica para resolver de uma vez por todas um intricado problema.
Ele veio nos convidar não só para compreendermos a meta de felicidade a que
todos aspiramos, mas para nos unirmos em
torno de um objetivo comum, trabalhando juntos para reerguermos a condição
moral do nosso mundo..
Logo, Jesus veio semear no terreno de nossos
corações a semente do amor que há de florescer no futuro em cada alma, pelo
mesmo processo de evolução, fazendo com que o homem desperte para a realidade
ampla da vida, para a sua origem e para o seu destino espiritual. Esse processo
de amadurecimento é muito lento, pois encontra fortes barreiras no egoísmo e no
orgulho dos homens, mas assim mesmo, encontrando toda espécie de adversidade,
ele resiste e caminha, ainda que devagar, prenunciando a chegada de uma nova
era.
Portanto, a salvação que Jesus nos traz é a
salvação do homem contra suas próprias imperfeições, a salvação da humanidade
contra o orgulho e o preconceito, e essa tarefa ele confiou a todos nós, pois
veio como um Mestre indicar-nos o melhor caminho. No entanto, Jesus não vai
fazer por nós aquilo que só a nós compete fazer. Confiou na humanidade e,
apesar de todo o panorama conturbado que vemos, ele ainda confia, como o
professor deve confiar em seus alunos, como
os pais devem confiar nos filhos, na certeza de que um dia chegaremos
lá.
O Reino de Deus a que ele se referiu, na
verdade, é uma conquista primeiramente pessoal (de cada um de nós) e, em
segundo lugar, das famílias, das coletividades e das nações, que terão um longo
curso a percorrer até atingir a tão aguardada era da Paz e do Amor. Esta é a
salvação que prometeu à humanidade, que o homem poderia construir ao longo do
tempo. Seja, neste mundo ou no outro, na
condição de encarnados ou de desencarnados, chegaremos a um patamar superior de
vida, onde o amor será o objetivo de todos.
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