A nossa, Roseli Ferro Fabrício, diz que
vem assistindo a série “Jesus” da Rede Record, mas está estarrecida diante da
violência e dos massacres que eram promovidos a mando de Deus, matando não só
os homens, mas até mulheres e crianças. Para Roseli, uma coisa inconcebível
para quem acredita num Deus bom e misericordioso e não num Deus violento e
vingativo.
A Bíblia, Roseli, é uma conjunto de livros
antigos, escritos em diferentes épocas, e que nos trazem lances da história do povo hebreu, chamado povo de
Israel,, que teve Abraão como patriarca e Moisés como o grande libertador. Quem
lê com atenção seus primeiros livros principalmente, vai se chocar com um tempo
de muita violência e de uma forma muito rudimentar de crença. Mais ainda, vai
se chocar com um deus vingativo e violento, que não hesitava em mandar matar o
inimigo com atos de extrema crueldade.
Vamos
dar apenas um exemplo. No livro NÚMEROS da Bíblia, capítulo 31, lemos as ordens
de Deus a Moises para exterminar o inimigo: “Vinga primeiro os filhos de Israel
dos medianitas, depois serás unido ao teu povo. E Moisés disse logo: armem-se
para a batalha alguns homens entre vós, que possam executar a vingança do
Senhor sobre os medianitas (...) E, tendo pelejando contra os medianitas,
tendo-os vencido, mataram todos os varões, os seus reis e os cinco príncipes
daquela nação.”
“Mataram também com a espada a Balaão, filho
de Beor. Tomaram as suas mulheres, os seus filhinhos, todos os seus gados e
todos os seus bens, e saquearam tudo o que puderam alcançar. O fogo consumiu as
cidades, as aldeias e os castelos. Levaram a presa e tudo o que tinham tomado,
tanto de homens como de animais e apresentaram-nos a Moisés, ao sacerdote
Eliázaro e a toda a multidão dos filhos de Israel”.
Moisés, irado contra os chefes do exército,
contra os tribunos e centuriões, que voltavam da batalha, disse: “ Por que
poupastes as mulheres? Não são elas que, por sugestão de Balaão, seduziram os
filhos de Israel e vos fizeram prevaricar contra o Senhor com o pecado de Fogór,
pelo qual também o povo foi castigado? Matai, pois, todos os varões, mesmo
os de tenra idade, e degolai as mulheres que tiveram comércio com os
homens, mas reservai para vós as donzelas e todas as mulheres virgens”.
Como podemos ver, o clima que reinava naquela
época e naquela região era violento e todas as ordens de ataque, de matança, de
violência, de crueldade, vinham de cima. Era Deus no comando, razão pela qual o
deus de Moisés passou a ser conhecido como “deus dos exércitos”. Nem o povo de
Israel, nem nenhum outro daqueles povos – que brigavam por terras – abria mão
de sua crença, de sua religião, de seus deuses e de seus rituais, e o que se
percebe nesses relatos é, na verdade, uma guerra acirrada de deuses, um
tentando sobrepujar o outro a qualquer custo. Esse era o panorama da
antiguidade, cerca de 1.300 anos antes de Cristo.
É sempre bom a gente conhecer um pouco da
História Antiga para perceber o quanto evoluímos de lá para cá, Roseli. Séculos
depois de Moisés, dentro desse mesmo povo, Jesus de Nazaré vinha ensinar o
contrário, jogando por terra a lei “do olho por olho, dente por dente”, para
proclamar a lei do amor. Para Jesus, era muito pouco amar apenas o amigo; era
preciso amar também o inimigo. Veja que evolução de conceitos.
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