O Cristiano, de Vera Cruz, estudioso da
Doutrina Espírita, e que tem participado frequentemente deste programa,
encontrou na obra de Allan Kardec uma
interessante referência ao Espírito que entra numa nova encarnação com o
sexo diferente daquele que teve na vida anterior. Sobre isso ele escreve: “Peço
esclarecimentos sobre a seguinte passagem da Revista Espírita de 1866, tradução
de Evandro Noleto Bezerra, mês de janeiro, artigo “As mulheres têm alma?”, que
é a seguinte:
A -
“Mudando de sexo sob essa impressão. e em sua nova encarnação, poderá (o Espírito)
conservar, os gostos, as inclinações e o caráter inerentes ao sexo que acaba de
deixar. Assim se explicam certas anomalias aparentes, que se notam no caráter
de certos homens e de certas mulheres”.
Já
tivemos a oportunidade de falar, aqui, sobre o sentido amplo do que hoje
chamamos de transexualidade, conforme lemos em várias obras espíritas que
tratam do assunto. Vamos imaginar um indivíduo do sexo masculino – homem,
portanto - que se casa com uma mulher e
tem filhos e que, em sua personalidade ou sua maneira de ser, apresenta certos traços que a sociedade
considera femininos, como gostos e gestos delicados, preferência por estética,
moda, artes, etc.
Isso também pode acontecer com uma mulher,
que mesmo se casando com um homem e exercendo a maternidade, destaca-se mais em
atividades voltadas para o mundo masculino e apresente certos traços de caráter
mais próximos do modo de ser dos homens, mas nem por isso deixa de ser mulher e
desempenhar esse papel na família e na sociedade. Em ambos os casos podemos
perceber que predominância de certos traços do sexo oposto numa pessoa pode ser
indício de uma encarnação anterior bem próxima, da qual ela conservou essas
tendências.
Isso tudo é transexualidade, pois o Espírito,
embora não tenha o sexo biológico, como nós o temos quando encarnados, ele traz
consigo, durante sua trajetória pela vida física, traços psíquicos de um e de
outro. Considerando que masculino e feminino sejam polos opostos, segundo a
teoria do Dr. Jorge Andréa, a tendência do Espírito, na sua longa jornada
evolutiva é fazer com que esses polos venham se aproximando um do outro. Tanto
assim que Espíritos mais elevados, que já superaram as limitações do sexo
físico, renascem na Terra para grandes missões com traços masculino e feminino
em seu caráter.
Desse
modo, Allan Kardec está afirmando que, quando o Espírito traz muitas
experiências seguidas num mesmo sexo, ao reencarnar no sexo oposto, ele ainda
conserva algumas ou muitas de suas tendências anteriores. Como o preconceito ou
a falta de conscientização ainda são muitos presentes na sociedade, essas
pessoas muitas vezes passam ser alvo de comentários maldosos ou discriminação. Nós,
espíritas, porém, sabemos que tanto as experiências do Espírito como mulher,
quanto suas experiências como homem, são necessárias no atual estágio evolutivo
em que nos encontramos para alcançar a realização plena do Espírito.
Contudo, essas mudanças não ocorrem somente
com Espíritos bem amadurecidos e seguros de si, mas podem acontecer com o
Espírito em qualquer fase de seu desenvolvimento. Assim, se há transexuais que
vivem normalmente na sua condição de homem ou mulher, desempenhando um papel
definido segundo os padrões sociais, há os que, num estágio menos avançado
desse processo, que têm necessidade de parceiros de mesmo sexo para se realizarem
emocionalmente, e eles constituem assim o grupo dos homossexuais.
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