Mais uma colaboração do Cristiano, da
cidade de Vera Cruz, a respeito do tema que levantou programas atrás. Diz o
Cristiano: “Na REVISTA ESPÍRITA de 1863, mês de fevereiro, , artigo “A Loucura
Espírita”, temos a seguinte frase de Allan Kardec: “Nós trabalhamos para dar a
fé aos que nada creem, para espalhar uma crença que os torne melhores uns aos
outros, que lhe ensina perdoar os inimigos, a se olharem como irmãos, sem
distinção de raça, seita, cor, opinião política ou religiosa; numa palavra,
numa crença que faz nascer o verdadeiro sentimento de caridade, de fraternidade
e deveres sociais”. Pergunto: por que, mesmo cientes dessa declaração, os
adversários do Espiritismo insistem em considerar que Allan Kardec foi
racista?”
Muito
bem colocado, Cristiano. Quem conhece a Doutrina Espírita sabe que não deve
existir outra doutrina tão refratária, tão contrária a todo tipo de
discriminação e preconceito, opondo-se terminantemente contra o racismo. Como
falamos da vez anterior, a concepção de raça humana fazia parte da cultura europeia
do século XIX, considerada superior, e sobre essa concepção ( que hoje,
felizmente, não é mais aceita pela comunidade científica) foi que Allan Kardec
trabalhou as ideias espíritas.
No
entanto, essas ideias tinham por fim libertar o homem do preconceito,
procurando ampliar o conhecimento além da vida física, uma vez que a
reencarnação, que permite ao Espírito renascer branco ou negro, em um ou em
outro povo, é a chave para a exata compreensão da Justiça Divina. Desse modo,
Kardec discutiu a questão racial em cima das estreitas ideias então vigentes,
demonstrando que as características biológicas do individuo morrem com o corpo,
mas o individuo não sendo apenas corpo, se sobrepõe às estritas condições da
matéria.
Por outro lado, Cristiano, todos sabemos que
os adversários da doutrina - aqueles que sempre pretenderam atacar o
Espiritismo - procuram algum pretexto
para desmoralizá-lo. Como não podem fazê-lo encarando de frente sua robusta
filosofia moral, inteiramente assentada sobre os ensinamentos de Jesus,
procuram alguns textos que, de certa forma, partem das ideias ultrapassadas da
época. O que eles não dizem é que o Espiritismo, livre dos dogmas, é uma
doutrina que não diz a última palavra a respeito de nada e nunca desiste de
procurar a verdade; por isso suas concepções estão cada vez mais
aperfeiçoadas.,
Contudo, Cristiano, essas críticas, ao invés
de atingir a Doutrina Espírita, acabam por despertar ainda mais atenção para a
sua verdadeira natureza. As pessoas, que deparam com acusações de racismo contra
a doutrina, pelo menos as mais esclarecidas, saberão se certificar dessas
acusações buscando conhecer melhor o Espiritismo. Kardec foi muito mais
criticado em sua época do que atualmente, sofrendo toda espécie de intolerância
e perseguição. O mesmo aconteceu com Jesus e todos os grandes mestres que
revolucionaram a sociedade com seus ensinamentos.
O
Espiritismo, pela sua própria natureza, ao contrário das doutrinas autoritárias
que sempre prevaleceram e dominaram o mundo, não veio para impor suas ideias a
ninguém, mas, ao contrário, para propor uma nova forma de crer, assentada sobre
a razão e o bom senso. Portanto, em Espiritismo não há doutrinação ou
sectarismo de arrastamento, mas estudo e discussão sobre ideias, devendo
prevalecer a verdade entre aqueles que, efetivamente, a procuram.
Por
outro lado, a proposta espírita, desde 162 anos atrás, tem-se mantido vigorosa
e inabalável diante do progresso das ciências, numa demonstração que é uma
doutrina progressista, volta para o futuro. Em nenhum momento de sua história
ela se sente tão fortalecida em suas bases filosóficas e científicas como hoje,
início do século XXI, porquanto o
conhecimento humano tende a se aproximar cada vez mais das verdades que ela vem
anunciando.
Nenhum comentário:
Postar um comentário