Sonia Regina Domingos dos Santosresidente aqui em Garça, na Chácara
Arco Iris, nos telefonou domingo passado, pedindo que falássemos sobre Bezerra
de Menezes, uma das figuras mais citadas e comentadas no meio espírita
brasileiro.
Imagine, Sônia, o Brasil
há mais de 160 anos atrás, ainda no século XIX., em pleno regime imperial, sob
o comando politico do Imperador D. Pedro 2º.
Evidentemente não tínhamos os serviços de saúde que temos hoje:
hospitais, postos de saúde, farmácias, médicos, e tampouco o sistema de saúde
que, aos poucos, vai se aperfeiçoando. Durante o regime imperial, as pessoas
tinham uma vida muita curta, viviam bem menos que hoje. Crianças e adolescentes
morriam cedo, porque as doenças eram muitas.
A higiene era precária. Não
existia vacinação para proteger a população.
A vacinação no Brasil tem uma história muito triste, principalmente no
início de sua introdução em nosso país. Ela passou a ser utilizada pelas autoridades
sanitárias a partir do início do século XX, quando entrou em cena a figura
impar do grande sanitarista brasileiro, na época Secretário da Saúde Pública,
Dr. Oswaldo Cruz.
As condições de vida eram as piores possíveis para grande parte da
população, abandonada e esquecida. Não havia nem rádio nem televisão para
divulgar os problemas da sociedade como temos hoje , o que obrigava a pobreza a
viver desinformada, calada e continuar sofrendo. Quando uma pessoa chegava a
ser internada num hospital ( e isso era privilégio de muito poucos) era nos
seus últimos dias de vida; uma grande parte não resistia às operações
cirúrgicas a que eram submetidas e a medicina encontrava-se num patamar bem
inferior ao de hoje..
No Brasil imperial,
portanto, destacava-se um médico muito generoso, entre os raros médicos que
existiam na época. A sociedade, de um modo geral, era bem mais preconceituosa
que a de hoje, de um modo que havia um verdadeiro abismo entre as classes
sociais, criando privilégios e injustiças.
E para piorar, as leis brasileiras daquela época defendiam até mesmo a
escravidão,. Essa degradante condição moral a que um ser humano pode ser
submetido existia em nosso país e acabou se tornando o mais grave ato de
injustiça que já se cometeu no Brasil por vários séculos.
No geral, entre os homens livres ( ou seja, aqueles que não eram
escravos), muito poucos tinham condições financeiras de recorrer a médicos. A grande maioria tratava
as doenças com remédios caseiros, usando ervas e produtos da natureza, quando
não recorriam a benzedeiras e curandeiros, que eram muito comuns naquele tempo.
Raramente um pobre ou uma pessoa que vivia de seu salário podia ao médico,
porque não tinha como pagar sequer uma consulta. A medicina era para os ricos.
Conta-se que, certo dia, uma
senhora procurou um médico, conhecido pela sua generosidade, para que atendesse
sua filha que ardia em febre, dizendo que não tinha como pagá-lo. Assim mesmo,
esse médico a consultou, diagnosticou a doença e receitou um medicamento. Mas a
mãe aflita disse que não tinha dinheiro para comprar o remédio. Então, o médico
procurou algum dinheiro nos próprios bolsos, mas não achou nada. Não teve
dúvidas, ante o espanto da mãe angustiada, ele tirou o seu próprio anel de
formatura do dedo e deu-lhe, dizendo que com aquilo ela conseguiria comprar o
remédio de que precisava.
Esse médico chamava-se
Adolfo Bezerra de Menezes Cavalcanti. Era um homem extremamente generoso, que
não media esforços para atender a quem quer que fosse, independente se ia
remunerado ou não. Por isso mesmo, na maioria das vezes, ao invés de cobrar o
valor da consulta, ele perguntava ao cliente quanto podia pagar, mas como era
grande a quantidade de pobres, Bezerra atendia a maioria das pessoas de graça.
No entanto, ele mesmo teve uma vida atribulada, com muitos problemas
familiares, enfrentando as situações com resignação e coragem.
No exercício de sua
atividades profissional foi um missionário. Bezerra olhava primeiro a condição
e a necessidade da pessoa. Preferia dar atenção aos que mais necessitavam. Não
se importava em acordar de madrugada para socorrer alguém e não media
sacrifícios para fazer com que todos os seus clientes recebessem um bom
tratamento. Por isso mesmo, como quase nada recebia de seus serviços médicos,
viveu sempre na pobreza, passando a ser conhecido como Médico dos Pobres.
Essa opção de Bezerra de
Menezes se deveu muito ao fato de ele ter se tornado espírita, assim que
começou a estudar o Espiritismo. Ele nascera numa família católica e veio para
o Rio de Janeiro estudar, quando teve a oportunidade de conhecer a doutrina e,
mesmo contrariando os interesses da família, abraçou os ideais espíritas. O que
mais o fascinava era a forma como o Espiritismo encara Jesus, valorizando
sobretudo o amor ao próximo, a partir de seu principal lema “Fora da Caridade
não há Salvação”.
Em determinado momento da vida, percebeu que podia ser útil na
política, ocupando o cargo de deputado federal. Como deputado, só defendeu os
direitos dos pobres e lutou ardorosamente pela abolição dos escravos, seguindo
assim os princípios libertários da Doutrina Espírita. Sua presença na Câmara
dos Deputados marcou época, e ele jamais se rendeu a outros interesses que não
fosse defender a justiça e o bem estar de todo cidadão.
- Por isso mesmo, foi respeitado e admirado pelo seu caráter e
pelo amor à sua pátria. Atuou intensamente no movimento espírita e foi
inclusive presidente da Federação Espírita Brasileira. Escreveu artigos,
mensagens e livros espíritas, que até hoje são lidos. Bezerra de Menezes nasceu
em 29 de agosto de 1931 – portanto há 187 anos e desencarnou em 11 de abril de
1900.
Após sua desencarnação,
engajou-se imediatamente no seu trabalho no mundo espiritual e entre os
Espíritos que trabalham pelo progresso espiritual do Brasil, manifestando-se
por vários médiuns, mas sobretudo pelo médium Chico Xavier.
Passou a ser um verdadeiro
pai espiritual do povo brasileiro, não importando a religião. Por isso, é um
dos Espíritos mais lembrados e mais conhecidos, que hoje coordena uma grande
equipe de Espíritos benfeitores em nosso país. Em muitas cidades do Brasil
existem hospitais, escolas e outras instituições que levam seu nome.
Nenhum comentário:
Postar um comentário