Nas suas pesquisas junto à Espiritualidade Superior, Allan Kardec apurara que, “criados simples e ignorantes, aos Espíritos é imposta a encarnação com o objetivo de leva-los à perfeição e pô-los em condições de enfrentar sua parte na Criação. Para uns, uma expiação; para outros, uma missão; se instruindo através das lutas e atribulações da vida corporal”. Mas, questionam muitos, por que renasci ou constitui a família que tantos dissabores me causa? Naturalmente a generalização não se aplica nas questões relacionadas à Humanidade tão diversificada quanto a presente no planeta Terra, considerando que cada um dos Espíritos nela abrigados tem histórico com passivo e metas diferentes a perseguir a cada reencarnação. Todavia, evoluindo em suas conjecturas, Kardec considera que “muitas vezes um indivíduo renasce na mesma família, ou, pelo menos, os membros de uma família renascem juntos para constituir uma família nova noutra posição social, a fim de apertarem os laços de afeição entre si, ou reparar agravos recíprocos. Por considerações de ordem mais geral, a criatura renasce no mesmo meio, na mesma nação, na mesma raça, quer por simpatia, quer para continuar, com os elementos já elaborados, estudos começados, para se aperfeiçoar, prosseguir trabalhos encetados e que a brevidade da vida não lhe permitiu acabar”. Acrescenta que “a reencarnação no mesmo meio é a causa determinante do caráter distintivo dos povos e das raças. Embora melhorando, os indivíduos conservam o matiz primário, até que o progresso os haja completamente transformado”. Sobre como se opera esse fenômeno de transferência de uma Dimensão aparentemente abstrata, subjetiva, para esta concreta e objetiva? Allan Kardec explica que “no momento da concepção do corpo que se lhe destina, o Espírito é apanhado por uma corrente fluídica que, semelhante a uma rede, o toma e aproxima da sua morada. Desde então, ele pertence ao corpo, como este lhe pertencerá até que morra. Todavia, a união completa, o apossamento real somente se verifica por ocasião do nascimento. Desde o instante da concepção, a perturbação ganha o Espírito; suas ideias se tornam confusas; suas faculdades se amortecem; a perturbação cresce à medida que os liames se apertam; torna-se completo nas últimas fases da gestação, de sorte que o Espírito não aprecia o ato do nascimento do seu corpo, como não aprecia o da morte deste; nenhuma consciência tem, nem de um, nem de outro. Desde que a criança respira, a perturbação começa a dissipar-se, as ideias voltam pouco a pouco, mas em condições diversas das verificadas quando da morte do corpo. No ato da reencarnação, as faculdades do Espírito não ficam apenas entorpecidas por uma espécie de sono momentâneo, conforme se dá quando do regresso à vida espiritual; todas, sem exceção, passam ao estado de latência. A vida corpórea tem por fim desenvolvê-las mediante o exercício, mas nem todas se podem desenvolver simultaneamente, porque o exercício de uma poderia prejudicar o de outra, ao passo que, por meio do desenvolvimento sucessivo, uma se firmam nas outras. Convém, pois, que algumas fiquem em repouso, enquanto outras aumentam. Esta a razão por que, na sua nova existência, pode o Espírito apresentar-se sob aspecto muito diferente, sobretudo se pouco adiantado for, do que tinha na existência precedente. Num, a faculdade musical, por exemplo, será mais ativa; ele conceberá, perceberá e, portanto, fará tudo o que for necessário ao desenvolvimento dessa faculdade; noutra existência, tocará a vez à pintura, às ciências exatas, à poesia, etc. Enquanto essas novas faculdade se exercitarem, a da música estará latente, mas conservando o progresso que realizou. Resulta daí que quem foi artista numa existência, poderá ser um sábio, um homem de estado, ou um estrategista noutra, sendo nulo do ponto de vista artístico e reciprocamente. O estado latente das faculdades na reencarnação explica o esquecimento das existências precedentes (...). As faculdades que se manifestam, estão naturalmente em relação com a posição que o Espírito tem de ocupar no mundo e com as provas que haja escolhido. Entretanto, acontece muitas vezes que os preconceitos sociais o desloquem, o que faz que certas pessoas estejam intelectual e moralmente acima ou abaixo da posição que ocupam. Esse deslocamento, pelos entraves que acarreta, faz parte das provas; cessará com o progresso. Numa ordem social avançada, tudo se regula de acordo com a lógica das leis naturais e aquele que apenas tiver aptidão para fabricar sapatos não será, por direito de nascimento, chamado a governar os povos”.
A Edna Ansanello conta que estava
trabalhando com duas colegas, na confecção de merenda na escola, quando ouviu
alguém cochichar no seu ouvido. Perguntou às colegas se perceberam alguma coisa
diferente naquele momento e, para sua surpresa, uma delas afirmou que ouviu um
cochicho junto ao ouvido, justamente o que a Edna tinha percebido; a outra,
não. Porém, as duas disseram que o cochicho não foi claro, não deixou nenhuma
mensagem, só a sensação de que alguém chegou bem perto e disse alguma coisa em
seus ouvidos. Diante disso, a Edna pergunta o que pode ter acontecido, se foi
alguma manifestação espiritual.
A
Doutrina Espírita afirma que os Espíritos desencarnados exercem influência
sobre nossa vida no dia a dia. No entanto, quase sempre não percebemos nenhuma
presença e nem suspeitamos se estamos sendo influenciados. Trata-se apenas de
uma ação mental, ou seja, de uma ação de mente para mente, da mente do
desencarnado para a mente inconsciente do encarnado. Este tema é muito bem
tratado no capítulo de O LIVRO DOS ESPIRITOS referente à influência dos
Espíritos em nossas vidas.
Portanto, Edna, sem que o saibamos,
frequentemente podemos captar o pensamento de Espíritos que estão próximos de
nós, especialmente de nosso protetor espiritual. O fato de não percebermos essa
influência e tampouco a presença de Espíritos ao redor faz com que nos sintamos
livres e para pensar e agir e em pleno domínio de nossa vontade. Pode ocorrer,
entretanto, vez ou outra, que alguém perceba algo estranho, podendo ter visão
ou audição que ultrapassam as fronteiras dos cinco sentidos.
Logo, os Espíritos podem se comunicar conosco
através do pensamento durante o dia ou podem vir a nós durante o sono. Essa
influência é maior do que comumente as pessoas imaginam. Da mesma forma que, na
vida comum, somos muito influenciados pelo meio em que nos encontramos, através
das pessoas que nos cercam, do rádio e da televisão, sem que nos demos conta
disso, também, de alguma forma, interagimos com o mundo espiritual. Vivemos num
mundo de influências mútuas.
O episódio, que você nos apresenta, referente
ao sussurro que vocês duas perceberam junto aos seus ouvidos, poderia ou não
provir desse tipo de influência. A dúvida, porém, é que ele não transmitiu nada
de objetivo pra vocês, pois, se houvesse uma mensagem – por pequena que fosse –
que as duas viessem a perceber, então saberíamos que se tratava de um ato
inteligente, e poderíamos concluir com mais segurança de que houve uma ação e
uma percepção espirituais.
E se consideramos que, de fato, se tratou de uma ação espiritual, na verdade
teria sido uma pequena ação mediúnica de efeitos físicos, já que as duas
colegas captaram o som do cochicho ao mesmo tempo e nas mesmas circunstâncias.
Som é um fenômeno físico, material. Se as duas têm esse tipo de mediunidade,
provavelmente já tiveram experiências
semelhantes anteriormente. Tiveram?
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