Uma pessoa,
que não quis se identificar, faz pede o seguinte esclarecimento: “Gostaria de
saber se a pessoa, que é espírita, pode
participar do carnaval”.
Uma
das principais características da Doutrina Espírita é o princípio da autonomia
moral. Autonomia moral é o reconhecimento de que cada um deva fazer aquilo que
sua consciência lhe permite. Nesse sentido, não há proibições no Espiritismo,
não há tabus, mas apenas e tão somente recomendações para que as pessoas
busquem diferenciar o conveniente do inconveniente, aprendendo a amar o próximo
como a si mesmas, princípio fundamental dos ensinos de Jesus.
A postura
rígida e proibitiva, que as religiões tentaram impor aos seus seguidores ao longo
dos séculos, era muito comum no tempo de Jesus, até porque naquela época quem
regulava a conduta das pessoas era a religião e, muitas vezes, ela tinha que
ser austera. O próprio Jesus nunca se esquivou de participar da vida social de
seu povo. Nos evangelhos vemo-lo presente nas festas de casamento e em
companhia dos discípulos. Por isso seus inimigos o acusavam de beberrão e
glutão, conforme podemos ler nos evangelhos.
O
Espiritismo entende que a fase da
imposição religiosa severa, muito presente na História da Humanidade, já
passou. Ela não tem mais alcance nos dias de hoje, simplesmente porque é inócua;
todos os limites estão sendo rompidos. As pessoas, de um modo geral, espíritas
ou não, é que devem desenvolver a capacidade de perceber até ponde podem ir e
como se conduzir. Evidentemente, a alegria deve fazer parte de nossa vida e,
por isso, é necessária. Ela será nociva somente sempre que ultrapassar os
limites do equilíbrio e do bom senso.
Cada
um de nós, no decorrer da vida na Terra, vai aprendendo com os limites que a
própria vida impõe. Quando criança, porque ainda não temos a capacidade de
discernir o que é bom e o que é mal, nossos pais é que assumem as decisões,
sempre explicando a razão porque devemos ou não devemos fazer tal coisa. O mais
importante no ensino é, portanto, o esclarecimento que leva a pessoa à
conscientização e à responsabilidade pelos seus atos. O Espiritismo é, acima de
tudo, uma doutrina educativa.
Portanto, a postura do Espiritismo diante do
carnaval é a mesma que mantém diante de qualquer evento festivo. O carnaval não
é um mal em si, como se pode pensar; mal
é o que muitas vezes dele fazem os que propagam ideias e práticas extravagantes
irresponsáveis que acabam por trazer sérios prejuízos a pessoas desavisadas,
levando-as a ultrapassar os limites do bom senso, como a intimidação, a violência,
o uso de drogas e as aventuras inconsequentes do sexo. Contra isso a melhor
recomendação para quem gosta de brincar no carnaval é estar sempre precavido
contra um envolvimento que comprometa seus princípios.
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