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sexta-feira, 5 de fevereiro de 2021

FALSOS PROFETAS: PROBLEMA SEMPRE ATUAL; EM BUSCA DA VERDADE COM O PROFESSOR

A questão das profecias estapafúrdias e das revelações fantásticas atribuídas a Espíritos desencarnados através de médiuns com nomes associados ao Espiritismo já era assunto nas páginas da REVISTA ESPÍRITA. Atualmente, basta a mediunidade mais pronunciada se tornar conhecida pelo seu portador para que ele se julgue infalível e porta voz de entidades que julga “donas da verdade”. Chico Xavier contava ter sido orientado em 1931, pelo guia espiritual Emmanuel logo no primeiro encontro que tiveram, a jogar fora toda a produção desde quando o jovem psicografara quatro anos antes, sua primeira mensagem, pois, até ali fizera parte apenas de seu treinamento. Para nos basearmos em informação confiável, no número de abril de 1860, Allan Kardec, desenvolve algumas considerações sobre carta recebida do amigo Sr Jobard, abordando a TEORIA DA FORMAÇÃO DA TERRA PELA INCRUSTAÇÃO DE VÁRIOS CORPOS PLANETÁRIOS. Dizendo-se não adepto da mesma apesar de ter sido dada em várias épocas por certos Espíritos e através de médiuns desconhecidos uns dos outros, salienta não passarem de hipóteses, até que dados mais positivos venham confirma-las ou desmenti-las. Destacando que sua posição geraria críticas do tipo não tendes confiança nos Espíritos e duvidais de suas afirmações” ou como inteligências desprendidas da matéria, não podem remover todas as dúvidas da Ciência e lançar a luz onde reina a obscuridade?, Allan Kardec pondera “ser esta uma questão séria, que se liga à própria base do Espiritismo, e que não poderíamos resolver no momento, sem repetir o que temos dito a respeito; acrescentaremos apenas algumas palavras, a fim de justificar nossas reservas. Para começar, responderemos que nos tornaríamos sábios muito facilmente se tratássemos apenas de interrogar os Espíritos para conhecer tudo quanto se ignora. Deus quer que adquiramos a Ciência pelo trabalho, e não encarregou os Espíritos de nô-la trazer preparada, favorecendo nossa preguiça. Em segundo lugar, a Humanidade, como os indivíduos, tem a sua infância, sua adolescência, sua juventude e sua idade viril. Encarregados por Deus de instruir os homens, devem pois, os Espíritos proporcionar-lhes ensinos para o desenvolvimento da inteligência; não dirão tudo a todos e, antes de semear, esperam que a Terra esteja pronta para receber a semente, a fim de fazê-la frutificar. Eis por que certas verdades que nos são ensinadas hoje não o foram aos nossos pais, que também interrogavam os Espíritos; eis por que, ainda, verdades para as quais não estamos maduros só serão ensinadas aos que vierem depois de nós. Nosso equívoco está em nos julgarmos chegados ao topo da escada, quando apenas nos achamos a meio caminho”. Observando que “os Espíritos podem instruir os de instruir os homens tanto se comunicando diretamente – como provam todas as histórias sagradas ou profanas -, quanto encarnando-se entre eles, para o desempenho das missões de progresso”, salienta que “não basta ser Espírito para possuir a Ciência universal, pois assim a morte nos faria quase iguais a Deus. Aliás, o simples bom senso se recusa a admitir que o Espírito de um selvagem, de um ignorante ou de um malvado, desde que separado da matéria, esteja no nível do cientista ou do homem de Bem. Isto não seria racional. Há, pois, Espíritos adiantados, e outros mais ou menos atrasados, que devem superar ainda várias etapas, passar por numerosas peneiras antes de se despojarem de todas as imperfeições. Disso resulta que, no mundo dos Espíritos, são encontradas todas as variedades morais e intelectuais existentes entre os homens e outras mais. Ora, a experiência prova que os maus se comunicam tanto quanto os bons. Os que são francamente maus, são facilmente reconhecíveis; mas há também os meio sábios, falsos sábios presunçosos, sistemáticos e até hipócritas. Estes são os mais perigosos, porque afetam uma aparência séria, de ciência e de sabedoria, em favor da qual proclamam, em meio a algumas verdades e boas máximas, as mais absurdas coisa. E para melhor enganar, não receiam enfeitar-se com os mais respeitáveis nomes. Separar o verdadeiro do falso, descobrir a trapaça oculta numa cascata de palavras bonitas, desmascarar os impostores, eis, sem contradita, uma das maiores dificuldades da ciência espírita. Para superá-la, faz-se necessária uma longa experiência, conhecer todas as sutilezas de que são capazes os Espíritos de baixa classe, ter muita prudência, ver as coisas com o mais imperturbável sangue frio, e guardar-se principalmente contra o entusiasmo que cega. (...).  Mas infeliz do médium que se julga infalível, que se ilude com as comunicações que recebe: o Espírito que o domina pode fasciná-lo a ponto de fazê-lo achar sublime aquilo que, por vezes, é apenas absurdo e salta aos olhos de todos, menos os seus”.


 

 (Laura Beatriz Bancchieri) Se Somos iguais, por que uns cometem crimes e outros não? Por que cada povo vive de seu jeito? Por que existe fome num lugar e fartura em outro? Por que há seca num lugar e abundância de água em outro?

Voltamos à velha questão, Laura. Cremos que a sua dúvida é esta: se dizemos que todos somos iguais perante Deus, como se justifica que a vida seja tão diferente para cada um de nós? É justamente aí que está a Sabedoria Divina: dos diferentes faz iguais e dos iguais diferentes? Como assim? – você questiona. Não temos apenas uma vida, Laura – eis a chave da questão -  e, em cada uma delas, não passamos pelas mesmas experiências, mas fazemos de cada nova experiência um degrau de crescimento para a perfeição.

 Somos iguais na essência, ou seja, no espírito.  Perante Deus, não há melhor nem pior, nem mais nem menos importante, nem mais amado nem menos amado. Veja, por exemplo, os dedos da mão: qual o mais importante? Não há: cada um tem um papel diferente e insubstituível, e todos concorrem para que a mão exerça plenamente sua função. Veja os órgãos do corpo. Será o coração mais que o cérebro, o fígado mais que o intestino ou os pulmões mais que os rins? É o mesmo caso: cada órgão tem a sua própria importância no conjunto do corpo, e todos são igualmente necessários. Aí está a essência da igualdade.

 Todos fomos todos criados para um destino glorioso e estamos em busca dessa meta. Partimos de um mesmo ponto, mas vamos nos divergindo porque temos inteligência e vontade – temos um grande potencial, que é o livre arbítrio. As diferenças fazem parte do processo de crescimento. Se todos os dedos fossem polegares ou indicadores, por exemplo, a mão não poderia fazer o que faz. Se todos os homens – que são iguais na essência – também fossem iguais na posição que ocupam, na atividade que realizam e nas demais características pessoais, as comunidades não conseguiriam sobreviver.

  Você já pensou como a vida seria monótona se todos pensassem, agissem e acreditassem exatamente como você pensa, age e acredita? Se todas a pessoas  tivessem as mesmas tendências, a mesma  aparência e só realizassem um tipo de trabalho? Se todos os povos falassem a mesma língua, tivessem as mesmas idéias, professassem a mesma religião, e produzissem a mesma arte? O progresso se realiza, Laura, no confronto dos diferentes, onde todos se encontram e cada um tem a oferecer o que nenhum outro oferece.

 Pela mesma razão, habitamos regiões diferentes, pertencemos a povos diferentes, sofremos diferentes influências de diferentes culturas, passamos pelas mais diferentes experiências, aprendendo com todas elas e nos completamos uns aos outros. É essa gama infinita de situações que oferece a cada espírito e a cada nação oportunidade de exercitar sua inteligência e desenvolver seus sentimentos em busca de sua felicidade. Ao final, também não seremos iguais; pelo contrário, cada um vai alcançar a sua própria perfeição nos planos divinos, firmando-se plenamente na sua individualidade inigualável como filho de Deus.

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