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sexta-feira, 26 de fevereiro de 2021

FALSOS PROFETAS: PROBLEMA SEMPRE ATUAL; EM BUSCA DA VERDADE COM O PROFESSOR

 A questão das profecias estapafúrdias e das revelações fantásticas atribuídas a Espíritos desencarnados através de médiuns com nomes associados ao Espiritismo já era assunto nas páginas da REVISTA ESPÍRITA. Atualmente, basta a mediunidade mais pronunciada se tornar conhecida pelo seu portador para que ele se julgue infalível e porta voz de entidades que julga “donas da verdade”. Chico Xavier contava ter sido orientado em 1931, pelo guia espiritual Emmanuel logo no primeiro encontro que tiveram, a jogar fora toda a produção desde quando o jovem psicografara quatro anos antes, sua primeira mensagem, pois, até ali fizera parte apenas de seu treinamento. Para nos basearmos em informação confiável, no número de abril de 1860, Allan Kardec, desenvolve algumas considerações sobre carta recebida do amigo Sr Jobard, abordando a TEORIA DA FORMAÇÃO DA TERRA PELA INCRUSTAÇÃO DE VÁRIOS CORPOS PLANETÁRIOS. Dizendo-se não adepto da mesma apesar de ter sido dada em várias épocas por certos Espíritos e através de médiuns desconhecidos uns dos outros, salienta não passarem de hipóteses, até que dados mais positivos venham confirma-las ou desmenti-las. Destacando que sua posição geraria críticas do tipo não tendes confiança nos Espíritos e duvidais de suas afirmações” ou como inteligências desprendidas da matéria, não podem remover todas as dúvidas da Ciência e lançar a luz onde reina a obscuridade?, Allan Kardec pondera “ser esta uma questão séria, que se liga à própria base do Espiritismo, e que não poderíamos resolver no momento, sem repetir o que temos dito a respeito; acrescentaremos apenas algumas palavras, a fim de justificar nossas reservas. Para começar, responderemos que nos tornaríamos sábios muito facilmente se tratássemos apenas de interrogar os Espíritos para conhecer tudo quanto se ignora. Deus quer que adquiramos a Ciência pelo trabalho, e não encarregou os Espíritos de nô-la trazer preparada, favorecendo nossa preguiça. Em segundo lugar, a Humanidade, como os indivíduos, tem a sua infância, sua adolescência, sua juventude e sua idade viril. Encarregados por Deus de instruir os homens, devem pois, os Espíritos proporcionar-lhes ensinos para o desenvolvimento da inteligência; não dirão tudo a todos e, antes de semear, esperam que a Terra esteja pronta para receber a semente, a fim de fazê-la frutificar. Eis por que certas verdades que nos são ensinadas hoje não o foram aos nossos pais, que também interrogavam os Espíritos; eis por que, ainda, verdades para as quais não estamos maduros só serão ensinadas aos que vierem depois de nós. Nosso equívoco está em nos julgarmos chegados ao topo da escada, quando apenas nos achamos a meio caminho”. Observando que “os Espíritos podem instruir os de instruir os homens tanto se comunicando diretamente – como provam todas as histórias sagradas ou profanas -, quanto encarnando-se entre eles, para o desempenho das missões de progresso”, salienta que “não basta ser Espírito para possuir a Ciência universal, pois assim a morte nos faria quase iguais a Deus. Aliás, o simples bom senso se recusa a admitir que o Espírito de um selvagem, de um ignorante ou de um malvado, desde que separado da matéria, esteja no nível do cientista ou do homem de Bem. Isto não seria racional. Há, pois, Espíritos adiantados, e outros mais ou menos atrasados, que devem superar ainda várias etapas, passar por numerosas peneiras antes de se despojarem de todas as imperfeições. Disso resulta que, no mundo dos Espíritos, são encontradas todas as variedades morais e intelectuais existentes entre os homens e outras mais. Ora, a experiência prova que os maus se comunicam tanto quanto os bons. Os que são francamente maus, são facilmente reconhecíveis; mas há também os meio sábios, falsos sábios presunçosos, sistemáticos e até hipócritas. Estes são os mais perigosos, porque afetam uma aparência séria, de ciência e de sabedoria, em favor da qual proclamam, em meio a algumas verdades e boas máximas, as mais absurdas coisa. E para melhor enganar, não receiam enfeitar-se com os mais respeitáveis nomes. Separar o verdadeiro do falso, descobrir a trapaça oculta numa cascata de palavras bonitas, desmascarar os impostores, eis, sem contradita, uma das maiores dificuldades da ciência espírita. Para superá-la, faz-se necessária uma longa experiência, conhecer todas as sutilezas de que são capazes os Espíritos de baixa classe, ter muita prudência, ver as coisas com o mais imperturbável sangue frio, e guardar-se principalmente contra o entusiasmo que cega. (...).  Mas infeliz do médium que se julga infalível, que se ilude com as comunicações que recebe: o Espírito que o domina pode fasciná-lo a ponto de fazê-lo achar sublime aquilo que, por vezes, é apenas absurdo e salta aos olhos de todos, menos os seus”.

 


 Comentário de um companheiro do grupo de estudo. “Pelo que pude entender, quando reencarnamos esquecemos tudo o que planejamos no mundo espiritual. Chegando aqui, como não lembramos de nada, escolhemos o caminho mais fácil que geralmente não é o que planejamos. Fico pensando, então, que não temos tanto compromisso com nosso plano de vida, até porque não lembramos dele.”

 Em primeiro lugar, precisamos deixar claro que participar ativamente do planejamento da vida terrena não é para todo e qualquer Espírito. Há Espíritos que ainda não se encontram em condições de tomar decisões importantes sobre sua próxima encarnação e que, por isso, vão precisar da assistência de benfeitores espirituais, que nesses casos farão o papel de pais em relação a filhos ainda imaturos.

 Por outro lado, quanto aos que participaram da elaboração de seu novo plano de existência, é bom lembrar que, na condição de desencarnado, a visão que o Espírito tem da vida é mais ampla e profunda do que na condição de encarnado. A vida física restringe em muito essa percepção, porque ela gira exclusivamente em função dos poucos anos que vai viver aqui na Terra. Esta é diferença. No plano espiritual, como ele vê mais longe, suas metas vão além desta curta existência.

 Um exemplo vivo de casos como esse é o do atual papa Francisco. Na sua biografia consta que a mãe queria que ele fosse médico, mas, mesmo contrariando a mãe, ele preferiu a vida sacerdotal. E não foi só isso. Foi um padre que dedicou sua vida aos pobres e à justiça social num período conturbado de seu país, lutando pela causa dos oprimidos. Só bem mais tarde, quando se destacou pelo seu elevado espírito de abnegação e coragem, é que a mãe dele se reaproximou, reconhecendo sua verdadeira vocação.

 É claro que estamos dando o exemplo de um caso especial, mas a questão do chamamento íntimo, que é voz de Deus em cada um de nós, aplica-se a todas as situações em que nos defrontamos com um desafio por uma causa nobre.  Eurípedes Barsanulfo, por exemplo, renunciou ao que mais queria na vida, frequentar uma faculdade e ser médico, quando percebeu que, apesar de ter vários irmãos, era dele que a mãe doente mais precisava.

 Quantos de nós não nos vemos chamados para tarefa ou compromisso, às vezes dentro da própria família, em prejuízo de um caminho mais fácil e tranquilo e, no último momento, decidimos apenas e tão somente pela condição mais cômoda, mesmo sabendo que nossa participação seria extremamente útil! Certamente, durante o sono físico, somos muitas vezes alertados sobre isso pelos nossos próprios protetores, mas, em nome do comodismo, resolvemos optar pelo lado mais fácil..

 Todavia, não podemos esquecer que o processo evolutivo só ocorre com a  concordância  do Espírito pelo caminho do bem e, para isso, ele precisa de muitas experiências para amadurecer. Não se amadurece espiritualmente, vivendo apenas situações cômodas e confortáveis. As dificuldades, os obstáculos, a dor e a aflição, são muitas vezes a forma mais eficaz para despertar a alma para a sua verdadeira missão.

 Além do mais, devemos lembrar que a verdade não se mostra à nossa frente com tanta claridade e nitidez quanto gostaríamos. Precisamos aprender a amar a verdade, a lutar pela verdade e, sem dúvida alguma, a verdade mais difícil, com a qual podemos deparar em nossa longa trajetória espiritual, é a verdade sobre nós mesmos. Eis a razão e a importância do esquecimento.

















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