Segundo a expressão de André Luiz qual a diferença entre
dor-evolução e dor-provação?
A dor
em si não é problema; pelo contrário, é um caminho de solução para a natureza.
Nós, seres humanos, Espíritos encarnados neste planeta e ainda num estágio
incipiente de desenvolvimento, vemos a dor como um grande entrave ou mesmo como
um impedimento para a nossa felicidade. É que nós ainda não conseguimos
entender que a escalada para a felicidade passa por esse tipo de experiência. A
dor é o desconforto que tem por finalidade apontar onde está a nossa falha ou a
nossa limitação.
Do
ponto de vista médico, por exemplo, a dor é recurso auxiliar de tratamento. Não
fosse a dor, não saberíamos o que está errado em nosso organismo, seriamos
acometidos de uma doença e não perceberíamos. Morreríamos com muita facilidade.
Mas é a dor que nos alerta, que nos chama atenção de que algo não está
funcionando bem em nosso corpo, exigindo que procuremos ajuda médica. Vejam o
caso da dor de dente: é uma das piores dores que podemos sentir. No entanto, se
o dente cariado não doesse, não perceberíamos que ele está se deteriorando, e o
perderíamos chance de tratamento.
Portanto, em Espiritismo, procuramos compreender
o papel da dor como grande auxiliar da saúde humana, só para dar um exemplo. E,
no mais, todos os problemas da vida, sejam de que natureza forem, sempre causam
algum desconforto, que acabam exigindo intervenção no sentido de saná-los.
Vejam bem! Não estamos fazendo apologia da dor, mas considerando simplesmente
que ela é um fator que impulsiona o progresso humano e a evolução da natureza.
Observando
a extensa gama de sofrimentos que assola a humanidade. André Luiz fez uma
classificação do sofrimento humano para diferenciar duas situações que ocorrem
ao longo da jornada do espírito. A dor-evolução, como o próprio nome está
dizendo, é o desconforto causado pelas mudanças que o Espírito vai passando de
vida em vida, de encarnação e encarnação, rumo ao seu constante
aperfeiçoamento. É o caminho natural do seu progresso espiritual.
Com
certeza a chamada dor-evolução é a primeira das dores na escalada do progresso
material e espiritual, porque ela advém da própria condição do Espírito que
precisa evoluir, de tal forma que ela não existe apenas no ser humano, mas
também nos vegetais e nos animais. Do ponto de vista físico, biológico, a
evolução dos seres vivos veio acontecendo desde 3,5 bilhões de anos atrás,
quando a Terra acolheu os primeiros seres vivos, que eram seres extremamente
simples, como as bactérias por exemplo.
Na
obra EVOLUÇÃO EM DOIS MUNDOS, André Luiz aborda esta questão. Ao longo de
bilhões dos anos, com as grandes transformações geológicas do planeta, as
condições para abrigar a vida foram se modificando aos poucos, possibilitando
que a forma de vida aqui existente também fosse mudando e se aperfeiçoando-se,
tornando-se cada vez mais complexa, daí surgindo os peixes, os insetos, as aves,
os mamíferos e finalmente o homem. História demasiada longa e complexa para o
nosso entendimento.
Ora,
as novas espécies vivas surgiram em decorrência das transformações por quer
passaram as antigas espécies. E, como toda transformação causa mudança, perturbação,
dor, desconforto, foi assim que se encaminhou esse processo de evolução, até
chegar ao ser humano, o último da escala animal. Contudo, a evolução não
cessou. Ela é continua e interrupta, de modo que continua acontecendo mesmo no
ser humano. Estamos sempre evoluindo, tanto o
corpo quanto o espírito.
Contudo,
a evolução espiritual se dá paralelamente à evolução do corpo, porque uma coisa
implica na outra; o que acontece para o corpo acontece para o espírito e
vice-versa. Ora, até hoje, nosso corpo (tanto quanto o espírito) está evoluindo,
está em constante transformação. Encarnados, ainda temos instintos, forças
naturais que agem em nós, através de nós e por dentro de nós, ajudando-nos a
nos adequar às leis da vida.
A par
disso, nossa vida social e intelectual também evolui. A mãe sofre para dar à
luz, o bebê sofre para nascer, a criança sofre para aprender a falar e a andar,
o adulto sofre para viver e sobreviver. Tudo isso é dor-evolução, porque tudo
isso contribui para o progresso do Espírito.
No entanto, quando falamos em dor-provação,
estamos nos referindo ao Espírito numa condição intelectual mais avançada, como
é o caso dos seres humanos deste planeta, que passaram pelas fases anteriores e
agora estão na fase da razão. Sabem discernir o bem do mal e, portanto, podem
tomar decisões sobre a vida. Dor-provação, portanto, seria aquela que decorre
de nossas escolhas conscientes antes de encarnar, quando sentimos necessidade
de vencer obstáculos e nos realizar espiritualmente.
Na
dor-provação nos submetemos a grandes desafios – onde precisamos desenvolver a
paciência, a compreensão, a tolerância,
a beneficência, a humildade. São situações geralmente difíceis que o Espírito, já
numa condição melhor de esclarecimento, enfrenta com mais coragem e resignação.
É diferente da dor-expiação, pois, na dor-expiação não há escolha; o Espírito
apenas colhe o efeito dos erros que cometeu no passado.
Podermos
concluir, portanto, para responder a pergunta do Cristiano, que a dor-evolução
decorre de uma causa natural e,
portanto, inevitável no caminhar evolutivo de todo Espírito, ao passo que a
dor-prova é de ordem moral – ou
seja, ela é resultado das escolhas de experiências difíceis que o Espírito fez
para provar a si mesmo e sentir-se mais confiante na sua capacidade de vencer
obstáculos, na certeza de que um dia alcançará sua mais elevada meta de
realização, que é a conquista da paz intima e do sentimento de amor pela
humanidade.
O Cristiano ainda pergunta o seguinte: Segundo a expressão dor-evolução, podemos
afirmar quer também existe dor-missão?
O
objetivo de André Luiz ao criar as denominações dor-evolução, dor-expiação e
dor-prova, foi de abranger todas as experiências difíceis que o ser humano
conhece sobre a Terra. Mas foi mais no
sentido de demonstrar a perfeição da Justiça Divina, ou seja, mostrar que
nenhum sofrimento acontece por acaso: todos tem raízes nas leis naturais e
decorrem de nossas necessidades de alcançar a própria perfeição. Por que? Para
que as pessoas não se revoltem diante da dor, não sofram por se sentirem
preteridas ou esquecidas de Deus. Deus é a presença constante em tudo e em
todos, e a nossa felicidade faz parte de seu plano.
Quando
falamos em missão, geralmente estamos nos referindo a Espíritos abnegados que
deixam grandes benefícios para a humanidade. Os Espíritos em missão devem estar
numa condição melhor do ponto de vista de aceitação e compreensão das leis de
Deus. Mas mesmo assim, eles sofrem, porque todos que passam por este mundo
sofrem. Logo, a expressão dor-missão, Cristiano, seria perfeitamente viável e
poderíamos aplicá-la principalmente aos grandes Espíritos missionários, que dão
exemplo de grandeza moral sobre a Terra.
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