-(....) Você teve quatro enfartes ? “- Dois. Tive foram quatro operações, com hemorragias inacreditáveis. Uma de úlcera. Outra de aneurisma abdominal...” – Ficou em estado de coma?.. “- Fiquei em coma perto de quinze dias. Uma experiência terrível. Lembro que eram pessoas que já haviam morrido. Parentes mortos, estou vendo, eles se assentam no canto do quarto, e ficam me olhando...Ouvi o Lacerda fazendo discurso. Ouvi-o falando. Ele estava morto. Muita gente que morrera apareceu no quarto. Era um quarto de um sofrimento incrível. Eu sofri barbaramente.” – E quando voltou a si, que sensação? “Espanto, surpresa, clarividência. Eu enxergava mais que normalmente. Porque eu estava do outro lado. Eu estava muito mais pra lá do que pra cá...” Este é um fragmento de entrevista feita pelo jornalista e cronista Lourenço Diaféria para a seção que assinava no suplemento Folhetim do jornal Folha de São Paulo, edição de 5 de agosto de 1979. O entrevistado, ninguém menos que o grande escritor e dramaturgo Nelson Rodrigues, alguns meses antes de morrer. Sua transcrição objetiva demonstrar, no período em que esteve em coma, sua lucidez diante dos fatos que o cercavam onde se encontrava hospitalizado. A propósito, o resultado de pesquisas levadas a efeito e tornadas públicas nos Estados Unidos da América do Norte a partir dos anos 70 pelos médicos Raymond Moody Junior e Elizabeth Kubler Ross, no campo de investigações que se tornaria conhecido como EQM (Experiências de Quase Morte) com pessoas que, por determinantes diferentes - inclusive comas prolongados -, relatam, em muitos casos, terem atravessado tais transes lúcidas, embora inconscientes fisicamente. Se considerarmos que o estado de coma, sob determinado aspecto, corresponde a certa imobilização do corpo determinada pela manifestação de desarranjos ou avarias havidas em componentes ou sistemas integrantes da máquina física, ocorre-nos uma dúvida: se o Espírito jamais está inativo (questão 401, O LIVRO DOS ESPÍRITOS), durante os processos comatosos, onde se encontra o corpo espiritual? Na obra EVOLUÇÃO EM DOIS MUNDOS (feb), André Luiz através do médium Chico Xavier, disse que “ seu aprisionamento ou a parcial liberação do arcabouço físico, depende da situação mental do enfermo”. Posteriormente, o orientador espiritual Emmanuel, no livro PLANTÃO DE RESPOSTAS (ceu), perguntado sobre o que se passa com os espíritos encarnados cujos corpos ficam meses, até mesmo anos, no estado vegetativo do coma, respondeu que “seu estado será de acordo com sua situação mental, havendo casos em que o Espírito permanece como aprisionado ao corpo, dele não se afastando até que permita receber auxílio dos Benfeitores Espirituais”. Esses, avalia, “são pessoas, em geral, muito apegadas à vida material e que não se conformam com a situação”. “Em outros casos’, diz ele, ‘os Espíritos, apesar de manterem uma ligação com o corpo físico, por intermédio do períspirito, dispõem de uma relativa liberdade”. Salienta que “em muitas ocasiões, pessoas saídas do coma descrevem as paisagens e os contatos com seres que já os precederam na passagem para a Vida Espiritual. É comum que após essas experiências elas passem a ver a vida com novos olhos, reavaliando seus valores íntimos”. Corresponde à informação contida no depoimento de Nelson Rodrigues. Concluindo sua resposta, Emmanuel afirma: “- Em qualquer das circunstâncias, o Plano Espiritual sempre estende seus esforços na tentativa de auxílio. Daí a importância da prece, do equilíbrio, da palavra amiga e fraterna, da transmissão de paz, das conversações edificantes para que haja maiores condições ao trabalho do Bem que se direciona, nessas horas, tanto ao enfermo como aos encarnados, familiares e médicos”.
A Roselaine Dias disse que já participou do
programa e agora volta a perguntar: “Numa situação em que uma mulher grávida
morre num acidente e com ela morre também o filho que estava para nascer, o que
acontece depois? Eles vão se encontrar no mundo espiritual?”
Não
temos uma resposta pronta e definitiva para todas as situações, Roselaine, porque
cada caso é um caso, cada Espírito tem sua trajetória. No entanto,
conjecturando sobre relatos apresentados por André Luiz, através do médium
Chico Xavier, sobre reencontro de mãe e filho no mundo espiritual, podemos
dizer até mais que isso, tomando por base, por exemplo, o caso Segismundo que
está no livro “MISSIONÁRIOS DA LUZ”.
Regra
geral, o Espírito não reencarna por acaso numa determinada família. Isso quer
dizer que entre ele e a mãe – ou entre ele, os pais e irmãos – podem ter havido
relações anteriores em encarnações passadas e, desse modo, eles não são desconhecidos
entre si. Todavia, a relação mais próxima para a encarnação presente se dá com
a mãe, antes mesmo da concepção e do nascimento. É claro, pois o Espirito virá
através da mãe e é, primeiramente com ela que ele terá que se sintonizar.
No
caso de Segismundo - por exemplo – ele,
a mãe o pai eram velhos conhecidos. Uma rivalidade entre ele e o pai na
encarnação anterior, justamente por causa daquela que será a sua mãe atual, acabou gerando briga de morte
entre eles. Segismundo, depois de muito tempo, arrependido e já praticamente
regenerado, queria renascer como filho da mulher que foi o pivô do crime que
ele praticou e que, agora seria sua mãe.
Isso
fez com que Segismundo, com ajuda de seus benfeitores, começasse a preparar
terreno para renascer, entrando em contato com a futura mãe Raquel, muito antes
de sua concepção. E isso acontecia quando Raquel estava dormindo e ela, em
espírito, desprendendo-se do corpo, encontrava-se com ele, que seria seu futuro
filho. Contando esse fato, André Luiz esclarece que esses encontros entre o
Espírito que vai renascer e sua futura mãe pode acontecer, de maneira que,
mesmo que seja apenas espiritualmente, eles já se conhecem.
– Ora, transferindo essa situação para o caso
de uma grávida, que perdeu a vida e o filho num acidente, podemos presumir que
podem tratar-se de Espíritos afins ou já conhecidos, e acreditamos que isso
deve acontecer com frequência. Nesse caso, é bem provável que eles vão se
reencontrar no plano espiritual após a morte física; ao que tudo indica, ele
com a personalidade que teve em encarnação anterior e não como um feto, naturalmente.
Casos como esse acontecem, mas não sabemos os antecedentes desses Espíritos e a causas que determinaram tal situação. Mas na hipótese de existir alguma ligação mais íntima entre esses Espíritos e algum compromisso entre os dois, é possível que venham se encontrar na Terra em nova encarnação na mesma condição de mãe e filho ou em outra situação
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