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domingo, 14 de março de 2021

CHICO XAVIER E AS MENSAGENS EM OUTROS IDIOMAS; EM BUSCA DA VERDADE COM O PROFESSOR

Allan Kardec, desenvolvendo uma classificação inicial da variedade dos médiuns escreventes no excelente compêndio intitulado O LIVRO DOS MÉDIUNS, chamou de médium poliglota, “o que tem a faculdade de falar ou escrever em línguas que não conhecem”, acrescentando, contudo, serem “muito raros”. Uma dentre as hipóteses alinhadas na referida compilação é que o fenômeno só seria possível pela existência, no inconsciente da individualidade de registros arquivados em encarnações em que se serviu desse idioma para se expressar e comunicar na região, raça ou pátria em que renascera. Chico Xavier, entre as múltiplas formas em que sua mediunidade foi utilizada foi para a recepção de mensagens, está a em outros idiomas. Vários, em sua longa jornada a serviço dos Espíritos. Sabe-se que Chico não teve formação além do antigo primário, tendo repetido duas vezes a quarta série, O primeiro a fazer referências a esse tipo de mensagem foi o repórter Clementino de Alencar, enviado especial do jornal O Globo, para investigar Chico Xavier, a origem dos escritos pós-morte do escritor Humberto de Campos e dos vários poetas do PARNASO DE ALEM TÚMULO. Surpreso com o que encontrou - um jovem humilde, pobre, cultura incipiente -, permaneceu em Pedro Leopoldo, MG, por dois meses testando o objeto de sua pesquisa, obtendo da Espiritualidade inúmeras demonstrações de sua ação junto ao médium. Um dos fatos que o surpreendeu foram relatos que davam conta da recepção por ele de mensagens em inglês e italiano, cujo aprendizado, à época, somente era acessível nos grandes centros. E Chico, pelos rudes labores e carga de trabalho remunerado na venda do “seu” Zé Felizardo, não permitiam tais “luxos”. Numa de suas matérias, de doze de maio de 1935 – Chico contava 25 anos de idade -, Alencar faz referências a algumas dirigidas em inglês ao doutor Romulo Joviano. Formara-se ele em Zootecnia pela Universidade de Edimburgo, na Escócia, sendo seu autor Alexander Seggie, colega de estudos e amigo íntimo durante os anos de formação, desencarnado na França, durante a Primeira Guerra Mundial. Nas referidas páginas, Alexander, cuja existência o jovem médium ignorava, referia-se ao amigo, num trocadilho, “Jove”,alusão ao sobrenome Joviano. Ainda no texto enviado ao diário carioca, o repórter reproduz mensagem recebida na reunião de 23 de novembro de 1933, assinada por Emmanuel escrita em ingles com as letras enfileiradas ao inverso. Ao reescrevê-la no sentido correto, o destinatário, profundo conhecedor do inglês, identificou um erro na colocação de um artigo e um pronome. Resolve, em inglês, interpelar Emmanuel, recebendo dele extensa resposta no mesmo idioma, entre outras coisas desculpando-se pelos erros cometidos, dizendo-se, apenas um aluno inábil e não um mestre na utilização da língua. Alencar inclui ainda uma mensagem em italiano, grafada da mesma maneira curiosa que a precedente. Objetivando testar se por trás daquele jovem ingênuo havia algo mais, quando solicitado a encerrar aqueles dois meses de experiência, formulou quatro perguntas em inglês, a última das quais mentalmente, obtendo dezoito linhas de resposta a esta, também em inglês. Mais ou menos na mesma época, o médium psicografou mensagem em inglês ao Consul da Inglaterra, em Belo Horizonte, Minas Gerais, Senhor Harold Walter. Anos depois, presente à solenidade levada a efeito no Teatro Municipal de São Paulo, Chico psicografaria perante numeroso público, entre outras, uma mensagem/ saudação de Emmanuel aos presentes, em inglês, escrita de trás para frente, a chamada especular, somente possível de ser lida diante de um espelho.  Testemunha de muitos desses momentos, o doutor Rômulo Joviano, contou ao amigo Clóvis Tavares que, por força do trabalho, “em visita, certa vez, a uma fazenda do Doutor Louis Ensch, engenheiro luxemburguês, fundador da Usina de Monlevade da Companhia Siderúrgica Belgo-Mineira, em Monlevade, MG, Chico recebeu mensagem, endereçada ao mesmo, em idioma luxemburguês. Maravilhado, o destinatário declarou que as páginas foram escritas no melhor estilo da língua nacional de sua pátria, o Grão Ducado de Luxemburgo”. Noutra ocasião, em visita a uma parenta sua residente em Barbacena, MG, a escritora Maria Lacerda de Moura, assistindo uma reunião de estudos orientalistas, após esta ter escrito no quadro-negro algumas palavras em português, possivelmente um “mantra”, para meditação dos presentes, “Chico recebe, através da psicofonia sonambúlica, uma mensagem em idioma hindu, havendo a entidade comunicante, conduzido o médium até o mesmo quadro-negro, traçando diversas expressões ininteligíveis para os presentes, posteriormente reconhecidas como mantras grafados em caracteres sânscritos”.  Inúmeras mensagens particulares foram recebidas ao longo dos anos, em vários idiomas, que o médium também ignorava completamente: alemão, árabe e grego. Perderam-se, no entanto, pelo seu caráter estritamente pessoal dos destinatários.


Pergunta do nosso Ariovaldo D’Nicolai, residente no Jardim Mondrian.  “Como o Espiritismo encara os jogos de azar, tipo rifas e loterias, até mesmo o jogo de bicho, já que o mesmo envolve sonhos, tendo até “O Livro dos Sonhos” ´para auxiliar os jogadores?”

  A  Doutrina Espírita, apoiada na moral ensinada por Jesus, não estabelece proibições ou condenações, Ariovaldo. Seu propósito é desenvolver em cada ser humano capacidade de ele mesmo decidir, sabendo fazer a distinção entre o que o bem  o mal, entre  o conveniente e o inconveniente.  Não somos perfeitos, mas estamos a caminho da perfeição, e o aperfeiçoamento implica em assumirmos nossos atos com consciência e responsabilidade. É a pura aplicação do bom senso para o homem comum.

Na obra REVOLUÇÃO ESPÍRITA,  Paulo Henrique Figueiredo afirma, com muita propriedade, que o Espiritismo nos ensina a MORAL AUTÔNOMA, que é justamente a capacidade de a própria pessoa decidir, pelo seu foro íntimo, se ela deve ou não deve praticar tal ato, medindo-o pelas suas consequências.  A moral autônoma, portanto, é a que vem de dentro para fora, é a que nasce em nosso coração e em nosso entendimento.. Ela não é imposta, não é exigida, não estabelece punições exteriores. Tudo nela vem da consciência moral da pessoa.

 O contrário da moral autônoma é a chamada MORAL HETERÔNOMA, ou seja, aquela que vem de fora para dentro, que é imposta ou exigida por alguém, pela sociedade ou por uma instituição, sob ameaça de punição. Moral heterônoma, enfim, é a que ameaça a pessoa com o castigo, com a morte ou mesmo com o inferno. Já a moral autônoma, que é a moral espírita, no entanto, é a que diz que “cada um vai responder pelos atos que pratica”, primeiramente perante a sua própria consciência.

 Desse modo, infringir a própria consciência moral é a falta mais grave de cada um de nós pode cometer, pois, mais cedo ou mais tarde, pelas leis da vida, colheremos as consequências do mal que praticamos, aqui nesta vida ou depois dela. Quanto aos jogos de azar, a que você se refere, o necessário e importante, quando se trata de uma ação individual, é  fazer o que acha bom, conveniente, útil e não traga prejuízo ou sofrimento para ninguém.

O melhor caminho é justamente aquele que nos coloca serviço do bem e evita que sejamos pedra de tropeço para alguém, ou nos torne um peso ou uma dificuldade para a família ou para a  coletividade. Se o jogo é uma forma de diversão ou mesmo uma chance de obter prêmios, mas é uma atividade lícita e saudável, não vemos que haja impedimento de a pessoa jogar, desde que ele não se transforme num hábito incontrolável, doentio e prejudicial ao indivíduo, à família e à sociedade. Quanto ao chamado “Livro dos Sonhos”, não o conhecemos e, portanto, não podemos fazer qualquer apreciação a respeito.  


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