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sexta-feira, 5 de março de 2021

CHOCANTE, MAS LÓGICO; EM BUSCA DA VERDADE COM O PROFESSOR

 Considerando o perfil dos Espíritos ligados ao Planeta Terra no seu processo evolutivo apresentado no capítulo 3 d’O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO, entende-se parte da realidade observada atualmente. Acrescentando a isso o fato de que numa hipotética existência de 60 anos, apenas v20 são aproveitados, visto que 20 dispende-se no sono físico, e outros 20 no processo de ascensão à vida adulta, deduz-se quanto é moroso o progresso da Individualidade.  A análise de Allan Kardec reproduzida na REVISTA ESPÍRITA de janeiro de 1864 em resposta a um leitor dá uma dimensão do problema: -“Ignoramos absolutamente em que condições se dão as primeiras encarnações da alma; é um desses princípios das coisas que estão nos segredos de Deus. Apenas sabemos que são criadas simples e ignorantes, tendo todas, assim, o mesmo ponto de partida, o que é conforme à justiça; o que sabemos ainda é que o livre-arbítrio só se desenvolve pouco a pouco e após numerosas evoluções na vida corpórea. Não é, pois, nem após a primeira, nem depois da segunda encarnação que a alma tem consciência bastante clara de si mesma, para ser responsável por seus atos; não é senão após a centésima, talvez após a milésima. Dá-se o mesmo com a criança, que não goza da plenitude de suas faculdades, nem um, nem dois dias após o nascimento, mas depois de anos. E, ainda, quando a alma goza do livre-arbítrio, a responsabilidade cresce em razão do desenvolvimento de sua inteligência; é assim, por exemplo, que um selvagem que come os seus semelhantes é menos castigado que o homem civilizado, que comete uma simples injustiça. Sem dúvida os nossos selvagens estão muito atrasados em relação a nós e, no entanto, já se acham bem longe de seu ponto de partida. Durante longos períodos, a alma encarnada é submetida à influência exclusiva dos instintos de conservação; pouco a pouco esses instintos se transformam em instintos inteligentes ou, melhor dizendo, se equilibram com a inteligência; mais tarde, e sempre gradualmente, a inteligência domina os instintos. Só então é que começa a séria responsabilidade. (...) Se houvesse acaso ou fatalidade, toda responsabilidade seria injusta. Como dissemos, o Espírito fica num estado inconsciente durante numerosas encarnações; a luz da inteligência não se faz senão aos poucos e a responsabilidade real só começa quando o Espírito age livremente e com conhecimento de causa. (...) A Terra já foi, mas não é mais, um mundo primitivo; os mais atrasados seres humanos encontrados em sua superfície já se despojaram das primeiras fraldas da encarnação e os nossos selvagens estão em progresso, comparativamente ao que eram antes que seu Espírito viesse encarnar neste Globo Que se julgue agora o número de existências necessárias a esses selvagens para transpor todos os degraus que os separam da mais adiantada civilização; todos esses degraus intermediários se acham na Terra sem solução de continuidade e se pode segui-los observando as nuances que distinguem os diferentes povos; só o começo e o fim aí não se encontram; para nós o começo se perde nas profundezas do passado, que não nos é dado penetrar. Aliás, isto pouco importa, pois tal conhecimento em nada nos adiantaria. Não somos perfeitos, eis o que é positivo; sabemos que nossas imperfeições são o único obstáculo à nossa felicidade futura; portanto, estudemo-nos, a fim de nos aperfeiçoarmos. No ponto em que estamos a inteligência está bastante desenvolvida para permitir ao homem julgar sensatamente o bem e o mal, e é também deste ponto que a sua responsabilidade é mais seriamente empenhada, já que não mais se pode dizer o que dizia Jesus: “Perdoai-lhes, Senhor, porque não sabem o que fazem.”



Nosso habitual ouvinte, Cristiano, da cidade de Vera Cruz pergunta:  Se o físico Brian Cox, pesquisador de partículas da Universidade de Manchester, afirmou que, se os Espíritos existissem . eles seriam detectados pelo Grande Colisor de Hádrons, eu pergunto: a não detecção dos Espíritos não poderia ser devido a limitações desse Colisor de Hádrons?

  Cremos que você tem razão, Cristiano. O Grande Colisor de Hádrons é o maior  bombardeador de partículas atômicas do mundo, localizado na Suiça, que tem trazido uma enorme contribuição à Física para maior conhecimento da intimidade da matéria. O colisor de partículas já foi capaz de provar muitas teorias, testemunhar a criação do plasma quark-glúon (a matéria mais densa fora dos buracos negros), encontrar evidências-chave contra a supersimetria e descobrir o famoso bóson de Higgs, resultado que gerou um Prêmio Nobel de Física  

 É o aparelho que está permitindo à Ciência chegar mais longe em termos de Física Experimental, mas nem por isso pode ter a pretensão de descobrir tudo ou dar a resposta completa e integral para todas as perguntas. A ciência, por mais que caminhe, não pode sozinha resolver todos os enigmas que envolve a humanidade. Aliás, a Física nos trouxe até aqui um conhecimento considerável sobre a matéria, que desconhecíamos completamente até o século XIX, mas estás muito longe de penetrar no conhecimento do próprio homem. O Espírito, como afirmou o físico Jean-Emile Charon, ainda é o grande desconhecido.

  As obras de  André Luiz, psicografadas por Chico Xavier, e cujas informações foram as que mais se aproximaram dos modelos científicos, mostra como o autor espiritual precisou fazer um grande esforço para conformar suas verdades com  os modelos da Ciência.  A ideia do materialismo, que alimenta o orgulho humano, ainda constitui no grande obstáculo para o reconhecimento de que algo além dá sustentação à existência da matéria. Assim mesmo, a verdade mais ampla não pode ser obtida simplesmente pela metodologia que a ciência utiliza para desvendar as leis do universo, porque o mundo espiritual está numa dimensão própria, além do alcance de seus instrumentos.

 Acreditamos que um dia chegaremos lá, Cristiano. Por enquanto, é possível que as descobertas da física moderna estejam margeando as fronteiras do Espírito a uma certa distância, captando alguns sinais sem entende-los prontamente. As últimas revelações científicas vêm cada vez mais se aproximando daquela perspectiva que Allan Kardec e os Espíritos apontaram nas obras da codificação. Kardec, no século XIX, sem querer avançar ou desautorizar a ciência de seu tempo, já antecipou alguns passos significativos das descobertas futuras; algumas das informações de André Luiz, no século XX, só foram absorvidas pela ciência muitos anos depois.

 Portanto, Cristiano, não podemos concordar plenamente com as afirmações do físico Brian Cox, embora respeitemos demais a sua atuação no meio científico. Aliás, trata-se de um homem de ciência, um divulgador de verdades científicas  e um dos mais respeitáveis de nosso tempo pela seriedade de seu trabalho. Todavia, na longa marcha do conhecimento humano, ao longo dos séculos, nada acontece fora do tempo aprazado e o tempo aprazado ocorre quando o ser humano, de uma maneira geral, já esteja suficientemente maduro para começar a compreender o alcance de novas descobertas. Quem estaria preparado, hoje, para as verdades do Espírito?

 Basta que examinemos as páginas da História para perceber como a verdade veio sendo trabalhada em cada povo e em cada momento, num processo evolutivo ininterrupto, até que o homem possa perceber o contexto amplo de cada descoberta. Seria, pois, extemporâneo que uma nova verdade, de repente,  fosse aceita por todos, em todos os lugares, mesmo diante de evidências que possam ser colocadas ao alcance da maioria.

 

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