Do texto baseado em inúmeras mensagens de Espíritos desencarnados comentando sobre o tempo turbulento que marca a elevação da Terra na escala dos Mundos, com que Alan Kardec abre o número de outubro de 1866 da REVISTA ESPÍRITA,destacamos outros pontos: 1 - Nosso Globo, como tudo o que existe, está submetido à lei do progresso. Progride fisicamente pela transformação dos elementos que o compõem, e moralmente pela depuração dos Espíritos encarnados e desencarnados que o povoam. Esses dois progressos se seguem e marcham paralelamente, porque a perfeição da habitação está em relação com o habitante. O progresso da Humanidade se efetua, pois, em virtude de uma lei. 2 - O Universo é, ao mesmo tempo, um mecanismo incomensurável, conduzido por um número não menos incomensurável de inteligências, um imenso governo em que cada Ser inteligente tem sua parte da ação, sob o olhar do soberano Senhor, cuja vontade única mantém a unidade por toda parte. Sob o império desse vasto poder regulador, tudo se move, tudo funciona numa ordem perfeita; o que nos parece perturbações são movimentos parciais e isolados, que só nos parecem irregulares porque nossa visão é circunscrita. 3 - A Humanidade realizou até agora incontestáveis progressos. Por sua inteligência, os homens chegaram a resultados jamais atingidos em relação às ciências, às artes e ao bem-estar material; resta-lhes ainda uma imensidão a realizar: é fazer reinar entre si a caridade, a fraternidade e a solidariedade, para assegurar o seu bem-estar moral. 4 - Já não é apenas o desenvolvimento da inteligência que é necessário aos homens, é a elevação do sentimento e, para tanto, é preciso destruir tudo quanto neles possa excitar o egoísmo e o orgulho. 5 - Não se trata de uma mudança parcial, de uma renovação limitada a um País, a um povo, a uma raça; é um movimento universal, que se opera no sentido do progresso moral. 6 - Uma nova ordem de coisas tende a se estabelecer e os homens que a ela são mais opostos nela trabalham queiram ou não; a geração futura, desembaraçada das escórias do velho mundo e formada de elementos mais depurados, achar-se-á animada de ideias e sentimentos completamente diversos da geração presente, que desaparece a passos de gigante. 7- O Velho Mundo estará morto e viverá na História, como hoje os tempos medievais, com seus costumes bárbaros e suas crenças supersticiosas. Aliás, cada um sabe que a ordem de coisas atual deixa a desejar. Depois de haver, de certo modo, esgotado o bem-estar material, que é produto da inteligência, chega-se a compreender que o complemento desse bem-estar não pode estar senão no desenvolvimento moral. 8 - Quanto mais se avança, mais se sente o que falta, sem, contudo, poder ainda o definir claramente: é o efeito do trabalho íntimo que se opera para a regeneração; tem-se desejos, aspirações que são como o pressentimento de um estado melhor. 9 - Mas uma mudança tão radical quanto a que se elabora não pode realizar-se sem comoção; há luta inevitável entre as ideias, e quem diz luta, diz alternativa de sucesso e de revés. Entretanto, como as ideias novas são as do progresso e o progresso está nas leis da Natureza, estas não deixam de triunfar sobre as ideias retrógradas. Desse conflito nascerão, forçosamente, perturbações temporárias, até que o terreno esteja livre dos obstáculos que se opõem à construção do novo edifício social. 10 - Da luta das ideias que surgirão os graves acontecimentos anunciados, e não de cataclismos, ou catástrofes puramente materiais. 11 - A Humanidade é um Ser coletivo, no qual se operam as mesmas revoluções morais que em cada Ser individual, mas com esta diferença: umas se realizam de ano a ano, e as outras de século em século 12 - O número dos retardatários sem dúvida ainda é grande, mas que podem contra a onda que sobe, senão lançar-lhe algumas pedras? Essa onda é a geração que surge, enquanto eles desaparecem com a geração que vai a largos passos. Até lá defenderão o terreno palmo a palmo. Há, pois, uma luta inevitável, mas desigual, porque é a do passado decrépito, que cai em farrapos, contra o futuro juvenil; da estagnação contra o progresso; da criatura contra a vontade de Deus, porque os tempos por ele marcados são chegados.
“Eu ainda não entendi o que
é auto perdão” – diz a ouvinte. “Eu penso que se a pessoa fez uma coisa errada
e depois se perdoa, ela vai fazer de novo. E, se erra novamente, até quando vai
continuar se perdoando? Esse auto perdão
não é uma desculpa para voltar a errar?”
Nesse sentido, que
você está usando, sim. Há pessoas que
vivem pedindo desculpas ( por isso, por aquilo – aliás, por todos os deslizes que
cometem), mas não se emendam e continuam usando de desculpas para ofender e
ferir. Essas pessoas ainda não têm consciência da gravidade de seus atos e pensam
que os outros podem tolerá-las sempre. São imaturas, contumazes, insistem
sempre no mesmo erro, mas não são capazes de reconhecê-los.
Não é a esses
casos que se aplica o auto perdão naturalmente, até porque o sentimento de
culpa tem um papel importante em nossa vida, principalmente quando erramos
conscientemente e, depois de errar, nos arrependemos para, em seguida,
decidirmos reparar o prejuízo causado. Logo, o impulso, que nos leva à
reparação ou à correção do erro cometido, é o primeiro indicio de que realmente
houve arrependimento.
O sentimento de
culpa, portanto, decorre do arrependimento sincero pelo mal praticado, e ele é
útil na medida em que contribui para a reparação do erro e para que a pessoa não
volte a errar. No entanto, muitas vezes, a culpa é desproporcional ao erro e,
nesses casos, ela é intensamente perturbadora. Quando perturbadora ela pode
levar o culpado a sofrimentos inenarráveis e a atos extremos ( como o suicídio,
por exemplo), pode causar enfermidades
físicas e mentais.
Na obra, NOS
DOMINIOS DA MEDIUNIDADE, encontramos o caso de um rapaz que chegou bêbado em
casa e esbofeteou o pai. O pai, incapaz de revidar e já perdendo sangue pela
boca, gritou ferozmente com o filho, bradando que seu braço secaria. Naquele
momento, o filho-agressor registrou na mente a frase do pai como uma maldição e,
assim que tomou o bonde para de fugir de casa e de si próprio, perdeu o
equilíbrio e caiu sob as rodas do veículo, vindo a perder um braço.
Ele sobreviveu por alguns anos cristalizando em seu
pensamento que a maldição do pai tivera a força de uma ordem e por isso ao
desencarnar recuperara o membro antes mutilado, a pender-lhe ressecado e inerte
no corpo espiritual. Ou seja, com a mente subjugada pelo remorso ele introjetou
no próprio espírito a maldição recebida. É assim que funciona o mecanismo da
culpa em nossa mente. Desse modo, a culpa, cedo ou tarde, pode levar a pessoa a
praticar violências contra si mesma, mas
este não é o melhor caminho para a libertação.
No livro MISSIONÁRIOS DA LUZ, André Luiz relata o caso de Segismundo, um
Espírito que, numa encarnação passada, assassinou seu rival na disputa do amor
de uma jovem. Não há referência de arrependimento imediato por parte do
assassino, mas o tempo acabou
cristalizando em sua mente o mal praticado. Quando já havia alcançado nível
considerável de evolução, é que a dor da culpa soou mais forte na sua
consciência e ele decidiu quitar de uma
vez por todas sua dívida para reconciliar-se com o adversário.
Contudo,
a essa altura ele já era capaz de compreender que seria inútil pagar com
sofrimento o que poderia fazer com afeto e devoção. Decidiu, então, renascer
como filho de seu antigo rival que, ao lado da mulher que no passado fora o
pivô do crime, agora os dois poderiam dele receber a compreensão e o amor que nunca
lhes devotara. Trata-se de uma forma de auto perdão ou de reconhecimento de que
Deus nos ama e sempre nos dá oportunidades de ajustamento às leis da vida.
Desse
modo, Jane, quase sempre as doenças renitentes, os aleijões físicos e mentais
que marcam dolorosamente uma vida, as mortes muito sofridas e as expiações
coletivas, que frequentemente acontecem, envolvem aqueles Espíritos que não
conseguiram se perdoar pelo mal que fizeram no passado e, sendo assim, não
encontraram um caminho mais suave ( mas não menos eficaz) de resolver seus
conflitos de consciência.
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