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sábado, 27 de março de 2021

EM MÉDIA 50 HORAS; EM BUSCA DA VERDADE COM O PROFESSOR

 Verdade ou mentira? Fantasia ou realidade? Uma amiga comentou há poucos dias que, embora não goste de ir a enterros, atendeu ao pedido de colega para darem uma passada no de pessoa de seu relacionamento visto estar próximo   do horário do enterro. Acedendo, embora não tenha entrado no recinto onde   se dava o velório, enquanto aguardava o retorno da amiga, médium que é, começou a ouvir os pedidos de socorro da entidade desperta ainda ligada ao corpo do qual estava em processo de desencarnação, gritando estar viva, perguntando por que não a atendiam ou ouviam. Apesar de intimamente guardarmos a certeza de que a vida continua, mesmo, por vezes, seguidores do Espiritismo, preferimos ignorar o conteúdo substancial oferecido pela Doutrina que, ao contrário, de inúmeras outras, fala de forma clara e objetiva sobre os detalhes dessa transição de nossa Dimensão para aquela para a qual nos dirigiremos. O Espírito Emmanuel, respondendo a uma das inúmeras questões a ele dirigidas pelo jornalista Clementino de Alencar para o jornal O GLOBO – ver o livro NOTÁVEIS REPORTAGENS COM CHICO XAVIER (ide)-, enquanto opinava a respeito da cremação, esclareceu que em condições normais, o desligamento do corpo espiritual do corpo físico a ser abandonado pelo fenômeno da morte, demanda em média 50 horas. O próprio Emmanuel havia dito na obra O CONSOLADOR (feb,1940), que “a situação de surpresa ante os acontecimentos supremos e irremediáveis que determinam a morte física, proporcionam sensações muito desconfortáveis à alma desencarnada” e o Espírito Abel Gomes, em mensagem contida na obra FALANDO Á TERRA (feb,1954), pondera que “somente alguns poucos Espíritos treinados no conhecimento superior conseguem evitar as deprimentes crises de medo que, em muitos casos, perduram por longo tempo”. Chico Xavier, em comentário registrado na obra INESQUECÍVEL CHICO XAVIER (geem), “revela que oitenta porcento das criaturas que desencarnam, voltam-se para a retaguarda sem condições de ascenderem a Planos Elevados. Apenas vinte porcento gravitam para Esferas mais altas”. Isso nos lembra depoimento de um empresário desencarnado  através do próprio médium, na noite de 14 de junho de 1955. Disse, entre outras coisas: -“Industrial, administrador e homem público, em atividade intensa e incessante, não admitia que o sepulcro me requisitasse tão apressadamente à meditação. A angina, porém, espreitava-me, vigilante, e fulminou-me sem que eu pudesse lutar. Recordo-me de haver sido arremessado a uma espécie de sono que me não furtava-me  a consciência e a lucidez, embora me aniquilasse os movimentos. Incapaz de falar, ouvi gritos dos meus e senti que mãos amigas me tateavam o peito, tentando debalde restituir-me a respiração. Não posso precisar quantos minutos gastei na vertigem que me tomara de assalto, até que, em minha aflição por despertar, notei que a forma inerte me retomava a si, que minhalma entontecida regressava ao corpo pesado; no entanto, espessa cortina de sombra parecia interpor-se entre os meus afeiçoados e a minha palavra ressoante, que ninguém atendia...Inexplicavelmente, assombrado, em vão pedia socorro, mas acabei por resignar-me à ideia de que estava sendo vítima de estranho pesadelo, prestes a terminar. Ainda assim, amedrontava-me a ausência de vitalidade e calor a que me via sentenciado. Após alguns minutos de pavoroso conflito, que a palavra terrestre não consegue determinar, tive a impressão de que me aplicavam sacos de gelo aos pés. Por mais verberasse contra semelhante medicação, o frio alcançava-me todo o corpo, até que não pude mais...Aquilo valia por expulsão em regra. Procurei libertar-me e vi-me fora do leito, leve e ágil, pensando, ouvindo e vendo...Contudo, buscando afastar-me, reparei que um fio tênue de névoa branquicenta ligava minha cabeça móvel à minha cabeça inerte. Indiscutivelmente delirava – dizia de mim para comigo-, no entanto aquele sonho me dividia em duas personalidade distintas, não obstante guardar a noção perfeita de minha identidade. Apavorado, não conseguia maior afastamento da câmara íntima, reconhecendo, inquieto, que me vestiam caprichosamente a estátua de carne, a enregelar-se. Dominava-me indizível receio. Sensações de terror neutralizavam-me o raciocínio. Mesmo assim, concentrei minhas forças na resistência. Retomaria o corpo. Lutaria por reaver-me. O delíquio inesperado teria fim. Contudo, escoavam-se as horas e, não obstante contrariado, vi-me exposto à visitação publica”...Depois de detalhar interessantes lances da exposição publica do seu velório, o Doutor G, acrescentou: -“Estava inegavelmente morto e vivo (...). Curtia dolorosas indagações, quando, em dado instante arrebataram-me o corpo. Achava-me livre para pensar, mas preso aos despojos hirtos pelo cordão que eu não podia compreender e, em razão disso, acompanhei o cortejo triste, cauteloso e desapontado (...). A vizinhança do cemitério abalava a escassa confiança que passara a sustentar em mim mesmo. O largo portão aberto, a contemplação dos túmulos à entrada e a multidão que me seguia, compacta, faziam-me estarrecer. Tentei apoiar-me em velhos companheiros de ideal e de luta, mas o ambiente repleto de palavras vazias e orações pagas como que me acentuava a aflição e o desespero. Senti-me fraquejar. Chamei debalde por socorro, até que, com os primeiros punhados de terra atirados sobre o esquife, caí na sepultura acolhedora, sem qualquer noção de mim mesmo (...). Por vários dias repousei, até que, ao clarão da verdade, reconheci que as tarefas do industrial e político haviam terminado (...). Antigas afeições surgiram, amparando-me a luta nova”.   


  Comentário da Maria Ivone, ouvinte de nosso programa. Ela diz o seguinte:  “Li numa revista que o maior milagre que Jesus realizou foi quando ele próprio voltou da morte, aparecendo para discípulos e seguidores, mas essa ressurreição não foi a primeira. Ele já tinha ressuscitado outras pessoas. Depois que li A GÊNESE, livro de Allan Kardec, é que fui entender o que realmente aconteceu, pois o Espiritismo não acredita em milagres.”

 De fato, o conceito de milagre, quando entendido como derrogação das leis da natureza, de fato não existe no Espiritismo. O que Espiritismo considera são os fenômenos naturais, muitas vezes incríveis ou inexplicáveis aos nossos olhos, que podem parecer sobrenaturais, quando desconhecemos suas causas ou não conhecemos seus mecanismos. Jesus, como Espírito puro, tinha faculdades especiais para lidar com esse tipo de fenômeno.

  Sobre este assunto, a primeira questão de ordem lógica que o Espiritismo levanta é por que Deus precisaria fazer milagres, se Ele já é todo poder e toda perfeição, se criou tudo e, portanto, pode tudo. O quer mais se espera de Deus? Por que Ele teria que derrogar a que ele mesmo fez? Somente para demonstrar que tem poder? Mas seu poder já está demonstrado no cumprimento das suas leis. A vida e a morte fazem parte das leis de Deus.

 Acontece, porém, que o ser humano não conhece todas as leis da natureza. A ciência, por mais que evolua, não é capaz de nos dar todas as respostas para todas as perguntas ou desvendar todos os mistérios do universo. Isso significa que existem leis que desconhecemos e que só vamos conhecer com a evolução moral e espiritual da humanidade. A pandemia da Covid-19 parou o mundo, revirou os laboratórios, pôs os cientistas para trabalhar com celeridade, demonstrando que a natureza guarda segredos que desconhecemos. O Espiritismo veio justamente para nos esclarecer sobre um aspecto ainda desconhecido da lei de Deus, no que diz respeito ao mundo espiritual, que não é da alçada da ciência.

 Contudo, nos evangelhos encontramos vários casos de ressurreição, como a da filha de Jairo e da viúva de Naim, de Lázaro e do próprio Jesus, mas a de Jesus foi um caso diferente dessas anteriores. As outras ressurreições, na verdade, pela forma como foram descritas e abordadas por Jesus, aconteceram porque as pessoas estavam num estado cataléptico e não propriamente mortas, como se pensava. Kardec explica cada uma delas no seu livro A GÊNESE, OS MILAGRES E AS PREDIÇÕES SEGUNDO O ESPIRITISMO.

  A chamada ressurreição de Jesus foi outra coisa bem diferente. De fato, Jesus morreu. Houve problemas quanto ao sepultamento e depois foi constatado o desaparecimento de seu corpo. Mas o que ressuscitou – o que apareceu às mulheres, aos discípulos e a centenas de seguidores - não foi seu corpo físico, e sim seu corpo espiritual ou perispírito, como chamamos no Espiritismo. Quem disse isso foi Paulo na 2ª Epístola aos Coríntios, capítulo 15.

 Da mesma forma que Paulo o Espiritismo entende. Todos ressuscitamos após a morte com um corpo que traz as aparências do corpo que morreu, mas ressuscitamos num corpo espiritual e não no corpo material. Desse modo, após sua morte, Jesus reapareceu aos discípulos com seu perispírito e, para demonstrar a Tomé que era ele mesmo, até com as marcas do martírio que sofreu no episódio da crucificação.

  Com isso Jesus cumpre o que havia ensinado: a vida continua, a morte do corpo não é o fim. A vida na Terra é apenas uma passagem; logo não estaremos mais aqui. A verdadeira recompensa está além desta vida. Somos seres espirituais, filhos de Deus, criados para um fim glorioso, pois o Pai ama a todos os seus filhos igualmente, mesmo os nossos inimigos, e não despreza ninguém.


 

 

 

 

 

 

 

 

 

                     

 

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