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quinta-feira, 25 de março de 2021

FISIOGNOMIA; EM BUSCA DA VERDADE COM O PROFESSOR

 Religioso, filósofo, poeta, entusiasta do magnetismo animal, Johan Gaspar Laváter (1741/1801), é considerado o fundador da Fisiognomonia, a arte de conhecer a personalidade das pessoas através dos traços fisionômicos, baseando-se no princípio incontestável de que é o pensamento que põe os órgãos em jogo, imprimindo aos músculos certos movimentos. No número de julho de 1860, da REVISTA ESPÍRITA, Allan Kardec analisa o tema. Diz ele: -“Estudando as relações entre os movimentos aparentes e o pensamento, dos movimentos vistos, podemos deduzir o pensamento, que não vemos. É assim que não nos enganaremos quanto à intenção de quem faz um gesto ameaçador ou amigável; que reconheceremos o modo de andar de um homem apressado e o do que não o é. De todos os músculos, os mais móveis são os da face; ali se refletem muitas vezes até os mais delicados matizes do pensamento. Eis por que, com razão, se diz que o rosto é o espelho da alma. Pela frequência de certas sensações, os músculos contraem o hábito dos movimentos correspondentes e acabam formando a ruga. A forma exterior se modifica, assim, pelas impressões da alma, de onde se segue que, dessa forma, algumas vezes se podem deduzir essas impressões, como do gesto podemos deduzir o pensamento. Tal é o princípio geral da arte ou, se se quiser, da ciência fisiognomônica. Este princípio é verdadeiro; não apenas se apoia sobre base racional, mas é confirmado pela observação.(...) Entre as relações fisiognomônicas, existe principalmente uma sobre a qual a imaginação muitas vezes se exerceu: é a semelhança de algumas pessoas com certos animais. Procuremos, então, buscar a causa. A semelhança física entre os parentes resulta da consanguinidade que transmite, de um a outro, partículas orgânicas semelhantes, porque o corpo procede do corpo. Mas não poderia vir ao pensamento de ninguém supor que aquele que se parece com um gato, por exemplo, tenha nas veias o sangue de gato. (...) Conforme os Espíritos, nenhum homem é a reencarnação do Espírito de um animal. Os instintos animais do homem decorrem da imperfeição de seu próprio Espírito, ainda não depurado e que, sob a influência da matéria, dá preponderância às necessidades físicas sobre as morais e sobre o senso moral, não ainda suficientemente desenvolvido. (...) Outra indução não menos errônea é tirada do princípio da pluralidade das existências. Da sua semelhança com certas personagens, algumas concluem que podem ter sido tais personagens. Ora, do que precede, é fácil demonstrar que aí existe apenas uma ideia quimérica. Como dissemos, as relações consanguíneas podem produzir uma similitude de formas, mas não é este aqui o caso, pois Esopo pode ter sido mais tarde um homem bonito e Sócrates um belo rapaz. Assim, quando não há filiação corporal, só haverá uma semelhança fortuita, porquanto não há nenhuma necessidade para o Espírito habitar corpos parecidos e, ao tomar um novo corpo, não traz nenhuma parcela do antigo. Entretanto, conforme o que dissemos acima, quanto ao caráter que as paixões podem imprimir aos traços, poder-se-ia pensar que, se um Espírito não progrediu sensivelmente e retorna com as mesmas inclinações, poderá trazer no rosto identidade de expressão. Isto é exato, mas seria no máximo um ar de família, e daí a uma semelhança real há muita distância. Aliás, este caso deve ser excepcional, pois é raro que o Espírito não venha em outra existência com disposições sensivelmente modificadas. Assim, dos sinais fisiognomônicos não se pode tirar absolutamente nenhum indício das existências anteriores. Só podemos encontrá-las no caráter moral, nas ideias instintivas e intuitivas, nas inclinações inatas, nas que não resultam da educação, assim como na natureza das expiações suportadas.


O ouvinte, José Donizete Dias, ligou  domingo passado para perguntar como o Espiritismo explica a frase de Paulo, no capítulo 9, versículos 27 e 28 de sua carta dirigida aos hebreus, quando afirmou: “E assim como aos homens está ordenado morrerem uma só vez, vindo depois o juízo, assim também o Cristo, tendo-se oferecido uma vez para sempre para tirar os pecados de muitos, aparecerá segunda vez, sem pecado, aos que o aguardam para a salvação”?  Pergunta o José Donizete se essa afirmação de Paulo não contraria o princípio da reencarnação.

 Aparentemente, sim. Os hebreus ( mais conhecidos por judeus) para quem Paulo endereçava sua carta,  Não sabiam o que é reencarnação. Eles acreditavam na ressurreição dos mortos e no juízo final conforme diz Allan Kardec em O EVANGELHOS SEGUNDO ESPIRITISMO. Nada de especial, portanto, o fato de Paulo ter lembrado aos seus compatriotas a importância de seguirem os ensinos morais de Jesus, a partir de suas próprias crenças.  Por outro lado, a reencarnação era crença dominante nas religiões do Oriente e alvo de interesse dos antigos filósofos gregos, como Pitágoras, Sócrates e Platão. Os hebreus, que durante muitos séculos nem levavam em conta a vida futura (Moisés, por exemplo, não tratou da imortalidade da alma), só passaram a acreditar na ressurreição e no juízo final depois que estiveram sob o domínio dos persas, uma vez que esses dogmas faziam parte da religião daquele povo.

 Durante sua missão, Jesus não se preocupou com as diferentes formas de crer, apesar de existirem divergências religiosas no seio daquele povo- entre fariseus, saduceus, samaritanos e essênios. Se entrasse em questões particulares das crenças desses grupos religiosos, ele não teria tempo de proclamar o Reino de Deus, que é o reino da paz e do amor. O amor está acima das religiões. Por essa razão, ocupou-se em deixar claro três pontos essenciais: a crença num Deus-Pai de amor e misericórdia, a prática do bem ao próximo e a continuidade da vida além da morte. Na verdade, a lei do amor, ideia básica de sua doutrina, é o único ponto de que ninguém, duvida e, portanto, ele é comum a todas as religiões.

 Paulo de Tarso, por sua vez, veio depois de Jesus. E embora não tenha sido um de seus discípulos, foi ele quem se pôs à frente de um movimento que tinha como meta levar sua doutrina ao mundo de seu tempo e foi ele quem deu impulso à propagação do Cristianismo. Como tinha grande cultura e vivência também com outros povos da época, Paulo tratou de conformar as ideias e o ideal da doutrina às necessidades de cada comunidade a que se dirigia. Em relação aos hebreus ele devia falar como hebreu, segundo a linguagem e a crença do povo, pois talvez ninguém mais que ele conhecia sua tradição, ideias e costumes. Era a hora de consolidar a crença no que Jesus havia ensinado e não perder tempo com outro tipo de discussão.

 Aliás, para Jesus, o que seria mais importante? Acreditar na ressurreição ou na reencarnação, ou fazer a vontade do Pai?  É claro que “fazer a vontade do Pai”. Aí, então, você pergunta: e qual é a vontade do Pai? E nós lembramos da Parábola do Bom Samaritano, em que Jesus colocou como exemplo de amor e fraternidade um homem que não frequentava o templo e que por isso era discriminado e considerado herege. Nem o sacerdote, nem o levita, religiosos que dirigiam os ofícios  do templo, achavam-se próximos de Deus, pois eles se recusaram a socorrer o necessitado. Enquanto isso, o Samaritano, criticado e mal visto, foi quem, tomado de compaixão, veio em  auxílio do homem ferido..

 Era nisso que Paulo tinha que se inspirar, se quisesse levar adiante a Mensagem de Jesus. Evidentemente, há dois mil anos atrás, os conhecimentos humanos eram incipientes.  Jesus podia falar do amor fraterno e foi sobre isso que falou o tempo todo, mas não achou prudente falar de coisas que o povo ainda não podia entender. Evidentemente, não poderia dizer tudo. Por isso mesmo que, nos seus últimos momentos de convivência com os discípulos, ele disse que voltaria para o Pai, mas este enviaria um consolador, que reviveria tudo o que ele havia ensinado e ensinaria muito mais, conforme lemos no evangelho de João.

 Logo, Jesus só ensinou somente o que estava à altura de seu povo compreender naquele momento, na certeza de que o Espírito de Verdade o sucederia e com os séculos esclareceria pontos ainda não conhecidos ou mal compreendidos. A Doutrina Espírita faz o papel desse consolador, na medida em que retoma os ensinamentos morais de Jesus em espírito e verdade, alia a fé à razão e explica muitos pontos que não ficaram definitivamente esclarecidos e que só o tempo e a maturidade do ser humano seriam capazes de explicar.

  Contudo, José Donizete, se levarmos ao pé da letra o que Paulo coloca em sua carta, podemos dizer que mesmo assim ele estava certo, porque o homem (formado de corpo e de espírito), na verdade só morre uma vez, pois morto o corpo, este não retorna à vida e aquela personalidade humana desaparece. O que não acaba, no entanto, é a vida do Espírito, que não morre, que continua sua jornada no mundo espiritual para, em seguida, buscar outras oportunidades de renovação. E se você quiser mais informações de como a Espiritualidade vê o trabalho de Paulo de Tarso, leia o livro “PAULO E ESTÊVÃO” de Emmanuel, recebido pelo médium Chico Xavier.

  



 


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