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segunda-feira, 8 de março de 2021

LUZ SOB O ALQUEIRE; ESPIRITISMO E SEU PAPEL; EM BUSCA DA VERDADE COM O PROFESSOR




Gostaria que vocês falassem sobre a lista dos livros proibidos pela Igreja e se os livros espíritas fazem parte dela.  (Flávio)

 

Devido à expansão do protestantismo, logo após a Reforma, no século XVI, a Igreja tomou várias medidas para se recuperar dos problemas que vinha sofrendo. Entre elas, a instituição de uma lista de livros proibidos ( em latim “Index Librorum Prohibitorum”) que, como o próprio nome indica, eram livros que não deviam ser lidos pelos católicos. Essa lista foi reeditada e atualizada muitas vezes e dela faziam parte todos os livros que contrariavam algum princípio ou dogma da Igreja. Entre elas, é claro, as obras de Galileu e Copérnico, que afirmavam não ser a Terra o centro do universo.

 

 Segundo consta, só muito recentemente, no ano de 1966, no pontificado de Paulo VI – portanto, mais de 400 anos depois de editada -  é que o Vaticano decidiu que essa lista passaria a ser apenas “um guia moral para alertar a consciência dos fiéis para evitar obras perigosas à fé e a moral”. Entre os autores proibidos estão grandes expoentes da ciência, da filosofia e da literatura, além de líderes religiosos. A obra de Kardec – ou seja, as obras da Codificação Espírita – passaram a fazer parte desse “Index” no ano de 1864, sete anos depois do lançamento de O LIVRO DOS ESPÍRITOS.

 

 Consideramos, de nossa parte, até compreensível que 4 séculos atrás houvesse essa mentalidade que acreditava que, proibindo leitura de livros, punham a salvo as almas dos fiéis. Evidentemente, hoje, ninguém acredita mais nisso. Ao contrário, se quisermos que as pessoas leiam alguma obra, que passemos a combatê-la;  quanto mais proibida ela for, mais será procurada, porque estamos num momento em que se deve respeitar os direitos humanos, uma era  de liberdade, em que qualquer cidadão pode ler o que quiser e decidir, segundo sua consciência, o caminho que deve seguir.

 

 Recentemente, tivemos o episódio do livro “O CÓDIGO DA VINCI” de Dan Brown ( e, depois, o filme), que criticam acintosamente a Igreja. O Vaticano se defendeu, é claro, é considerou impróprios tanto o livro quanto o filme; mas, com certeza, não pôde mais proibir. A Igreja, como qualquer instituição antiga, está mudando. Contudo, a melhor postura para quem é atacado é de deixar que as pessoas decidam por si mesmas o que devem ler tirem a sua própria conclusão a respeito de suas leituras. Quem está com a verdade não tem o que temer. Aliás, esta é a postura do Espiritismo, desde a sua codificação.

 

 Quando a doutrina espírita surgiu, nos meados do século XIX, houve uma reação violenta contra suas idéias e um combate declarado. Inclusive, houve um ritual de queima de livros espíritas na cidade de Barcelona, na Espanha, em 1862, quando o bispo daquela cidade apreendeu ilegalmente uma quantidade de livros espíritas que estava sendo enviada por Kardec a um livreiro local. Esses livros foram queimados em praça pública, revivendo o negro período da inquisição. Kardec, em Paris, podia ter tomado alguma providência de ordem judicial contra o clérigo, mas não o fez, lembrando os espíritas que aquele ato mais ajudaria do que prejudicaria o Espiritismo. E foi justamente o que aconteceu: o movimento espírita em Barcelona cresceu como nunca acontecera antes.

 

 Mas, o que muita gente não sabe é que Allan Kardec preparou uma lista de livros, recomendando-a para os espíritas lessem. Dessa lista faziam parte os livros de sua autoria, os livros espíritas de outros autores, livros religiosos das mais diversas religiões ( inclusive a Bíblia e o Alcorão) e , além deles, (prestem bem atenção nisso!...) livros que combatiam o Espiritismo. Allan Kardec deixa claro em sua obra que o espírita deve ler de tudo, principalmente as idéias contrárias às suas, porque são essas idéias contrárias que podem lhe servir de comparação, para saber se está certo ou errado. Não há doutrina mais democrática que o Espiritismo.

 


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