Gostaria que vocês
falassem sobre a lista dos livros proibidos pela Igreja e se os livros
espíritas fazem parte dela. (Flávio)
Devido à expansão do
protestantismo, logo após a Reforma, no século XVI, a Igreja tomou várias
medidas para se recuperar dos problemas que vinha sofrendo. Entre elas, a
instituição de uma lista de livros proibidos ( em latim “Index Librorum
Prohibitorum”) que, como o próprio nome indica, eram livros que não deviam ser
lidos pelos católicos. Essa lista foi reeditada e atualizada muitas vezes e
dela faziam parte todos os livros que contrariavam algum princípio ou dogma da
Igreja. Entre elas, é claro, as obras de Galileu e Copérnico, que afirmavam não
ser a Terra o centro do universo.
Segundo consta, só muito recentemente, no ano
de 1966, no pontificado de Paulo VI – portanto, mais de 400 anos depois de
editada - é que o Vaticano decidiu que
essa lista passaria a ser apenas “um guia moral para alertar a consciência dos
fiéis para evitar obras perigosas à fé e a moral”. Entre os autores proibidos estão
grandes expoentes da ciência, da filosofia e da literatura, além de líderes
religiosos. A obra de Kardec – ou seja, as obras da Codificação Espírita –
passaram a fazer parte desse “Index” no ano de 1864, sete anos depois do
lançamento de O LIVRO DOS ESPÍRITOS.
Consideramos, de nossa parte, até
compreensível que 4 séculos atrás houvesse essa mentalidade que acreditava que,
proibindo leitura de livros, punham a salvo as almas dos fiéis. Evidentemente,
hoje, ninguém acredita mais nisso. Ao contrário, se quisermos que as pessoas
leiam alguma obra, que passemos a combatê-la;
quanto mais proibida ela for, mais será procurada, porque estamos num
momento em que se deve respeitar os direitos humanos, uma era de liberdade, em que qualquer cidadão pode ler
o que quiser e decidir, segundo sua consciência, o caminho que deve seguir.
Recentemente, tivemos o episódio do livro “O
CÓDIGO DA VINCI” de Dan Brown ( e, depois, o filme), que criticam acintosamente
a Igreja. O Vaticano se defendeu, é claro, é considerou impróprios tanto o
livro quanto o filme; mas, com certeza, não pôde mais proibir. A Igreja, como
qualquer instituição antiga, está mudando. Contudo, a melhor postura para quem
é atacado é de deixar que as pessoas decidam por si mesmas o que devem ler
tirem a sua própria conclusão a respeito de suas leituras. Quem está com a
verdade não tem o que temer. Aliás, esta é a postura do Espiritismo, desde a
sua codificação.
Quando a doutrina espírita surgiu, nos meados
do século XIX, houve uma reação violenta contra suas idéias e um combate
declarado. Inclusive, houve um ritual de queima de livros espíritas na cidade
de Barcelona, na Espanha, em 1862, quando o bispo daquela cidade apreendeu
ilegalmente uma quantidade de livros espíritas que estava sendo enviada por
Kardec a um livreiro local. Esses livros foram queimados em praça pública,
revivendo o negro período da inquisição. Kardec, em Paris, podia ter tomado
alguma providência de ordem judicial contra o clérigo, mas não o fez, lembrando
os espíritas que aquele ato mais ajudaria do que prejudicaria o Espiritismo. E
foi justamente o que aconteceu: o movimento espírita em Barcelona cresceu como
nunca acontecera antes.
Mas, o que muita gente não sabe é que Allan
Kardec preparou uma lista de livros, recomendando-a para os espíritas lessem.
Dessa lista faziam parte os livros de sua autoria, os livros espíritas de
outros autores, livros religiosos das mais diversas religiões ( inclusive a
Bíblia e o Alcorão) e , além deles, (prestem bem atenção nisso!...) livros
que combatiam o Espiritismo. Allan Kardec deixa claro em sua obra que o
espírita deve ler de tudo, principalmente as idéias contrárias às suas, porque
são essas idéias contrárias que podem lhe servir de comparação, para saber se
está certo ou errado. Não há doutrina mais democrática que o Espiritismo.
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