Conta o evangelho que Tomé duvidou dos outros discípulos que
disseram que, depois de morto, Jesus apareceu diante deles na casa de Pedro. Oito dias depois, quando Tomé estava entre eles, quando Jesus
apareceu e disse a Tomé: “põe aqui o teu dedo, vê as minhas mãos, aproxima
também a tua mão e a coloque ao meu lado, e não sejas incrédulo, mas fiel”. Só
assim Tomé acreditou que Jesus ressuscitou. Por esta narrativa é fácil perceber
que Jesus estava ali com o corpo que foi ferido e crucificado pelos soldados.
Pergunto: isso não é uma prova de que Jesus ressuscitou com seu corpo de carne?
Para o
Espiritismo não. O fato de o corpo apresentar as feridas que os soldados lhe
tinham a causado, bem como as perfurações das mãos, em si, não comprovam ser o
corpo de carne. Uma das propriedades do perispírito ou corpo espiritual, corpo
com o qual Jesus apareceu, é o seu alto
grau de plasticidade, ou seja, de adaptar a variadas formas. No entanto, regra
geral, ele leva consigo as características do corpo físico, guardando com ele grande semelhança.
É
assim que os médiuns veem os Espíritos desencarnados. Nalguns as marcas do
corpo deixadas pela doença ou por acidentes perduram por algum tempo, até que
recebam o devido tratamento e disso depende do grau de elevação de cada um.
Quem comanda a forma nesse caso é o pensamento ou a vontade. Os Espíritos
elevados podem se restabelecer com aparência completamente sã quase
imediatamente, a não ser, como no caso de Jesus, que nesse caso estava
preocupado em convencer Tomé.
O
perispírito não existe apenas depois da morte. Ele existe durante a vida física
e retêm, como dissemos, as características do corpo físico. Após a
desencarnação, ele é o meio de identificação do Espírito, é por ele que se faz
reconhecido, mas ele é formado de uma matéria tão sutil que pode assumir formas
diferentes, aparecendo, por exemplo, mais jovem do que era ou com mais vigor.
Para Jesus, naquele momento, o interesse estava em convencer Tomé, razão pela
qual ele se preocupou em manter as feridas, que serviram para sua
identificação.
Veja,
caro ouvinte, que só nessa ocasião Jesus aparece com as feridas. Ele não
aparece com as feridas para as mulheres no túmulo, nem para os discípulos na
estrada de Emaús e tampouco para os que se preparavam para a pesca á beira do
mar. Aliás, nessa outras ocasiões, os discípulos tiveram dificuldade em
identifica-lo, de tal sorte que foi preciso que Jesus se anunciasse, caso
contrário não seria reconhecido.
Sobre o perispírito - também conhecido como
corpo espiritual, de que Paulo Tarso fala em uma de suas cartas – vamos
encontrar várias referências na obra de Allan Kardec, como nas obras espíritas
complementares, principalmente nas obras de André Luiz. Aliás, esta questão,
com que corpo Jesus aparecia depois da morte, foi muito discutida na ocasião.
Alguns chegaram a dizer que Jesus, mesmo em vida, jamais possuíra um corpo
físico como o nosso, hipótese esta que foi contraditada por João, o
evangelista, que convivera pessoalmente com Jesus.
Paulo
de Tarso, no entanto, vai mais fundo. Embora ele não tenha conhecido Jesus
pessoalmente, ele teve uma visão dele no caminho de Damasco e ali, certamente,
Jesus se mostrou como um ser espiritual. Por isso, Paulo afirma que Jesus teve
um corpo carnal, mas ressuscitou num corpo espiritual. Você pode encontrar essa
referência no capítulo 15 da primeira carta aos Coríntios.
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