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quinta-feira, 22 de abril de 2021

A OBSESSÃO SOB ANGULOS INUSITADOS; EM BUSCA DA VERDADE COM O PROFESSOR

 Um encontro casual após um esbarrão no final da tarde de 22 de outubro de 1946, numa das principais avenidas de Belo Horizonte, resultou numa amizade e convivência quase diária pelos próximos doze anos, até que as circunstancias obrigassem Chico Xavier a mudar-se para Uberaba, no Triângulo Mineiro. Assim explica Arnaldo Rocha sua ligação com o médium mineiro, que já na primeira oportunidade, surpreendeu o ateu e materialista Arnaldo, ainda abalado com a morte da querida esposa 21 dias antes. Após as apresentações, Chico, sem nunca tê-lo visto nesta existência, comenta sobre a beleza da jovem falecida, pedindo para ver a foto guardada no bolso traseiro de sua calça. A jovem chamara-se na existência recem terminada, Irma de Castro, apelidada Meimei, forma carinhosa com que o apaixonado esposo a tratava.. No início dos anos 50, Chico assoberbado pelo grande número de necessitados que o cercavam insistiu na importância de reativar de forma regular os trabalhos de desobsessão a que se consagrou até a morte de seu irmão José Xavier, em 1939. Assim , em 31 de julho de 1952, começava a funcionar o Grupo Meimei, sob a coordenação em nosso Plano de Arnaldo, apesar de não se reconhecer com o preparo necessário. Mergulhou numa confusão mental, como escreveria no livro MANDATO DE AMOR (uem), derivada do entristecimento pela “vivência e participação em situações tão infelizes”. Ocorreu-lhe a ideia de, através de Chico, pedir ao orientador espiritual Emmanuel, fornecesse maiores esclarecimentos sobre a obsessão. Instantes depois, o médium disse-lhe: “- Nosso Benfeitor pede para inteirar-lhe que no momento acha-se ocupado em determinados setores de serviço, que o impedem de atender-nos, como seria de seu desejo. Mas solicitará a um amigo a cooperação fraterna de sua experiência nesse mister”.  Semanas depois, nos instantes finais das reuniões do Grupo Meimei, após modificações significativas na fisionomia de Chico, apresentou-se o Espírito do Dr. Francisco Menezes Dias da Cruz. Era a noite de 15 de julho de 1954, e o médico desencarnado, explicou estar atendendo às solicitações de Emmanuel, desdobrando desde então um ciclo de sete explanações sobre o assunto solicitado. Na primeira intitulada ALERGIA E OBSESSÃO, estabelece interessante proposição afirmando que “a obsessão é um processo alérgico, interessando o equilíbrio da mente”. Didaticamente explica: “- Recordemos que as radiações mentais, que podemos classificar por agentes “R”, na maioria das vezes se apresentam, na base de formação da substância “H”, desempenhando importante papel em quase todas as perturbações neuropsíquicas e usando o cérebro como órgão de choque. Todos os nossos pensamentos definidos por vibrações, palavras ou atos, arrojam de nós raios específicos. Assim sendo, é indispensável cuidar de nossas próprias atitudes, na autodefesa e no amparo aos semelhantes”. Na abordagem seguinte, PARASITOSE MENTAL, aprecia o vampirismo, figurando-o como sendo inquietante fenômeno de parasitose mental. Considera que “pelo imã do pensamento doentio e descontrolado, o homem provoca sobre si a contaminação fluídica de entidades em desequilíbrio, capazes de conduzí-lo à escabiose e à ulceração, à dispsomania e à loucura, à cirrose e aos tumores benignos ou malignos de variada procedência, tanto quanto aos vícios que corroem a vida moral, e, através do próprio pensamento desgovernado, pode fabricar para si mesmo as mais graves eclosões de alienação mental, como sejam as psicoses de angústia e ódio, vaidade e orgulho, usura e delinquência, desânimo e egocentrismo, impondo ao veículo orgânico processos patogênicos indefiníveis, que lhe favorecem a derrocada ou a morte”. Na terceira manifestação, tratou do DOMÍNIO MAGNÉTICO, serve-se do hipnotismo, comparando o estado de sujeição da vontade do hipnotizado ao do obsediado. Diz que “o processo se assemelha ao utilizado pelos desencarnados de condição inferior, consciente ou inconscientemente, na cultura do vampirismo. Justapõem-se à aura das criaturas que lhes oferecem passividade e, sugando-lhes as energias, senhoreiam-lhes as zonas motoras e sensórias, inclusive os centros cerebrais, em que o espírito conserva as suas conquistas de linguagem e sensibilidade, memória e percepção, dominando-as à maneira do artista que controla as teclas de um piano, criando assim as doenças-fantasmas de todos os tipos que, em se alongando no tempo, operam a degenerescência dos tecidos orgânicos, estabelecendo o império de moléstias reais, que persistem até a morte”. Seguindo, o Dr. Dias da Cruz, comentou a FIXAÇÃO MENTAL, dizendo que “as reações contínuas, hauridas pelos nervos da organização sensorial, determinando a compulsória movimentação do cérebro, associadas aos múltiplos serviços da alimentação, da higiene e da preservação orgânica, estabelecem todo um conjunto vibratório de emoções e sensações sobre as cordas sensíveis da memória. Na visita seguinte, o assunto foi A TERAPEUTICA DA PRECE, em que ele considera que “no tratamento da obsessão, é necessário salientá-la como elemento valioso na introdução à cura”. As duas últimas abordagens seriam dedicadas à AUTOFLAGELAÇÃO, em que lembra que “toda violência praticada por nós, contra os outros, significa dilaceração em nós mesmos”. Concluindo, o comentário dedicou-se à OBSESSÃO OCULTA, salientando o “impositivo de nossa vigilância em todos os estados passivos de nossa alma, porque, através da meditação e do sono, nos identificamos, muita vez de modo imperceptível, com os pensamentos que nos são sugeridos pelas inteligências desencarnadas ou não, que se afinam conosco e, se não nos guardamos na fortaleza das obrigações retamente cumpridas, caímos sem dificuldade nas malhas da obsessão oculta”.



Os espíritas costumam dizer que o mundo está progredindo espiritualmente, que além do progresso material, as leis também vêm ficando cada vez humanas. Porém, temos aí a lei do aborto, que o Espiritismo condena, mas que vem se ampliando cada vez mais pelos vários países do mundo. A Argentina acabou de aprovar o aborto. O que vocês têm a dizer sobre isso?

De fato, é n’O LIVRO DOS ESPÍRITOS,  a partir da questão 794, que vamos encontrar este título, “Progresso da Legislação Humana”. São quatro questões e uma nota de Allan Kardec sobre este tema. Com isso, os Espíritos querem chamar a atenção para o caminhar vagaroso e difícil da humanidade, cuja vida social começou de uma forma bruta, violenta, quase selvagem, há milhões de anos.

 Se imaginarmos a forma como os homens primitivos conviviam, quando da formação das primeiras tribos, onde a lei era ditada pelos mais fortes, e compararmos com as leis atuais de todos os países, vamos perceber que o avanço da vida social foi significativo e muitas das grandes conquistas foram alcançadas no último século, especialmente nos últimos 70 anos. É que o homem, Espírito em evolução, vem buscando ao longo do tempo uma condição de vida cada vez melhor, aproximando-se das leis naturais.

  No livro OBRAS PÓSTUMAS, de Allan Kardec, encontramos um tema relacionado diretamente com esta questão, num capítulo que tem por título “As aristocracias”, que merece ser lido com muita atenção por todos nós. Nesse capítulo das aristocracias, o autor mostra, em linhas gerais, como a sociedade humana veio evoluindo em termos de liderança ou de forma de governo, começando pela lei da força física e da intimidação no passado remoto, para chegar hoje à força da lei.

 Nós todos sabemos que a finalidade das leis é proteger a sociedade, e elas protegem a sociedade contra a ação de seus próprios membros ou de nós mesmos, pois se a população passar a não obedecer as leis, a sociedade logo se desorganizará e se autodestruirá. Se cada um de nós quisesse fazer a sua própria lei, desconhecendo os direitos dos outros, voltaríamos à vida primitiva e passaríamos a viver como nossos ancestrais humanos mais distantes, num conflito generalizado.

 Contudo, para fazermos uma avaliação do progresso da legislação humana, como fez Kardec n’O LIVRO DOS ESPÍRITOS, precisamos olhar o panorama geral do mundo e o conjunto das leis que regulam a vida social,  e não apenas uma ou outra lei particular, como a lei do aborto por exemplo, que você cita. É que o avanço evolutivo, como disseram os Espiritos a Kardec,  não se dá em todos seus aspectos ao mesmo tempo, pois ele depende do nível de evolução dos indivíduos que compõem  cada sociedade. Enquanto existirem aqueles que defendem abertamente o aborto e esses representarem uma força social, haverá leis que facilitem a prática do aborto.

 Esse item aborto – a exemplo da eutanásia e do suicídio – exige muito mais do ser humano que o simples conhecimento da vida material: ele exige o conhecimento da realidade espiritual. Os que defendem o uso indiscriminado do aborto têm certeza de que estão apenas defendendo os direitos da mulher, mas eles não sabem ou não estão convencidos que o Espírito é imortal e que a vida gerada no ventre materno representa muito na sua jornada reencarnatória. Os Espíritos também seus direitos, embora a legislação humana só leve em consideração os direitos dos homens.  Eis o cerne da questão.

 Ou seja, por enquanto, por mais que tenhamos evoluído em termos de legislação (e isso é notório e inquestionável ), alguns pontos como esses três que citamos – o aborto, a eutanásia e o suicídio -  ainda são desconhecidos do ponto de vista espiritual pela grande maioria da sociedade,  razão pela qual  a lei humana só leva em consideração os valores ligados ao imediatismo da existência física , desconhecendo a trajetória espiritual de cada indivíduo através das reencarnações.

 Por terem esse conhecimento é que os espiritas, de um modo geral, advogam a favor da vida, compreendendo que, se nada acontece por acaso, pois esta é a Lei de Deus, o simples fato de uma mulher engravidar tem muito a ver com o seu próprio desenvolvimento espiritual e, especialmente, com o progresso do Espírito que está chegando ao mundo  na condição de seu filho  Sem esta abordagem ampla das questões que envolvem a evolução espiritual, os argumentos contra o aborto, por mais que se queira, serão sempre insuficientes para cobrir a série de razões porque devemos combatê-lo.

 

 

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