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sexta-feira, 9 de abril de 2021

PRECE FUNCIONA?; EM BUSCA DA VERDADE COM O PROFESSOR

“-Fui induzida a contemplar o que podemos chamar de aura da Terra. Meu guia exclamou: - Busca ver como a Humanidade se une pelo pensamento aos Planos Invisíveis. O teu golpe de vista abrangeu a paisagem, procure agora os detalhes. Fixando atentamente o quadro, notei que filamentos estranhos, em posição vertical, se entrelaçavam nas vastidões sem se confundirem. Não havia dois iguais e suas cores variavam do escuro ao claro mais brilhante. Alguns se apagavam, outros se acendiam em extraordinária sucessão e todos eram possuídos de movimento natural, sem uniformidade em suas particularidades. ‘-Esses filamentosdisse com bondade -, são os pensamentos emitidos pelas personalidades encarnadas; são reflexos cheios de vida, através dos quais podemos avaliar os cérebros que os transmitem. Aos poucos conhecerás quais são os da concupiscência, da maldade, da pureza, do amor ao próximo. Esses raros que aí vês, e que se caracterizam pela sua alvura fulgurante, são os emitidos pela virtude e quando nos colocamos em imediata relação com uma dessas manifestações, que nos chegam dos Espíritos da Terra, o contato direto se verifica entre nós e a individualidade que nos interessa’.  Aguçada minha curiosidade, quis entrar em relação com um pensamento luminoso que me seduzia, abandonando todos os outros, que nos circundavam, para só fixar a atenção sobre ele. Afigurou-se-me que os demais desapareciam, enquanto me envolvia nas irradiações simpáticas daquele traço de luz clara e brilhante. Ouvi comovedora prece, vendo igualmente uma figura de mulher ajoelhada e banhada em pranto. Num átimo de tempo, por intermédio de extraordinária interfluência de pensamentos, pude saber qual a razão das suas lágrimas, das suas preocupações e como eram amargos seus sofrimentos. Sensibilizada, instintivamente enviei-lhe pensamentos consoladores, pronunciando palavras de fé e esperança. Como se houvera pressentido, via-a meditar por instante com o olhar cheio de estranho brilho, levantando-se reconfortada para enfrentar a luta, sentindo grande alívio”. O curioso depoimento pertence ao Espírito Maria João de Deus que possibilitou a reencarnação a Chico Xavier, na condição de mãe, e que, em 1935, atendendo-lhe pedido começou a escrever CARTAS DE UMA MORTA (lake), concluído no ano seguinte. Pesquisando a prece, Allan Kardec, entrevistando os Espíritos que o auxiliaram a viabilizar a obra O LIVRO DOS ESPÍRITOS, obteve, entre outras, a informação na questão 662 que “pela prece aquele que ora, atrai  os bons Espíritos que se associam ao Bem que deseja fazer”, comentando que “possuímos em nós mesmos, pelo pensamento e a vontade, um poder de ação que se estende muito além dos limites de nossa esfera corpórea”. Desenvolvendo, anos depois, mais amplos raciocínios sobre a ação da prece no capítulo vinte e sete d’ O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO, Kardec escreveu que “a prece é uma invocação: por ela nos pomos em relação mental com o Ser a que nos dirigimos(...). As dirigidas a Deus são ouvidas pelo Espíritos  encarregados da execução dos seus desígnios(...). O Espiritismo nos faz compreender a ação da prece, ao explicar a forma de transmissão do pensamento (...). Para se compreender o que ocorre nesse caso, é necessário imaginar todos os seres, encarnados e desencarnados, mergulhados no Fluido Universal que preenche o espaço, assim como na Terra estamos envolvidos pela atmosfera. Esse fluido é impulsionado pela vontade, pois é o veículo do pensamento, como o ar é o veículo do som, com a diferença de que as vibrações do ar são circunscritas, enquanto as do Fluido Universal se ampliam ao Infinito. Quando, pois, o pensamento se dirige para algum Ser, na Terra ou no Espaço, de encarnado para desencarnado, ou vice-versa, uma corrente fluídica se estabelece de um a outro, transmitindo o pensamento, como o ar transmite o som. A energia da corrente está na razão direta da energia do pensamento e da vontade. É assim que “a prece é ouvida pelos Espíritos, onde quer que eles se encontrem, que os Espíritos se comunicam entre si, que nos transmitem suas inspirações, e que as relações se estabelecem à distância entre os próprios encarnados”. Abordando o poder da prece diz que “está no pensamento, e não depende nem das palavras, nem do lugar, nem do momento em que é feita, podendo-se orar em qualquer lugar e a qualquer hora, a sós ou em conjunto”. Afirma que a “prece em comum tem ação mais poderosa, quando todos os que a fazem se associam de coração num mesmo pensamento e tem a mesma finalidade, porque então é como se muitos clamassem juntos e em uníssono”. Nas “reportagens” escritas através de Chico Xavier pelo Espírito conhecido como André Luiz, encontramos inúmeros ensinos a propósito da prece. Em NOSSO LAR (feb), por exemplo, quando ele vai conhecer na Colônia, a zona sob a supervisão do Ministério do Auxílio, toma conhecimento que ali, além de outras tarefas, “ouvem-se rogativas e selecionam-se preces”. Já no ENTRE A TERRA E O CÉU (feb), o Ministro Clarêncio afirma que a “prece, qualquer que ela seja, é ação provocando reação. Conforme sua natureza, paira na região em que foi emitida ou eleva-se mais, ou menos, recebendo a resposta imediata ou remota, segundo a finalidade a que se destina(...). Cada prece, tanto quanto cada emissão de força, se caracteriza por determinado potencial de frequência e todos estamos cercados por Inteligências capazes de sintonizar com nosso apelo, à maneira de estações receptoras”. André aprende existir a oração refratada, ou seja, aquela cujo impulso luminoso teve sua direção desviada, passando a outro objetivo”. Descobre existirem gráficos registrando tal emissão, captada no Templo do Socorro, existente na Colônia a nós apresentada por ele. Tal prece fora formulada por adolescente órfã, 15 anos, rogando auxílio à mãe desencarnada, supondo que ela se encontrasse junto a Deus, quando na verdade, inconformada e atormentada, ela se mantinha na invisibilidade do próprio lar que deixara compulsoriamente pelo fenômeno da morte física. Mais à frente, ouve que “a oração é o meio mais seguro para obter-se a influência espiritual que se faz através do pensamento, no canal da intuição”, sendo ainda “o remédio eficaz de nossas moléstias íntimas”, abrindo um caminho de reajuste para o que ora. A entidade cujo depoimento abriu esta postagem, no livro que escreveu, falando sobre suas atividades, revela trabalhar em distrito espiritual em que “sua especialidade é examinar as preces de encarnados, acudindo às casas de oração ou a qualquer lugar onde há um Espírito que pede e que sofre. As rogativas de cada um são anotadas e examinadas, procurando-se estabelecer a natureza da prece, seus méritos e deméritos, sua elevação ou inferioridade para poder-se determinar os socorros necessários. Até   orações das crianças são tomadas em consideração: qualquer pedido, qualquer súplica, tem sua anotação particular”.

 Esta questão, apresentada por um dos nossos ouvinte tempos atrás, fomos buscar nos arquivos de nosso programa, e diz o seguinte: “Eu gostaria de ter uma outra ideia mais precisa de Deus, mas só consigo imaginar Deus como um homem muito velho de barba comprida, porque foi assim que eu aprendi desde criança é assim que, ainda hoje,  vejo nas gravuras.”

 Mais importante do que como você imagina Deus é como você concebe Deus em termos de Amor e Perfeição. Aliás, para todos nós, que fomos criados dentro da tradição religiosa judaico-cristã, a imagem de Deus é a de um homem idoso de barbas e cabelos longos, semblante carrancudo, voz de trovão, sempre apontando o dedo para os nossos erros. Jesus procurou mudar essa imagem. Michelangelo, uma das maiores expressões da arte renascentista, quando requisitado pelo papa Júlio II, pintou no teto da Capela Sistina, em Roma, a cena da criação do homem, onde representa Deus com essa forma, porque foi assim que ele conseguiu imaginar.

 Para o artista, a expressão corporal e, principalmente, a expressão da face de Deus, deveria projetar o sentimento divino em relação à humanidade. Essa criação simbólica, na verdade, nada tem a ver com o ato da Criação. Ante as ordens autoritárias e intransigentes  do papa, ela apenas expressa a concepção temerosa de Michelangelo naqueles momentos, semelhante aos deuses pagãos. Ela deve ter sido inspirada nas narrativas do Gênese – o primeiro livro da Bíblia – onde Deus ou Iavé era concebido à semelhança de um ser humano – não só à semelhança física, mas aos traços de sentimento e caráter.

 A história da humanidade é parecida com a história de cada um de nós, desde a infância. Como você pode ensinar Deus a uma criança? Que ideia uma criança pode fazer de Deus? É mais ou menos assim que veio acontecendo com a humanidade. No passado bem distante, o homem deu mil formas a Deus, desde as formas mais primitivas, quando imaginou que Deus podia ter a forma de animais, até a mais recente, quando O representou pela figura de um homem do sexo masculino. Aliás, a briga de Moisés era justamente quanto à forma de Deus, já que os egípcios tinham seus deuses representados sob formas de animais ou sob a forma híbrida de homem e animal. “Não terás outros deuses diante de mim” – diz a Bíblia.

 Contudo, hoje, passados bem mais de três mil anos, já temos condições de dar uma dimensão bem mais ampla à Deus, a partir dos ensinamentos de Jesus. Mas ainda não conseguimos conceber nada que não tenha uma forma. A mente humana, para entender as coisas, precisa dar-lhes uma dimensão, uma forma, uma substância ( até mesmo uma cor), porque – para nós – o que não têm esses atributos não dá para imaginar e é, portanto, como se não existisse. Logo, é compreensível que, no estágio em que nos encontramos, por mais tentemos desmaterializar Deus, ainda o concebemos como se fosse uma pessoa humana. Na Bíblia encontramos que Deus criou o homem à sua imagem e semelhança, mas hoje sabemos que foi justamente o contrário – foi o homem que criou esse deus à sua própria imagem para poder concebê-Lo.

 Jesus foi prático e pedagógico nesse sentido. Ele era um mestre do povo, e um mestre sempre facilita o entendimento dos discípulos, usando imagens concretas ou fazendo comparações com as coisas mais próximas. Para que não restasse dúvida de que Deus é Amor, ele usou de uma metáfora muito feliz, quando comparou Deus a um pai. “Pense no seu pai, que o ama, que o compreende, que o perdoa. Se o seu pai o ama e é ainda imperfeito, imagina se seu pai fosse toda a perfeição. Esse pai perfeito, de que Jesus falava  é Deus, que não é apenas seu pai, mas pai de toda a humanidade e é por isso que somos todos irmãos”. É claro que Jesus não poderia comparar Deus a uma mãe, uma vez que a mulher na época não tinha prestígio ou autoridade.

 Quando Kardec perguntou aos Espíritos o que é Deus, conforme a primeira questão de O LIVRO DOS ESPÍRITOS, eles simplesmente responderam: “Inteligência suprema, causa primária de todas as coisas”. Mais do que isso não é necessário para compreender que a idéia de Deus depende de nosso estágio de evolução e que, portanto, cada um faz de Deus a ideia que lhe está ao alcance.


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