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segunda-feira, 31 de maio de 2021

FUNÇÃO NOBRE DA MEDIUNIDADE; EM BUSCA DA VERDADE COM O PROFESSOR

Quando Allan Kardec escreveu n’ O LIVRO DOS MÉDIUNS que a “mediunidade é inerente ao homem, podendo dizer-se que todo mundo é, mais ou menos, médium” e, que a “faculdade propriamente dita é orgânica”, ainda não se tinha no Mundo Ocidental associado a mesma à glândula pineal ou epífise. Escolas religiosas da Antiguidade, contudo, já dominavam tal conhecimento e o próprio filósofo e matemático René Descartes a considerava a sede da alma. Kardec foi além, escrevendo que “o médium fez pelo Mundo Invisível o mesmo que o microscópio pelo mundo dos infinitamente pequenos”, diante da quantidade espantosa de informações vertidas do Plano Espiritual abrindo caminho para uma compreensão mais precisa sobre a razão de ser e existir. O tempo foi consagrando o acerto de suas afirmações com os Espíritos do Senhor fomentando o surgimento de inúmeras alternativas para o acesso das criaturas humanas aos princípios da Verdade concernente à sua própria imortalidade. Múltiplas formas de manifestação por sinal classificadas previamente pelo erudito pesquisador foram despertando consciências ao redor do Planeta em que vivemos. No Brasil, o caso Chico Xavier, especialmente, nas três últimas décadas de sua tarefa, constitui-se em importante e segura fonte de pesquisa. Sobre essa fase, afirmou que “como médium, essa tarefa das cartas de consolação aos familiares em desespero na Terra foi o que sempre mais me gratificou”, pois, “não existe sofrimento maior do que a dor de perder um filho”. Acrescentou outra ocasião que “os Espíritos ainda não encontraram uma palavra para definir a dor de um coração de mãe quando perde um filho”. E esse conforto em grande parte deve-se à mediunidade que interliga diferentes Dimensões existenciais. Prova disso é o trabalho do também médium norte-americano James Van Praagh, autor do livro autobiográfico CONVERSANDO COM OS ESPÍRITOS (salamandra,1998). Convivendo com a paranormalidade desde a infância sem que compreendesse bem suas percepções, já adulto acatou os conselhos de outro sensitivo, buscou instrumentalizar-se de conhecimentos e pôs-se a trabalhar para a Espiritualidade, oferecendo conforto e esperança para pessoas que o procuraram na expectativa – apesar do ceticismo da maioria - de obter algum tipo de informação sobre os porquês da dura separação nunca cogitada nesse mundo em que o materialismo ofusca qualquer possibilidade de atentar-se para outros aspectos da vida. James em seu livro generosamente repassa sua visão pessoal dessa realidade, fundamentando-se não só nas pesquisas que fez, mas também na experiência acumulada ao longo de vários anos de trabalho e convivência com a dor alheia. Exemplificando suas opiniões com casos atendidos, esclarece o pós-morte no caso de transições trágicas, acidentes fatais, AIDS, suicídio, descrevendo o clima de intensa emoção quando de reencontro dos que se amam. Apesar das diferenças culturais e o “modus operandi” fundamentalmente diferente do observado através de Chico Xavier, os resultados surtem o mesmo efeito: aplacam as dores da alma. Pena que poucos médiuns se interessam por se dedicar e aperfeiçoar nessa linha de trabalho. O próprio médium mineiro mostrou outro lado da questão em comentário feito ainda quando encarnado sobre a questão dizendo: -“Não entendo os nossos irmãos que combatem esse tipo de intercâmbio com o Mundo Espiritual. Eles se esquecem de que os que partiram também desejam o contato. O médium, sem dúvida, pode, em certas circunstancias rastrear o Espírito, mas, na maioria das vezes, é o Espírito que vem ao médium. O trabalho da Espiritualidade é intenso. Para que um filho desencarnado envie algumas palavras de conforto aos seus pais na Terra, muitos Espíritos se mobilizam. Isso não é uma evocação. Não raro são os próprios filhos desencarnados que atraem os seus pais aos Centros Espíritas: desejam dizer que não morreram, que continuam vivos na Outra Dimensão, que os amam e que haverão de amá-los sempre”. Falando de si remetendo-nos a uma reflexão, Chico conclui: -“Oro todos os dias pelas mães que perderam filhos, sobretudo em condições trágicas, como um assassinato, por exemplo. Deus há de se compadecer de todas elas!... Quando elas me procuram, é que verdadeiramente posso sentir a minha insignificância para consolar alguém”... Os “doutores da lei” continuam vigilantes e atuantes. Não percebem a importância da oferta desse serviço para a comunidade nem o quanto seria útil para a propagação da mensagem da imortalidade e das realidades que nos aguardam além dessa vida de onde a qualquer momento sairemos para a necessária avaliação do nível de aproveitamento da reencarnação provavelmente ansiosamente aguardada em algum lugar do passado recente ou remoto.


 Este fato foi relatado por um senhor que procurou o Centro. Ele contou que, quando jovem, distratou de forma cruel um colega diante dos amigos e, por mais que estes lhe pedissem que se desculpasse, ele, cheio de si, recusou-se terminantemente a atendê-los. A partir de então, o agressor e o agredido nunca mais se encontraram. Muitos anos se passaram, até que um dia, já idoso, ao entrar num banco, o agressor se deparou com sua antiga vítima, agora muito envelhecido e doente, amparado por um jovem, certamente um cuidador. Imediatamente, a cena do passado lhe veio à memória e uma angústia tomou conta de seu coração. Teve ímpeto de se aproximar, identificar-se e ajoelhar a seus pés e pedir perdão, mas nada conseguiu fazer. Ele acha que nem foi reconhecido. Dias depois, no entanto, levou um segundo choque ao saber que seu antigo desafeto havia falecido e ele havia perdido a segunda chance de pedir perdão. Desde então, passou a amargar no peito uma terrível sensação de culpa e impotência.

 Relatos como este só vêm confirmar o quanto Jesus estava certo ao recomendar o perdão e o amor até mesmo aos inimigos. É claro que o caso narrado por esse senhor não se dá com todo mundo dessa mesma  maneira, mas ele revela, sem dúvida, que todos nós, independente de quem seja, estamos regidos por uma lei universal que manda, acima de tudo, que pratiquemos o bem e saibamos perdoar. Essa lei mora na consciência moral de cada um de nós.

 Por mais nos afastemos do mandamento maior, por maior estardalhaço que façamos na vida, procurando esquecê-lo ou silenciá-lo, nunca conseguiremos nos desvincular de Deus, nunca apagaremos de nossa consciência o dever de amar. Mais cedo ou mais tarde, no decorrer da vida – seja desta vida, seja de outra que ainda está para acontecer – essa voz interior, que aponta para o amor, falará aos nossos ouvidos, lembrando de nossos deveres.

  O orgulho e o egoísmo com que atingimos os outros – tanto quanto o egoísmo e o orgulho com que outros nos atingem -  cedo ou tarde entrarão em conflito com sua consciência moral, dizendo-lhe o que deveria ter feito e não fez, ou o que não deveria ter feito e fez.  Todos somos filhos de Deus, que é Amor, e é imperioso que nos liguemos uns aos outros pelos laços do amor.

 Por isso, Jesus insistiu tanto no perdão, até no último momento de sua vida, lembrando que, antes mesmo de pensarmos em adorar a Deus, devemos primeiro procurar o adversário para se reconciliar com ele. Essa providência acontece pela necessidade de resolvermos, o mais breve possível, nossas diferenças, pois, com o passar do tempo, elas se tornam maiores e mais difíceis de serem aparadas.

 Logo, a questão não é apenas perdoar quem nos ofende, mas também pedir perdão para aqueles a quem ofendemos. Caso contrário, como aconteceu com esse senhor, que trouxe seu problema, prosseguiremos em conflito conosco mesmos, numa briga interior entre a obrigação e a disposição para cumpri-la. Tanto quem perdoa, quanto quem precisa de perdão, necessitam antes de tudo de humildade, o primeiro degrau para adquirirmos todas as demais virtudes.


  

sábado, 29 de maio de 2021

JÁ SABIAM- Mehemet Ali ; EM BUSCA DA VERDADE COM O PROFESSOR

 38 – Os sacerdotes do Antigo Egito Recebiam manifestações de Espíritos? - Sim. 39.- As manifestações recebidas pelos sacerdotes egípcios tinham a mesma fonte que as recebidas por Moisés? - Sim. Este foi iniciado por aqueles. 40.- Por que, então, as manifestações recebidas por Moisés eram mais potentes que as recebidas pelos sacerdotes egípcios - Moisés queria revelar, enquanto os sacerdotes egípcios queriam apenas oculta-Ias. 41.- Pensais que a doutrina dos sacerdotes egípcios tivesse quaisquer ligações com a dos indianos? - Sim. Todas as religiões-mães estão ligadas entre si por laços quase invisíveis: procedem de uma mesma fonte. 42.- Destas duas religiões, isto é, a dos egípcios e a dos indianos, qual a matriz? - Elas são irmãs. 43.- Como é que vós, que em vida éreis tão pouco esclarecido sobre estes assuntos, podeis agora responder com tanta profundeza? - Outras existências me ensinaram. O trecho é da curiosa entrevista feita na reunião de 16 de março de 1858 com o um Espírito chamado Mehemet-Ali, desencarnado em 1849. Nascido em 1769, em Kavala, na Romélia, em 1805, foi feito Quediva – espécie de Vice-Rei - do Egito, tendo participado, ao lado do Sultão, da guerra greco-turca, voltando-se, posteriormente, contra o aliado. Historicamente de 1805 a 1848 exerceu a função de Governador do Império Otomano, em nome do Sultão, sendo considerado o fundador do Egito Moderno, introduzindo grandes reformas no País, entre elas a construção de canais de irrigação para melhor distribuição das águas do Rio Nilo, construção de prédios, instituição de novas Leis, impostos e a modernização do exercito, tendo conseguido considerável autonomia frente ao Império Otomano ampliando, consideravelmente, suas fronteiras. Apesar dos nove anos transcorridos desde sua desencarnação, Mehemet-Ali, informou não ter ainda uma lembrança nítida de sua ultima existência, sentindo-se ainda sob efeito da morte física do corpo em que se encontrava encarnado. Lembrava-se, porém, de ter sido na penúltima existência física socialmente uma pessoa pobre que invejava as grandezas terrenas, subindo na escala social na volta às experiências materiais, para experiênciar a condição da riqueza, dizendo que se puder renascer na Terra novamente, escolheria uma vida obscura onde os deveres são menores, visto que na recém-terminada representou a vaidade do nada, quisera conduzir homens, sem saber conduzir a si mesmo. Sobre ser acusado de atos de grande crueldade, disse estar expiando-os, vendo inclusive aqueles que mandara massacrar; que ele e seu inimigo Sultão Mahmud fogem um do outro pela aversão reciproca que alimentam. Solicitado a opinar sobre as causas da decadência moral do Egito da Antiguidade, disse que a corrupção dos costumes foi determinante; que tinha pleno conhecimento de suas existências anteriores, exceto a última, tendo vivido por três vezes ao tempo dos Faraós, como sacerdote ao tempo de Sesóstrotris, como mendigo e como príncipe. No número de novembro de 1858 da REVISTA ESPÍRITA, Allan Kardec reproduz uma segunda entrevista com o Espírito Mehemet-Ali, ampliando um pouco o conteúdo da primeira manifestação. A propósito da construção das pirâmides, revelou que eram sepulcros e templos, onde se davam grandes manifestações; que não tinham objetivo científico, visto que o interesse religioso absorvia tudo; que o homem foi a máquina utilizada em sua construção, absorvendo massas deles que gemeram sob o peso daquelas pedras; povo que trabalhava sob o domínio da força. Perguntado de onde os egípcios tiravam o gosto pelas coisas colossais em vez das graciosas como os gregos, afirmou que os egípcios eram tocados pela grandeza de Deus, procurando igualá-lo, superando suas próprias forças, comportamento típico do homem. Sobre a existência em que fora sacerdote, informou que governantes e governados, corrompidos, acreditavam em seus sacerdotes tendo por deuses aqueles que os mantinham sob o jugo; que sobre a vida após a morte, acreditavam no que diziam os sacerdotes; que os grandes do Estado oscilavam entre as crenças do povo e a dos sacerdotes; que a origem do culto prestado aos animais resultara do desejo de desviar o homem de Deus e mantê-lo sob seu domínio, dando-lhe como deuses seres inferiores; que a utilização de animais como serpentes e crocodilos baseava-se no fato do homem adorar aquilo que teme, constituindo-se num jogo para o povo, visto que em toda parte o homem procura deuses para esconder aquilo que é; que a representação de Osíris com a cabeça de um gavião e Anúbis com a cabeça de um cão, surgira do fato de que o egípcio gostava de personificar sob a forma de emblemas claros: Anúbis era bom; o gavião que estraçalha representava o cruel Osíris. Sobre a contradição entre o respeito pelos mortos e o desprezo e horror pelos que os enterravam e mumificavam, esclareceu que o cadáver era um instrumento de manifestações, pois pesavam que o Espírito voltava ao corpo que havia animado, sendo o corpo um dos instrumentos do culto, por ser sagrado, nascendo a perseguição do fato de terem ousado violar a santidade da morte; que a conservação do corpo dava lugar a numerosas e longas manifestações; revelou também que no Egito a iniciação era feita através de práticas mais rigorosas que na Grécia, impostas para que só houvesse almas superiores que sabiam compreender e calar; concluindo, por fim,  que todo ensino estava muito corrompido, já que o fim dos sacerdotes era dominar e não instruir.

 Uma ouvinte nos passou a seguinte experiência, dizendo o seguinte: “ Uma coisa que a vida me ensinou é quando eu estava muito atormentada com um problema e, de repente, alguém me procurou e expôs um problema mil vezes maior que o meu, pedindo ajuda. Naquele momento, eu me senti forte e vi que o meu problema não era nada diante do problema do outro.”

 É o que geralmente acontece. Quase sempre damos demasiado valor ao nosso próprio problema e nos concentramos tanto nele que parece não existir outro no mundo. Trata-se de uma postura prejudicial, que acaba  nos sufocando de tal forma que não vemos mais saída, revoltamos e rebelamo-nos contra a vida e contra Deus. Contudo, se conseguirmos ver o problema de outra pessoa naquele momento -  algumas vezes, bem mais difícil e complicado que o nosso -  acabamos, por comparação, percebendo que o nosso não é tão grave assim.

  O maior obstáculo de um problema, seja ele qual for, está na barreira emocional que criamos contra nós mesmos, obstruindo nosso raciocínio e capacidade de agir. É por isso que precisamos de Deus para nos acompanhar em todos os momentos da vida.  É por isso que a oração é importante. Não nos referimos a um deus que está distante lá no céu, mas ao Deus que está em nós e que se manifesta através de nós quando encontramos nosso ponto de equilíbrio.

 A prece ou oração tem um valor extraordinário em nossa vida, mas somente quando essa prece é uma manifestação sincera de nosso sentimento. Um bom pensamento é uma prece. No seu caso, em particular, bastou que alguém contasse seu problema e lhe pedisse ajuda, para despertar em você um sentimento nobre, uma boa intenção. Naquele momento, o simples desejo de ajudá-la, porque você se compadeceu dela, fez com que Deus se manifestasse em você, alimentando seu coração de fé, disposição e coragem.

 Não foi por outro motivo que Jesus insistiu tanto no amor ao próximo. Quando nos dispomos a ajudar alguém, nossos problemas ficam parecendo menores, porque renovamos a fé que temos em Deus e em nós mesmos. É ajudando o outro que nos ajudamos, é dando que recebemos, como diz Francisco de Assis em sua oração. Valeu a experiência. Conte isso a outras pessoas e se convença, cada vez mais, de seu potencial de amor.

 

 

sexta-feira, 28 de maio de 2021

DUROS DE CORAÇÃO; EM BUSCA DA VERDADE COM O PROFESSOR

 Procedimento terapêutico como Constelação Familiar desenvolvido pelo alemão Bert Hellinger demonstra o acerto da revelação apresentada pelo Espiritismo ainda no século 19 sobre o fato de que “um indivíduo renasce na mesma família, ou, pelo menos, os membros de uma família renascem juntos para constituir uma família nova noutra posição social, a fim de apertarem os laços de afeição entre si, ou reparar agravos recíprocos”. Por sinal, a informação de Allan Kardec, vai além, dizendo que embora compromissos assumidos por famílias, não são resgatados por descendentes, visto que ninguém paga pelos erros de outrem, mas, sim, reencarnando no mesmo grupo familiar, o infrator ressurge como, por exemplo, bisneto de si mesmo, no sentido de retificar insensatas ações.  O desconhecimento dessa visão da família resulta, porém, em muitos fracassos nos programas evolutivos cumpridos em nossa Dimensão, bem como, na morosidade com que o Ser avança mais alguns passos no caminho do progresso espiritual. Prova disso nos é oferecido no excelente livro FILHOS DA DOR (inteLitera, 2010), do professor e Mestre em Direito Penal, além de Delegado de Polícia Vilson Disposti e que sensibilizado pelos casos que observava no exercício de uma de suas atividades em prol da garantia de Lei, fundou uma instituição denominada Casa do Caminho Ave Cristo, na cidade  de Birigui, interior de São Paulo.  A obra prefaciada pelo médium Divaldo Pereira Franco, constitui-se num dos mais bem escritos trabalhos a respeito de um dos avassaladores e crescentes problemas – na verdade, um sintoma -, enfrentado pela sociedade contemporânea: a dependência química. Expõem não só o fato da sua origem ser repercussão do modelo familiar vivenciado por parte da sociedade desde o final do século XX, mas, também a dureza de corações nele reunidos. Isso fica patente, sobretudo, nalguns dos exemplos selecionados pra ilustrar os argumentos do inspirado e experiente escritor. Num deles, “os pais de um rapaz de 25 anos, que lutavam para afastar o filho da dependência, crendo que a retirada do mesmo do meio social em que vivia solucionaria o problema, decidiram enviá-lo a outro país, e tendo adotado as providências necessárias, inclusive do emprego garantido, às vésperas da viagem, viram o filho desaparecer por duas semanas com o dinheiro reservado e o único carro da família, após o que o impediram de entrar em casa, decidindo que deveria ser excluído da família, o que o levou a morar na rua, disputando com outros viciados, a guarda de carros estacionados, e, mesmo convencido por amigos a internar-se no Centro Ave Cristo, abandonou a terapia, preferindo a condição de morador de rua, recusando-se a qualquer tratamento”. Noutro, repete a resposta de um dos assistidos da instituição que “indagado se saberia dizer o que o teria levado às drogas explicou ter sofrido muito com a separação de seus pais, que seu genitor constitui nova família, não lhe dando mais atenção, limitando-se ao pagamento obrigatório da pensão alimentícia. Executivo de uma das maiores construtoras do país, quando comunicado de sua dependência química aos 15 anos, ignorou, pedindo para não ser aborrecido com esse assunto, dizendo que só vai para a droga quem quer. A razão de ter procurado a clínica era sair das drogas para mostrar a ele ser capaz, na esperança que o pai ainda sinta orgulho dele”. Três meses após a internação demonstrando evidentes sinais de sua recuperação, questionado sobre o que de tristeza em seu semblante, desabafou dizendo de sua ansiedade por uma carta ou ligação telefônica de seu pai, infelizmente frustrada, indagando se ele havia feito contato com a clínica. Procurado, agradecendo pela tentativa de ampará-lo, o genitor declarou ser o filho maior de idade, nada mais podendo fazer por ele. Quanto à mãe, às vésperas da liberação do moço dos oito meses do bem sucedido tratamento, antecipando-se à manifestação do filho em tenso diálogo que mantinham, declarou: - “Desejaria deixar claro uma coisa: eu não vou abrir mão da minha cervejinha diária. Em minha geladeira, sempre guardo algumas de reserva e agora esse menino vem com essa conversa de que tem medo de não se segurar por causa disso. Assim, ele não poderá voltar a morar comigo”. Como dito pelo psicanalista Eduardo Kalina, várias vezes citado pelo Dr Vilson Disposti, “o desejo pelo tóxico é induzido socialmente, para diminuir as ansiedades geradas pelas frustrações afetivas”. O livro é permeado por outros impactantes exemplos, constituindo-se em importante instrumento de avaliação do grave problema social, não só no seu enfrentamento, mas quem sabe também da sua prevenção.


 

  Eu nunca prestei atenção naquela história de Jesus ter transformado água em vinho.  Agora, quando ouvi um comentário do programa sobre isso, é que fui acordar para essa questão. Então pergunto: se a bebida alcoólica é um mal, porque levam as pessoas ao vício, chegando a ser um problema social dos mais graves, por que Jesus fez esse milagre? Não deveria ser o contrário, transformar o vinho em água?

   Independente da questão se Jesus estava ou não incentivando a bebida, quando lemos os evangelhos ou quaisquer dos livros da antiguidade, incluindo os da Bíblia, devemos considerar alguns pontos importantes: o tempo que nos separa dos fatos, a falta de precisão dos textos que foram escritos muitos anos depois dos fatos, as ideias e as crenças e as interpretações da época e as alterações que devem ter ocorrido nos próprios textos, antes da invenção da imprensa.

 Vamos citar, aqui, o texto do evangelho de João, que diz o seguinte: “No terceiro dia houve um casamento em Caná da Galiléia. A mãe de Jesus estava ali; Jesus e seus discípulos também haviam sido convidados para o casamento. Tendo acabado o vinho, a mãe de Jesus lhe disse: “Eles não têm mais vinho”. Respondeu Jesus: “Que temos nós em comum, mulher? A minha hora ainda não chegou”. Sua mãe disse aos serviçais: “Façam tudo o que ele lhes mandar”.

 Ali perto havia seis potes de pedra, do tipo usado pelos judeus para as purificações cerimoniais; em cada pote cabiam entre oitenta e cento e vinte litros[. Disse Jesus aos serviçais: “Encham os potes com água”. E os encheram até a borda. Então lhes disse: “Agora, levem um pouco ao encarregado da festa”. Eles assim fizeram, e o encarregado da festa provou a água que fora transformada em vinho, sem saber de onde este viera, embora o soubessem os serviçais que haviam tirado a água.

 Então chamou o noivo  e disse: “Todos servem primeiro o melhor vinho e, depois que os convidados já beberam bastante, o vinho inferior é servido; mas você guardou o melhor até agora”. Este sinal miraculoso, em Caná da Galiléia, foi o primeiro que Jesus realizou. Revelou assim a sua glória, e os seus discípulos creram nele.”

   Embora o texto tenha sido escrito cerca de 50 anos depois do acontecimento, João fora discípulo de Jesus quando ainda muito jovem. Contudo, ele foi o único dos evangelistas a narrar esse episódio. Por ter sido considerado o primeiro milagre de Jesus, é estranho que os outros evangelistas o tenham omitido.  Além do mais, se trata de um simples fato material, uma demonstração de poder mágico. E é também estranho que Jesus, cujos ideais eram tão sublimes, se sujeitasse a praticar atos de magia, sem visar a um propósito mais nobre.

Allan Kardec, no livro A GÊNESE ( que trata, entre outras coisas, dos milagres do evangelho) chega a dizer que pode se tratar apenas de mais de uma parábola, como a parábola (um tanto contraditória) da figueira que secou, e que acabou sendo transformada em fato real.  Todavia, considerando que a descrição correspondesse ao fato - pois, sempre há uma tendência ao exagero em torno da figuras emblemáticas, como Jesus  - mesmo assim, devemos levar em conta que o vinho fazia parte da mesa do judeu do primeiro século e a vinicultura, que é a cultura a uva, era uma das forças econômicas daquela nação. Além do mais, é bem possível que o melhor vinho fosse feito à base do suco de uva, sem a adição de álcool, como acontece hoje em dia

quinta-feira, 27 de maio de 2021

INDICADOR DA PRECARIEDADE DA HUMANIDADE TERRENA; EM BUSCA DA VERDADE COM O PROFESSOR

  Há apenas 155 anos discutia-se na França, berço das grandes transformações sociais e culturais operadas no tempo que decorrido passou, se as primeiras mulheres a concluir um curso universitário deveriam receber diplomas, pois, não se sabia se tinham alma. Tratada como inferior desde épocas imemoriais, mesmo o impasse acadêmico, os avanços foram pequenos, em algumas nações e povos. Muitos ainda vivem no primitivismo da Antiguidade, subjugados por princípios religiosos incompreensíveis num Universo criado e regido, segundo creem, por Deus. Nas sociedades ditas desenvolvidas a maioria das mulheres continua submissa, sub-remuneradas no mercado de trabalho em relação ao homem, transformada em objeto de desejo pela mídia que se vale dessa condição para vender de carros a bebidas, de roupas a padrões de comportamento. E, apesar da degradação espiritual de que indiretamente é causadora, algumas galgam pela competência e trabalho posições inimagináveis outrora como executivas maiores de grandes corporações ou mesmo máximas mandatárias de Países.  O quadro dominante, porém, mostra que o conhecimento maior da visão revolucionária do Espiritismo é necessidade urgente. Já, n’ O LIVRO DOS ESPÍRITOS, a Espiritualidade Superior revelou nas questões 200 a 202, que: 1o) o Espirito não tem sexo como o entendemos, 2º) a formatação masculina/feminina está condicionada à necessidade da preservação da espécie humana; 3º) o Espírito que animou o corpo de um homem animar o de uma mulher, numa existência e, vice-versa; 4º) dependem as inversões das provas que tiver de sofrer; 5º) que os Espíritos encarnam-se homens ou mulheres porque não tem sexo – apenas a energia criativa que se define numa direção ou outra a partir do corpo perispiritual - e, 6º) devendo progredir em tudo, cada sexo, como cada posição sexual, oferece-lhe provas e deveres especiais e novas condições de adquirir experiências, visto que se renascesse sempre homem, só saberia o que fazem os homens. Em mensagem mediúnica inserida por Allan Kardec no número de abril de 1868 da REVISTA ESPÍRITA, entidade identificada apenas como Um Espírito que se manifestou em reunião ocorrida em 10 de março daquele ano num grupo de Joinville, escreveu um texto intitulado Instrução Das Mulheres, dizendo: -“Neste momento a instrução da mulher é uma das mais graves questões, porque não contribuirá pouco para realizar as grandes ideias de liberdade, que dormem no fundo dos corações. Honra aos homens de coragem que tomaram a iniciativa! Eles podem, de antemão, estar certos do sucesso de seus trabalhos. Sim, soou a hora da libertação da mulher.; ela quer ser lovre e para isto há que libertar sua inteligência dos erros e preconceitos do passado. É pelo estudo que ela alargará o círculo de seus conhecimentos estreitos e mesquinhos. Livre, ela assentará sua religião sobre a moral, que é de todos os tempos e países. Ela quer ser a companheira inteligente do homem, sua conselheira, amiga, instrutora de seus filhos e não um joguete de que se serve como uma coisa, e que depois se despreza para tomar uma outra. Ela quer trazer sua pedra ao edifício social, que se ergue neste momento ao poderoso sopro do progresso. É verdade que, uma vez instruída, ela escapa das mãos daqueles que a convertem num instrumento. Como um pássaro cativo, quebra sua gaiola e voa para os vastos campos do Infinito. É verdade que, pelo conhecimento das leis imutáveis, que regem os mundos, ela compreenderá Deus de modo diferente do que lhe ensinam; não acredita mais num Deus vingador, parcial cruel, porque sua razão lhe dirá que a vingança, a parcialidade e a crueldade não se podem conciliar com a justiça e a bondade. O seu Deus, dela, será todo amor, mansuetude e perdão. Mais tarde ela conhecerá os laços de solidariedade, que unem os povos entre si, e os aplicará em seu derredor, espalhando com profusão tesouros de caridade, amor e benevolência para todos. A qualquer seita a que pertença, saberá que todos os homens são irmãos e que o mais forte não recebeu a força senão par proteger o fraco e o elevar na sociedade ao verdadeiro nível que deve ocupar. Sim, a mulher, é um Ser perfectível como o home e suas aspirações são legitimas; seu pensamento é livre e nenhum poder no mundo tem o direito de a escravizar aos seus interesses e paixões. Ela reclama sua parte de atividade intelectual, e a obterá, porque há uma lei mais poderosa do que todas as leis humanas, a Lei do Progresso, à qual toda Criação está submetida”.

  Existe uma passagem do evangelho em que Pilatos pergunta a Jesus o que é a verdade e Jesus não responde. Ele havia dito que veio a este mundo ensinar a verdade. O que é a verdade para Jesus?

  A questão do que é a verdade já vinha sido debatida séculos antes de Jesus pelos filósofos. Um famoso pensador da antiguidade dissera, “a verdade é o que é”, e todos ficamos sem entender... Pois saber a verdade parece uma questão muito simples, uma vez que  cada um de nós, do seu próprio ponto de vista, é capaz de dizer o que é ou o que não é verdade.

 Por isso mesmo, um outro filósofo da Grécia antiga, constatando a existência de muitas verdades a respeito de uma mesma coisa, conforme o ponto de vista das pessoas, afirmara: “O homem sabe das coisas aquilo que ele pensa que as coisas são” – ou seja, cada um de nós tem a sua própria verdade sobre tudo e sobre todos.

Mas o ser humano vive em grupo. Ninguém sabe viver sozinho. Temos necessidade de compartilhar nosso pensamento com outras pessoas – seja na família, na roda de amigos, num grupo político ou religioso. E desse modo, a verdade adquire uma conotação de ente coletivo. Dentro de uma religião, por exemplo, existem verdades que seus seguidores se esforçam para aceitar, a fim de se identificarem uns com os outros.

 Pilatos, governador da Judéia, com certeza, já lera muito sobre verdade e conhecia o pensamento da época. Por isso, quando Jesus disse que veio trazer a verdade, ele a considerou como uma verdade particular de Jesus, pois estava convencido de que não existia um conceito de verdade que serviria para todo mundo.  Jesus não respondeu, certamente, porque percebeu que, assim,  Pilatos não estava preparado para compreender o alcance de suas palavras.

  A verdade, a que Jesus se referia, porém, estava além da compreensão da maioria das pessoas, porque não se tratava de uma verdade simples e objetiva ( como 2+2 são 4, por exemplo), mas de uma verdade que ia além da inteligência, além dos sentidos, além das formas e concepções humanas, porque implicava, acima de tudo, na verdade do amor - ou seja, na identificação do sentimento com a vontade suprema de Deus. 

Não vivemos apenas da verdade que se revela aos nossos sentidos, mas vivemos sobretudo dos sentimentos que nos governam a vida, em torno dos quais giram todos os nossos interesses e para os quais dedicamos todos os nossos esforços. A verdade, portanto, não pode estar aqui ou ali, numa casa ou num templo, com esta ou aquela pessoa, mas na intimidade de cada um de nós.

Por isso que Jesus afirma que “onde está o teu tesouro, aí está teu coração”. Esse tesouro é espiritual, são os sentimentos de cultivamos, a meta que queremos alcançar. Se ele se constituir de coisas fúteis ou passageiras, com certeza, não terá vida duradoura e morrerá com as nossas decepções e desenganos. Contudo, se ele se concentrar no amor fraterno ( que é o sentimento que nos une a Deus), agora ou depois desta vida, ele continuará vivo no mais íntimo de nossa alma.

 A verdade para Jesus, portanto, é Deus, e Deus é amor. Como disse Paulo, “... e nada existe fora desse amor”. Ou seja, toda a verdade está em Deus, toda verdade está no amor – ou seja,   na prática do bem, que é a verdadeira manifestação de Deus através de cada um de nós.



quarta-feira, 26 de maio de 2021

COMENTÁRIOS NO PLANO ESPIRITUAL; EM BUSCA DA VERDADE COM O PROFESSOR

 Já nos anos 80 do século XX, as estatísticas mostravam um crescimento vertiginoso de mortes de jovens de forma natural ou acidental, precipitando familiares, sobretudo mães e pais, no abismo da dor e sofrimento moral nunca imaginado na “zona de conforto” em que viviam. Uma avaliação da evolução desses índices de lá para cá, revelarão um aumento exponencial de tais casos. Claro que o exercício do livre arbítrio continua a produzir vítimas a todo instante neste Planeta, revelado pelo Espiritismo como situado na faixa das Expiações e Provas, impondo de forma inexorável – embora gradual – os efeitos daquilo que causamos com nossas ações, motivadas, invariavelmente, por anseios de projeção ou exploração no meio em que as criaturas se acham inseridas. Naturalmente associada à evolução das densidades demográficas observadas nos diferentes continentes, o fato é que o Espiritismo acrescenta dado sugestivo na análise desses acontecimentos. Uma mensagem psicografada pelo médium Chico Xavier confirma isso. Na verdade era a segunda recebida de um jovem – Luiz Roberto Estuqui Jr -, desencarnado em 4 de janeiro de 1984, num acidente nas imediações de Araraquara (SP), a caminho de São José do Rio Preto (SP), localidade em que residia. A primeira carta, psicografada na reunião publica de 24 de fevereiro, apenas 50 dias após sua trágica morte, revela aspectos curiosos, embora óbvios: quem morre não aceita facilmente o abandono dos projetos perseguidos; o chamado corpo espiritual ou períspirito é submetido a tratamentos específicos; familiares desencarnados há mais tempo geralmente assistem o recém-chegado para numa faixa menor de tempo se readaptar à vida de que se afastou um dia para reencarnar. No caso de Luiz Roberto, um dos seus acompanhantes foi um tio – Fausto João Estuqui – vitima de fatal acidente de avião nas imediações de Votuporanga (SP), oito anos antes. Foi através dele que o jovem comunicante obteve a resposta procurada por muitos, notadamente os que são surpreendidos pelas perdas de entes queridos. E não só esclarece a dúvida acalentada por tantos, como oferece em seguida seu próprio exemplo para os que querem refletir. Relata Luiz Robert em sua carta de 15 de setembro de 1984: - “O tio Joaozinho, a quem levo as suas perquirições para estudo, e por entender melhor a vida, me respondeu que, por amigos daqui, veio a saber que milhões de pessoas estão passando pela desencarnação no tempo áureo da existência, porque nos achamos numa fase de muitas mudanças na Terra. E aqueles Espíritos retardatários em caminho, quando induzidos a considerar a extensão das próprias dívidas, aceitam a prova da desencarnação mais cedo do que o tempo razoável para a partida, e são atendidos com a separação de pais e afetos outros, no período em que mais desejariam continuar vivendo, em razão do tempo que perderam com frivolidades nas vidas que usufruíram. São muitos os companheiros que se retiram da Terra, compulsoriamente, das comodidades humanas em que repousavam, de modo a rematarem o resgate de certos débitos que os obrigavam a sofrer no âmago da própria consciência”. Atendo-se ao caso, do próprio informante, Luiz Roberto escreveu: -“Ele mesmo, o tio Joãozinho, me explicou que tendo pedido exames para saber o motivo pelo qual perdeu o corpo numa queda de avião, foi conduzido, por Menores competentes, junto dos quais pôde ver, num processo de regressão, as causas da desencarnação violenta pelo qual foi obrigado a alcançar. Disse-me que conseguiu observar cenas tristes de que fora protagonista, há mais de trezentos anos, nas quais se via na posição de algoz de vasta comunidade humana, atirando pessoas em poços de tamanho descomunal, por motivos sem maior importância. Assim, ele precipitou muita gente do alto de montes ásperos e empedrados, com o objetivo de conquistar destaque nas posições da finança e do poder. As faltas cometidas permaneceram impunes, por ausência de autoridades nas localidades de sua atuação, mas, perante a Justiça Divina, os disparates levados a efeito foram assinalados para resgate em tempo oportuno. Desse modo, o tio afirmou que tendo arrasado a vida de muita gente, do ápice de montanhas alcantiladas e espinhosas, conseguiu liberar-se com a angústia por ele sofrida na queda da máquina que o resguardava. Disse-me que a morte o liberava de pagamentos quase inexequíveis, já que devia unicamente o remate de débitos contraídos, considerava o acidente aéreo uma solução benigna para ele que se vê agora, sem a mácula de culpa alguma”. Evidencia-se desta forma as sutilezas da Lei de Causa e Efeito, administrando os processos evolutivos dos habitantes da Terra.


 Uma senhora nos telefonou para falar sobre o caso de uma pessoa da família que há muito tempo vem passando por um tratamento psiquiátrico sem demonstrar melhoras. Ela contou que, a partir de certa idade, esse familiar surtou e passou a ter dois comportamentos, como se fossem duas pessoas diferentes. Já passou por várias internações, mas os médicos dizem que a doença não tem cura. Soube, então, que haveria possiblidade de cura no Espiritismo, pois pode ser uma obsessão.

 Problemas dessa natureza sempre chegam ao centro espírita, mas geralmente não são tão simples como podem parecer. Não se trata apenas de expulsar algum obsessor que estaria causando esse transtorno, até porque, segundo a concepção espírita, mesmo que se trate de uma obsessão, devem haver causas no passado desse paciente. Podemos afirmar que toda doença mental, ainda que tenha como causa próxima alguma anomalia cerebral, sempre tem um ascendente espiritual – ou seja, deve ser um problema da alma.

 Mas é bom, antes de mais nada, que a senhora procure se informar melhor. Primeiro, sobre o Espiritismo e, em segundo lugar, como o Espiritismo aborda esse problema e como aponta caminhos.  Neste período de isolamento social, quando os centros ainda estão fechados, se a senhora buscar na internet informações, vai encontrar uma série de livros espíritas de autoria de profissionais da saúde que tratam especificamente desses casos. Podemos citar a obra intitulada PORQUE ADOECEMOS, volumes I e II, da Associação Médico-Espírita de Minas Gerais, Editora Fonte Viva.

 Enfermidades mentais, graves distúrbios emocionais, geralmente, têm causa tanto nesta como em encarnações anteriores, conforme a concepção espírita. O paciente pode já ter nascido com o comprometimento se a causa for anterior ou pode adquiri-la nesta vida se a causa estiver na atual existência.  Mas, seja numa ou noutra situação, jamais desconsideramos a ação de Espíritos interessados em prejudicar a pessoa – talvez não como a causa principal do problema, mas como fator de agravamento da doença.

 É claro que, para a família, o que interessa é a cura, e o quanto antes melhor. Mas a família precisa entender que, atrás de uma doença, sempre existe uma necessidade espiritual, não apenas do enfermo, mas também da família. A doença de um é a doença de todos. Por isso, todos precisam concorrer para a cura com sua parcela de esforço. A psiquiatria atua com seus próprios recursos, procurando reequilibrar o funcionamento do cérebro. A família, além dos cuidados recomendados, deve procurar assistência espiritual.

 Problemas do passado, deste ou de outras encarnações, podem desencadear certos desarranjos na área cerebral. A busca de solução seria estimular o paciente, que tem momentos de lucidez, para que aos poucos vá assumindo novas posturas diante da vida e de si mesmo. É onde entram os valores espirituais que o Espiritismo recomenda, como a fé em Deus e a necessidade de melhorar os pensamentos, sobretudo praticando boas ações. Isso serve tanto para o paciente como para a família, como dissemos. Desse modo, o tratamento espiritual é uma terapia complementar, que deve atingir a zona mais profunda da alma.

 Lembramos da afirmação de Paulo de Tarso, “o amor cobre as multidões de pecados”. Em linguagem espírita seria:  todo bem que fazemos agora, seja para nós mesmos, seja para o próximo ( e para esses principalmente), ajuda a nos recompor diante de nossa consciência moral, facilitando o auxílio de Deus, através da ação de Espíritos protetores. Por fim, lembramos, como já dissemos, que o Espiritismo oferece dezenas de livros, palestras e entrevistas na internet que abordam a busca de soluções para casos semelhantes.


terça-feira, 25 de maio de 2021

E O LIVRE ARBÍTRIO?; EM BUSCA DA VERDADE COM O PROFESSOR

 Na elaboração d’O LIVRO DOS ESPÍRITOS, as entidades invisíveis consultadas sobre a influência dos Espíritos sobre nossos pensamentos e atos (questão 459), revelaram ser isso “muito maior que se crê, sendo, frequentemente, eles que nos dirigem”. Esclarecendo dúvidas na obra O QUE É O ESPIRITISMO, num dos diálogos ali reproduzidos, Allan Kardec explica que o meio de comunicação mais comum entre os habitantes do Mundo Espiritual e o nosso é a intuição, ou seja, as ideias e pensamentos que eles nos sugerem, por sinal, muito pouco considerado na generalidade dos casos, visto que se presta mais atenção n’outros mais materiais. Diante dessas informações, como se situa o livre-arbítrio nas decisões que eventualmente se adote? No número de agosto de 1867, da REVISTA ESPÍRITA, Allan Kardec reproduz a mensagem de um Espírito de nome Louis Nivard psicografada na reunião da Sociedade Espírita de Paris de 7 de julho daquele ano, tecendo explicações ao seu filho – por sinal o médium de que se serviu – a respeito dos limites da ação do Mundo Invisível sobre nossos pensamentos. Diz ele: -“Assisto a todas as tuas conversas mentais, mas sem as dirigir; teus pensamentos são emitidos em minha presença, mas não os provoco. É o pressentimento dos casos, que tem alguma chance de se apresentar, que faz nascer em ti os pensamentos adequados à resolução das dificuldades que poderiam te suscitar. Aí está o livre-arbítrio; é o exercício do Espírito encarnado, tentando resolver problemas que ergue em si mesmo. Com efeito, se os homens só tivessem as ideias que os Espíritos lhes inspiram, teriam pouca responsabilidade e pouco mérito; só teriam a responsabilidade de haver escutado maus conselhos, ou o mérito de haver seguido os bons. Ora, esta responsabilidade e este mérito evidentemente seriam menores do que se fossem o inteiro resultado do livre arbítrio, isto é, de atos realizados na plenitude do exercício das faculdades do Espírito que, neste caso, age sem qualquer solicitação. Resulta do que digo que muitas vezes os homens tem pensamentos que lhes são essencialmente próprios, e que os cálculos a que se entregam, os raciocínios que fazem, as conclusões a que chegam são o resultado do exercício intelectual, ao mesmo título que o trabalho manual é o resultado do exercício corporal. Daí não se deveria concluir que o homem não seja assistido em seus pensamentos e em seus atos pelos Espíritos que os cercam; muito ao contrário: os Espíritos, sejam bons ou maus, são sempre a causa provocadora dos vossos atos e pensamentos. Mas ignorais completamente em que circunstâncias se produz essa influência, de sorte que, agindo, julgais fazê-lo em virtude do vosso próprio moimento: o vosso livre arbítrio fica intacto; não há diferença entre os atos que realizais sem serdes a eles impelidos, e os que realizais sob a influência dos Espíritos, senão no grau do mérito ou da responsabilidade. Num e noutro caso, a responsabilidade e o mérito existem, mas, repito, não existem no mesmo grau. Creio que esse princípio, que anuncio, não necessita de demonstração. Para o provar, bastar-me-á fazer uma comparação no que existe entre vós. Se um homem cometeu um crime, e se o tiver cometido seduzido pelos conselhos perigosos de outro homem que sobre aquele exerce muita influência, a justiça humana saberá reconhece-lo, concedendo-lhe o benefício das circunstâncias atenuantes; irá mais longe: punirá o homem cujos conselhos perniciosos provocaram o crime, e sem haver contribuído de outra maneira, este homem será mais severamente punido do que o que foi o instrumento, porque foi seu pensamento que concebeu o crime, e sua influência sobre um Ser mais fraco, que o fez executar. Então, o que fazem os homens neste caso, diminuindo a responsabilidade do criminoso, e a partilhando com o infame que o impeliu a cometer o crime, como quereis que Deus, que é a mesma justiça, não fizesse o mesmo, desde que vossa razão vos diz que é justo agir assim? Para o que concerne o mérito das boas ações, que eu disse ser menor se o homem tiver sido solicitado a praticá-las, é a contrapartida do que acabo de dizer a respeito da responsabilidade, e pode demonstrar-se invertendo a proposição. Assim, pois, quando te acontece refletir e passear tuas ideias de um a outro assunto; quando discutes mentalmente sobre os fatos que prevês ou que já se realizaram; quando tu analisas, quando raciocinas, quando julgas, não crês que sejam Espíritos que te ditam os pensamentos ou que te dirigem; eles lá estão, perto de ti, e te escutam; vem com prazer esse exercício intelectual, ao qual te entregas; seu prazer é duplo, quando veem que tuas conclusões são conforme a verdade. Por vezes lhes acontece, evidentemente, que se misturem nesse exercício quer para o facilitar, quer para dar ao Espírito alguns elementos, ou lhe criar algumas dificuldades, a fim de tornar essa ginástica intelectual mais proveitosa a quem a pratica. Mas, em geral, o homem que busca, quando entregue às suas reflexões, quase sempre age só, sob o olhar vigilante de seu Espírito protetor que intervém se o caso for bastante grave para tornar necessária sua intervenção”.



 Gostaria de saber por que sobra tanto sofrimento para as mães. Até hoje, no mundo, o que temos visto são as mães sofrerem por seus filhos – filhos deficientes, filhos doentes, filhos viciados, filhos criminosos. Os pais desses filhos não sofrem tanto, alguns nem se importam com os filhos ou com a família. No entanto, são as mães que sempre carregam esse pesado fardo de sacrifício.

 Observando o caminhar da humanidade e também o que geralmente dizem as obras espíritas, como as de André Luiz por exemplo, podemos concluir que, de fato, o papel da mulher é bem mais difícil e espinhoso que o do homem em relação aos filhos. E essa condição não se encontra apenas e tão somente na espécie humana. Até nos animais podemos perceber a importância da mãe, não só para gerar, mas sobretudo no encaminhamento das suas crias para a vida.

 É claro que, na espécie humana, por se tratar de seres dotados de uma inteligência especial, o papel da mãe se destaca e se estende ainda mais. Enquanto no reino animal chega o momento em que o vínculo mãe-filho se desfaz, no reino humano a mãe continua sendo mãe a vida toda; e mais que isso, as narrativas dos Espíritos têm demonstrando que a mãe continua vinculada aos filhos mesmo no mundo espiritual e até em outras encarnações.

 Em NOSSO LAR, por exemplo, vemos André Luiz resgatado de uma região de sofrimento do plano espiritual por intervenção de sua mãe. No livro LIBERTAÇÃO, a mãe, que desce das alturas para intervir em defesa do filho Gregório ainda atormentado pela sede insana de dominação. Em várias outras passagens, vemos Espíritos, que foram mães na Terra, abrindo mão de seu próprio conforto para virem em socorro de filhos necessitados.

 Ao que tudo indica, os Espíritos que assumem a missão da maternidade, em geral, geralmente são portadores de sentimentos elevados, a tal ponto de se darem totalmente àqueles que ficam sob seus cuidados e proteção. Por isso, são mais fortes e resistentes ao desconforto e mesmo às dores e necessidades físicas.  Não é por outra razão que, aqui na Terra, observando o drama humano em todas aas épocas e lugares, sempre temos a mãe como referência de renúncia e amor verdadeiro.


segunda-feira, 24 de maio de 2021

SUICÍDIO ASSISTIDO, EUTANÁSIA E ESPIRITISMO; EM BUSCA DA VERDADE COM O PROFESSOR

 -“Já vos dissemos e repetimos, muitas vezes, que estais na Terra de expiação para completar as vossas provas, e que tudo o que vos acontece é consequência de vossas existências anteriores, as parcelas da dívida que tendes a pagar”, respondeu o Espírito Bernardim, quando perguntado se “deve-se por termo às provas do próximo, quando se pode, ou devemos, por respeito aos desígnios de Deus, deixa-las seguir o seu curso?”, Conforme reproduzido no capítulo cinco d’O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO. O desconhecimento disso, a não cogitação ou compulsões trazidas no inconsciente de encarnações passadas levam pessoas como Brittany Maynard a optarem pelo suicídio assistido como permitido pela legislação do Oregon e outros cinco Estados norte-americanos, ou a Eutanásia praticada por profissionais de saúde na Holanda, Bélgica e parte da Suíça. Jovem de 29 anos, casada recentemente acometida por tipo raro de câncer na cabeça, escolheu o que se convencionou chamar “morte digna”. No mesmo capítulo do livro citado, colocada a situação-problema de “um homem que agoniza, presa de cruéis sofrimentos, sabendo-se que seu estado é sem esperanças, seria permitido poupar-lhe alguns instantes de agonia, abreviando-lhe o fim”, obteve-se da Espiritualidade a seguinte resposta: -“Mas quem vos daria o direito de prejulgar os desígnios de Deus? Não pode Ele conduzir um homem até a beira da sepultura, para em seguida retirá-lo, com o fim de fazê-lo examinar-se a si mesmo e lhe modificar os pensamentos? A que extremos tenha chegado um moribundo, ninguém pode dizer com certeza que soou sua hora final. A ciência, por acaso, nunca se enganou nas suas previsões? (...) O materialista que só vê o corpo, não levando em conta a existência da alma, não pode compreender essas coisas. Mas o espírita, que sabe o que se passa além-túmulo, conhece o valor do último pensamento. Aliviai os últimos sofrimentos o mais que puderdes, mas guardai-vos de abreviar a vida, mesmo que seja em apenas um minuto, porque esse minuto pode poupar muitas lágrimas no futuro”. Noutra resposta, alerta que “quer o homem se mate ou se faça matar, o objetivo é sempre o de abreviar a vida, e, por conseguinte, há o suicídio de intenção, embora não haja de fato”. O caso da moça americana parece se enquadrar neste. Pergunta-se se a fé não poderia inspirar outra decisão. Provável. Ocorre que ninguém dá o que não tem. As gerações nascidas nas últimas décadas em várias regiões do Planeta, especialmente naquelas em que predomina a cultura materialista, as crianças cresceram e crescem sem qualquer referência sobre seu sentido espiritual, distantes da religião, atualmente incapaz nas escolas dominantes de oferecer respostas lógicas para as mentes argutas dos Espíritos que tem reencarnado. Brittany, como a esmagadora maioria das criaturas humanas ligadas aos processos e programas reencarnatórios, ignoram que “os complexos de culpa determinam inimagináveis alterações no corpo espiritual”, e - como observa o Espírito Emmanuel, através de Chico Xavier - que o “homem vê unicamente o carro orgânico em que o Espírito viaja no espaço e no tempo, buscando a evolução própria, habitualmente não enxergando os retoques de aprimoramento ou as dilapidações que o passageiro vai imprimindo em si mesmo, para efeito de avaliação de mérito e demérito, quando se lhe promova o desembarque na estação de destino”. Pelas regras, ou seja, pelos mecanismos da Lei da Causa e Efeito, a cada momento construímos o próprio destino, resolvendo ou complicando problemas criados com nossas ações deliberadas. E, não fugimos de nós mesmos. A facilidade com que se entregou ao suicídio mesmo que disfarçado de “morte suave”, bem como, a doença rara de que foi acometida, a idade em que se deu; sugerem estar ela presa a decisões radicais que, pela profundidade e extensão com que lesionam e traumatizam as áreas atingidas, plasmam dores e sofrimentos, acrescidos da compulsão para repetir o gesto. Apesar do amparo da lei humana, não conseguirá, porém, fugir das consequências espirituais de seu ato, decretando para si futura existência assinalada pelos efeitos causados na que interrompe, talvez agravados pelos que trazia do passado para se libertar. Sem falar do despertar no Plano Espiritual como observamos na obra LOUCURA E OBSESSÃO (1986, feb), psicografado por Divaldo Pereira Franco, onde o Espirito Manuel Philomeno de Miranda descreve visita feita com o Dr Bezerra de Menezes a um necrotério para auxiliar médium com que o Benfeitor trabalhava, cuja filha, suicida, debatia-se no cadáver enregelado, sem conseguir libertar-se dele, nem ser socorrida em sua aflição.



 Uma ouvinte, com quem conversamos pessoalmente, perguntou por que não colocamos mais orações neste programa. Apesar de termos conversado com ela sobre o assunto, pedimos licença para trazer a questão aos demais ouvintes, por julgarmos muito apropriada aos temas que aqui tratamos.

Quem conhece um pouco de Espiritismo sabe o quanto a prece ou oração é importante para sedimentar e nos fortalecer os bons sentimentos. Toda vez que conseguimos nos recolher,  de fato, no mais intimo da alma, com bons propósitos e com fé em Deus, podemos vivenciar um instante de contato com o que há de mais sagrado no mundo. Jesus nos ensinou a prática da verdadeira oração, quando nos trouxe a pequenina e singela oração que conhecemos como  Pai Nosso.

 Ele mesmo, o Mestre, costumava orar em alguns momentos para falar com o Pai no silêncio da alma, conforme relatam os evangelhos. Por isso mesmo, vendo à frente a multidão que ansiava pela proteção de Deus, recomendou: “Quando quiserdes orar, entrai em vosso quarto e, fechada a porta, orai ao vosso Pai em segredo (ou em silêncio) e vosso Pai, que sabe o que se passa em segredo, vos atenderá.”

 Ao final de cada edição de MOMENTO ESPÍRITA, colocamos uma prece na voz de Chico Xavier, esperando que cada os ouvintes  acompanhem o significado e o sentimento mais profundo das palavras, a fim de encontrar no coração esse ponto de contato com o amor que Jesus ensinou. Achamos que uma única prece no programa é suficiente, lembrando o mestre quando disse:

 “Não vos preocupeis em orar muito em vossas preces, como fazem os gentios, porque eles pensam que é pela multidão de palavras que serão ouvidos. Não vos torneis, pois, como eles, porque vosso Pai sabe do que necessitais antes mesmo de o pedirdes”.

Na verdade, estamos mais preocupados em levar os ouvintes à reflexão. Nosso programa é, sobretudo, informativo. Quando passamos a entender melhor a Lei de Deus, percebemos logo que não estamos neste mundo por acaso, que cada um de nós tem um papel nos planos divinos e, principalmente, que tudo que passamos faz parte de uma experiência importante para o nosso crescimento espiritual.

  A compreensão das leis de Deus clareia o nosso caminho e nos reconforta ao mesmo tempo, porque passamos a um sentido mais elevado à nossa vida, sabendo que nada acontece por acaso e que em nenhum momento da vida estamos sozinhos, por mais difícil a situação. Deus está conosco sempre, não tanto pelas orações, mas sobretudo pela nossa conduta.

 Está bem claro nos evangelhos  que Jesus nos pediu mais ação do que adoração, como na parábola do bom samaritano.  Aliás, não foi por outra razão que ele chamou os fariseus de hipócritas, afirmando que eles traziam a religião nos lábios (porque oravam muito), mas não no coração. Mas as coisas não mudaram muito depois de Jesus: o homem ainda prefere a adoração, como forma de se aproximar de Deus.

 O lado sublime da religião é a prática do bem, o exercício do amor, no dia a dia de nossa vida. Essa prática consiste  no esforço de cada um em conviver bem consigo mesmo e com as pessoas que estão à sua volta, desenvolvendo as virtudes da humildade, da compreensão e da solidariedade para com todos. É nisso que reside a felicidade dos que seguem realmente o Cristo.

 A prece, caros ouvintes, é um sublime encontro com Deus, quando está impregnada de nossos bons propósitos. Por isso, ela é um momento especial de intimo recolhimento, onde o melhor de nós se mostra ao Pai. A sublimidade desse momento não é medida pelo número ou pela duração da prece ou pelo tempo que ela ocupa, mas pela sinceridade do coração. Mais que a oração, no entanto, o bem que podemos fazer e mal que devemos evitar.


domingo, 23 de maio de 2021

RELATIVIDADE DA IDEIA DE DEUS; EM BUSCA DA VERDADE COM O PROFESSOR

- “O Espírito no início de sua fase humana, estupido e bruto, sente a centelha divina em si, pois, adora um Deus, que materializa conforme sua materialidade”, escreveu Allan Kardec em uma de suas ponderadas análises contidas na edição de fevereiro de 1864 da REVISTA ESPÍRITA. Noutra oportunidade, comentou que “a vida humana é uma escola de aperfeiçoamento espiritual e uma série de provas. Por isso é que o Espírito deve conhecer todas as condições sociais e, em cada uma delas, aplicar-se em cumprir a vontade divina”. Nesse contexto, vão surgindo as religiões, organizações humanas que, apesar de resultarem quase sempre de revelações espirituais, institucionalizam tais pensamentos que geralmente se desvirtuam e desfiguram pela ambição dos receptores e administradores da nossa Dimensão. Num planeta como a Terra, classificado como de Expiação e Provas em mensagem mediúnica assinada pelo Espírito que nas convenções da escola religiosa que serviu é identificado como Santo Agostinho, considerando a condição evolutiva predominante, a reencarnação determina sempre, procriação e alimentação, isto é, necessidades da matéria a satisfazer e, assim, entraves para o Espírito”, submetendo as individualidades a provas comoo poder e a riqueza, como a pobreza e a humildade”, que durante várias vidas sucessivas resultam em expiações conhecidas como dores, idiotismo, demência, etc, pelo mal cometido em vida anterior”. O sentimento e pensamento religioso, vai, portanto, refletindo sempre nossa condição evolutiva. Daí a sua persistência após a chegada ao Mundo Espiritual após a morte. No interessante trabalho intitulado CARTAS DE UMA MORTA (lake,1935),segundo livro com produções psicográficas de Chico Xavier, a entidade Maria João de Deus que, entre outras atividades desenvolvidas em nosso Plano foi mãe do médium em meio aos nove filhos a que deu a luz, revela que “são inúmeras as congregações de Espíritos mais apegados às ilusões da Terra que através de muitas organizações se dedicam à salvaguarda de seus ideais religiosos na primeira esfera existente no orbe terráqueo. A Igreja romana, por exemplo, tem aí conventos, irmandades, que defendem seus pontos de vista, e, assim de facção em facção, pode-se compreender a imensidade da luta dos trabalhadores da Verdade. Nas colônias de antigos remanescentes da África,” - conta ela – “vim conhecer costumes esquisitos, como bailados estranhos, ao som de músicas bizarras que me deram a impressão de fandangos, tão da preferência dos escravos no Brasil”. Décadas depois, em meio ao acervo constituído das milhares de cartas/mensagens psicografadas publicamente em reuniões na cidade de Uberaba (MG), perante público procedente de várias partes do País, ostentando diferentes níveis intelectuais, evidencia-se isso. Na assinada pelo jovem Roberto Muskat, filho de família ligada às tradições do Judaísmo, desencarnado aos 19 anos, pouco tempo após seu retorno ao Plano Espiritual, recordando suas primeiras impressões, relata ter participado no educandário-hospital em que convalescia de cerimonias cultivadas pelos seguidores de sua religião. Outro detalhe importante é que o abrigo se encontra em “Erets Israel, ou Terra do Renascimento, cuja beleza é indescritível”. Já Helio Ossamu Daikura, carinhosamente apelidado Tiaminho, integrante de família de Budistas, desencarnado em acidente de transito aos 5 anos, segundo o Espírito Bezerra de Menezes em bilhete psicografado aos pais, esteve “abrigado em Templo dirigido pelo Reverendo Sinnet, grande missionário do Bem, na revelação Budista”. Já a artista Clara Nunes, desencarnada trinta dias após se submeter a cirurgia considerada simples que lhe impôs o coma e a desencarnação por reação alérgica a anestésico a ela ministrado, relatou em carta psicografada à irmã ter acordado “num barco engalanado de flores, seguido de outras embarcações, nas quais muitos irmãos entoavam hinos que me eram estranhos. Hinos em que o amor por Iemanjá era a tônica de todas as palavras. Os amigos que me seguiam falavam de libertação e vitória. Muito pouco a pouco, me conscientizei e passei da euforia ao pranto da saudade, porque a memória despertava para a vida na retaguarda(...). Os barcos se abeiravam de certa praia encantadoramente enfeitada de verde nas plantas bravas que a guarneciam. Quando o barco que me conduzia ancorou suavemente, uma entidade de grande porte se dirigiu a mim, com paternal bondade, e me convidou a pisar na terra firme”. Como se vê, a natureza realmente não dá saltos. Diante disso, consegue-se entender a ponderação de Allan Kardec segundo a qual, “a facilidade com que certas pessoas aceitam as ideias espíritas; das quais, parece, tem intuição, indica que pertencem ao segundo período”, ou seja, aquele em que o Ser começa a se desprender das preocupações eminentemente sensórias e perseguir as conquistas intelectuais.

  O Espiritismo acredita que um dia teremos justiça social na Terra, quando não haverá mais desigualdades?

 Esta questão é tratada no capítulo “Lei de Igualdade” de O LIVRO DOS ESPÍRITOS, e parte do princípio de que “todos são iguais diante de Deus”. Os instrutores espirituais, na questão 803, usam uma figura muito apropriada para definir essa igualdade ao afirmarem: “O sol brilha para todos. Com isso dizeis uma verdade maior e mais geral do que pensais”.

 Aliás, quando primeiro fez esta afirmação foi Jesus, há 2 mil anos atrás, quando disse que Deus manda a chuva para os bons e para os maus, e manda o sol para os justos e os injustos. Com isso, Jesus quis dizer que Deus trata todos os seus filhos da mesma maneira, sem conceder privilégios e sem prejudicar ninguém.

 Foi o ser humano e não Deus que criou as desigualdades pronunciadas que existem na sociedade, como as grandes riquezas e as chocantes misérias.  É uma história de milênios, que veio se  configurando através dos séculos, onde a ignorância das Leis de Deus prevaleceu. Mas a igualdade não consiste exatamente em fazer com que cada um seja a cópia exata do outro. Isto não existe. Aliás é impossível, segundo as leis naturais, uma igualdade total e absoluta de tudo e de todos.

 Em termos sociais, no entanto, a igualdade seria tratar igualmente os desiguais, ou seja, respeitar cada um segundo seus próprios direitos e proporcionar a cada qual uma vida digna com o mínimo necessário para viver. Portanto, a riqueza e a miséria surgiram no mundo devido à forma desigual e injusta com que as pessoas e as coletividades têm sido tratadas, ou seja, devido ao orgulho e ao egoísmo dos homens que, em todas as épocas, fizeram prevalecer seu domínio uns sobre os outros, praticando a exploração e o roubo, criando abismo sociais que os separaram em pobres e ricos.

 Essa disparidade de condições ficou muito clara para os pensadores, desde o século XVII, que, inconformados, passaram a denunciar a flagrante injustiça social, criando modelos teóricos que restabelecessem a verdadeira justiça, como foram os casos dos socialistas utópicos e do próprio Karl Marx, idealizador do comunismo materialista. Segundo o Espiritismo, esses modelos, porém, não solucionam o problema humano, porque não consideram a necessidade de reforma moral do homem. A solução dos problemas humanos deve vir de dentro para fora, como Jesus proclamou.

 Para Allan Kardec “não basta fazer a coisa para o homem; é necessário preparar o homem para a coisa”. Ou seja, modelos de sociedade que não levam em conta a necessidade da reforma moral ou espiritual dos indivíduos, por mais perfeitos que sejam, nunca funcionarão, enquanto o homem não procurar pôr em prática o princípio fundamental da doutrina de Jesus, o amor ao próximo. Neste sentido, convém lembrar esta advertência: “Se vossa justiça não exceder à dos escribas e fariseus, não entrareis no reino dos céus”.

 O reino dos céus sobre a Terra, a que Jesus se refere, é em que o Espiritismo acredita. A humanidade alcançará, mais cedo ou mais tarde, a justiça e a paz que procura. Esse fenômeno de transformação, que realiza o processo histórico através da lei da reencarnação, é o que chamamos de progresso ou evolução. Apesar dos graves problemas que ainda enfrentamos neste particular, a humanidade já deu passos importantes nesse sentido durante séculos de civilização, e só alcançará sua meta quando o homem praticar, acima de tudo, a lei do amor. 

  

sábado, 22 de maio de 2021

A FRENTE DO SEU TEMPO; EM BUSCA DA VERDADE COM O PROFESSOR

No número de dezembro de 1863, da REVISTA ESPÍRITA, Allan Kardec inseriu uma mensagem escrita pelo Espírito Francois-Nicolas Madeleine que em sua encarnação terminada um ano antes em Paris, também era conhecido como Cardeal  Morlot em reunião da Sociedade Espírita de Paris na reunião de 9 de outubro expondo seu ponto de vista a respeito do Apóstolo Paulo demonstrar nos fragmentos de cartas por ele escritas à sua época ser um precursor do Espiritismo. Entre suas considerações podemos destacar: -“O grande apóstolo Paulo, que outrora tanto contribuiu para o estabelecimento do Cristianismo por sua prédica poderosa, vos deixou monumentos escritos, que servirão, não menos energicamente, à expansão do Espiritismo. (...) O sopro que passa nas suas Epístolas, a santa inspiração que anima seus ensinos, longe de ser hostil à vossa Doutrina, está cheia de singulares previsões em vista do que acontece hoje. É assim que, na sua primeira Epístola aos Coríntios, ele ensina que, sem a caridade, não existe nenhum homem, ainda que fosse santo, profeta e transportasse montanhas, que se possa gabar de ser um verdadeiro discípulo de Nosso Senhor Jesus Cristo. Como os Espíritas, e antes dos Espíritas, foi o primeiro a proclamar esta máxima que vos constitui uma glória: -Fora da caridade não há salvação! Mas não é apenas por este lado que ele se liga à doutrina que nós vos ensinamos e que hoje propagais. Com aquela alta inteligência que lhe era , tinha previsto o que Deus reservava para o futuro e, notadamente, esta transformação, esta regeneração da fé cristã, que sois chamados a assentar profundamente no espírito moderno, pois descreve, na citada Epístola, e de maneira indiscutível, as principais faculdades mediúnicas, que chama os dons abençoados do Espírito Santo”.  Considerando que o surgimento da Doutrina Espírita dar-se-ia 19 séculos depois, conclui-se ser sua condição espiritual muito além de seu tempo. Ao final da transcrição, por sinal, Allan Kardec inclui alguns trechos da Primeira Epístola aos Coríntios, referendando as palavras de Francois-Nicolas, como por exemplo, “nem toda a carne é uma mesma carne; mas uma certamente é a dos homens, e outra a dos animais; uma das aves, e outra a dos peixes”; ou “e corpos há celestiais, e corpos terrestres; mas uma é por certo a glória dos celestiais, e outra a dos terrestres. Uma é a claridade do Sol, outra a claridade da Lua, e outra a claridade das estrelas; e ainda há diferença de estrela a estrela na claridade; ou ainda“ é semeado o corpo animal, ressuscitará o corpo espiritual. Se há corpo animal, também há o espiritual, assim como está escrito”, e, por fim, “mas digo isto, irmãos, que a carne e o sangue não podem possuir o Reino de Deus, nem a corrupção possuirá a incorruptibilidade”. Raciocinando sobre tais trechos, Kardec escreve:-“Que  pode ser este corpo espiritual, que não é corpo animal, senão o corpo fluídico, cuja existência é demonstrada pelo Espiritismo, o períspirito, de que a alma é revestida após a morte? Com a morte do corpo, o Espírito entra em confusão; por um instante perde a consciência de si mesmo; depois recupera o uso de suas faculdades, renasce para a vida inteligente; numa palavra, ressuscitará com o seu corpo espiritual. O último parágrafo, relativo ao Juízo Final, contradiz positivamente a doutrina da ressurreição da carne, pois diz: a carne e o sangue não podem possuir o Reino de Deus. Assim, os mortos não ressuscitarão com sua carne e seu sangue, e não necessitarão reunir seus ossos dispersos, mas terão seu corpo celeste, que não é corpo animal. Se o autor do Catecismo Filosófico   tivesse meditado bem o sentido destas palavras, teria evitado fazer notável calculo matemático, a que se entregou, para provar que todos os homens mortos desde Adão, ressuscitando em carne e osso, com seus próprios corpos, poderiam caber perfeitamente no Vale de Josafá, sem muito incômodo. Assim, São Paulo estabeleceu em princípio e em teoria o que ensina o Espiritismo sobre o estado do homem após a morte. Mas São Paulo não foi o único a pressentir as verdades ensinadas pelo Espiritismo. A Bíblia, os Evangelhos, os Apóstolos, os Pais da Igreja delas estão cheias, de sorte que condenar o Espiritismo é negar as autoridades mesmas sobre as quais se apoia a religião. Atribuir todos os seus ensinamentos ao demônio é lançar o mesmo anátema sobre a maioria dos autores sacros. Assim, o Espiritismo não vem destruir, mas, ao contrário, restabelecer todas as coisas, isto é, restituir a cada coisa seu verdadeiro sentido”. 


  Comentário de um companheiro do grupo de estudo. “Pelo que pude entender, quando reencarnamos esquecemos tudo o que planejamos no mundo espiritual. Chegando aqui, como não lembramos de nada, escolhemos o caminho mais fácil que geralmente não é o que planejamos. Fico pensando, então, que não temos tanto compromisso com nosso plano de vida, até porque não lembramos dele.”

 Em primeiro lugar, precisamos deixar claro que participar ativamente do planejamento da vida terrena não é para todo e qualquer Espírito. Há Espíritos que ainda não se encontram em condições de tomar decisões importantes sobre sua próxima encarnação e que, por isso, vão precisar da assistência de benfeitores espirituais, que nesses casos farão o papel de pais ou orientadores.

 Por outro lado, quanto aos que participaram da elaboração de seu novo plano de existência, é bom lembrar que, na condição de desencarnado, a visão que o Espírito tem da vida é mais ampla e profunda do que na condição de encarnado. A vida física restringe em muito essa percepção, porque ela gira exclusivamente em função dos poucos anos que vai viver aqui na Terra. Esta é diferença. No plano espiritual, como ele vê mais longe, suas metas vão além desta curta existência.

 Um exemplo vivo de casos como esse é o do atual papa Francisco. Na sua biografia consta que a mãe queria que ele fosse médico, mas, mesmo contrariando a mãe, ele preferiu a vida sacerdotal. E não foi só isso. Foi um padre que dedicou sua vida aos pobres e à justiça social num período conturbado de seu país, lutando pela causa dos oprimidos. Só bem mais tarde, quando se destacou pelo seu elevado espírito de abnegação e coragem, é que a mãe dele se reaproximou, reconhecendo sua verdadeira vocação.

  É claro que estamos dando o exemplo de um caso especial, mas a questão do chamamento íntimo, que é voz de Deus em cada um de nós, aplica-se a todas as situações em que nos defrontamos com um desafio por uma causa nobre.  Eurípedes Barsanulfo, por exemplo, renunciou ao que mais queria na vida, frequentar uma faculdade e ser médico, quando percebeu que, apesar de ter vários irmãos, era dele que a mãe doente mais precisava.

Quantos de nós não nos vemos chamados para tarefa ou compromisso, às vezes dentro da própria família, em prejuízo de um caminho mais fácil e tranquilo e, no último momento, decidimos apenas e tão somente pela condição mais cômoda, mesmo sabendo que nossa participação seria extremamente útil! Certamente, durante o sono físico, somos muitas vezes alertados sobre isso pelos nossos próprios protetores, mas, em nome do comodismo, resolvemos optar pelo lado mais fácil..

 Todavia, não podemos esquecer que o processo evolutivo só ocorre com a  concordância  do Espírito pelo caminho do bem e, para isso, ele precisa de muitas experiências para amadurecer. Não se amadurece espiritualmente, vivendo apenas situações cômodas e confortáveis. As dificuldades, os obstáculos, a dor e a aflição, são muitas vezes a forma mais eficaz para despertar a alma para a sua verdadeira missão.

 Além do mais, devemos lembrar que a verdade não se mostra à nossa frente com tanta claridade e nitidez quanto gostaríamos. Precisamos aprender a amar a verdade, a lutar pela verdade e, sem dúvida alguma, a verdade mais difícil, com a qual podemos deparar em nossa longa trajetória espiritual, é a verdade sobre nós mesmos. Eis a razão e a importância do esquecimento.