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sábado, 22 de maio de 2021

A FRENTE DO SEU TEMPO; EM BUSCA DA VERDADE COM O PROFESSOR

No número de dezembro de 1863, da REVISTA ESPÍRITA, Allan Kardec inseriu uma mensagem escrita pelo Espírito Francois-Nicolas Madeleine que em sua encarnação terminada um ano antes em Paris, também era conhecido como Cardeal  Morlot em reunião da Sociedade Espírita de Paris na reunião de 9 de outubro expondo seu ponto de vista a respeito do Apóstolo Paulo demonstrar nos fragmentos de cartas por ele escritas à sua época ser um precursor do Espiritismo. Entre suas considerações podemos destacar: -“O grande apóstolo Paulo, que outrora tanto contribuiu para o estabelecimento do Cristianismo por sua prédica poderosa, vos deixou monumentos escritos, que servirão, não menos energicamente, à expansão do Espiritismo. (...) O sopro que passa nas suas Epístolas, a santa inspiração que anima seus ensinos, longe de ser hostil à vossa Doutrina, está cheia de singulares previsões em vista do que acontece hoje. É assim que, na sua primeira Epístola aos Coríntios, ele ensina que, sem a caridade, não existe nenhum homem, ainda que fosse santo, profeta e transportasse montanhas, que se possa gabar de ser um verdadeiro discípulo de Nosso Senhor Jesus Cristo. Como os Espíritas, e antes dos Espíritas, foi o primeiro a proclamar esta máxima que vos constitui uma glória: -Fora da caridade não há salvação! Mas não é apenas por este lado que ele se liga à doutrina que nós vos ensinamos e que hoje propagais. Com aquela alta inteligência que lhe era , tinha previsto o que Deus reservava para o futuro e, notadamente, esta transformação, esta regeneração da fé cristã, que sois chamados a assentar profundamente no espírito moderno, pois descreve, na citada Epístola, e de maneira indiscutível, as principais faculdades mediúnicas, que chama os dons abençoados do Espírito Santo”.  Considerando que o surgimento da Doutrina Espírita dar-se-ia 19 séculos depois, conclui-se ser sua condição espiritual muito além de seu tempo. Ao final da transcrição, por sinal, Allan Kardec inclui alguns trechos da Primeira Epístola aos Coríntios, referendando as palavras de Francois-Nicolas, como por exemplo, “nem toda a carne é uma mesma carne; mas uma certamente é a dos homens, e outra a dos animais; uma das aves, e outra a dos peixes”; ou “e corpos há celestiais, e corpos terrestres; mas uma é por certo a glória dos celestiais, e outra a dos terrestres. Uma é a claridade do Sol, outra a claridade da Lua, e outra a claridade das estrelas; e ainda há diferença de estrela a estrela na claridade; ou ainda“ é semeado o corpo animal, ressuscitará o corpo espiritual. Se há corpo animal, também há o espiritual, assim como está escrito”, e, por fim, “mas digo isto, irmãos, que a carne e o sangue não podem possuir o Reino de Deus, nem a corrupção possuirá a incorruptibilidade”. Raciocinando sobre tais trechos, Kardec escreve:-“Que  pode ser este corpo espiritual, que não é corpo animal, senão o corpo fluídico, cuja existência é demonstrada pelo Espiritismo, o períspirito, de que a alma é revestida após a morte? Com a morte do corpo, o Espírito entra em confusão; por um instante perde a consciência de si mesmo; depois recupera o uso de suas faculdades, renasce para a vida inteligente; numa palavra, ressuscitará com o seu corpo espiritual. O último parágrafo, relativo ao Juízo Final, contradiz positivamente a doutrina da ressurreição da carne, pois diz: a carne e o sangue não podem possuir o Reino de Deus. Assim, os mortos não ressuscitarão com sua carne e seu sangue, e não necessitarão reunir seus ossos dispersos, mas terão seu corpo celeste, que não é corpo animal. Se o autor do Catecismo Filosófico   tivesse meditado bem o sentido destas palavras, teria evitado fazer notável calculo matemático, a que se entregou, para provar que todos os homens mortos desde Adão, ressuscitando em carne e osso, com seus próprios corpos, poderiam caber perfeitamente no Vale de Josafá, sem muito incômodo. Assim, São Paulo estabeleceu em princípio e em teoria o que ensina o Espiritismo sobre o estado do homem após a morte. Mas São Paulo não foi o único a pressentir as verdades ensinadas pelo Espiritismo. A Bíblia, os Evangelhos, os Apóstolos, os Pais da Igreja delas estão cheias, de sorte que condenar o Espiritismo é negar as autoridades mesmas sobre as quais se apoia a religião. Atribuir todos os seus ensinamentos ao demônio é lançar o mesmo anátema sobre a maioria dos autores sacros. Assim, o Espiritismo não vem destruir, mas, ao contrário, restabelecer todas as coisas, isto é, restituir a cada coisa seu verdadeiro sentido”. 


  Comentário de um companheiro do grupo de estudo. “Pelo que pude entender, quando reencarnamos esquecemos tudo o que planejamos no mundo espiritual. Chegando aqui, como não lembramos de nada, escolhemos o caminho mais fácil que geralmente não é o que planejamos. Fico pensando, então, que não temos tanto compromisso com nosso plano de vida, até porque não lembramos dele.”

 Em primeiro lugar, precisamos deixar claro que participar ativamente do planejamento da vida terrena não é para todo e qualquer Espírito. Há Espíritos que ainda não se encontram em condições de tomar decisões importantes sobre sua próxima encarnação e que, por isso, vão precisar da assistência de benfeitores espirituais, que nesses casos farão o papel de pais ou orientadores.

 Por outro lado, quanto aos que participaram da elaboração de seu novo plano de existência, é bom lembrar que, na condição de desencarnado, a visão que o Espírito tem da vida é mais ampla e profunda do que na condição de encarnado. A vida física restringe em muito essa percepção, porque ela gira exclusivamente em função dos poucos anos que vai viver aqui na Terra. Esta é diferença. No plano espiritual, como ele vê mais longe, suas metas vão além desta curta existência.

 Um exemplo vivo de casos como esse é o do atual papa Francisco. Na sua biografia consta que a mãe queria que ele fosse médico, mas, mesmo contrariando a mãe, ele preferiu a vida sacerdotal. E não foi só isso. Foi um padre que dedicou sua vida aos pobres e à justiça social num período conturbado de seu país, lutando pela causa dos oprimidos. Só bem mais tarde, quando se destacou pelo seu elevado espírito de abnegação e coragem, é que a mãe dele se reaproximou, reconhecendo sua verdadeira vocação.

  É claro que estamos dando o exemplo de um caso especial, mas a questão do chamamento íntimo, que é voz de Deus em cada um de nós, aplica-se a todas as situações em que nos defrontamos com um desafio por uma causa nobre.  Eurípedes Barsanulfo, por exemplo, renunciou ao que mais queria na vida, frequentar uma faculdade e ser médico, quando percebeu que, apesar de ter vários irmãos, era dele que a mãe doente mais precisava.

Quantos de nós não nos vemos chamados para tarefa ou compromisso, às vezes dentro da própria família, em prejuízo de um caminho mais fácil e tranquilo e, no último momento, decidimos apenas e tão somente pela condição mais cômoda, mesmo sabendo que nossa participação seria extremamente útil! Certamente, durante o sono físico, somos muitas vezes alertados sobre isso pelos nossos próprios protetores, mas, em nome do comodismo, resolvemos optar pelo lado mais fácil..

 Todavia, não podemos esquecer que o processo evolutivo só ocorre com a  concordância  do Espírito pelo caminho do bem e, para isso, ele precisa de muitas experiências para amadurecer. Não se amadurece espiritualmente, vivendo apenas situações cômodas e confortáveis. As dificuldades, os obstáculos, a dor e a aflição, são muitas vezes a forma mais eficaz para despertar a alma para a sua verdadeira missão.

 Além do mais, devemos lembrar que a verdade não se mostra à nossa frente com tanta claridade e nitidez quanto gostaríamos. Precisamos aprender a amar a verdade, a lutar pela verdade e, sem dúvida alguma, a verdade mais difícil, com a qual podemos deparar em nossa longa trajetória espiritual, é a verdade sobre nós mesmos. Eis a razão e a importância do esquecimento.


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