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quinta-feira, 13 de maio de 2021

AVERSÕES INEXPLICÁVEIS; EM BUSCA DA VERDADE COM O PROFESSOR

Quinze dias após ter sido internado para se submeter a desintoxicação alcóolica que já provocava delírio e alucinações, restabelecido, foi possível conhecer parte da história daquele caboclo forte, disposto, trabalhador, dedicado a conduzir gado pelas estradas. Casado, pai de seis filhos, dois dos quais, àquela altura, casados, dizia-se um homem econômico que jamais deixou faltar nada para os seus, inclusive educação primária, ofício para os rapazes e todas as prendas domésticas para as filhas, como era habitual na época. Durante a formação dos filhos, jamais procurou corrigi-los com castigos corporais, tampouco se lembrava de ter proporcionado à esposa momentos reprováveis pela sua conduta. Lutou enquanto os filhos cresciam para proporcionar-lhes conforto para o presente, e, se possível, evitar-lhes preocupações financeiras para o futuro. Entre as inúmeras viagens que no exercício de sua profissão, todavia, apesar da ausência, ao retornar ao lar, era tratado com frieza por todos, situação agravada nos últimos três anos, considerando suas permanências em casa serem mais frequentes. Ouvida, sua esposa não só confirmou tudo como disse sofrer muito com as atitudes dos filhos, dos quais se tornara confidente, revelando que o temiam e detestavam, a ponto de desaparecerem de casa, quando estivesse presente. O quadro se assemelha ao observado na vida de muitas famílias. O conhecimento do Espiritismo, contudo, pode auxiliar na avaliação de fatos semelhantes. Isto porque, segundo Allan Kardec em observação n’ O LIVRO DOS ESPÍRITOS, nos programas reencarnatórios objetivando o progresso das individualidades, “o Espírito renasce frequentemente no mesmo meio em que viveu, se relaçionando com as mesmas pessoas, a fim de reparar o mal que lhes tenha feito. Explica ainda que a “sucessão das existências corporais estabelece entre os Espíritos laços que remontam às vidas anteriores, donde decorrem as causas da simpatia entre os envolvidos e outros que parecem estranhos”. Já no século 20, através do médium Chico Xavier, o Espírito conhecido como André Luiz transferiu para nossa Dimensão, OBREIROS DA VIDA ETERNA (1946; feb), obra onde encontramos interessante ponderação de um Assistente de nome Barcelos que, entre outras coisas,diz que “em obediência às lembranças vagas e inatas, os homens e as mulheres, jungidos uns aos outros pelos laços de consanguinidade ou dos compromissos morais, se transformam em perseguidores e verdugos inconscientes entre si. Os antagonismos domésticos, os temperamentos aparentemente irreconciliáveis entre pais e filhos, esposas e esposos, parentes e irmãos, resultam de recapitulações retificadoras do pretérito distante (...). Sentem e veem na tela mental, dentro de si mesmos, situações complicadas e escabrosas de outra época, malgrado os contornos obscuros da reminiscência, carregando consigo fardos pesados de incompreensão”. E o caso apresentado no início, destacado do livro A PSIQUIATRIA EM FACE DA REENCARNAÇÃO (feesp) do médico Inácio Ferreira, diretor do Sanatório Espírita de Uberaba desde sua fundação até desencarnar nos anos 80, bem ilustra a dinâmica revelada pela Doutrina Espírita. Através da excepcional médium Maria Modesto Cravo que não apenas ajudou a construir e fundar a casa de saúde citada como era aproveitada em suas faculdades mediúnicas no socorro a muitas criaturas nela internadas. Buscando entender o fator causal do drama do paciente, viram-se diante de uma entidade espiritual ligada aos envolvidos no drama atual. Apontava a vitima de agora como um assassino e ladrão em existência pregressa na cidade Ilhéus, na Bahia. Segundo o comunicante ele pretendia casar-se com uma das filhas do doente em tratamento, intenção frustrada, a princípio por falta de recursos por não encontrar serviço compensador. O homem focalizado matou cruelmente um indivíduo, fugiu à Justiça e integrou-se a um dos muitos bandos existentes na região, dedicados a saquear e arrasar lugarejos, espalhando o terror. Retornando esporadicamente às escondidas ao seu lar, geralmente maltratando esposa e filhos, tomando conhecimento do seu interesse por sua filha, levou-a, uma noite, entregando-a a um dos componentes do seu bando, impondo a morte à esposa. O Espírito manifestante, contou ainda que conseguiu empregar-se num convento, e, diante de terrível seca que se abatia sobre a região, foi encarregado com outro funcionário de fazer compras pelas redondezas, tendo sido vitima de assalto praticado pelo bando. Seu amigo escapou, mas ele foi morto pelo “monstro” do qual queriam informações, tendo sido amarrado pelos pés e arrastado pelo cavalo que ele montava, por ter ouvido ser seu desejo vê-lo um dia, amarrado no pelourinho existente em frente ao convento. Revelou, por fim que, sua esposa, filhos e filhas atuais, são os mesmos daquela vida passada. 



Por que o Espiritismo é contra os ritos e as celebrações que as religiões costumam utilizar em seus templos?

O Espiritismo nunca afirmou ser contra as formas de adoração utilizadas pelas diversas religiões. Pelo contrário, está muito no claro no último capítulo d’O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO, segundo citação de Allan Kardec, referindo-se à maneira de orar, que “a forma não é nada, o pensamento é tudo. Orai cada um segundo as suas convicções e o mundo que mais o toca (que mais o sensibiliza); um bom pensamento vale mais do que numerosas palavras estranhas ao coração”.

 E Kardec completa concluindo: “O Espiritismo reconhece como boas as preces de todos os cultos quando são ditadas pelo coração e não apenas pelos lábios; ele não impõe nenhuma e nem censura nenhuma. Deus é muito grande para rejeitar a voz que lhe implora ou que canta seus louvores, porque o faz de uma maneira e não de outra. “

 No entanto, embora o Espiritismo não condene e nem critique os cerimoniais das religiões, ele não adota no seu meio e entre seus adeptos nenhuma forma de manifestação exterior para se falar com Deus. O Espiritismo considera que os rituais podem ser dispensados, quando a pessoa já atingiu em certo grau de maturidade espiritual e confia suficiente em Deus e em si mesma, para saber que Deus é uma presença constante em sua vida e está sempre presente para ouvi-la. Esta posição, na verdade, não foi o Espiritismo que trouxe ao mundo; foi Jesus de Nazaré. Está lá no evangelho.

 Todo mundo sabe que, na época, os judeus adotavam um complicado cerimonial para realizar seus cultos e se sentirem quites com Deus. Eles temiam a Deus, mais do que o amavam. No antigo testamento da Bíblia, sobretudo no livro chamado “Levítico”, Deus teria passado a Moisés uma série de exigências nesse sentido, instituindo a classe dos sacerdotes e exigindo que  seguissem à risca complicados rituais.  Sabemos, porém, que essa era uma necessidade do  povo daquela época, que só sentia que sua adoração era válida se a adornasse com rituais, altares e sacrifícios.

 Durante séculos e séculos foi assim. No tempo de Jesus, o judeu devia ir ao templo em Jerusalém, pelo menos, uma vez ao ano para levar sua oferta, oferecer seu sacrifício, fazer seus pedidos e glorificar a Deus, pois acreditavam que Deus estava no templo. Mas o templo ficava distante da grande maioria dos habitantes da Palestina, que precisava se deslocar quilômetros e quilômetros, sob o sol escaldante e em condições precárias, na maioria das vezes à pé, para cumprir com sua obrigação sagrada.

 Vendo aquele povo sofrido à sua frente, que pouco esperava de Deus, até porque muitos nem cumpriam com todos os rituais – não levavam sua oferta, não recolhiam o dízimo e nem se submetiam ao jejum, que eram condição necessária para estar bem com Deus. Jesus ensinou a eles como falar com Deus, como ser ouvido e atendido por Deus -  a quem chamava carinhosamente de Pai-  sem precisar, ao menos, sair de casa -  ou seja, Jesus propunha a mais arrojada revolução do conceito de prece que se conhece até hoje.

 A prece que Jesus ensinou é uma simples conversa com Deus, que pode ser feita em qualquer tempo ou lugar, que não necessita de nenhum adorno, de nenhum apetrecho material, de nenhuma celebração especial, diferente da forma ruidosa com que os povos pagãos glorificavam seus deuses. Jesus, podemos dizer assim, trouxe Deus para dentro de casa – e, mais do que isso, para dentro de cada um de nós -  agora na condição de um Pai Amoroso e Compreensível que haveria de atender às necessidades de seus filhos.


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