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quinta-feira, 20 de maio de 2021

É POSSÍVEL PREVER O FUTURO; EM BUSCA DA VERDADE COM O PROFESSOR

 A resposta Allan Kardec apresentou em curioso artigo na edição de maio de 1864 da REVISTA ESPÍRITA. Escreveu ele: -“Diz-se que as coisas futuras não existem; que ainda estão no nada. Então como saber se acontecerão? Contudo são muito numerosos os exemplos de predições realizadas, de onde concluir-se que aí se passa um fenômeno cuja chave não se tem, pois não há efeito sem causa. Essa causa, que tentaremos achar, ainda é o Espiritismo, também chave de tantos mistérios, que nô-la fornecerá e, além disso, mostrar-nos-á que o próprio fato das predições não sai das Leis Naturais. Como comparação, tomemos um exemplo nas coisas usuais e que auxiliará a compreender o princípio que temos de desenvolver. Suponhamos um homem colocado no alto de uma montanha, considerando a vasta extensão da planície. Nessa situação pouco será o espaço de um quilometro, e facilmente poderá ele abarcar de um golpe de vista todos os acidentes do terreno, do começo ao fim da estrada. O viajante que, pela primeira vez, percorre essa estrada, sabe que marchando chegará ao fim. Isso é simples previsão da consequência de sua marcha. Mas os acidentes do terreno, as subidas e descidas, os riachos a transpor, as matas a atravessar, os precipícios onde pode cair, os ladrões postados para o assalto, as hospedarias onde poderá descansar, tudo isto independe de sua pessoa: é para ele desconhecido o futuro, porque sua vista não vai além do pequeno círculo que o envolve. Quanto a duração, mede-a pelo tempo consumido em percorrer o caminho. Tirai-lhes os pontos de referência e apaga-se a duração. Para o homem que está na montanha e que acompanha o viajante com o olhar, tudo isto é presente. Suponhamos esse homem descendo e que diga ao viajante: -“Em tal momento encontrareis essa coisa; sereis atacado e socorrido”. Ele predirá o futuro. O futuro é para o viajante; para o homem da montanha é o presente. Agora se sairmos do circulo das cosas puramente materiais e, por pensamento, entrarmos no domicílio da Vida Espiritual, veremos esse fenômeno reproduzir-se em escala muito maior. Os Espíritos desmaterializados são como o homem da montanha; para ele apagam-se espaço e tempo. Mas a extensão e a penetração de sua vista são proporcionais à sua depuração e à sua elevação na hierarquia espiritual; em relação aos Espíritos inferiores, são como o homem armado de poderoso telescópio, ao lado do que tem os olhos nus. Nestes últimos a vista é circunscrita, não só porque dificilmente podem afastar-se do Globo a que estão ligados, mas porque a grossura de seu períspirito vela as coisas afastadas, como a garoa para os olhos do corpo. Compreende-se, pois, que, conforme o grau de perfeição, um Espírito possa abarcar um período de alguns anos, alguns séculos e, até, de milhares de anos, porque o que é um século ante a Eternidade? Ante ele os acontecimentos não se desenrolam sucessivamente, como os incidentes da estrada do viajante; vê simultaneamente o começo e o fim do período; todos os acontecimentos que, nesse período são o futuro para o homem da Terra, para ele são presente. Poderia ele, pois, vir dizer-nos com certeza: Tal coisa acontecerá em tal momento, porque vê essa coisa como o homem da montanha vê o que espera o viajor na estrada. Se não o diz, é porque o conhecimento do futuro seria nocivo ao homem; entravaria o seu livre arbítrio; paralisá-lo-ia no trabalho que deve realizar para o seu progresso. Sendo-lhe desconhecidos o Bem e o mal que o esperam, o são para a sua provação. Se uma faculdade, mesmo restrita, pode estar nos atributos da criatura, a que grau de poder deve ela elevar-se no Criador, que abarca o Infinito? Para ele o tempo não existe; o começo e o fim do mundo são o presente. Nesse imenso panorama, que é a duração da vida de um homem, de uma geração, de um povo? Contudo, como deve o homem concorrer para o progresso geral, e certos acontecimentos devem resultar de sua cooperação, em certos casos pode ser útil que pressinta esses acontecimentos, a fim de lhes preparar o caminho e estar pronto a agir quando chegar o momento. Eis porque, às vezes, Deus permite seja levantada a ponta do véu; mas é sempre com um fim útil e jamais para satisfazer uma vã curiosidade. Assim, essa missão pode ser dada, não a todos os Espíritos, pois alguns não conhecem o futuro melhor que os homens, mas a alguns Espíritos suficientemente adiantados para isto. Ora, é de notar que essas espécies de revelações sempre são feitas espontaneamente e jamais ou, pelo menos, muito raramente, em resposta a uma pergunta direta”.

Uma questão, que  nos foi colocada pela Maria do Socorro Sobral Marques. Ela diz que tem um filho com múltiplas deficiências, hoje com 25 anos, completamente dependente para tudo. Mas também tem uma filha de 16 anos, que não tem nenhum problema de saúde. Ela questiona como Deus pode permitir que uma pessoa nasça deficiente.

 

 Sem reconhecer a Lei da Reencarnação, Maria do Socorro, realmente não poderíamos aceitar que Deus possa criar um filho (vamos dizer assim) “completo” (com o corpo perfeito, saúde e inteligência) e outro limitado e incapaz de prover a si próprio . A não ser que Deus não seja o que pensamos ser bom, justo e misericordioso. A não ser que Deus não seja aquilo que Jesus ensinou. Como que um pai, que nos ama, (estamos nos referindo ao Pai de Amor Supremo, de Suprema Bondade e Misericórdia), poderia fazer tanta diferença entre seus filhos, se nós tivéssemos apenas uma vida e se, após esta vida, a nossa sorte estivesse definida para toda a eternidade?

 

  Deus governa o mundo através de suas leis. Ele não nos premia, tampouco nos castiga. Apenas nos dá a grande oportunidade de construirmos o próprio destino. Cada um de nós, no entanto, caminha em sua direção, através das inúmeras reencarnações, por meio das quais vai se aperfeiçoando. A vida na Terra, portanto, é apenas um episódio na longa caminhada do Espírito, rumo à sua perfeição. Não estamos aqui por acaso, e não é por acaso que nascemos com este ou aquele problema, nesta ou naquela família, neste ou naquele povo. Cada um de nós tem uma história anterior a esta vida, que determinou a condição em que nos encontramos agora.

 

  A Doutrina Espírita nos dá essa compreensão da vida, e ela nos ajuda a aceitar com resignação, paciência e coragem determinados problemas, que não vamos conseguir resolver nesta existência. Se adquirirmos essa compreensão – de que temos inúmeras encarnações – vamos entender que estamos passando exatamente pelas condições que precisamos para caminhar em direção a Deus, ou seja, em busca de nossa felicidade. Podemos, ao longo dessas encarnações, passar pelas mais diferentes experiências – mais fáceis ou mais difíceis, mais prazerosas ou mais sofridas – dependendo das necessidades de cada um.

 

 Desse modo, tanto seu filho quanto sua filha  não se acham nesta vida por acaso. Elas passam exatamente pela condição que melhor lhes atende às necessidades no momento. Ele,  o rapaz, profundamente limitado pelas condições do corpo; e ela, a jovem,  com outro tipo de experiência. Não sabemos o que aconteceu antes desta existência para que seu filho viesse com essa limitação, mas podemos deduzir que você, como mãe, Maria do Socorro, veio nesta existência para cuidar dele, para ajudá-lo em seu caminho evolutivo a conquistar uma situação melhor no futuro. Com certeza, você assumiu esse compromisso sagrado com esse Espírito, a quem se afeiçoa e ama, para dar de você aquilo que você tem mais precioso e divino, o amor de mãe.

 

  A vida, Maria, é um encadeamento de atos que cometemos e de fatos que acontecem conosco, seguindo a Lei de Causa e Efeito.  Nada acontece por acaso. Deus é justo e a lei é a mesma para todos. Por isso mesmo, o fato de seu filho ter vindo nessas condições (que você lamenta) não quer dizer que só ele – e não nós outros -  conhece esse tipo de experiência. Qualquer um de nós já pode ter nascido em situação semelhante em vidas anteriores. Não sabemos o que fizemos, o  que passamos e o que ainda vamos passar, em virtude de nossa conduta. Sabemos, no entanto, que toda experiência encarnatória será de grande valia para o nosso progresso espiritual. Isso, geralmente, nós percebemos melhor, depois que deixamos esta vida.

 

 Sobre a condição de seu filho sugerimos que você reflita sobre estas palavras que Jesus proferiu no Sermão da Montanha: “Se o teu olho direito é para ti causa de queda, arranca-o e lança-o para longe de ti, porque é melhor para ti que se perca um de teus membros, do que todo o teu corpo seja lançado na fornalha. E, se a tua mão direita é para ti causa de escândalo, corta-a e lança-a para longe de ti, porque é melhor que entres na vida sem um de teus membros do que todo o teu corpo se perca”.   



                                                                                                       

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