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sábado, 8 de maio de 2021

QUEM FOI (3)-JESUS GONÇALVES; EM BUSCA DA VERDADE COM O PROFESSOR

Certo que a natureza não dá saltos, mas para quem já, aos 27 anos tinha acabado de se tornar viúvo com quatro filhos pequenos, ouvir o diagnóstico que estava com lepra e destinado ao isolamento numa das Colônias existentes no Brasil dos anos 30, era motivo mais que suficiente para não crer em Deus. Pois foi essa a reação de Jésus Gonçalves. Não fosse por um jovem pesquisador e escritor, Eduardo Carvalho Monteiro, talvez nem soubéssemos de sua existência, terminada em 1947, aos 45 anos. Integrando um grupo que, em nome da caridade, iniciou trabalho de assistência no Hospital-Colônia de Pirapitingui, nas imediações de Itu (SP), Eduardo impressionou-se ao encontrar um marco da presença de Jésus naquela instituição: a Sociedade Espírita Santo Agostinho, por ele idealizada e fundada, dois anos antes de morrer. Próximo de Chico Xavier, tomou conhecimento também que Jésus – poeta que tivera seus trabalhos publicados na obra FLORES DE OUTONO (lake) -, desde sua morte, havia psicografado vários poemas e trovas através dele, distribuídos em inúmeros livros do médium. Idealista empolgado, Eduardo partiu para minuciosa pesquisa que resultou em 1980, na obra A ESTRAORDINÁRIA VIDA DE JÉSUS GONÇALVES (correio fraterno) e, 1998, no JÉSUS GONÇALVES, O POETA DAS CHAGAS REDENTORAS (eme). No primeiro, demonstrando grande inspiração, Eduardo encadeia fatos históricos e revelações espirituais, mostrando que o desventurado Jésus de hoje, percorria, na verdade, o caminho de sua libertação de grandes equívocos do passado, onde, ostentando o poder, transformou a própria ambição no tormento de milhares de pessoas, não apenas numa, mas, por várias encarnações Em fevereiro de 1947, no dia 16, por volta das onze da manhã, retorna ao Mundo Espiritual. O médium Chico Xavier não o conheceu pessoalmente, a não ser por correspondência, em que afirmou, muitas vezes, que, “ao partir da Terra, pretendia ir vê-lo em Espírito”. Na última carta recebida, havia uma foto, na qual aparecia com algumas alterações na face e numa das pernas. Semanas passaram sem novas notícias - conforme relatado na obra NO MUNDO DE CHICO XAVIER (ide) -, até que “numa noite do mês de março de 1947, chegaram a Pedro Leopoldo, Francisco de Paula Cardoso, de Santa Cruz do Rio Pardo (SP) e o Doutor Raul Soares, de São Manoel (SP). Era uma terça-feira, dia que não tínhamos tarefa no Centro Espírita Luiz Gonzaga. Junto aos amigos, fomos à sede do grupo, a fim de orarmos juntos. Sentei-me entre os dois, o Doutor Raul fez a prece e, daí a minutos, Emmanuel comunicava-se conosco. Terminada a manifestação, me achando em profunda concentração mental, vi a porta de entrada iluminar-se de suave clarão. Um homem-espírito apareceu aos meus olhos, mas em condições admiráveis. Além da aura de brilho pálido que o circundava, trazia luz não ofuscante, mas clara e bela, a envolver-lhe certa parte do rosto e da cabeça, ao mesmo tempo em que uma das pernas surgia vestida igualmente de luz. Profunda simpatia me ligou o coração à entidade que nos buscava, assim de improviso, e indaguei, mentalmente, se eu podia saber de quem se tratava. O visitante aproximou-se mais de mim, dizendo: “- Chico, eu sou Jésus Gonçalves! Cumpro a minha promessa... Vim ver você!” As lágrimas me subiram do coração aos olhos. Percebi que o inolvidável amigo mostrava mais intensa luz nas regiões em que a moléstia mais o supliciara no corpo físico, e quis dizer-lhe algo de minha admiração e alegria. Entretanto, não pude articular palavra alguma, nem mesmo em pensamento. Ele, porém, continuou: “- Se possível, Chico, quero escrever por você, dar minhas notícias aos irmãos que deixei à distância e agradecer a Deus as dádivas que tenho recebido”. A custo, perguntei, ainda mentalmente, o que pretendia escrever, querendo, de minha parte, falar alguma coisa, porque  ignorava que ele houvesse desencarnado e não conseguia esconder meu jubiloso espanto. Ele abraçou-me. Em seguida, colocando-se no meio da pequena sala recitou um poema que eu ouvia, mas não guardava na memória. Ao terminar, pareceu-me mais belo, mais brilhante. Notando a preocupação dos irmãos encarnados presentes ante o pranto que não conseguia conter, indaguei se tinham notícias da morte do companheiro, que, confirmando seu desconhecimento, sugeriram que  tomasse o lápis e Jesus debruçando-se sobre meu braço, escreveu em lagrimas os versos que recitara para mim, momentos antes: “- PALAVRAS DO COMPANHEIRO (aos meus irmãos de Pirapitingui) – Irmãos, cheguei contente ao Novo Dia /  E ainda em pleno assombro de estrangeiro, / Jubiloso, saltei de meu veleiro / No porto da Verdade e da Harmonia.  /  Bendizei, com Jesus, a dor sombria / Na romagem de pranto e cativeiro,/ Nele achareis o Doce Companheiro / Para as rudes tormentas da agonia... / Não desdenheis a chaga que depura, / Nossas horas de amarga desventura / São dádivas da Lei que nos governa!... / As escuras feridas torturantes / São adornos nas vestes deslumbrantes / Que envergamos ao sol da Vida Eterna !  /  Ave, maravilhosa madrugada / Que desdobras a luz no céu aberto / Além das trevas, longe do deserto / Onde a esperança geme incontentada!  / Salve, resplandecente e excelsa estrada / Sobre o mundo brumoso , estranho e incerto / Que acolhe, em paz, o espírito liberto / Na vastidão da abóboda estrelada / Oh! Meu Jesus, que fiz na noite densa, / Por merecer tamanha recompensa / Se confundido e fraco me demoro?! / Recebe, ante a visão do Espaço Eleito, / A alegria que vaza de meu peito / Nas venturosas lágrimas que choro...



  Este foi um depoimento espontâneo dado por uma pessoa, depois de frequentar por alguns dias o ambiente de um centro espírita. “Fui educada na religião católica e, por ignorância, sempre tive medo do Espiritismo e evitava até passar pela porta de um centro. Mas, as circunstâncias da vida me levaram um dia, por indicação de uma amiga, a procurar o centro para tomar passe.  Foi quando percebi que o Espiritismo não é nada daquilo que sempre ouvira falar, porque me senti muito amparada num momento difícil.  Acredito que, de certa forma, o Espiritismo reforçou meu sentimento religioso, sem me afastar de minha religião. Acho que o Espiritismo é mais uma filosofia do que propriamente uma prática religiosa.”

 O Espiritismo nos permite um contato mais essencial com Deus, ou seja, em Espírito e Verdade, porque não é uma doutrina religiosa comum.  Não prega salvação, não disputa adeptos, não estabelece proibições e valoriza, acima de tudo, a nossa conduta – cada um diante de si mesmo, diante do próximo, diante de Deus. É uma nova abordagem dos princípios ético-morais que Jesus ensinou e que não foram dirigidos a este ou àquele, mas a todos os seres humanos.

 Por isso, qualquer pessoa, que vai ao centro, sempre ouvirá somente mensagens de paz e de união, jamais de preconceitos e separação. É que a doutrina se dirige ao homem, procurando sensibilizar a alma para os valores elevados da vida, que estão acima de todas as nossas diferenças. Respeita todas as formas de crença, embora declare a sua, asseverando que Deus é o Pai de todos os seus filhos, independentemente de suas origens, de suas culturas ou de suas religiões.

  Segundo as próprias palavras de Allan Kardec n’O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO, capítulo 28, “O Espiritismo reconhece como boas todas as preces de todos os cultos, quando ditadas pelo coração e não apenas pelos lábios. Deus é muito grande para rejeitar a voz que lhe implora ou que canta seus louvores, por fazê-lo de um modo e não de outro.  Toda pessoa que condenasse as preces, que não fazem parte de seu formulário, provaria que desconhece a grandeza de Deus”.

  Logo, o Espiritismo veio para unir e não para separar, conforme está claro n’O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO. Para tanto só há um caminho, o do amor, que Jesus proclamou em alto e bom som, sacrificando a própria vida para deixar uma lição imorredoura para a humanidade. Só o amor é capaz de unir os diferentes, de vencer as barreiras do ódio e do preconceito e de elevar o ser humano à condição espiritual mais sublime.

 – O mundo ainda é muito materialista – ou seja, ainda estamos muito apegados às formas exteriores, mais à aparência do que à essência, ignorando os verdadeiros valores da alma. Por isso, muitas vezes, as religiões se estranham e se digladiam, cada uma se arvorando como única dona da verdade, quando a única verdade é o amor uns aos outros que Jesus nos ensinou para que aprendêssemos a nos aceitar como somos, da mesma maneira que precisamos aceitar os outros como são.   


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