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domingo, 23 de maio de 2021

RELATIVIDADE DA IDEIA DE DEUS; EM BUSCA DA VERDADE COM O PROFESSOR

- “O Espírito no início de sua fase humana, estupido e bruto, sente a centelha divina em si, pois, adora um Deus, que materializa conforme sua materialidade”, escreveu Allan Kardec em uma de suas ponderadas análises contidas na edição de fevereiro de 1864 da REVISTA ESPÍRITA. Noutra oportunidade, comentou que “a vida humana é uma escola de aperfeiçoamento espiritual e uma série de provas. Por isso é que o Espírito deve conhecer todas as condições sociais e, em cada uma delas, aplicar-se em cumprir a vontade divina”. Nesse contexto, vão surgindo as religiões, organizações humanas que, apesar de resultarem quase sempre de revelações espirituais, institucionalizam tais pensamentos que geralmente se desvirtuam e desfiguram pela ambição dos receptores e administradores da nossa Dimensão. Num planeta como a Terra, classificado como de Expiação e Provas em mensagem mediúnica assinada pelo Espírito que nas convenções da escola religiosa que serviu é identificado como Santo Agostinho, considerando a condição evolutiva predominante, a reencarnação determina sempre, procriação e alimentação, isto é, necessidades da matéria a satisfazer e, assim, entraves para o Espírito”, submetendo as individualidades a provas comoo poder e a riqueza, como a pobreza e a humildade”, que durante várias vidas sucessivas resultam em expiações conhecidas como dores, idiotismo, demência, etc, pelo mal cometido em vida anterior”. O sentimento e pensamento religioso, vai, portanto, refletindo sempre nossa condição evolutiva. Daí a sua persistência após a chegada ao Mundo Espiritual após a morte. No interessante trabalho intitulado CARTAS DE UMA MORTA (lake,1935),segundo livro com produções psicográficas de Chico Xavier, a entidade Maria João de Deus que, entre outras atividades desenvolvidas em nosso Plano foi mãe do médium em meio aos nove filhos a que deu a luz, revela que “são inúmeras as congregações de Espíritos mais apegados às ilusões da Terra que através de muitas organizações se dedicam à salvaguarda de seus ideais religiosos na primeira esfera existente no orbe terráqueo. A Igreja romana, por exemplo, tem aí conventos, irmandades, que defendem seus pontos de vista, e, assim de facção em facção, pode-se compreender a imensidade da luta dos trabalhadores da Verdade. Nas colônias de antigos remanescentes da África,” - conta ela – “vim conhecer costumes esquisitos, como bailados estranhos, ao som de músicas bizarras que me deram a impressão de fandangos, tão da preferência dos escravos no Brasil”. Décadas depois, em meio ao acervo constituído das milhares de cartas/mensagens psicografadas publicamente em reuniões na cidade de Uberaba (MG), perante público procedente de várias partes do País, ostentando diferentes níveis intelectuais, evidencia-se isso. Na assinada pelo jovem Roberto Muskat, filho de família ligada às tradições do Judaísmo, desencarnado aos 19 anos, pouco tempo após seu retorno ao Plano Espiritual, recordando suas primeiras impressões, relata ter participado no educandário-hospital em que convalescia de cerimonias cultivadas pelos seguidores de sua religião. Outro detalhe importante é que o abrigo se encontra em “Erets Israel, ou Terra do Renascimento, cuja beleza é indescritível”. Já Helio Ossamu Daikura, carinhosamente apelidado Tiaminho, integrante de família de Budistas, desencarnado em acidente de transito aos 5 anos, segundo o Espírito Bezerra de Menezes em bilhete psicografado aos pais, esteve “abrigado em Templo dirigido pelo Reverendo Sinnet, grande missionário do Bem, na revelação Budista”. Já a artista Clara Nunes, desencarnada trinta dias após se submeter a cirurgia considerada simples que lhe impôs o coma e a desencarnação por reação alérgica a anestésico a ela ministrado, relatou em carta psicografada à irmã ter acordado “num barco engalanado de flores, seguido de outras embarcações, nas quais muitos irmãos entoavam hinos que me eram estranhos. Hinos em que o amor por Iemanjá era a tônica de todas as palavras. Os amigos que me seguiam falavam de libertação e vitória. Muito pouco a pouco, me conscientizei e passei da euforia ao pranto da saudade, porque a memória despertava para a vida na retaguarda(...). Os barcos se abeiravam de certa praia encantadoramente enfeitada de verde nas plantas bravas que a guarneciam. Quando o barco que me conduzia ancorou suavemente, uma entidade de grande porte se dirigiu a mim, com paternal bondade, e me convidou a pisar na terra firme”. Como se vê, a natureza realmente não dá saltos. Diante disso, consegue-se entender a ponderação de Allan Kardec segundo a qual, “a facilidade com que certas pessoas aceitam as ideias espíritas; das quais, parece, tem intuição, indica que pertencem ao segundo período”, ou seja, aquele em que o Ser começa a se desprender das preocupações eminentemente sensórias e perseguir as conquistas intelectuais.

  O Espiritismo acredita que um dia teremos justiça social na Terra, quando não haverá mais desigualdades?

 Esta questão é tratada no capítulo “Lei de Igualdade” de O LIVRO DOS ESPÍRITOS, e parte do princípio de que “todos são iguais diante de Deus”. Os instrutores espirituais, na questão 803, usam uma figura muito apropriada para definir essa igualdade ao afirmarem: “O sol brilha para todos. Com isso dizeis uma verdade maior e mais geral do que pensais”.

 Aliás, quando primeiro fez esta afirmação foi Jesus, há 2 mil anos atrás, quando disse que Deus manda a chuva para os bons e para os maus, e manda o sol para os justos e os injustos. Com isso, Jesus quis dizer que Deus trata todos os seus filhos da mesma maneira, sem conceder privilégios e sem prejudicar ninguém.

 Foi o ser humano e não Deus que criou as desigualdades pronunciadas que existem na sociedade, como as grandes riquezas e as chocantes misérias.  É uma história de milênios, que veio se  configurando através dos séculos, onde a ignorância das Leis de Deus prevaleceu. Mas a igualdade não consiste exatamente em fazer com que cada um seja a cópia exata do outro. Isto não existe. Aliás é impossível, segundo as leis naturais, uma igualdade total e absoluta de tudo e de todos.

 Em termos sociais, no entanto, a igualdade seria tratar igualmente os desiguais, ou seja, respeitar cada um segundo seus próprios direitos e proporcionar a cada qual uma vida digna com o mínimo necessário para viver. Portanto, a riqueza e a miséria surgiram no mundo devido à forma desigual e injusta com que as pessoas e as coletividades têm sido tratadas, ou seja, devido ao orgulho e ao egoísmo dos homens que, em todas as épocas, fizeram prevalecer seu domínio uns sobre os outros, praticando a exploração e o roubo, criando abismo sociais que os separaram em pobres e ricos.

 Essa disparidade de condições ficou muito clara para os pensadores, desde o século XVII, que, inconformados, passaram a denunciar a flagrante injustiça social, criando modelos teóricos que restabelecessem a verdadeira justiça, como foram os casos dos socialistas utópicos e do próprio Karl Marx, idealizador do comunismo materialista. Segundo o Espiritismo, esses modelos, porém, não solucionam o problema humano, porque não consideram a necessidade de reforma moral do homem. A solução dos problemas humanos deve vir de dentro para fora, como Jesus proclamou.

 Para Allan Kardec “não basta fazer a coisa para o homem; é necessário preparar o homem para a coisa”. Ou seja, modelos de sociedade que não levam em conta a necessidade da reforma moral ou espiritual dos indivíduos, por mais perfeitos que sejam, nunca funcionarão, enquanto o homem não procurar pôr em prática o princípio fundamental da doutrina de Jesus, o amor ao próximo. Neste sentido, convém lembrar esta advertência: “Se vossa justiça não exceder à dos escribas e fariseus, não entrareis no reino dos céus”.

 O reino dos céus sobre a Terra, a que Jesus se refere, é em que o Espiritismo acredita. A humanidade alcançará, mais cedo ou mais tarde, a justiça e a paz que procura. Esse fenômeno de transformação, que realiza o processo histórico através da lei da reencarnação, é o que chamamos de progresso ou evolução. Apesar dos graves problemas que ainda enfrentamos neste particular, a humanidade já deu passos importantes nesse sentido durante séculos de civilização, e só alcançará sua meta quando o homem praticar, acima de tudo, a lei do amor. 

  

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