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sexta-feira, 7 de maio de 2021

SEM MUDANÇAS BRUSCAS; EM BUSCA DA VERDADE COM O PROFESSOR

 O materialista ou o religioso convicto muda sua forma de pensar após a morte, vendo-se diante da continuidade da vida? Milhares de depoimentos de Espíritos que se serviram de médiuns para atestar sua sobrevivência provam que não. O tema, a propósito, foi abordado na reunião de 27 de março de 1863 da Sociedade Espírita de Paris, sendo incluída na seção Questões e Problemas do número de maio daquele ano da REVISTA ESPÍRITA. Motivou a abordagem, comentário de um participante sobre frase enunciada em reunião anterior que afirmava: -“Vossa prece comoveu muitos Espíritos levianos e incrédulos”. Diante disso indaga: -“Como podem os Espíritos ser incrédulos? O meio em que se acham não é a negação da incredulidade?”. Allan Kardec propôs aos Espíritos que quisessem comunicar-se tratar da questão, se julgassem conveniente, o que resultou em três manifestações. A primeira assinada por um Espírito de nome Viennois, dizendo, entre outras coisas, o seguinte: -“ No mundo em que habitais, acreditava-se geralmente que a morte vem de repente modificar as opiniões dos que partem e que a venda da incredulidade é violentamente arrancada aos que na Terra negavam Deus. Aí está o erro, porque para esses a punição começa justamente ficando na incerteza relativamente ao Senhor de todas as coisas e conservando a mesma dúvida da Terra. Não, crede-me. A vista obscurecida da inteligência humana não percebe a luz instantaneamente. (...). A passagem da Vida Terrena à Espiritual oferece, é certo, um período de confusão e de turbação para a maioria dos que desencarnam. (...).  É fácil vos dardes conta dessa diferença examinando os hábitos dos viajantes que vão atravessar o Oceano. Para alguns a viagem é um prazer; para maior número um sofrimento vulgar, que durará até o desembarque. Então! É, por assim dizer, a viagem da Terra ao Mundo dos Espíritos. Alguns se desprendem rapidamente, sem sofrimento e sem perturbação, ao passo que outros são submetidos ao mal da travessia etérea. (...). Os incrédulos e os materialistas absolutos conservam sua opinião Além Túmulo, até o momento em que a razão ou a graça tiver despertado em seu coração o pensamento verdadeiro, ali escondido”. Baseando-se na resposta, Allan Kardec propõe uma reflexão sobre: -“Compreende-se a incredulidade em certos Espíritos. Mas não se compreenderia o materialismo, pois seu estado é um protesto contra o reino absoluto da matéria e o nada após a morte”. Pronuncia-se o Espírito Erasto pelo mesmo médium, Sr D’Ambel: -“Só uma palavra: todos os corpos sólidos ou fluídicos pertencem à substância material – isto está bem demonstrado. Ora, os que em vida só admitiam um princípio na natureza – a matéria – muitas vezes não percebem ainda após a morte, senão esse princípio único, absoluto. Se refletísseis sobre os pensamentos que os dominaram a vida, acharíeis que estavam certos, ainda hoje, sob o inteiro domínio dos mesmos pensamentos. Outrora se consideravam como corpos sólidos; hoje se olham como corpos fluídicos, eis tudo. Notai bem que eles se apercebem sob uma forma claramente circunscrita, embora vaporosa, mas idêntica à que tinham na Terra, em estado sólido ou humano. De tal sorte que não veem em seu novo estado senão uma transformação de seu Ser naquele em que não tinham pensado. Mas ficam convencidos que é um encaminhamento para o fim a que chegarão, quando estiverem suficientemente desprendidos, para se dissolverem no grande Todo Universal. Nada mais teimoso do que um sábio. E eles persistem a pensar que, nem por ser demorado, esse fim é menos inevitável. Uma das condições de sua cegueira moral é de os encerrar mais violentamente nos laços da materialidade e, consequentemente, de os impedir se afastem das regiões terrestres ou similares à Terra. E, assim, como a grande maioria dos desencarnados, aprisionados na carne, não podem perceber as formas vaporosas dos Espíritos que os cercam, também a opacidade do envoltório dos materialistas lhes veda a contemplação das entidades espirituais” (...). A terceira mensagem foi escrita pelo Espírito Lamennais, através do médium Sr Didier e, sobre seu conteúdo Allan Kardec observa: -“Desde que vemos Espíritos que, mesmo muito depois da morte, ainda se julgam vivos, vagam ou creem vagar nas ocupações terrenas; é que tem completa ilusão quanto à sua posição e não se dão conta do estado espiritual. Desde que não se julgam mortos, não seria de admirar que tivessem conservado a ideia do nada após a morte, que para eles ainda não veio”.

Por que certas pessoas são capazes de dizer à nossa frente que  o Espiritismo é uma religião do demônio?

Cada pessoa só dá o que tem.  Nesse sentido poderíamos dividir as pessoas em dois grupos: as bem informadas e as mal informadas. As bem informadas geralmente são uma minoria. Elas procuram estar a par das coisas, interessam-se em saber como é a vida ao seu redor e, portanto, reúnem mais condições de serem ouvidas e respeitadas em suas opiniões.

 As mal informadas são muitas. Não estão interessadas em aprender, mas emitem suas opiniões com muita facilidade. O que elas dizem é o que ouviram falar, é o que alguém lhes pôs na cabeça, mas não se preocupam em verificar se o que ouviram é verdade, pois aprendem mais pela emoção do que pela razão, não se preocupando em cientificar-se bem das coisas.  Como não são capazes de ter a própria opinião, elas precisam que os outros lhe digam em que devem acreditar.

 Contou-nos um confrade – um senhor em avançada idade -  que, certo dia, se dirigia ao Centro Espírita Caminho de Damasco, em Garça, quando foi abordado por duas senhoras. Elas queriam que ele as ouvisse falar sobre a bíblia e certamente convidá-lo a participar de seus cultos. Ele as ouviu pacientemente, agradeceu e, quando elas o convidaram a visitar sua igreja, ele agradeceu o convite e respondeu que já tinha uma religião e que, justamente, naquele exato momento, estava se dirigindo ao centro espírita. 

 “Mas essa é uma religião do demônio!” – exclamou uma das senhoras. Naturalmente, tomada de emoção, ela exprimiu o que seu coração dizia ser verdade. E o confrade, surpreso e um tanto contrariado com o que acabara de ouvir, apenas respondeu: “Como que a senhora quer que eu a ouça falar de sua religião, se a senhora não respeita a minha?”  E seguiu seu caminho.

 Falando sobre a infeliz atitude daquela senhora, podemos dizer que , infelizmente, em pleno século XXI, na era da comunicação, ainda existe este tipo de mentalidade e, por isso mesmo, persistem o preconceito e a intolerância religiosas. As pessoas, de um modo geral, deveriam ter consciência de que os seres humanos são livres para pensar e professar sua própria crença. Elas apenas não são livres de atacar a crença dos outros ou promover desunião.

 As religiões, de um modo geral, deveriam se preocupar mais com o seu papel moralizador dentro da sociedade, orientando melhor seus adeptos no caminho do amor. Quase sempre os grupos religiosos se atêm às pregações, cultos e louvores, mas não se dão ao trabalho de esclarecê-los sobre a convivência fraterna numa sociedade pluralista, onde existem pessoas das mais diferentes religiões que precisam ser respeitadas.

 Quando Jesus recomendou o amor aos inimigos, ele também falava daqueles que pensam diferente e que são tão filhos de Deus como nós. Todos merecem respeito e consideração; para Jesus todos merecem ser amados, porque o Pai ama a todos os seus filhos.  “Se amares somente os que vos amam, que fazeis nisso de especial?”



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