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segunda-feira, 28 de junho de 2021

PESQUISA COM UM ESPÍRITO ENCARNADO; EM BUSCA DA VERDADE COM O PROFESSOR

 Obstinado perseguidor da Verdade, Professor Rivail, identificado pelos estudiosos do Espiritismo como Allan Kardec, não se intimidava diante de desafios que, naturalmente, foram muitos diante da diversidade de fenômenos e dúvidas derivadas deles que se multiplicava em várias partes da Europa na segunda metade do século 19. Uma das instigantes questões levantada pela lógica era: se realmente há Espírito a comandar o corpo físico durante o período da vida física, seria possível obter dele suas impressões e percepções como encarnado através da médium? O profícuo “laboratório” conhecido como Sociedade Espírita de Paris se servindo do incrível “instrumento” equivalente, segundo ele, ao microscópio chamado mediunidade precisava desenvolver experimentos nesse sentido. Assim foi feito como relatado no número de janeiro de 1860 da REVISTA ESPÍRITA, em duas reuniões sucessivas, a de 25 de novembro e 2 de dezembro de 1859. A carta de um Conde identificado apenas pelas iniciais R.C. de 23 de novembro motivou a experiência, visto que ele mesmo se oferecia como voluntário, considerando ter assistido na reunião de 14 de outubro passado a um experimento na própria Sociedade, em que um pai encarnado se comunicava com o Espírito da filha morta. Marcada a data para a incursão no desconhecido terreno, foi efetuada a primeira tentativa que obrigou a realização de outra, perfazendo, na entrevista com o Espírito desdobrado do Conde R.C., um total de 80 questões, quarenta e uma na primeira reunião, e, a outra, na segunda. D primeiro bloco de respostas, destacamos: 1- Tinha plena consciência de estar presente por ser evocado; 2- encontrava-se espacialmente entre o médium e Allan Kardec; 3- Não percebia tudo claramente pelo fato de seu corpo ainda não estar totalmente adormecido; 4- Que podia transportar-se instantaneamente e à vontade dali para sua residência e vice versa; 5- Podia ter consciência do trajeto percorrido, vendo os objetos do percurso; se o quisesse; 6- Seu estado diferia ao do sonâmbulo nos respectivo fenômeno a que este se entregava, pelo fato do sonâmbulo não dormir fisicamente, apenas ter suas faculdades orgânicas modificada, não entorpecidas; 7- Que evocado somente poderia indicar remédios se os conhecesse ou estando em contato com um Espírito que os conheça, o que não acontecia com os sonâmbulos; 8- As lembranças da existência corpórea estavam muito claras em sua memória; 9- Solicitado a descrever como se sentia, explicou estar no mais feliz e satisfatório estado que se possa experimentar, como num sonho em que o calor do leito que leva crer estar-se embalados no ar, ou na crista de ondas tépidas, sem preocupação com movimentos, sem consciência dos membros pesados e incômodos, a se moverem ou se arrastarem, sem qualquer necessidade a satisfazer, não sentindo o aguilhão da fome ou da sede; 10- Que tinha perfeita consciência de estar em Espírito ligado ao corpo por um laço, indescritível nas palavras conhecidas, mas, semelhante a uma luz fosforescente, que não lhe dava nenhuma sensação; 11- Tinha uma percepção maior dos sons que os percebidos pelos encarnados; 12- Transmitia seu pensamento ao médium, atuando sobre sua mão; para lhe dar uma direção, que facilitava por uma ação sobre o cérebro; que se servia ora das palavras que o médium tinha na cabeça e ora das suas; 13- Se encontrava no estado em que estará quando estiver morto, diferenciado pelo laço que o prende ao corpo; 14- Tinha lembranças confusas de vidas anteriores; 15- Poderia responder a uma pergunta mental. Do segundo conjunto, escolhemos: 1- Se seu corpo, desdobrado espiritualmente como estava, somente sentiria uma picada se fosse bastante forte; 2- Percebia odores mais intensamente que os encarnados; 3- Via perfeitamente na obscuridade, conseguindo enxergar através de corpos opacos; 4- Somente poderia deslocar-se  a outro Planeta  se este estivesse no mesmo grau da Terra, ou mais ou menos; 5- Via outros Espíritos no ambiente, constatando sua presença por sua forma própria, ou seja, pelo seu períspirito; 6- O períspirito é o corpo ou revestimento do Eu que é o Espírito, reproduzindo a forma do corpo material; 7- Seria como Espírito capaz de agredir fisicamente de forma perceptível um encarnado, só que em ambiente diferente do que estavam; 8- Se seu corpo morresse subitamente estando ele desdobrado, seria atraído para o corpo antes da consumação do fato, conseguindo se desligar dele com mais facilidade do que em circunstâncias comuns; 9- Tinha perfeito livre arbítrio sobre suas ações; 10- Uma recusa diante da possibilidade de ser útil aos semelhantes, tendo consciência de seus atos, resultaria em consequências inevitáveis; 11- Caso fosse ofendido por alguém estando desdobrado como se encontrava, o sentimento que emitiria seria o de desprezo, não procurando vingar-se; 12- Não tinha ideia da posição que ocupava na escala evolutiva dos Espíritos, não lhe sendo permitido disso ter conhecimento.


 Um ouvinte, que se identificou pelas iniciais A.M.S., trouxe-nos a seguinte questão: “No caso de uma pessoa gay ou lésbica, quando o homem se sente atraído por outro homem ou a mulher por outra mulher, isso pode ter sido um erro na reencarnação? Já ouvi dizer que, quando há troca de sexo de uma encarnação para outra, o Espírito se complica nessa situação. É verdade? Por que, na sua obra, Kardec não trata dos homossexuais?”

 Não existe um fator único que explique a transexualidade, caro AMS. Podemos lhe indicar a leitura do livro, que tem por título DESAFIOS DA SEXUALIDADE, autoria  do Dr. Alexandre Perez, onde você vai encontrar o assunto com mais detalhes e terá mais elementos para refletir sobre a questão. Na verdade, a condição de transexual pode fazer parte da trajetória do Espírito; pode ser em certos casos até mesmo uma opção.  Quando há opção (nem sempre é opção, é claro.) ela pode ter acontecido no mundo espiritual ou até mesmo nesta vida.

 Desse modo, como parece que você está entendendo, o indivíduo já nasceria com uma tendência sexual definida. É possível que após encarnações seguidas num determinado sexo e a necessidade de ter experiências também no sexo oposto possa favorecer a manifestação homossexual. Mas não deve ser apenas isso. Não é tão simples assim: temos de considerar o que houve antes, qual a trajetória que o Espírito veio fazendo.

  O Dr. Alexandre Perez, em sua obra, considera que o impulso ocasionado pela inversão sexual pode ser ostensivo ou moderado, e isso depende de cada caso. Do mesmo modo, não podemos esquecer que os impulsos do heterossexual – tanto homem, quanto mulher – também podem ser ostensivos ou moderados. O sexo pode ser motivo de paz ou de guerra, de amor ou de ódio, de romances idílicos ou de tragédias passionais.

  O que sabemos, caro ouvinte, é que devemos respeitar a tendência sexual das pessoas, como queremos que respeitem os nossos próprios problemas relacionados ao sexo, acolhendo a todos indistintamente.  Na verdade, devido às nossas dificuldades evolutivas, como sociedade, ainda alimentamos tabus e, por vezes, até atitudes hostis quando as pessoas não se enquadram nos padrões que a sociedade reconhece como normalidade.

Por último, podemos lhe dizer que, ao que tudo indica, Allan Kardec não tratou dessa questão na sua obra, porque ela ainda não era sentida em sua época com a dimensão social que adquiriu hoje em dia, num momento de rápidas e profundas transformações.

 



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