“Sob o ponto de vista moral, o homem comum, em muitos aspectos, ainda lembra o chipanzé, agora com a inteligência desenvolta”, avalia Robert Southey em mensagem escrita através do médium Chico Xavier, em 1951. Nome pouco conhecido, Southey foi um historiador, escritor, prosador britânico que viveu entre 1774/ 1843. Órfão de pais, levado para Lisboa por um tio que era pastor anglicano, especializou-se na história de Portugal e do Brasil, construindo uma biblioteca com 14 mil volumes, entre os quais, supõe-se grande quantidade de livros e documentos originais espanhóis sobre Portugal e América do Sul. Entre 1810 e 1819, lançou em Londres, HISTÓRIA DO BRASIL, a primeira publicação contendo sua história geral, abrangendo todo período colonial até a chegada de D. João VI, em 1808. No centenário de sua morte (1943), foi objeto de várias homenagens em institutos culturais, históricos e geográficos no Brasil, especialmente em São Paulo. Na referida manifestação mediúnica, com a visão privilegiada dos que acompanham a história dos bastidores que retém aspectos desprezados e ignorados pela chamada história oficial, invariavelmente escrita por observadores contratados para esse fim, acrescenta detalhes singulares como o em que diz que “o romano arrogante e dominador, o grego inteligente e espirituoso, o fenício comerciante e astuto, e o judeu obstinado e rebelde ainda se fazem sentir, sob indumentária nova, em todas as latitudes da Terra, com o mesmo viço espiritual de há vinte séculos”. Considerando a interessante imagem oferecida pelos Espíritos à Allan Kardec afirmando que “um século, é um relampado na Eternidade”, bem como, a visão de que num século, ante a desproporcional população espiritual que evolui presa à Terra, poucos reencarnam mais de uma vez, e de que em presumíveis 60 anos de experiência no corpo físico, apenas 20 são aproveitados, visto que 20 dormimos e outros 20, desenvolvemo-nos na direção da vida adulta. Dentro de suas racionais percepções, Southey acrescenta que “em contraste com a sublimidade do Evangelho, temos a impressão de que a consciência humana ainda não se desamarrou das fraldas infantis. Excetuadas algumas organizações individuais, tocadas de santificante heroísmo, em todas as nações o conteúdo de animalidade na massa anônima revela que a civilização ainda próxima se encontra da caverna dos primatas e que o barco da vida, por enquanto, veleja muito longe do porto em que lhe cabe atracar”. Pondera que “de alguns milênios para cá, a mente humana tem demonstrado diminutas alterações para melhor. A crueldade e o vício tornam, quase que invariáveis, à arena da luta planetária, exibindo novas formas. Povos aparecem e desaparecem, sob as lei da morte e da reencarnação, a geografia política sofre modificações em todas as épocas, mas o espírito é o mesmo”. A certo trecho, questiona: -“De que nos valem o poder aquisitivo, a técnica das industrias, a produção em massa, a universidade ativa e a riqueza rural, se não possuímos diques capazes de barrar as paixões individuais e as raciais, que ateiam o ruinoso fogo da guerra? De que serve construirmos soberbos templos, levantados à fé e à arte, para depois serem incendiados pelo nosso próprio vandalismo? Será razoável sensibilizar a alma coletiva com o espargimento de ideias salvacionistas, inclusive as de bondade fraterna e as de boa vizinhança, bombardeando, em seguida, hospitais e lares abertos? Será compreensível a exaltação de princípios superiores, quais os da dignidade pessoal e da liberdade humana, gastando-se três quartas partes do dinheiro público em petrechos bélicos, a par de quase total esquecimento da educação popular? A vida não é trepidação de nervos, a corrida armamentista ou a tortura de contínua defesa. É expansão da alma e crescimento do homem interior, que se não coadunam com a arte de matar”. E, apesar de, em sua análise atualíssima, considerar que “a palavra do Cristo vagueia no mundo sem encontrar ouvidos que a recolha, com “as igrejas que a distribuem, até certo ponto se assemelhando a conservatórios de música preciosa sem artistas que a interpretem”, Southey, otimista, preconiza: -“Sobre este mundo, em que a inteligência perquire as forças mais íntimas da Natureza, somente para conservar o poderia e o domínio destrutivos, um novo mundo surgirá”.
A prudência é uma virtude recomendada por Jesus,
quando disse: “Sede mansos como uma pomba e prudente como uma serpente”.
Prudência é você agir certo no momento certo, quando investir e quando recuar.
Portanto, a prudência requer equilíbrio emocional, um mínimo de discernimento e
de serenidade, fé em Deus e confiança em si mesmo. Não dá para ser prudente,
quando estamos nervosos ou aflitos, quando estamos furiosos ou apaixonados,
quando usamos mais a emoção que a razão. Por isso, nestes momentos de instabilidade
tomar uma decisão é correr grande risco de errar.
Por
outro lado, nunca vivemos num ambiente tão conturbado como hoje, até porque a
população do planeta nunca foi tão grande e, por conseguinte, nunca houve tantos
conflitos de interesses. Quanto menor o espaço para as pessoas circularem, mais
conflitos haverá entre elas, porque é muita gente disputando os mesmos lugares.
Além disso, no passado, quando a comunicação era difícil, os grupos sociais, as
coletividades e as nações viviam mais ou menos isoladas em, por isso, havia
menos conflitos.
Hoje,
porém, além do grande aumento da população, vivemos a era da comunicação, onde
todos podem falar com todos a qualquer momento, do que resulta um excesso de
estímulos e de informação que congestionam nossos sentidos. Por intermédio da mídia e das redes sociais,
recebemos propostas de vantagens e de prazeres fáceis, ideias conflituosas e
contraditórias. E, o pior de tudo, é que geralmente tudo isso atende a
interesses que ignoramos e que podem, muitas vezes, conspirar contra nós,
usando-nos como instrumentos de manobra’.
Não é
fácil ser prudente num mundo assim, mas é preciso que tomemos consciência do
mundo em que estamos vivendo, agir com cautela e sensatez ao ponto de
rejeitarmos aquilo que não condiz com o princípio da verdade e do bom senso.
Rejeitar tudo é tão errado quanto aceitar tudo. Precisamos agir com
discernimento, aprendendo a decidir pelo raciocínio e não se deixar envolver
por apelos emocionais dos que exploram nossas fraquezas íntimas para levar
vantagem.
Na
ordem natural das coisas a emoção nasceu
primeiro. Por isso ela sempre vem antes da razão, ou seja, o que sentimos vem
antes do uso do pensamento lógico, de tal forma que o processo do conhecimento
para por aí, não vai mais adiante. Por isso, nas mãos de um interlocutor
envolvente, a emoção paralisa o raciocínio de quem ouve, de modo que a pessoa
se torna escrava do apelo emocional e pode aceitar como verdade as mais
deslavadas mentiras. Por isso, Allan Kardec, no capítulo XIX d’O EVANGELHO
SEGUNDO O ESPIRITISMO, recomenda a fé raciocinada.
Quando
recebemos uma mensagem pela rede social, trazendo novidades, combatendo
ardorosamente uma ideia ou alertando contra algum perigo, precisamos saber de
onde veio e o que realmente ela pretende de nós. As mensagens realmente sérias
e comprometidas com a verdade não são tendenciosas, não causam alarde e nem
falam em nome de grupos de tendências radicais. Não procuram impor, mas expor
e, por isso, não invadem o livre arbítrio e tampouco instigam insegurança e
ódio contra quem quer que seja.
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