A jovem modelo Reine de 18 anos, aparência de 15, contratada pelo pintor Corneille por alguns meses, por indicação de um escultor amigo, sentindo-se interessada por uma bola de cristal de cinco centímetros de diâmetro decorando a escrivaninha do “atelier” do artista, ouviu dele que se fitasse a mesma por alguns minutos, conseguia-se a concentração mental e, algumas pessoas entravam em estado de transe, enquanto outras chegavam a ter visões misteriosas. Tendo levado a bola para casa para confirmar a veracidade da informação, devolveu-a frustrada ante o insucesso, participando, meses depois, com Corneille de uma experiência de “inclinação da mesa” ante o interesse da moça pelos assuntos paranormais, apesar de seu total desconhecimento sobre fenômenos espirituais. Após quase uma hora de tentativas, sem sucesso durante a maior parte do tempo, praticamente desistindo da experiência, em sua mente fulgurou uma ideia estranha para que voltassem à mesa, obtendo os primeiros movimentos involuntários da mesma, surgindo através dos toques ritmados, a orientação para que hipnotizasse Reine, o que fez após ante a insistência dela pelas explicações que dera sobre o fenômeno. Nas semanas seguintes, outras tentativas com a mesa, conduziram ao transe da hipnose, resultado conformado por um alfinete espetado no musculo do braço da moça pela reação do globo ocular ao erguer-lhe a pálpebra. A repetição dos experimentos foi apurando cada vez mais a sensibilidade de Reine e a autoconfiança de Corneille, certificando-se este da impossibilidade de qualquer interferência telepática ou do inconsciente dela. Inúmeras reuniões depois, mesclando a atividade com a mesa, a auto hipnose de Reine, fixando a bola de cristal; a indução através da energização pela palma da mão de Corneille; a convivência da jovem em desdobramento com entidades espirituais de vários tipos, assumiu o comando dos trabalhos o Espírito Vetterini que nos bastidores da invisibilidade conduziria as vivências no Plano Extrafísico. Resumindo algumas das informações oferecidas por Reine, destacamos: 1- Vencidas os ímpetos de medo, Reinne foi transportada, a princípio pelos céus de Paris e, depois, em peregrinações auto-induzidas, por varias zonas espirituais, uma das quais abrigando grande número de Espíritos evoluídos até o grau médio e, noutra oportunidade, em uma Esfera espiritual superior à anterior. 2 – Percebia, em suas saídas, o corpo astral das pessoas comuns, diferentes quanto à densidade, coloração, atitude, etc, de acordo com a personalidade de cada um, comentando que o caracterizado pela cor vermelha é de natureza inferior, próximo da matéria densa; e aquele em oposição a este, tendia para o azul ou para branco e parecia bem sutil, tratando-se de corpo astral de categoria elevada. No caso dos animais percebeu que uma espécie de luz os envolve, mas, totalmente diferente da dos homens. 3- Sempre supervisionada pelo Espírito Vetterini, Reinne descobriu que os Espíritos quando querem se mostrar às pessoas, assumem a aparência material da época em que viveram na Terra, para serem reconhecidos e, nas materializações, retiram do corpo carnal do médium os elementos necessários para produzir a forma que pretendem assumir, graduando-se o realismo proporcionalmente à quantidade de substância tomada do objeto concreto existente. 4- Sobre a reencarnação, aprendeu que a relação sexual é, de fato, a armadilha pela qual o Espírito é aprisionado inconscientemente, os mais atrasados; e conscientemente, o mais elevado; que durante 2 ou 3 meses após a concepção, o Espírito é relativamente livre e é bem raro ele vir visitar o próprio corpo que está sendo construído no ventre da mãe; frequência intensificada à medida que o tempo passa, imprimindo suas características ao corpo em formação, modelando-o dissimuladamente de acordo com seu desejo, fixando-se quase por definitivo aí pelos 7 meses. No caso dos Espíritos inferiores, instalam-se governados por uma força mais elevada, podendo ficar acomodados como debaterem-se como numa armadilha, tentando escapar frequentemente, voltando ao corpo semente 2 ou 3 a meses antes do parto. 5- Respondendo sobre a morte, Vetterini, revelou que ainda que ocorra de forma repentina, é coisa prevista, determinada pela Providência para apressar a evolução do Espírito de certas pessoas que não estão acompanhando o processo normal de desenvolvimento e precisam transmigrar repetidas vezes para este mundo. Afirmou não haver nenhuma morte por acaso, sempre ocorrendo sob condições determinadas, em dia e hora predeterminados”. As experiências desenvolvidas entre Reinne, Corneille e Vetterini, estenderam-se de dezembro de 1912 a dezembro de 1913, produzindo rico material para reflexões e pesquisas.
Uma ouvinte
de MOMENTO ESPÍRITA, que se identificou como Vilma, nos mandou uma cartinha,
fazendo duas perguntas. A primeira é a seguinte: “Porque , como médiuns, às
vezes somos capazes de prever certos acontecimentos com pessoas queridas e até
com pessoas estranhas, e não somos capazes de prever fatos de nossa própria
vida?”
É o que comumente acontece, Vilma. Primeiramente, queremos dizer – para esclarecimento de todos os ouvintes - que a premonição (também chamada de profecia, precognição, vidência, visão do futuro), assim como as demais faculdades ditas paranormais ou mediúnicas, não funcionam do mesmo modo nem com a mesma regularidade das percepções normais vindas pelos nossos sentidos físicos. Elas são percebidas com maior ou menor de precisão, com mais ou menos dificuldade, dependendo do médium e das circunstâncias em que a percepção acontece.
Chico Xavier costumava dizer, quando lhe pediam informações do plano espiritual, que o telefone só toca de lá para cá e não daqui para lá. Ou seja, o médium utiliza de sua faculdade, mas não tem pleno domínio sobre ela. Muitas vezes, ele vê o que não quer ver e não consegue ver o que realmente deseja. Assim também com relação às informações do futuro. Um médium, que tenha essa faculdade de premonição, não desfrutará dela a hora que quiser, mas somente quando ela se manifestar – e isso não depende apenas de sua vontade. É por isso que, muitas vezes, um consulente sai entusiasmado com a revelação de um médium e aquela pessoa, que ele indicou para a consulta, sai de lá frustrada.
O mesmo acontece como médium quer perceber. Ele perceberá o que pode acontecer com outra pessoa, mas não conseguirá saber o que vai acontecer consigo mesmo, salvo raras exceções. É por isso que as faculdades mediúnicas ou paranormais – por não serem de difícil controle - são difíceis de serem estudadas em laboratório, mesmo porque a condição indispensável para se estudar um fenômeno em laboratório é fazer com que esse fenômeno se repita muitas vezes no mesmo lugar e no momento desejado. Um médium, que produz fenômenos com facilidade numa situação natural, pode não produzir nenhum, quando submetido a uma observação de laboratório.
Desse modo, ao que tudo indica a faculdade mediúnica é espontânea na pessoa, Vilma - assim como a inspiração, que o artista procura para compor uma música, também não acontece no momento que ele quer. Suas melhores produções são aquelas que ocorrem de forma expontanea – ou seja, sem preparo e sem que ele a espere. A mediunidade é da mesma natureza. O médium pode se notabilizar por grandes revelações sobre os outros e não obter absolutamente nada sobre si mesmo. Acreditamos que isso depende das necessidades de cada um, até porque há pessoas que precisam ter essas revelações e outras não.
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