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terça-feira, 31 de agosto de 2021

NEM PENSAR ; EM BUSCA DA VERDADE COM O PROFESSOR

 A questão da morte é vista de forma dramática pela nossa cultura. Embora inevitável na caminhada desta vida não só pela fragilidade de corpo físico que usamos como também pelo inevitável envelhecimento provocado pelo seu desgaste natural, as pessoas preferem ignorar que a encontrarão em algum ponto de sua caminhada existencial. Um caso, porem, mostra-se como o mais difícil de todos. É o que envolve a perda de um filho de forma inesperada em função de um acidente ou previsível pela gravidade de uma doença manifestada. E, em meio a esses episódios, a dor de uma mãe chama mais a atenção. Das mães que honram esse título é claro. Chico Xavier que, em função da mediunidade, conviveu com milhares de casos dizia não existirem palavras que pudessem definir tal dor. Dizia ser superlativa. Ideias e pensamentos os mais absurdos levam-nas a gestos extremos. Seja por não suportarem tal sentimento, seja pela ilusão de, talvez, se reencontram noutra vida com o ente cuja convivência lhe interrompida. Embora seja grave delito perante as Leis Cósmicas, neste caso é considerado com atenuantes. Na verdade, conforme nos revela a Doutrina Espírita, nada é por acaso, e a perda de um ente querido, geralmente, faz parte do programa que estamos cumprindo na passagem pela face mais material da vida. Muitas vezes, solicitamos ou concordamos com tal experiência para ajudar aquele que tem frustrada sua passagem por nossa Dimensão, pelas profundas ligações que com eles mantemos desde Eras remotas. Ou, como explicado pelo Instrutor Druso a Hilário e André Luiz na obra AÇÃO E REAÇÃO (1957; feb), contribuímos para suas quedas em vida passada e pedimos para nos redimir das culpas que criamos, vivendo a difícil experiência da separação em meio a sonhos e projetos aqui acalentados. Ninguém foge de si mesmo e, mais dia, menos dia, nos sentiremos necessitados do enfrentamento dos efeitos causados por nossas atitudes insensatas. Entre a farta documentação geradas através do médium Chico Xavier – todos, casos reais -, encontramos exemplos de como a deserção via suicídio acarreta consequências, também dolorosas para quem dele se vale para fugir do aprendizado e da remissão. Um deles resulta da carta escrita pela jovem Valéria Cosentino, desencarnada em acidente automobilístico, aos 23 anos, após abalroamento que levou o carro que dirigia a chocar-se com a Ponte da Cidade Jardim, Marginal Pinheiros. Santista, católica, formada em Odontologia, cursava Pós-Graduação na Universidade de São Paulo, razão porque permanecia na capital paulista de quarta a sexta-feira. Prevenida desde 15 dias antes através de significativos sonhos que sugeriam uma grande viagem, com sua morte impôs aos pais e irmão, momentos de desespero e inconformação. Sua mãe, contudo não resistiu e cedeu ao suicídio. Formação universitária, professora de inglês, dias após a transferência da filha para a Vida Espiritual, fez uso de um tiro no crâneo para aplacar o sofrimento em que se viu mergulhada. Pouco mais de um ano após o acidente que mudou sua vida, o pai e marido, encontrava-se na reunião pública do Grupo Espírita da Prece, onde Chico Xavier, entre outras, psicografou esclarecedora e confortadora de Valéria, oferecendo notícias de sua situação. Médico Legista e Cirurgião, encontrou em suas palavras alento para seguir em frente com a própria vida. Valéria, expondo suas impressões sobre os acontecimentos, relatando o sucedido após a morte do seu corpo físico, sua angustiante recuperação ao tomar conhecimento do sucedido, conta da aflição quando da primeira visita ao lar que deixara, em se referindo à mãe diz: -“Lutei, mas lutei muito para arredar das ideias da Mãezinha o propósito do suicídio, mas não consegui. Aquela alma forte e sensível fora ferida nas próprias entranhas, e por muito nos dedicássemos a ela, no sentido de alterar-lhe as disposições, incapaz de arrebata-la ao terrível intento, via-a arrasar o próprio corpo, imaginando que isso lhe abriria as portas da visão para o encontro comigo, quando o gesto dela, desertando da provação, nos agravava o espanto de todos. (...). A Mãezinha demorou-se para retornar a si mesma. Agora, já me reconhece, mas trouxe muito desequilíbrio no corpo espiritual, que lhe tomará tempo para desaparecer. Pai, querido, a Mãezinha tem sofrido muito nos remanescentes do suicídio a que se entregou, e agora confessa-me temer por sua sanidade mental e pela sanidade do Paulo, e me solicitou pedir-lhes calma e resignação. (...). Pai, ela e eu pedimos aos dois, com os nossos corações entrelaçados no mesmo temor para que não alimentem qualquer desejo de encontrar a morte prematura, que vem a ser uma calamidade na vida daqueles que a perpetram”.

EM BUSCA DA VERDADE COM O PROFESSOR JOSÉ BENEVIDES CAVALCANTE

Uma de nossas ouvintes contou-nos, por telefone, a seguinte situação. Depois que o marido faleceu – e isso já faz mais de 7 anos - ela que era muito apegada a ele, passou a sonhar com ele e, no sonho, sempre lhe fazia algum pedido, no sentido de ajudar a resolver seus problemas. Mas, mas cada vez que fazia um pedido, percebia ele se mostrava um tanto aborrecido, até que não lhe apareceu mais em sonho. Quer saber o que aconteceu.

Com certeza, ele se cansou de seus pedidos, cara ouvinte. Não por outra coisa. É que, no plano espiritual, as pessoas também tem seus problemas e nem sempre elas podem dar tanta atenção aos nossos. Há uma crença generalizada, porém sem fundamento, de que os Espíritos podem resolver todos os nossos problemas. Não é verdade. Muitas vezes, depois da desencarnação, eles podem ter problemas ainda mais complicados do que os nossos.

A vida na Terra é uma escola, onde estamos aprendendo no dia-a-dia, justamente com os problemas que nos desafiam. Se tirarmos os problemas da vida, não sobra nada, porque os problemas são os principais ingredientes de nossa experiência aqui na Terra. É claro que precisamos uns dos outros, que nem sempre estamos em condições de resolver sozinhos nossos problemas. Mas tudo tem um limite. Não podemos continuar como eternos dependentes das pessoas, principalmente em relação aos que já se foram.

Um dos principais objetivos da vida é a conquista da autonomia espiritual. Que é autonomia? Autonomia é capacidade de cada um conquistar sua própria independência, como queremos que aconteça com nossos filhos. Quando os filhos são crianças, eles dependem em tudo de nós, seus pais Mas, à medida que vão crescendo, eles precisam aprender a resolver seus próprios problemas, para que tornem adultos seguros e capazes, não exigindo mais a nossa intervenção nos assuntos de seu interesse.

Com relação aos Espíritos é a mesma coisa. Não podemos nos tornar dependentes, nem mesmo de nossos protetores. Aliás, como lemos em O LIVRO DOS ESPÍRITOS, o papel dos protetores espirituais é de nos orientar nos caminhos da vida. Mas, à medida que vamos nos tornando autossuficientes na solução de nossos problemas, eles vão se afastando, da mesma forma que os pais, à medida que os filhos vão se tornando adultos, deixam de interferir nas suas decisões.

No caso em questão, prezada ouvinte, o que você deve fazer é orar sempre pelo seu marido. Talvez você tenha boas condições para ajudá-lo na sua caminhada evolutiva.


segunda-feira, 30 de agosto de 2021

COISAS QUE VOCÊ TALVEZ NÃO SAIBA; EM BUSCA DA VERDADE COM O PROFESSOR

 Quando o Espírito de Verdade enunciou a célebre orientação “Espíritas amai-vos, eis o primeiro mandamento; instruí-vos, eis o segundo”, de certa forma apenas reafirmava outra preservada nos Evangelhos de que “conhecereis a Verdade e ela vos libertará”. Aqueles que ávidos de informação buscam respostas, esbarram, por vezes em duvidas que certamente consistiram buscas de Allan Kardec no acervo que construiu nos 12 anos de suas pesquisas em torno da nova realidade que se lhe revelava. Na REVISTA ESPÍRITA de fevereiro de 1868, por exemplo, encontramos uma delas: - “O Messias anunciado é a pessoa mesma do Cristo?. A resposta encontra-se numa mensagem do Espírito Lacordaire cujo nome completo é Jean Baptiste-Henri Dominique Lacordaire. Autor de mensagens de conteúdo significativo, incluídas por Allan Kardec em várias edições da própria REVISTA ESPÍRITA e três n’ O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO é considerado como um precursor do catolicismo moderno. Foi Padre, jornalista, educador, deputado e acadêmico. Advogado aos 22 anos, ordenado Sacerdote aos 26, aos 28 passa a colaborar no jornal diário católico L’AVENIR, periódico que defende a liberdade religiosa e de ensino, defendendo também a separação da Igreja do Estado. Desencarnado em 1861, aos 59 anos, já no ano de 1862, ressurge em Paris, através da mediunidade, ofertando sua contribuição sobre temas importantes nas obras básicas do nascente ESPIRITISMO. Entre outras interessantes informações, diz ele: - Perto de Deus estão numerosos Espíritos chegados ao topo da escada dos Espíritos puros, entre eles seus enviados superiores, encarregados de missões especiais. Podeis chama-los Cristos: é a mesma escola; são as mesmas ideias modificadas conforme os tempos. Eis porque uma multidão de Espíritos de todas as ordens, sob a direção do Espírito de Verdade, vieram a todas as partes do mundo e a todos os povos, revelar as leis do Mundo Espiritual, cujo ensino Jesus havia adiado e lançar, pelo Espiritismo, os fundamentos da nova ordem social. Não creiais que esse Messias esteja só; haverá muitos que abraçarão, pela posição que cada um ocupará no Mundo, as grandes partes da ordem social: a politica, a religião, a legislação, a fim de as fazer concordar com o mesmo objetivo. Além dos Messias principais, surgirão Espíritos de escol em todas as partes do detalhe e que, com lugares-tenentes animados da mesma fé e do mesmo desejo, agirão de comum acordo, sob o impulso do pensamento superior. Assim é que, pouco a pouco, estabelecer-se-á a harmonia do conjunto”. Outra curiosidade que se apresenta aos estudiosos da Doutrina Espírita é sobre se O ESPÍRITO DE VERDADE É JESUS?. A resposta pode ser deduzida de uma mesma mensagem reproduzida em duas das chamadas obras básicas organizadas por Allan Kardec. A primeira n’ O LIVRO DOS MÉDIUNS, capítulo 31, item 9, assinada por JESUS DE NAZARÉ. N’O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO, capítulo 6, INSTRUÇÕES DOS ESPÍRITOS, primeira mensagem – a mesma do livro anterior suprimido apenas o primeiro parágrafo é assinada por ESPÍRITO DE VERDADE. Outro dado desconhecido que pode parecer sem maior importância mas não é aos que tentam entender a lógica da evolução está na resposta à questão 607 d’O LIVRO DOS ESPÍRITOS. A condição de Espírito é característica do período conhecido como Humano. Reflitamos na resposta da Espiritualidade a Allan Kardec: - “Nos seres inferiores da criação, que estais longe de conhecer inteiramente, o Princípio Inteligente se elabora, se individualiza pouco a pouco e ensaia para a vida. É de certa maneira um trabalho preparatório, como o de germinação, em seguida ao qual o Princípio Inteligente sofre uma transformação e se torna Espírito”.

Se os Espíritos realmente existem, porque eles não se comunicam com a gente? Se isso acontecesse, todo mundo ficaria convencido da imortalidade e o homem certamente procuraria se melhorar, porque ficaria sabendo que existe vida depois da morte.

Você está pensando de forma lógica e racional. Mas não é assim, de maneira forma tão simples, que as leis da natureza funcionam. O conhecimento, como tudo no universo, também está submetido à lei da evolução e caminha devagar, conforme o amadurecimento da humanidade. Imagine você como era pobre de conhecimento o homem da caverna - os nossos ancestrais que viveram centenas de milhares de anos atrás.

O que conheciam eles? O que sabiam da natureza em relação ao homem atual? O que podiam saber de si próprios? O caminho do conhecimento é longo, tortuoso e adequado a cada momento. Só com o passar dos séculos é que o homem foi se levantando de sua ignorância, desenvolvendo sua capacidade de observação e penetrando no conhecimento real das coisas. Se um deles, de repente, se deparasse com o mundo atual, ficaria estupefato, imóvel, apavorado, ou sairia numa desabalada correria, fugindo de uma realidade para a qual não estaaria preparado para conhecer.

Nesse longo caminhar evolutivo, portanto, tudo vem a seu tempo. E, por isso, cada fase da humanidade é responsável pela conquista de determinados conhecimentos, tudo concorrendo para que o homem vá amadurecendo, descobrindo, inventando e conquistando mais autonomia. Até o século 18, por exemplo – 200 anos atrás – o homem não sabia da existência dos microorganismos e, em razão disso, não atinava para a causa da maioria das doenças transmissíveis, que dizimava grande parte da população.

Hoje, que pensamos saber muita coisa por causa do avanço científico dos últimos anos, na verdade, chegamos à conclusão de que sabemos bem pouco a respeito do universo. Os físicos quânticos que o digam. Nesse sentido, a própria ciência vem se proclamando incompetente para dar todas as respostas a respeito de todos os assuntos. Por outro lado, Allan Kardec, nos meados do século 19, foi pioneiro na descoberta do mundo espiritual que, para a maioria, pareceu alucinação, loucura, como já acontecera na história da ciência com relação a muitas descobertas, que só muito depois se confirmaram.

Mas, os mentores espirituais disseram a Kardec que só, paulatinamente, o homem chegaria ao conhecimento de outras dimensões da vida, dando a entender que não estamos ainda preparados para assimilar muitos conhecimentos. A realidade espiritual, por enquanto, só existe para aqueles que nela acreditam e que estão preparados para isso, mas, com certeza, será uma realidade para todos, no futuro, quando a humanidade estiver pronta para assimilar novas verdades.

Além do mais, precisamos considerar que o fato de estarmos vivendo hoje dentro de uma dimensão do universo e de não percebermos outras dimensões, que podem coexistir com a nossa, faz parte de nossas experiências evolutivas. Imaginem como seria a nossa vida, se os desencarnados se mostrassem para nós! Para nós, os encarnados, - muito mais do que para eles - essa barreira, que hoje nos impede de percebê-los, tem um sentido importante na condução de nossa vida, onde podemos agir com mais liberdade e descontração.













 

domingo, 29 de agosto de 2021

COISAS QUE TALVEZ VOCÊ NÃO SAIBA; EM BUSCA DA VERDADE COM O PROFESSOR

O Espiritismo fundamentando-se no princípio da lógica tem revelado elementos extremamente interessantes sobre temas como a sobrevivência após a morte, as vidas sucessivas, o papel e a organização da família no processo evolutivo, a origem e cura das doenças, entre outros. O último aspecto citado racionaliza a questão da influência e interferência da mente e seu principal efeito que é o pensamento quanto aos seus aspectos causais. Destacaremos a seguir alguns deles para sua avaliação: 1- “Se dividirmos os males da vida em duas categorias, sendo UMA a dos males que o homem não pode evitar, e OUTRA a das atribulações que ele mesmo provoca, por sua incúria e seus excessos, veremos que esta última é muito mais numerosa que a primeira”. 2 - As doenças pertencem às provas e às vicissitudes da vida terrena. São inerentes à grosseria da nossa natureza material e à inferioridade do mundo que habitamos. As paixões e os excessos de toda espécie, por sua vez, criam em nossos organismos condições nocivas, frequentemente transmissíveis pela hereditariedade”. 3 -“Doenças de nascença, sobretudo aquelas que tiram aos infelizes a possibilidade de ganhar a vida pelo trabalho: as deformidades, a idiotia, a imbecilidade, etc. (...), são efeitos que devem ter uma causa, em virtude do axioma de que todo efeito tem uma causa, e desde que se admita a existência de um Deus justo, essa causa deve ser justa. A causa sendo sempre anterior ao efeito, e, desde que não se encontra na vida atual, é que pertence a uma existência precedente”. 4 - “Se Deus não quisesse que pudéssemos curar ou aliviar os sofrimentos corporais, em certos casos, não teria colocado meios curativos à nossa disposição. 5 - Ao lado da medicação comum elaborada pela ciência, o magnetismo nos deu a conhecer o poder da ação fluídica, e, depois o Espiritismo veio revelar-nos outra força, através da mediunidade curadora e da influência da prece”. 6 - Da mente clareada pela razão, sede dos princípios superiores que governam a individualidade, partem as forças que asseguram o equilíbrio orgânico, por intermédio de raios ainda inabordáveis à perquirição humana, raios esses que vitalizam os centros perispiríticos, em cujos meandros se localizam as chamadas glândulas endócrinas, que, a seu turno, despedem recursos que nos garantem a estabilidade do campo celular. 7 - Nas criaturas encarnadas esses elementos se consubstanciam nos hormônios diversos que atuam sobre todos os órgãos do corpo físico, através do sangue. 8 - A criatura, durante a reencarnação, elege, automaticamente, para si mesma, grande parte das doenças que se lhe incorporam às preocupações. Rendemo-nos, habitualmente, às sugestões do mal, criando em nós não apenas condições favoráveis à instalação de determinadas moléstias no cosmo orgânico, mas também ligações fluídicas aptas a funcionarem como pontos de apoio para as influências perniciosas interessadas em vampirizar-nos a vida. 9 - Exteriorizando ideias conturbadas, assimilamos as ideias conturbadas que se agitam em torno de nosso passo, elementos esses que se nos ajustam ao desequilíbrio emotivo, agravando-nos as potencialidades alérgicas ou pesando nas estruturas nervosas que nos conduzem a dor. Mantidas tais conexões, surgem frequentemente os processos obsessivos que, muitas vezes, sem afetarem a razão, nos mantém no domínio de enfermidades – fantasmas que os esterilizam as forças e, pouco a pouco, nos corroem a existência. 10 - Há grande número de doenças, cuja origem é devida a fluidos perniciosos, dos quais é penetrado o organismo, contra o que a medicação comum é inoperante. 11 - O perispírito por sua natureza FLUÍDICA, essencialmente móvel e elástica, projeta raios pela vontade do Espírito, servindo à transmissão do pensamento. 12 - Sendo o perispírito dos encarnados de natureza idêntica à dos FLUIDOS espirituais, ele os assimila com facilidade, como uma esponja se embebe de um líquido.13 - A alma carreia consigo as faculdades de criar no próprio cosmo orgânico todas as espécies de anticorpos, imunizando-se contra as exigências da carne, faculdades essas que pode ampliar consideravelmente pela oração, pelas disciplinas retificadoras a que se afeiçoe, pela resistência mental ou pelo serviço ao próximo com que atrai preciosos recursos em seu favor. O Bem é o verdadeiro antídoto do mal. 14 - A maioria das moléstias, como todas as misérias humanas, são expiação do presente ou do passado, ou provações para o futuro; são dívidas contraídas, cujas consequências devem ser sofridas até que tenham sido resgatadas. Não pode ser curado aquele que deve suportar sua provação até o fim.


Eu quero saber se é possível a gente ir a um Centro Espírita e falar com um parente que já morreu. (Anônimo)

A possibilidade existe, mas não é recomendável agir dessa maneira, até porque as comunicações mediúnicas não ocorrem com tanta facilidade. Falar com um Espírito é muito diferente de fazer uma ligação telefônica ou simplesmente fazer uma visita a alguém que está nos esperando. Há uma série de obstáculos que nos separam no mundo espiritual e que, no caso de uma comunicação, precisam ser transpostos.

Precisamos considerar tais obstáculos. Primeiro: se o Espírito, a quem você quer se dirigir, quer se comunicar e se está em condições de se comunicar. Segundo: se a pessoa, que vai servir de médium, está preparado para esse tipo de comunicação e é uma pessoa com quem o Espírito pode estabelecer uma sintonia adequada para dar sua comunicação. Terceiro: se o grupo mediúnico é idôneo, é confiável.

Todas as vezes que as pessoas se aproximavam do Chico Xavier para lhe pedir uma comunicação de algum ente querido – ele, o Chico, que era um médium absolutamente confiável - dizia que não podia garantir que a comunicação se daria, mesmo porque, como costumava afirmar, “o telefone só toca de lá para cá e não daqui para lá”.

Tivemos oportunidade de estar algumas vezes nos trabalhos do médium Carlos Baccelli, em Uberaba, também especializado em receber mensagens de entes queridos. E o que vimos todas as vezes? Dezenas de pessoas se reuniam no espaço restrito do centro, ansiosas por comunicações, mas apenas 5 ou 6 recebiam o que estavam buscando.

As comunicações dos nossos entes amados, ao contrário do que podemos acreditar, podem acontecer com certa frequência. Não através de médiuns, mas durante o sono. Trata-se de um contato direto, mais frequentes entre mães e filhos, que se encontram durante o desprendimento natural da mãe, quando está dormindo. Como, na maioria das vezes, não lembramos desses encontros, é importante que, para registrarmos esses contatos na memória, nos preparemos espiritualmente antes de dormir.

Além do mais, conforme nos referimos, nem todo médium se presta a esse tipo de comunicação. Há médiuns especializados, que costumam atuar nessa área e, por isso mesmo, estão mais bem treinados e mais bem preparados, além, é claro, de serem pessoas dignas de confiança, que geralmente atuam num centro espírita. Devemos tomar cuidado nesse sentido, porque existe muito charlatanismo por aí.

E o primeiro indício de charlatanismo está no fato de certas pessoas cobrarem pelos seus serviços mediúnicos. No Espiritismo não se admite nenhuma cobrança por parte do médium ou de quem quer que seja, pois a mediunidade espírita deve servir unicamente à causa do bem, assentada sobre aquele preceito de Jesus, que diz: “dai de graça o que graça recebestes”.

As pessoas, que nunca tiveram contato com o Espiritismo, que nunca leram nada a respeito, que estão alheias aos objetivos do Espiritismo, podem ser facilmente enganadas, porque não sabem distinguir o verdadeiro do falso, o certo do errado, e podem ser facilmente ludibriadas. Por isso mesmo, recomendamos que aqueles, que anseiam por ter contato com seus entes queridos, não procurem de imediato qualquer comunicação. Passem a frequentar um centro em suas reuniões públicas, tomem passes, leiam sobre o Espiritismo e se esclareçam o suficiente para, primeiro, se situarem e poderem pleitear alguma coisa.







ALLAN KARDEC ANALISA UM CASO DE TELEPATIA ; EM BUSCA DA VERDADE COM O PROFESSOR

 No número de outubro de 1864 da REVISTA ESPÍRITA, Allan Kardec reproduz artigo de sua autoria baseado em matéria de publicação literária diária de Paris, em que um articulista chamado Émile Deschamps relata experiência pessoal na qual, em viagem pela França, abrigando-se da chuva num dos magazines de cidade que visitava, sentiu-se compulsivamente atraído por jovem que ali trabalhava. Afirmando tal interesse não ser determinado pela sua beleza, comprou alguns pequenos objetos e, ao pagá-los disse a ela: -“Obrigado, senhorita Sara’. A jovem me olhou com ar um pouco surpreso. -Isto vos espanta, retomei, que um estranho saiba o vosso nome, um de vossos pequenos nomes; mas se quiserdes pensar atentamente em todos os vossos nomes, eu vo-los direi sem hesitar. Pensai nisso? - Sim, senhor, respondeu ela, metade rindo e metade tremendo. - Pois bem! continuei, olhando-a fixamente na testa, vos chamais Sara, Adèle, Benjamine N...- É verdadeiro, replicou e depois de alguns segundos de estupor, se pôs a rir completamente, e vi que pensava que eu tivera essas informações na vizinhança, com o que me divertia. Mas eu, que sabia bem que disso não sabia uma palavra, fiquei assustado com essa adivinhação instantânea. No dia seguinte, e nos seguintes, corri à loja; minha adivinhação se renovava a todo momento. Pedia-lhe para pensar em alguma coisa, sem ma dizer, e quase em seguida lia sobre sua fronte esse pensamento não explicado. Pedia-lhe para escrever algumas palavras com um lápis mas escondendo, e, depois de tê-la olhado um minuto, escrevi de minha parte as mesmas palavras na mesma ordem. Eu lia em seu pensamento como num livro aberto, e ela não lia no meu: eis a minha superioridade; mas ela me impunha suas ideias e emoções. Que pensasse seriamente nesse objeto; que repetisse palavras num escrito, e súbito eu adivinhava tudo. O mistério estava entre o seu cérebro e o meu, não entre minhas faculdades de intuição e as coisas materiais. O que quer que seja, tinha-se estabelecido entre nós dois uma relação tanto mais íntima quanto mais pura. Uma noite, ouvi em meu ouvido uma voz forte que me gritava: Sara está doente, muito doente! Corri à sua casa; um médico a velava e atendia uma crise. Na véspera, Sara fora acometida por uma febre ardente; o delírio continuou toda a noite. O médico me chamou à parte, e me fez entender que temia muito. Dessa posição eu via inteiramente a fronte de Sara, e minha intuição o trazendo sobre minha própria inquietude: Doutor, disse-lhe baixinho, quereis saber de que imagem seu fervente sono está ocupado? Ela se crê neste momento na grande Ópera de Paris, onde jamais foi, e uma dançarina corta, entre outras ervas, uma planta de cicuta, e a atira exclamando: É para ti. O médico me acredita em delírio. Alguns minutos depois a doente despertou pesadamente, e suas primeiras palavras foram: "Oh! como é bela a Ópera! mas por que, pois, esta cicuta, que me atira esta bela ninfa? "O médico ficou estupefato. Uma poção onde entrava a cicuta foi administrada a Sara, que se achou curada em alguns dias”. Comentando o fato, Allan Kardec observa que “os exemplos de transmissão de pensamento são muito frequentes, não talvez de maneira tão caracterizada como no fato acima, mas sob formas diversas. Quantos fenômenos se passam assim diariamente sob nossos olhos, que são como os fios condutores da vida espiritual, e aos quais, no entanto, a ciência não se digna conceder a menor atenção! Argumenta que ligação íntima da vida espiritual e da vida orgânica durante a existência terrestre; destruição da vida orgânica e persistência da vida espiritual depois da morte; a ação do fluido perispiritual sobre o organismo; reação incessante do Mundo Invisível sobre o Mundo Visível e reciprocamente: tal é a lei que o Espiritismo vem demonstrar e que abre à ciência e, ao homem, horizontes inteiramente novos.

Ouvi dizer que é possível fotografar o pensamento. Gostaria de saber o que pensa o Espiritismo sobre isso. As fotografias, que registram a presença de pessoas que já morreram, não seriam a projeção do pensamento das pessoas presentes? (Alexandre)

Aqui temos duas questões numa mesma pergunta, Alexandre. A primeira se refere à fotografia do pensamento; a segunda, sobre fotos em que aparecem Espíritos junto aos encarnados. André Luiz, na obra MECANISMOS DA MEDIUNIDADE – psicografada por Chico Xavier e Waldo Vieira – afirma que o pensamento é matéria. Matéria no sentido quântico – ou seja, uma emissão de energia psíquica da pessoa que pensa. O capítulo 4º dessa obra trata do tema “Matéria Mental”.

Nele, André Luiz explica que o Universo é uma projeção do pensamento criador de Deus, onde todos estamos mergulhados. Nós, Espíritos, encarnados ou desencarnados, também criamos pelo pensamento. O pensamento aparentemente não é nada, porque não o vemos e nem tampouco a ciência conseguiu, até hoje, detectá-lo. Mas, na realidade, o pensamento é tudo. Tudo o que o homem descobriu, criou e inventou, ao longo da História, nasceu primeiro em seu pensamento. A idéia vem antes da obra. E isso lhe dá a condição de cocriador na obra de Deus.

Enquanto pensamos, projetamos vontade, imaginação, idéias, sentimentos. Pense uma câmera cinematográfica projetando um filme na tela. O pensamento é mais ou menos isso. Só que ele se projeta em nossa “tela mental” – no dizer de André Luiz - muito mais que somente imagem e som, e essa projeção não é percebida por nós, porque se dá numa dimensão que nossos sentidos físicos não alcançam. O pensamento cria formas – que André Luiz chama de formas-pensamento.

Quando você pensa em alguém, imediatamente a imagem dessa pessoa surge na sua tela mental; mas não se trata apenas de uma simples imagem estática ( como a imagem da fotografia), mas de uma imagem dinâmica, emoldurada por valores e sentimentos. O pensamento gera emoção, revelando o sentimento que você tem em relação a essa pessoa.

Cada um de nós tem seu próprio padrão de pensamento. Padrão é qualidade do pensamento produzido no dia-a-dia. Por exemplo: o padrão de pensamento de um homem de bem é muito diferente do de um fora da lei. O pensamento de uma pessoa agitada e ansiosa é diferente do pensamento de um individuo seguro e sereno. O pensamento de uma criança é diferente do de um adulto, e assim por diante. A qualidade do pensamento é responsável pelo campo mental que cada um cria em torno de si.

Esse campo mental – também chamado por André Luiz de atmosfera psíquica ou psicosfera – é que estabelece as condições de defesa espiritual. Ele pode nos colocar mais em contato com os protetores espirituais ou com os obsessores, dependendo de seu padrão de pensamento: assim, pensamentos bons atraem espíritos amigos; pensamentos maus, espíritos inimigos ou mal intencionados.

Nos anos 60, um jornalista americano, chamado Ted Serios alegava ter descoberto uma forma de fotografar seu pensamento. Ele conseguia fotografar cenas e imagens de pessoas fazendo uso de uma máquina polaróide. O dom de Ted Serios foi reconhecido e apoiado pela confirmação do Dr. Jule Eisenbud, psiquiatra radicado em Denver, Estados Unidos, autor do livro "O mundo de Ted Serios: Fotografia do Pensamento', estudos de uma mente extraordinária), publicado em 1967, no qual ele argumenta a respeito da veracidade dos feitos de Serios.

Quanto a fotos em que é registrada a presença de Espíritos, você levanta a possibilidade de que não sejam realmente Espíritos, mas projeção do pensamento das pessoas presentes no momento em que as fotos foram tiradas. Isso, em tese, pode acontecer , Alexandre, mas cada caso deve ser estudado e analisado dentro das circunstâncias em que a foto foi tirada. O problema é descobrir como o fenõmeno ocorreu, mesmo porque esse casos de fotografias de Espíritos são muito raros e neles são utilzadas apenas câmaras fotograficas comuns.





sexta-feira, 27 de agosto de 2021

REMORSO - INDUTOR AO PROGRESSO ESPIRITUAL; EM BUSCA DA VERDADE COM O PROFESSOR

 Ideia muito presente nas conjecturas e formulações da Psicanalise criada por Freud, o sentimento de culpa é inerente à criatura humana, na medida em que, como Espírito, vai avançando na escala evolutiva. O Espiritismo, através da publicação que o procurava difundir - a REVISTA ESPIRITA, subintitulada jornal de estudo psicológicos -, quase meio século antes do surgimento da Psicologia, preservou vários estudos sobre o tema, tratado na Doutrina pelo termo remorso. No número de agosto de 1867, por exemplo, temos um caso interessante, avaliado pela Espiritualidade numa das reuniões da Sociedade Espírita de Paris, comentado em seguida pelo próprio Allan Kardec. Apreciando o tema, Um Espírito presente, entre outras coisas, escreveu: - Cada Ser tem a liberdade do bem e do mal, o que chamais de livre-arbítrio. O homem tem em si a consciência, que o adverte quando fez bem ou fez mal, cometeu uma má ação ou descurou de fazer o bem; sua consciência que, como guardiã vigilante, encarregada de velar por ele, aprova ou desaprova sua conduta. Muitas vezes acontece que se mostre rebelde à sua voz, que repila suas inspirações; quer sufocá-la pelo esquecimento; mas jamais ela é completamente aniquilada para que, num dado momento, não desperte mais forte e poderosa e não exerça um severo controle de vossas ações. A consciência produz dois efeitos diferentes: a satisfação de ter agido bem, a paz que deixa a consciência do dever cumprido, e o remorso que penetra e tortura quando se praticou uma ação reprovada por Deus, pelos homens ou pela honra. É, propriamente falando, o senso moral. O remorso, é como uma serpente de mil voltas, que circula em redor do coração e o destrói; é o remorso que sempre faz ouvir as mesmas inflexões e vos grita: Fizeste uma ação má; deverás ser punido; teu castigo só cessará depois da reparação”. Opinando, Allan Kardec acrescenta: – Sem ir buscar aplicações do remorso nos grandes criminosos, que são exceções na sociedade, nós as encontramos nas mais comuns circunstâncias da vida. É esse sentimento que leva todo indivíduo a afastar-se daqueles contra os quais sente que tem censuras a se fazer; em presença deles sente-se mal; se a falta não for conhecida, ele teme ser adivinhado; parece-lhe que um olhar pode penetrar o fundo de sua consciência; vê em toda palavra, em todo gesto uma alusão à sua pessoa, razão por que, desde que se sente desmascarado, retira-se. O ingrato também foge de seu benfeitor, já que sua visão é uma censura incessante, da qual em vão procura desembaraçar-se, pois uma voz íntima lhe grita no fundo da consciência que ele é culpado. Se o remorso já é um suplício na Terra, quão maior não será esse suplício no mundo dos Espíritos, onde não é possível subtrair-se à vista daqueles a quem se ofendeu! Felizes os que, tendo reparado já nesta vida, poderão sem receio enfrentar todos os olhares no mundo onde nada é oculto. O remorso é uma consequência do desenvolvimento do senso moral; não existe onde o senso moral ainda se acha em estado latente. É por isto que os povos selvagens e bárbaros cometem sem remorsos as piores ações. Aquele, pois, que se pretendesse inacessível ao remorso, assimilar-se-ia ao bruto. À medida que o homem progride, o senso moral torna-se mais apurado; ofusca-se ao menor desvio do reto caminho. Daí o remorso, que é o primeiro passo para o retorno ao bem.


A televisão noticiou que um negro, depois de 30 anos de prisão, foi reconhecido como inocente nos Estados Unidos. Ele perdeu 30 anos de sua vida e agora foi libertado. Mas, segundo o Espiritismo, como nada acontece por acaso, essa condenação, mesmo ele sendo inocente, deve trazido culpa de encarnações passadas, caso contrário não aconteceria o que aconteceu. Eu pergunto o seguinte: se ele souber que sua prisão foi o pagamento de uma dívida cármica, mesmo assim, ele tem direito de processar o Estado do tempo que passou injustamente na prisão? (Durval dos Santos)

Não temos dúvida que sim. Pelo bem da sociedade, nada justifica um erro, que causa prejuízo a alguém, mesmo saibamos que o fato em si decorra de um resgate de reencarnações anteriores. Se fosse assim, em nome da Lei de Causa e Efeito, poderíamos nos arvorar em justiceiros, voltando-nos contra os outros ou mesmo nos omitindo na hora que deveríamos agir em favor de alguém. Aliás, isso acontece em certos setores de religiões reencarnacionistas do Oriente, que ainda não compreenderam a verdadeira extensão da Lei de Causa e Efeito no processo evolutivo do Espírito.

Esse homem, na verdade, foi injustiçado pelo Estado de forma grosseira, violenta e preconceituosa, e o Estado precisa responder perante o povo pelo erro cometido. Portanto, não devemos confundir uma coisa com outra. Da mesma forma, se uma pessoa está sofrendo hoje e o alívio de suas dores depende de nós, cabe-nos ir ao seu encontro, dar-lhe o atendimento necessário, sem questionar por que ela está sofrendo.

Todos devemos praticar a justiça e fazer o máximo para não sermos injustos. As nossas ações ou omissões nada têm a verdade com o passado do Espírito. È por isso que nada lembramos de encarnações anteriores. O individuo, a quem devemos respeito e ajuda, é o nosso próximo, é o que está ao nosso lado, agora. A ele devemos fazer todo possível para dar o melhor, da mesma forma que os pais – que procuram cuidar bem de seus filhos – mesmo sendo reencarnacionistas ou espíritas, não questionam quem são foram esses Espíritos no passado. Sua obrigação, sob pena de irresponsabilidade, é o de lhes conferir sempre o melhor tratamento.

quinta-feira, 26 de agosto de 2021

TATUAGENS E PIERCINGS- REFLEXÃO LÓGICA E SIMPLES; EM BUSCA DA VERDADE COM O PROFESSOR

O Espiritismo revela que o Espírito em grande parte de sua caminhada evolutiva se reveste de um corpo sutil denominado por Allan Kardec períspirito. Na verdade, o mesmo corpo espiritual citado por Paulo de Tarso em suas cartas ou corpo astral das tradições hindus. Segundo a Doutrina Espírita, não apenas mero veículo de manifestação, mas, intermediário de impressões do Espírito e do corpo físico através de complexo de comunicação que se serve do sistema endócrino no corpo físico e os chamados centros de força - ou chackras -, no perispirito. Serve para a constatação da individualidade do Espírito sem o corpo material, fazendo dele um Ser distinto dos outros, como explicado n’ O LIVRO DOS ESPÍRITOS. Acrescentando informações sobre as linhas morfológicas dos desencarnados, o Espírito André Luiz informa no livro EVOLUÇÃO EM DOIS MUNDOS (1958, feb), serem “comumente aquelas que trouxeram do mundo, a evoluírem, contudo, constantemente para melhor apresentação, toda vez que esse conjunto social se demore em esfera de sentimentos elevados”. Acrescenta que “a forma individual em si obedece ao reflexo mental dominante”, visto que “fora do arcabouço físico, a mente se exterioriza no veículo espiritual com admirável precisão de controle espontâneo sobre as células sutis que o constituem”. Ressalva que “se o progresso mental não é positivamente acentuado, mantém a personalidade desencarnada, nos planos inferiores, por tempo indefinível, a plástica que lhe era própria entre os homens, sofrendo nos planos relativamente superiores, processos de metamorfose, mais lentos ou mais rápidos, conforme suas disposições íntimas”. Exemplifica citando o “caso da alma desenleada do envoltório físico transferida para a moradia espiritual, em adiantada senectude, a qual gastará algum tempo para desfazer-se dos sinais de ancianidade corpórea, desejosa de remoçar o próprio aspecto, que deverá esperar o auxílio do tempo - caso da maioria esmagadora de Espíritos desencarnados -, por não disporem ainda de bastante aperfeiçoamento moral e intelectual, condição imprescindível para revelar o poder plástico sobre as células que lhes entretecem o instrumento de manifestação”. Sabemos através de Allan Kardec que “conforme o Espírito for mais ou menos puro e liberto das atrações materiais, o meio em que estiver, o aspecto das coisas, as sensações que experimentar, as percepções que possuir, determinará não apenas infinitas possibilidades de seu estado feliz ou infeliz no Plano Espiritual situando-o em diferentes moradas, não localizadas nem circunscritas”, sabe-se hoje, agrupadas segundo os impositivos da afinidade, consoante a onda mental ou frequência vibratória, em que se encontram, conforme explicações do Espírito Abel Gomes, através do médium Chico Xavier, que aduz “existirem milhões de Espíritos, apaixonados pela forma, que se obstinam em colônias, por muito tempo, até que abalos afetivos ou conscienciais os constranjam à frente ou ao renascimento no campo físico já que cada mente vive na Dimensão com que se harmonize”. Tais comentários tornam compreensíveis imagens oferecidas pelo Espírito Luiz Sérgio no livro MAIS ALÉM DO MEU OLHAR (2001, recanto), psicografado pela médium Irene Pacheco Machado, relatadas no capítulo seis descrevendo incursão pelo Vale dos Tatuados, situado em faixas espirituais sombrias existentes ao redor do Planeta Terra. Cita contato com jovem desencarnado ostentando uma “tatuagem de Jesus, com lenço amarrado na boca, amordaçado para que não o convertesse”, dizendo ser visitante frequente do Plano físico por “gostar demais de ficar intuindo caras que fazem tatuagens, para que sejam mais criativos”. Viu jovens mulheres com o corpo todo marcado por tatuagens, uma das quais não adepta dos “piercings” que considerava uma agressão ao corpo, indicando alguém que morreu de “câncer na língua, tantos “piercings” colocou nela”. Descreve cenas impactantes do que vê acompanhando a equipe em transito por aquele quase surreal Vale, tendo sua atenção atraída, em dado instante, para “várias mulheres com “piercings” nos lugares mais estranhos, exibidos em meio a gargalhadas, tendo a língua caída até o busto, pelo peso dos adornos nela implantadas quando encarnadas”. Afastando-se daquele cenário dantesco, foi seguro pelas pernas por jovem implorando lhe fosse removida de seu corpo perispiritual tatuagem em que se via a figura de Satanás batendo no Cristo, imagem, segundo ela, escolhida para chamar a atenção do grupo em que se enturmara, o que lhe valeu a liderança do mesmo. Ponderando sobre o assunto, Luiz Sérgio lembra que “antes a tatuagem era usada somente por presidiários e marinheiros, tornou-se modismo, pelo desejo de muitos Espíritos de agredir a sociedade, por sinal, em sua maioria, oriundos de lares desajustados”. Por representar opção assumida no exercício consciente do livre arbítrio, e no uso da mente na definição das imagens gravadas no próprio corpo, entende-se por que após a morte, tais inscrições conservam-se no corpo espiritual.




Pergunta da Doralice é a seguinte:”Por que será que só lembramos de Deus nas horas difíceis, quando não achamos solução para nossos problemas e não temos mais a quem recorrer?”

Como você está percebendo, Doralice, esta é uma tendência natural do ser humano na fase ainda inicial de nosso crescimento espiritual. Nós, habitantes do planeta Terra, ainda somos muito infantis em relação ao que chamamos de necessidades espirituais. Queremos saber só das coisas imediatas da vida material. Aliás, na maioria das vezes, agimos como a criança que, quando está brincando, nem se lembra que tem os pais, mas quando se machuca ou quando se vê diante de um perigo ou ameaça, grita logo para que a mãe lhe venha prestar socorro.

Nós também agimos assim, com algumas exceções, é claro. A maioria das pessoas – embora declare acreditar em Deus e ter uma religião – quando tudo está relativamente bem em sua vida, esquece de Deus ou cultiva sérias dúvidas sobre sua existência, preferindo evitar preocupação com a imortalidade da alma e, muito menos, com a reencarnação. Prefere pensar que a vida é apenas este momento presente, que estamos vivendo. Por isso, quer aproveitar o máximo possível da vida atual, na ânsia de tirar sempre as melhores vantagens.

No entanto, volta-se para a religião, quando um problema grave aparece. Se as dificuldades surgem – aí, sim!... - lembra-se de Deus, lembra-se que é possível contar com um milagre nessas horas. Então, é o momento de ir à igreja, de procurar seu templo religioso, de começar a pensar nas necessidades do próximo, de ser mais solidário e amigo. Mas, depois que a tempestade passa, volta-se de novo na realidade material, à rotina de sua vida, afastando-se novamente dos valores espirituais.

Conta o Evangelho ( e você sabe bem disso) que, após curar dez leprosos ( a lepra era a doença mais temida na época), apenas um deles voltou para agradecer e seguir Jesus. Os demais foram embora e nem sequer agradeceram. Trata-se de uma alegoria, para nos despertar para o sentido mais profundo e elevado da vida, mostrando essa tendência de acomodação a que todos costumamos nos entregar, quando tudo está bem – ou quando achamos que está bem. Jesus também contou a Parábola do Semeador, mostrando que a boa palavra, o bom ensinamento, é como semente, que só germina quando cai em terreno fértil e bem tratado.

Com certeza, Jesus tinha esperança de que mais pessoas se interessassem na divulgação de sua doutrina. Mas, como essa pretensão estava muito longe de acontecer, ele não esperou que as pessoas o procurassem para ajudar a divulgar a Boa Nova. Por isso, ele mesmo foi diretamente atrás de seus discípulos, daqueles que sabia estarem mais preparados, pois seu tempo era curto e precisava completar urgentemente sua missão.

A maioria das pessoas ainda não reúne essas condições de fertilidade espiritual em seu coração. Mesmo aqueles que, costumeiramente, frequentam os templos religiosos – a maioria deles - apenas não querem perder o vínculo com Deus ( por isso, oram), mas não fazem nada de especial que justifiquem a sua crença. Poderiam ser mais úteis, dando uma parcela de seu tempo para o ideal que julgam ter abraçado, mas acabam impedidos pelo comodismo e pelo descompromisso.



quarta-feira, 25 de agosto de 2021

O BOM SENSO REENCARNADO; EM BUSCA DA VERDADE COM O PROFESSOR

 Seguindo o pensamento do intelectual, pesquisador e estudioso oculto no pseudônimo Allan Kardec nas páginas da REVISTA ESPIRITA ou mesmo em notas de rodapé nas cinco principais obras da chamada Codificação Espírita, entende-se a razão de ter-lhe sido atribuído o título acima. Num dos temas aqui trazidos sobre a posição do Espiritismo perante a Numerologia, por exemplo, diz não deter conhecimentos suficientes para pronunciar-se a respeito, todavia “porque não se compreende uma coisa, não é motivo para que ela não exista”, visto que “o que hoje é utopia, poderá ser verdade amanhã”. Noutra matéria afirmou queO LIVRO DOS ESPÍRITOS não é um tratado completo de Espiritismo; apenas apresenta as bases e os pontos fundamentais, que se devem desenvolver sucessivamente pelo estudo e pela observação”. No número de maio de 1865 da REVISTA ESPÍRITA, na seção QUESTÕES E PROBLEMAS com que é aberta a edição, o assunto é MANIFESTAÇÃO DO ESPÍRITO DE ANIMAIS, reproduzindo parte de carta recebida pela redação, analisada e comentada por Allan Kardec. Ao final, uma interessante comunicação recebida na Sociedade Espírita de Paris, reunião de 21 de abril, pelo médium E. Vézy, que mereceu a seguinte observação: -“Estas últimas reflexões do Espírito foram motivadas pela citação, feita na sessão, de pessoas que pretendiam ter recebido comunicações de diversos animais. Como explicação do fato precitado, sua teoria é racional e, no fundo, concorda com a que hoje prevalece nas instruções dadas na maior parte dos Centros. Quando tivermos reunido documentos suficientes, resumi-los-emos num corpo de Doutrina metódica, que será submetida ao Controle Universal. Até lá são balizas postas no caminho, para o esclarecer”. Para refletirmos. Destacamos alguns trechos sugestivos da mensagem: -“Não basta apenas crer no progresso incessante do Espírito, embrião na matéria, desenvolvendo-se ao passar pela peneira do mineral, do vegetal e do animal, para chegar à humanimalidade, onde começa a ensaiar-se apenas a alma que se encarnará, orgulhosa de sua tarefa, na Humanidade. Entre essas diferentes fases existem laços importantes, que é necessário conhecer, e que chamarei períodos intermediários ou latentes; porque é aí que se operam as transformações sucessivas (...). Entre os animais domésticos e os homens as afinidades são produzidas pelas cargas fluídicas que vos cercam e sobre eles recaem. É um pouco a Humanidade que se distingue sobre a animalidade, sem alterar as cores de uma ou de outra. Daí esta superioridade inteligente do cão sobre o instinto brutal do animal selvagem e é somente a essa causa que poderão ser devidas essas manifestações que vos acabam de ler. Assim, não se enganaram ouvindo um grito alegre do animal reconhecido pelos cuidados de seu dono, o qual veio, antes de passar ao estado intermediário de um desenvolvimento a outro, trazer-lhe uma lembrança. A manifestação, portanto, pode ocorrer, mas é passageira, porque o animal, para subir um degrau, precisa de um trabalho latente, que aniquila, em todos, qualquer sinal exterior de vida. Esse estado é a crisálida espiritual, onde se elabora a alma, perispírito informe, não tendo nenhuma figura reprodutiva de traços, irrompendo num estado de maturidade para deixar escapar, nas correntes que a arrastam, os germes de almas que aí se originam.(...) Assim, pois, sernos-ia difícil falar-vos dos Espíritos de animais do espaço: eles não existem; ou, melhor, sua passagem é tão rápida como se nula fosse e, no estado de crisálida, não poderiam ser descritos. Já sabeis que nada morre da matéria que sucumbe.(...) O que é do domínio da inteligência animal não pode ser reproduzido pela inteligência humana, isto é, que o animal, seja qual for, não pode expressar seu pensamento pela linguagem humana; suas ideias são apenas rudimentares. Para ter a possibilidade de exprimir-se, como faria o Espírito de um homem, precisaria de ideias, conhecimentos e um desenvolvimento que não tem, que não pode ter. Tende, pois, como certo, que nem o cão, nem o gato, nem o burro, nem o cavalo, nem o elefante podem manifestar-se por via mediúnica. Só os Espíritos chegados ao grau da Humanidade podem fazê-lo, e ainda em razão de seu adiantamento, porquanto o Espírito de um selvagem não vos poderá falar como o de um homem civilizado.




Vamos comentar o caso de uma senhora que, tempos atrás, nos procurou para dizer que estava em conflito consigo mesma. Separada do primeiro marido, mãe de vários filhos (alguns já maiores), ela viera a se casar com outro homem, com quem se dá muito bem. Mas, só depois que este segundo casamento estava consolidado, ela passou a frequentar uma igreja, onde veio a saber que Jesus condena o segundo casamento. Diante disso, apavorada, ela estava vivendo um terrível conflito de consciência.

Não é preciso dizer que a nossa atitude foi de acalmar essa senhora, dizendo-lhe duas coisas: primeiro, que os textos bíblicos não devem ser interpretados ao pé da letra; e, segundo, que Deus não nos desampara em momento algum. Aliás, não podemos aceitar que a religião possa usar desse expediente para amedrontar ou fragilizar as pessoas que a procuram no momento de necessidade. Quem somos nós, do ponto de vista dos ensinos de Jesus, para emitir algum julgamento severo a respeito de alguém, por um ato que praticou, imprimindo-lhe um sentimento de culpa capaz de lhe trazer sérios problemas emocionais?

Não podemos entender que o evangelho possa se voltar contra as pessoas, quando o objetivo de Jesus é consolar, é dar certeza num futuro melhor. Diferentemente dos fariseus, ele não se vale um deus severo e vingativo para impor medo ou conseguir adeptos. No entanto, mostra um Pai cheio de amor, comrpeensão e misericórdia por todos nós. Além do mais, ele deixa claro que o fato de a pessoa seguir esta ou aquela religião, de frequentar ou não o templo, de ser religioso ou não, nada tem a ver com seus méritos perante Deus, que reconhece apenas o bem que fazemos e o mal que conseguimos evitar.

Após a multidão desistir do apedrejamento da mulher adúltera, Jesus perguntou à mulher ( que escapara por pouco), se alguém a tinha condenado. Ela respondeu que não. Então, ele lhe disse: “Eu também não te condeno. Vai e não erre mais”. É sintomática essa atitude de Jesus. Veja que ele nada disse que lhe agravasse o sentimento de culpa. Não lhe passou nenhum sermão. Nem mesmo a repreendeu. Apenas e tão somente, a aconselhou. E qual foi o conselho? “Vai, viva a sua vida, mas não volte a errar, para que não lhe aconteça o pior”. Essa é a verdadeira atitude cristã: sem pedras para atirar, sem condenações, sem reprovações, sem castigo.

Por outro lado, essa interpretação de que Jesus condenou a separação e também segundo casamento é inteiramente arbitrária. Aliás, abrindo o evangelho de Mateus, cap. 5, versiculo 32, lemos: “Eu, porém, vos digo que qualquer que repudiar sua mulher, a não ser por causa de prostituição, faz que ela cometa adultério, e qualquer que casar com a repudiada comete adultério.

Pouca gente sabe que a atitude de Jesus perante a questão da separação era uma forma de reação às injustiças que se praticavam contra mulher naquele tempo. Foi por isso que Jesus se colocou ao lado da mulher – fosse ela adúltera, meretriz om mesmo samaritana. E foi também por isso que nenhum outro mestre da antiguidade, segundo o historiador Edward McNall Burns, reuniu tantas mulheres em torno de sua doutrina. Grande parte dos seguidores de Jesus, principalmente depois de sua morte, eram mulheres. Começou aí o movimento de emancipação feminina, há 2 mil anos atrás. Era, de fato, uma postura revolucionária para a época.

Vejam que absurdo!... O marido podia repudiar a mulher por qualquer motivo. Ela não podia ausentar-se sem o marido, tinha necessariamente que cobrir a cabeça com um véu para sair ou receber alguém, não podia tomar nenhuma decisão sozinha e não tinha direitos a herança. Muitas vezes, o simples fato de ela esquecer de usar o véu já era motivo de repúdio. O marido a mandava embora e, geralmente, ela caia na prostituição pra sobreviver. Se a esposa não engravidasse, ele podia procurar outra mulher que cumprisse esse papel ( temos exemplo disso na Bíblia), até mesmo uma escrava, mas de preferência uma cunhada que pudesse lhe servir.

Tudo isso fazia parte de uma tradição milenar daquele povo, situação que era agravada pelo fato de o pai poder vender a filha, quando esta completasse 12 anos de idade. Imaginem o que acontecia com a jovem que era vendida; certamente, não havia outro caminho senão a prostituição. Diante desse quadro terrível que se voltava contra a mulher, Jesus não poderia se calar como, de fato, não se calou.

E, ao dizer que a mulher só podia ser repudiada por adultério, ele estabeleceu um critério – pelo menos, mais justo - pois não podia concordar que o mais leve deslize, como vinha acontecendo, servisse de pretexto para esse repúdio. Repare que a palavra aqui é “repúdio” e não “separação”, tampouco “divórcio”. Por quê? Porque quem tomava essa iniciativa era só o homem; era ele que mandava a mulher embora. Ela jamais poderia fazer o mesmo em relação ao marido.

Portanto, é fora de cogitação que Jesus tenha condenado a separação ou divórcio. Ele condenava, sim, o repúdio injustificado, instrumento de opressão e violência que o homem praticava com a mulher. Jesus estava apenas tentando fazer uma reparação nessa lei cruel e desumana, que contrariava os princípios do respeito e do amor ao próximo. Foi por esse caminho que veio trilhando a Humanidade.



terça-feira, 24 de agosto de 2021

CAMINHOS INUSITADOS; EM BUSCA DA VERDADE COM O PROFESSOR

A reencarnação como apresentada pelo Espiritismo encontra suas afirmações e comprovações através de caminhos os mais inesperados. Certamente o século 21 oferecerá demonstrações cada vez mais frequentes das revelações encontradas nas obras do grande pesquisador que foi Allan Kardec. Um deles, fala da experiência do médico inglês Denys Kelsey que, depois de formado, exerceu a clínica, num hospital militar, onde, de maneira inesperada encontrou-se com os problemas do Espírito. Ante o afastamento de um colega vitimado por uma epidemia de influenza, foi convidado a acumular, tanto quanto possível, os encargos da ala dedicada à Psiquiatria. Conta ele que já na primeira noite, acidental e intuitivamente, hipnotizou um paciente agitadíssimo dificilmente controlado por dois homens, o que abriu para ele um amplo panorama sobre os mistérios do Espírito. Definiu-se pela especialidade da Psiquiatria, associando-a com critério à hipnose. Não demorou muito tempo para se defrontar com a ideia da reencarnação. Relutante, a princípio, acabou por integrá-la ao seu repertório de conhecimentos como autêntico instrumento de trabalho. Essa convicção não lhe chegou subitamente, mas, vagarosamente e por etapas, após dedicar-se por mais de quatro anos em sua clínica particular, Depois de várias evidências, casualmente lera o livro de uma senhora chamada Joan Grant, desconhecida até então, intitulado O FARAÓ ALADO, convencendo-se antes do final que a reencarnação era uma realidade. Disposto a, se necessário percorrer a distância que fosse necessária para conhecer a autora da obra, descobriu morar ela a menos de 50 quilômetros dele.  Um jantar que se desdobrou por horas de conversa, resultou na identificação e casamento com a escritora viúva Joan Grant.  Descobriram-se velhos conhecidos tendo passado algumas experiências muito interessantes no passado remoto. Numa existência na Roma antiga, ela fora dama de grande beleza e vaidade que se apaixonou por um médico – o próprio Kelsey reencarnado - que conheceu e contratou para seu serviço permanente. Orgulhosa ante a não declaração de afeto do jovem médico idealizou mirabolante plano de matar-se, após a compra de belíssimo sarcófago de mármore, um banquete programado com amigos mais próximos e um discurso de despedida, após o que se deitou na urna cheia de água perfumada, por pétalas de rosa que nela boiavam, pedindo, em seguida, que o amado médico lhe abrisse as veias, confiando que ante tal procedimento, ele apaixonadamente vivesse com ele. Entretanto, ele tomou sua determinação ao pé da letra, ocasionando sua morte prematura. Casados na vida atual passaram a trabalhar juntos, enriquecendo suas pesquisas com as faculdades mediúnicas de que Joan era dotada, o que resultou em 1967, num livro de dez capítulos intitulado MUITAS EXISTÊNCIAS, alternando-se capítulo a capítulo nos relatos de suas vivências, ele como médico, ela como médium. Um caso impressionante tratado pelo Dr Kelsey, envolveu um homem de meia idade, profissional liberal de elevado grau de cultura afligido por persistente e invencível homossexualismo. A Psicanálise convencional, mesmo com hipnose, não apresentaram resultados práticos. Apesar das convicções religiosas profundas desenvolvidas na atividade de membro da Igreja Anglicana, na décima quarta consulta, uma sessão de hipnose, afloraram lembranças de uma existência remota entre os hititas, onde, na qualidade de esposa de um dos chefes da época, exercendo grande influencia sobre o marido, ao sentir-se preterida por ele, negociou com um sacerdote de Baal, o amaldiçoamento dele, acabando, por fim, assassinada, levando para o Além toda a frustração da sua humilhante posição de esposa orgulhosa e desprezada. Ao que parece, o episódio trazido do fundo do passado distante repercutia na vida atual, na torturante tendência homossexual.


 A pergunta de hoje vem da nossa habitual ouvinte de Garça, Maria Laucene Lecci, que pode ser resumida no seguinte : “ Se o Espiritismo afirma que o Espírito muitas vezes demora para se desprender  após a morte do corpo, como é que ele reage, num caso de doação de órgãos, em             que os médicos já diagnosticaram a morte cerebral, retiram o  órgão a ser doado, mas  o Espírito ainda está ligado ao corpo?”

Antes de responder diretamente sua pergunta, Laucene, permita-nos fazer uma consideração sobre a posição do Espiritismo diante da doação de órgãos, já que muitas são as perguntas que se fazem a respeito.  O Espiritismo vê essa questão com naturalidade.  Doamos um ou mais órgãos de nosso corpo, como podemos doar quaisquer objetos que nos pertencem para ajudar alguém que deles necessitem mais do que nós. Nesse sentido, a doutrina só poderia estimular a doação, principalmente porque as doações em geral acontecem quando o corpo já morreu e, portanto, esses órgãos não terão mais utilidade para o Espírito.

 É claro que, mesmo não havendo nenhuma doação, esse corpo será sepultado e vai se decompor em seus elementos orgânicos básicos, voltando para a terra, onde vai integrar outros corpos vivos, vegetais e/ou animais. Para o Espiritismo, a doação de órgãos, portanto, é um ato de amor ao próximo, de benevolência, de caridade, através do qual os dois serão beneficiados. Será beneficiado aquele que doou – porque a doação lhe fará um grande bem na vida espiritual – e também será beneficiado o que o recebeu – porque este vai precisar do órgão para sobreviver nesta vida. E a vida é importantíssima para o Espírito.

 Você quer saber se a extração do órgão, após a morte cerebral, não pode trazer graves problemas para o Espírito desencarnante, pois sabemos que o Espírito sobrevive com o seu perispírito ou corpo espiritual e pode ainda estar ligado ao corpo. Respondemos que não, Laucene, mas isso com uma única condição: se o doador estava consciente de que seus órgãos seriam aproveitados após a morte, se realmente essa doação fosse a expressão de sua vontade. Nesse caso – ou seja, quando existe essa predisposição de sua parte -  ele está preparado para essa operação, e o que funciona nesse momento é um mecanismo psicológico de desprendimento daquele órgão, que vai ser transplantado em alguém.

 A repercussão negativa ocorreria sim, no caso de a pessoa não querer doar ou não está bem certa disso. Há pessoas que não se sentem em condições de permitir tal doação. Neste caso, devemos respeitá-la, pois ela poderia experimentar um sofrimento moral, em razão de sua negativa e, consequentemente, de sua resistência natural; isto é, do fato de não estar preparada para doar, e poderá sentir-se violentada com  a doação feita pela família sem o seu consentimento, sem a sua permissão, o que poderia repercutir na estrutura de seu perispírito, pois o perispírito é muito suscetível à vida emocional do Espírito.

 Entretanto, mesmo assim, há exceções, Laucene. Chico Xavier psicografou uma mensagem de um jovem desencarnado num acidente automobilístico, que teve morte encefálica. Na ausência da mãe, sua irmã autorizou a doação do seu coração para um necessitado, numa situação de emergência. Mesmo não sendo doador em vida, esse Espírito foi amparado pelo pai e amigos no mundo espiritual. Inicialmente, ele sentiu uma dor na altura do peito que logo foi aliviada pelos espíritos amigos, mas em razão do fato de não estar preparado para esse momento.

 Contudo, depois ele veio a saber que esta dor teve relação com o momento em que seu coração físico estava sendo retirado. Mas com o entendimento no mundo espiritual, pelas explicações de seu pai , ele compreendeu que a atitude da irmã fora correta e via o seu coração perispiritual bater firme e vibrante. O jovem termina a mensagem solicitando à mãe que entendesse o ato da irmã;  e disse mais: que, se novamente reencarnasse, ele doaria todos os seus órgãos. Este episódio se refere ao primeiro caso de transplante cardíaco realizado no Rio Grande do Sul.