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quarta-feira, 25 de agosto de 2021

O BOM SENSO REENCARNADO; EM BUSCA DA VERDADE COM O PROFESSOR

 Seguindo o pensamento do intelectual, pesquisador e estudioso oculto no pseudônimo Allan Kardec nas páginas da REVISTA ESPIRITA ou mesmo em notas de rodapé nas cinco principais obras da chamada Codificação Espírita, entende-se a razão de ter-lhe sido atribuído o título acima. Num dos temas aqui trazidos sobre a posição do Espiritismo perante a Numerologia, por exemplo, diz não deter conhecimentos suficientes para pronunciar-se a respeito, todavia “porque não se compreende uma coisa, não é motivo para que ela não exista”, visto que “o que hoje é utopia, poderá ser verdade amanhã”. Noutra matéria afirmou queO LIVRO DOS ESPÍRITOS não é um tratado completo de Espiritismo; apenas apresenta as bases e os pontos fundamentais, que se devem desenvolver sucessivamente pelo estudo e pela observação”. No número de maio de 1865 da REVISTA ESPÍRITA, na seção QUESTÕES E PROBLEMAS com que é aberta a edição, o assunto é MANIFESTAÇÃO DO ESPÍRITO DE ANIMAIS, reproduzindo parte de carta recebida pela redação, analisada e comentada por Allan Kardec. Ao final, uma interessante comunicação recebida na Sociedade Espírita de Paris, reunião de 21 de abril, pelo médium E. Vézy, que mereceu a seguinte observação: -“Estas últimas reflexões do Espírito foram motivadas pela citação, feita na sessão, de pessoas que pretendiam ter recebido comunicações de diversos animais. Como explicação do fato precitado, sua teoria é racional e, no fundo, concorda com a que hoje prevalece nas instruções dadas na maior parte dos Centros. Quando tivermos reunido documentos suficientes, resumi-los-emos num corpo de Doutrina metódica, que será submetida ao Controle Universal. Até lá são balizas postas no caminho, para o esclarecer”. Para refletirmos. Destacamos alguns trechos sugestivos da mensagem: -“Não basta apenas crer no progresso incessante do Espírito, embrião na matéria, desenvolvendo-se ao passar pela peneira do mineral, do vegetal e do animal, para chegar à humanimalidade, onde começa a ensaiar-se apenas a alma que se encarnará, orgulhosa de sua tarefa, na Humanidade. Entre essas diferentes fases existem laços importantes, que é necessário conhecer, e que chamarei períodos intermediários ou latentes; porque é aí que se operam as transformações sucessivas (...). Entre os animais domésticos e os homens as afinidades são produzidas pelas cargas fluídicas que vos cercam e sobre eles recaem. É um pouco a Humanidade que se distingue sobre a animalidade, sem alterar as cores de uma ou de outra. Daí esta superioridade inteligente do cão sobre o instinto brutal do animal selvagem e é somente a essa causa que poderão ser devidas essas manifestações que vos acabam de ler. Assim, não se enganaram ouvindo um grito alegre do animal reconhecido pelos cuidados de seu dono, o qual veio, antes de passar ao estado intermediário de um desenvolvimento a outro, trazer-lhe uma lembrança. A manifestação, portanto, pode ocorrer, mas é passageira, porque o animal, para subir um degrau, precisa de um trabalho latente, que aniquila, em todos, qualquer sinal exterior de vida. Esse estado é a crisálida espiritual, onde se elabora a alma, perispírito informe, não tendo nenhuma figura reprodutiva de traços, irrompendo num estado de maturidade para deixar escapar, nas correntes que a arrastam, os germes de almas que aí se originam.(...) Assim, pois, sernos-ia difícil falar-vos dos Espíritos de animais do espaço: eles não existem; ou, melhor, sua passagem é tão rápida como se nula fosse e, no estado de crisálida, não poderiam ser descritos. Já sabeis que nada morre da matéria que sucumbe.(...) O que é do domínio da inteligência animal não pode ser reproduzido pela inteligência humana, isto é, que o animal, seja qual for, não pode expressar seu pensamento pela linguagem humana; suas ideias são apenas rudimentares. Para ter a possibilidade de exprimir-se, como faria o Espírito de um homem, precisaria de ideias, conhecimentos e um desenvolvimento que não tem, que não pode ter. Tende, pois, como certo, que nem o cão, nem o gato, nem o burro, nem o cavalo, nem o elefante podem manifestar-se por via mediúnica. Só os Espíritos chegados ao grau da Humanidade podem fazê-lo, e ainda em razão de seu adiantamento, porquanto o Espírito de um selvagem não vos poderá falar como o de um homem civilizado.




Vamos comentar o caso de uma senhora que, tempos atrás, nos procurou para dizer que estava em conflito consigo mesma. Separada do primeiro marido, mãe de vários filhos (alguns já maiores), ela viera a se casar com outro homem, com quem se dá muito bem. Mas, só depois que este segundo casamento estava consolidado, ela passou a frequentar uma igreja, onde veio a saber que Jesus condena o segundo casamento. Diante disso, apavorada, ela estava vivendo um terrível conflito de consciência.

Não é preciso dizer que a nossa atitude foi de acalmar essa senhora, dizendo-lhe duas coisas: primeiro, que os textos bíblicos não devem ser interpretados ao pé da letra; e, segundo, que Deus não nos desampara em momento algum. Aliás, não podemos aceitar que a religião possa usar desse expediente para amedrontar ou fragilizar as pessoas que a procuram no momento de necessidade. Quem somos nós, do ponto de vista dos ensinos de Jesus, para emitir algum julgamento severo a respeito de alguém, por um ato que praticou, imprimindo-lhe um sentimento de culpa capaz de lhe trazer sérios problemas emocionais?

Não podemos entender que o evangelho possa se voltar contra as pessoas, quando o objetivo de Jesus é consolar, é dar certeza num futuro melhor. Diferentemente dos fariseus, ele não se vale um deus severo e vingativo para impor medo ou conseguir adeptos. No entanto, mostra um Pai cheio de amor, comrpeensão e misericórdia por todos nós. Além do mais, ele deixa claro que o fato de a pessoa seguir esta ou aquela religião, de frequentar ou não o templo, de ser religioso ou não, nada tem a ver com seus méritos perante Deus, que reconhece apenas o bem que fazemos e o mal que conseguimos evitar.

Após a multidão desistir do apedrejamento da mulher adúltera, Jesus perguntou à mulher ( que escapara por pouco), se alguém a tinha condenado. Ela respondeu que não. Então, ele lhe disse: “Eu também não te condeno. Vai e não erre mais”. É sintomática essa atitude de Jesus. Veja que ele nada disse que lhe agravasse o sentimento de culpa. Não lhe passou nenhum sermão. Nem mesmo a repreendeu. Apenas e tão somente, a aconselhou. E qual foi o conselho? “Vai, viva a sua vida, mas não volte a errar, para que não lhe aconteça o pior”. Essa é a verdadeira atitude cristã: sem pedras para atirar, sem condenações, sem reprovações, sem castigo.

Por outro lado, essa interpretação de que Jesus condenou a separação e também segundo casamento é inteiramente arbitrária. Aliás, abrindo o evangelho de Mateus, cap. 5, versiculo 32, lemos: “Eu, porém, vos digo que qualquer que repudiar sua mulher, a não ser por causa de prostituição, faz que ela cometa adultério, e qualquer que casar com a repudiada comete adultério.

Pouca gente sabe que a atitude de Jesus perante a questão da separação era uma forma de reação às injustiças que se praticavam contra mulher naquele tempo. Foi por isso que Jesus se colocou ao lado da mulher – fosse ela adúltera, meretriz om mesmo samaritana. E foi também por isso que nenhum outro mestre da antiguidade, segundo o historiador Edward McNall Burns, reuniu tantas mulheres em torno de sua doutrina. Grande parte dos seguidores de Jesus, principalmente depois de sua morte, eram mulheres. Começou aí o movimento de emancipação feminina, há 2 mil anos atrás. Era, de fato, uma postura revolucionária para a época.

Vejam que absurdo!... O marido podia repudiar a mulher por qualquer motivo. Ela não podia ausentar-se sem o marido, tinha necessariamente que cobrir a cabeça com um véu para sair ou receber alguém, não podia tomar nenhuma decisão sozinha e não tinha direitos a herança. Muitas vezes, o simples fato de ela esquecer de usar o véu já era motivo de repúdio. O marido a mandava embora e, geralmente, ela caia na prostituição pra sobreviver. Se a esposa não engravidasse, ele podia procurar outra mulher que cumprisse esse papel ( temos exemplo disso na Bíblia), até mesmo uma escrava, mas de preferência uma cunhada que pudesse lhe servir.

Tudo isso fazia parte de uma tradição milenar daquele povo, situação que era agravada pelo fato de o pai poder vender a filha, quando esta completasse 12 anos de idade. Imaginem o que acontecia com a jovem que era vendida; certamente, não havia outro caminho senão a prostituição. Diante desse quadro terrível que se voltava contra a mulher, Jesus não poderia se calar como, de fato, não se calou.

E, ao dizer que a mulher só podia ser repudiada por adultério, ele estabeleceu um critério – pelo menos, mais justo - pois não podia concordar que o mais leve deslize, como vinha acontecendo, servisse de pretexto para esse repúdio. Repare que a palavra aqui é “repúdio” e não “separação”, tampouco “divórcio”. Por quê? Porque quem tomava essa iniciativa era só o homem; era ele que mandava a mulher embora. Ela jamais poderia fazer o mesmo em relação ao marido.

Portanto, é fora de cogitação que Jesus tenha condenado a separação ou divórcio. Ele condenava, sim, o repúdio injustificado, instrumento de opressão e violência que o homem praticava com a mulher. Jesus estava apenas tentando fazer uma reparação nessa lei cruel e desumana, que contrariava os princípios do respeito e do amor ao próximo. Foi por esse caminho que veio trilhando a Humanidade.



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