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sexta-feira, 6 de agosto de 2021

REMORSO; EM BUSCA DA VERDADE COM O PROFESSOR

Convivendo com o infortúnio de encarnados e desencarnados por muitas décadas, o médium Chico Xavier comentou que “tudo passa, mas o remorso faz com que o tempo pare dentro da gente. O relógio não espera ninguém, mas a consciência culpada se recusa a avançar”. O caso seguinte comprova esta afirmação. Começa com uma manifestação psicofonica havida ao final da reunião de 13 de maio de 1954, no Centro Espírita Luiz Gonzaga, na cidade de Pedro Leopoldo, Minas Gerais. Usando a mediunidade de Chico, comunicou-se um Espírito identificado apenas pelas iniciais J.P. que, curiosamente, ligava-se a uma das integrantes do grupo ali presente, a qual, meses antes da mensagem, revelava todos os sintomas de uma gravidez aparente e dolorosa, tendo sido tratada espontaneamente em várias reuniões sucessivas por um dos Benfeitores Espirituais que, carinhosamente, a libertou, através de passes magnéticos, das estranhas impressões de que se via possuída. Com grande surpresa para todos, soube-se que o Espírito J.P., era o candidato ao renascimento que não chegou a positivar-se. A história de J.P. talvez possa ser iniciada pela noite/madrugada de março de 1866, após o mesmo ter retornado de uma reunião de que participara na Câmara Municipal de Vassouras (MG), a convite de amigo pessoal para tratar de assunto que lhe era inteiramente desagradável: “a adoção de medidas compatíveis com a campanha abolicionista, então na culminância”. Admitindo que o negro havia nascido para o eito, não cogitando de concessões nem transações, apoiado  por outros que lhe partilhavam das opiniões, viu sua causa vencedora, em meio a acalorados debates. Retornando à sua propriedade, todavia, tomou conhecimento que a inspiração da providencia sugerida partira inicialmente de um dos servos de sua casa, Ricardo, a quem presumia dedicar sua melhor afeição. A ele se ligara desde pequeno por profunda simpatia por sua inteligência invulgar, propiciando-lhe condições de uma formação esmerada que o tornara hábil tradutor do francês. Afeiçoado ao rapaz, tornara-o companheiro, confidente, amigo, tudo, reconhecia hoje, por implacável egoísmo, por admirar-lhe as qualidades inatas, aproveitando-lhe o concurso, como quem se reconhece dono de uma animal raro, querendo-o como se não passasse de mera propriedade sua. Enraivecido, disposto a castiga-lo apesar do horário, determinou sua imediata prisão, contra a qual não houve nenhuma resistência e, após interrogatório encarado com calma, resignação e bondade, que só fez atiçar a ira do que se julgava seu senhor, ordenou que a prisão no tronco fosse transformada em suplício comandado através de gritos, para que sua gente por meio de violentas pancadas, dilacerassem o dorso nu de Ricardo que, apesar do jorro abundante de sangue, mergulhara em lacrimoso silêncio. À face daquela resistência tranquila, induziu o capataz a massacrar-lhe mãos e pés, recomendação imediatamente cumprida, após o que os grilhões foram dasatados. Recorda J.R., que “aquele homem, que parecia guardar no peito um coração diferente, ainda teve forças para arrastar-se, nas vascas da morte e, endereçando-me inesquecível olhar, inclinou-se à maneira de um cão agonizante e beijou-me os pés”... Acrescenta “não haver quem possa compreender o martírio de um Espírito que abandona a Terra, não posição em que deixei. Um pelourinho de brasas que me retivesse por mil anos sucessivos talvez me fizesse sofrer menos, pois desde aquele instante a existência se me tornou insuportável e odiosa”. Sem noção de tempo, em dado instante, na treva em que se debatia, a voz de Ricardo se fez ouvir aos seus pés: -Meu filho!..Meu filho!...Conta que “num prodígio de memória, em vago relâmpago na escuridão de minh’alma, recordei cenas que haviam ficado a distância, quadros que a carne da Terra havia conseguido transitoriamente apagar. Com emoção indizível, vi-me de novo nos braços de Ricardo, nele identificando meu próprio pai, meu próprio pai que algemara cruelmente ao poste de martírio e a cuja flagelação eu assistira, insensível, até ao fim... Não posso entender os sentimentos contraditórios que então me dominaram... Envergonhado, em vão tentei fugir de mim mesmo. Em desabalada carreira, desprendi-me dos braços carinhosos que me enlaçavam e busquei a sombra, qual o morcego que se compraz tão somente com a noite, a fim de chorar o remorso que meu pai, meu amigo, meu escravo e minha vítima não poderia compreender. No entanto, como se a Justiça, naquele momento, houvesse acabado de lavrar contra mim a merecida sentença condenatória, após tantos anos de inquietação, reconheci, assombrado, que meus pés e minhas mãos estavam retorcidos. Procurei levantar-me e não consegui. A Justiça vencera”. O testemunho de J.R. prossegue, narrando outras desventuras que experimentou a partir daquele dia, provocadas por cativos que lhe conheceram a truculência, até que, décadas depois, no calendário de nossa Dimensão, começasse a ser preparado para nova reencarnação a se efetivar em breve, possibilitando-lhe expiar o tenebroso e triste passado.



RELIGIÃO DE JESUS 

 

O ouvinte Eder Firmino da Silva faz a seguinte pergunta: “Qual é a religião de Jesus?”

 Talvez não tenha havido até hoje, em nosso programa, uma pergunta tão curta e, ao mesmo tempo, tão concisa e significativa para os próprios objetivos deste programa, caro ouvinte. Como Jesus foi o líder máximo do pensamento religioso neste lado ocidental do mundo, as religiões por aqui disputam Jesus há 2 mil anos. Cada uma delas quer trazer Jesus para suas fileiras, quer ter exclusividade sobre ele, arvorando-se como única que ele teria escolhido para a salvação do homem.

 É claro que, estando neste século XXI, já não nos encontramos mais na Idade Média, quando a religião se impunha pelo medo e pela força, pela ameaça e pela violência, ainda que se proclamando representante de Deus. Contudo, a maioria das pessoas, que professa essa ou aquela crença, hoje, já não alimenta mais o ódio religioso, que tem causado  à humanidade e tantas vítimas produziu ao longo dos séculos. Hoje é possível convidar as pessoas (de todas as crenças) ao bom senso e à razão, para lerem cuidadosamente os evangelhos, analisá-los  com critério e profundidade, e deles tirarem a essência da doutrina de Jesus.

 Quem não se comove com a beleza singular do Sermão da Montanha? Que religião, que se diz cristã, teria coragem de questionar o princípio do amor ao próximo, e do amor até ao inimigo, por ele ensinado? Quem não se curva diante de sua  autoridade moral, ao se colocar ao lado da mulher adúltera, prestes a ser lapidada? Ao  se deixar ungir pelo perfume da meretriz a quem todos condenava? Ao defender a integridade moral do samaritano, tido como herege e desprezível? Ao romper, enfim, com todos os tolos preconceitos, combatendo qualquer tipo de hostilidade e violência?

 Agora, perguntamos:  que religião, ao longo desses 2 mil anos,  realmente seguiu Jesus, na linha do padrão de moralidade por ele ensinado? Não no discurso ou na  palavra, mas na ação. Não nos cultos e nos louvores, mas na obra. Que religião proclamou Jesus, para viver, no dia-a-dia da vida o exemplo vivo de seus ensinamentos? Que religião se colocou ao lado dos pobres e dos oprimidos, ao lado dos condenados e dos perseguidos, dos hereges e dos ignorantes, das meretrizes e dos injustiçados? Que religião combateu o religiosismo hipócrita, como o dos fariseus, para concitar seus seguidores a cultivar a pureza de coração?

 Se quisermos encontrar Jesus, de verdade, prezado ouvinte, devemos procurá-lo apenas e tão somente onde haja amor. Porém, onde haja amor de verdade. Não o amor-discurso, que todos proclamam, mas o amor-ação, o amor ágape – ou seja, o amor-caridade – a mais elevada expressão do sentimento, que Jesus nos tentou passar, ao mostrar que o amor não conhece fronteiras, que todos precisamos de amor, assim como todos necessitamos exercitá-lo no dia-a-dia de nossa vida.

Portanto, se alguém nos pergunta a que religião Jesus pertence, não temos dúvida. Vamos dizer que Jesus pertence à Religião do Amor, onde não se conhece nenhum preconceito, onde não se pratica nenhum tipo de hostilidade contra quem quer que seja, onde a única linguagem a ser articulada é a da boa palavra e onde o único ato a ser praticado é o da mais desinteressada caridade – a benevolência, a indulgência e o perdão para com o próximo.

 

 

 

  

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