O material gerado de forma mais intensa através da mediunidade de Chico Xavier a partir de 1970 expondo a situação de centenas de crianças, jovens e adultos cujas vidas físicas foram interrompidas pelo fenômeno da morte, contem enorme quantidade de informações sobre a realidade com a qual nos defrontaremos mais hoje, mais amanhã. Familiares nos recebendo, resgate, hospitalização, tratamentos específicos, ligações mento-emocionais não apenas não cessadas como intensificadas repercutindo de ambos os lados, entre outros dados construíram conteúdos os mais diversos sobre a realidade peculiar a que foi ou permaneceu na retaguarda de nossa Dimensão. Seria, contudo, possível generalizar essas informações? O próprio Chico Xavier, numa conversa com amigos, disse que “oitenta porcento das criaturas que desencarnam, voltam-se para a retaguarda sem condições de ascenderem a Planos Elevados. Apenas vinte porcento gravitam para Esferas mais altas”. Em resposta inserida na obra O CONSOLADOR (feb, 1940), o Instrutor Espiritual Emmanuel já explicara que “a situação de surpresa ante os acontecimentos supremos e irremediáveis que determinam a morte física, proporcionam sensações muito desconfortáveis à alma desencarnada, condição útil e necessária para que o Espírito alije o fardo de suas impressões nocivas do mundo e penetre mais tranquilo na Vida Espiritual”. Numa elucidativa mensagem incluída no livro FALANDO À TERRA (feb,1952), o autor-espiritual Abel Gomes esclareceu que “somente alguns poucos Espíritos treinados no conhecimento superior conseguem evitar as deprimentes crises de medo que, em muitos casos, perduram por longo tempo”. Esclarecendo-nos mais, Emmanuel diz que “a impressão da alma no momento da morte varia com os estados de consciência dos indivíduos (...). Geralmente, nas primeiras horas pós-morte, ainda se sente o Espírito ligado aos elementos cadavéricos. Laços fluidicos imperceptíveis ao poder visual, ainda se conservam unindo a alma recém liberta ao corpo exausto”. O Espírito André Luiz tratando do problema na obra MISSIONÁRIOS DA LUZ (FEB,1945), informa que “a morte física não é banho milagroso, que converta maus em bons e ignorantes em sábios de um instante para outro. Há desencarnados que se apegam aos ambientes domésticos, à maneira de hera às paredes. Outros, contudo, e em vultoso número, revoltam-se nos círculos da ignorância que lhes é própria e constituem as chamadas legiões das trevas, que afrontam o próprio Jesus, por intermédio de obsidiados diversos. Organizam-se diabolicamente, formam cooperativas criminosas e ai daqueles que se transformem em seus companheiros. Os que caem na senda evolutiva, pelo descaso das oportunidades divinas, são escravos sofredores desses transitórios, mas terríveis poderes das sombras, em cativeiro que pode caracterizar-se por longa duração” e, em OS MENSAGEIROS(feb,1944),que, “após a morte, é preciso desencarnar também os pensamentos. As criaturas que se agarram no Plano Espiritual às impressões físicas, criam densidade para seus veículos de manifestação”. Do acervo construído com as mensagens recebidas por Chico Xavier destacamos 3 exemplos para nossas reflexões: CASO 1 - Sergio Luiz Mandarino / Causa Morte: acidente de trânsito aos 21 anos / Impressões : Inércia ocasionada por anestésicos violentos ministrados nele logo após o acidente, despertando assombrado em meio ao velório e às lagrimas dos familiares, vendo ao seu lado o avô, morto 15 anos antes. Concluída a cerimônia fúnebre, foi transferido para hospital do Mundo Espiritual a fim de receber tratamento de que se fazia necessitado. Caso 2 - Luiz Alves, enfermeiro / Causa Morte : suicídio por tiro no coração aos 30 anos / Impressões : Se reconheceu muito mais vivo que antes, continuando ligado à carcaça inerte, entregue a Escola de Medicina por não dispor de parentes ou amigos que lhe solicitassem os despojos. Chumbado ao corpo, passou a servir em demonstrações anatômicas, completamente anestesiado, ignorando dores físicas, não obstante cortado de mil modos.(..) Chorava, gritava, reclamava sem ser ouvido.Com o tempo, desgastou-se-lhe a vestimenta de carne nas atividades de cobaia, transformando-se no esqueleto admirado por todos. Vinte e seis anos se passaram até que se libertasse e iniciasse o processo de recuperação. CASO 3 - Joaquim Dias, homem comum, vivia em companhia dos pais, esposa e um filho. / Causa Morte: Enfermidade associada à insanidade mental decorrente do alcoolismo iniciado décadas antes ao sorver alguns goles com que tentava afugentar pequeninos problemas da vida./ Impressões: Ignorando a própria morte, foi atraído, para a turba de delinquentes a que vibratóriamente se afeiçoara enquanto encarnado, sofrendo-lhes a pressão, assimilando-lhes os desvarios e, com eles, procurando novamente embebedar-se, mergulhando, tempo depois na insatisfação, afastando-se dos comparsas, passando a ser dominado por sede implacável que não conseguia saciar,pois, todas as possíveis formas de saná-la estavam associadas às miragens expiatórias que criara envolvendo os pais, a esposa, os filhos enquanto com eles conviveu, permanecendo assim por décadas até que enfermeiros da Vida Espiritual, pelos talentos da prece, aplacaram-lhe a sede, ofertando-lhe água pura.
A primeira
participação de hoje vem da Luana, residente no Labienópolis, que pergunta: “Como
a pessoa, que se matou, vai despertar no mundo espiritual? Ouvi dizer que ela
vai para um lugar de sofrimento, chamado Vale dos Suicidas. É verdade?”
Prezada Luana, antes de responder sua
pergunta, pedimos que você consulte O LIVRO DOS ESPÍRITOS, questões de
“As conseqüências do suicídio são as mais diversas: não há penas fixas e, em todos os casos, elas são sempre relativas às causas que o produziram. Mas há uma conseqüência a que o suicida não pode escapar: é o desapontamento. Além disso (esclarecem os Espíritos) o destino não é o mesmo para todos os casos: depende das circunstâncias. Alguns expiam o erro imediatamente, outros numa nova existência, que será pior do que aquela que interromperam.”
Mais adiante, Kardec explica: “A observação mostra, de fato, que os efeitos do suicido nem sempre são os mesmos. Alguns há, porém, que são comuns a todos os casos de morte violenta e à conseqüente interrupção brusca da vida. Primeiramente, é a persistência mais prolongada e tenaz do laço que une o Espírito ao corpo., laço que se encontra quase sempre em todo o seu vigor no momento em que é rompido, ao passo que, em caso de morte natural, ele se enfraquece gradualmente e, muitas vezes, se desfaz antes que a vida seja completamente extinta.”
E continua Allan Kardec: “As conseqüências desse estado de coisas são o prolongamento da perturbação espiritual, além da ilusão que, durante um período de tempo mais ou menos longo, faz o Espírito acreditar que ainda está entre os vivos, Em alguns casos, a ligação entre o Espírito e o corpo, produz uma espécie de repercussão do estado do corpo sobre o Espírito, que pode sentir os efeitos da própria decomposição...” Esse efeito, porém, não é geral, mas em nenhum dos casos o suicida se livra das conseqüências de sua falta de coragem e, cedo ou tarde, expia seu erro, de uma maneira ou de outra”.
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