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quinta-feira, 30 de setembro de 2021

OPINIÕES POUCO CONHECIDAS; EM BUSCA DA VERDADE COM O PROFESSOR

 No final dos anos 80, o Espírito Luiz Sergio (Carvalho), escreveria CONSCIÊNCIA, o primeiro dos livros em que revelava sua integração a um grupo dedicado a tarefas de auxílio a dependentes químicos. Estudante de Engenharia, desencarnado aos 24 anos, em acidente de carro, na madrugada de 12 de fevereiro de 1973, imediações da cidade de Cravinhos (SP), quando regressava com amigos a Brasília onde residia, procedentes de São Paulo, onde tinha estado com três amigos para assistir a primeira corrida de Formula UM que se realizaria na capital paulista, passou a se comunicar mediunicamente apenas quatro meses após sua morte. Servindo-se, desde então de vários médiuns, construiu um acervo de mais de duas dezenas de obras, extremamente interessantes e importantes, especialmente para jovens que se iniciam no conhecimento das realidades espirituais a que nos ligamos. Liderado pelo Espírito Enoque, vivencia experiências ricas de ensinamentos e esclarecimentos sobre temas atualíssimos. Dois anos depois da obra citada, ressurgiria em DRIBLANDO A DOR, também registrando situações vividas entre vitimados pelo consumo de drogas, que a equipe de Espíritos de jovens desencarnados tentava auxiliar nos Dois Planos da vida. Deste excelente trabalho, destacamos alguns comentários que auxiliam uma análise mais precisa do avassalador problema enfrentado pela sociedade humana: SOBRE A ORIGEM DO PROBLEMA1º- O dependente de drogas é um doente psíquico, tem em seu inconsciente um trauma. Quem consome droga deseja driblar a dor. 2º- O jovem quando busca o tóxico, o faz por alguma causa. Se buscarmos a origem, encontraremos primeiramente a fraqueza familiar, ou seja, pais inseguros; lar desequilibrado, filhos negligenciados ou superprotegidos; dinheiro fácil; excesso de liberdade. SOBRE O TRATAMENTOPREVENTIVO - 1º- O tratamento se inicia no lar; é nele que o jovem aprende a viver em sociedade. Um Lar sem disciplina leva o jovem a afundar-se no ócio e nos vícios. Os pais devem desenvolver no jovem o senso de responsabilidade com relação à própria vida. 2º- Desde tenra idade oferecer ao filho educação firme e disciplinada, dando-lhe exemplos de ética, longe das mentiras e fraquezas. 3º- Ao presentear a criança ensiná-lo a amar seus brinquedos e não destruí-los, sentindo que os pais desembolsaram certa quantia para adquirir os brinquedos, mostrando-lhe que os brinquedos também gostam de carinho. 4º- Lembrar que com oito, dez ou doze anos a criança já está colocando para fora as suas neuroses. 5º- Procurar ajuda psicológica se notarem que há algo de errado no comportamento dos filhos, se mente demais, se é ápero com os irmãos, se agride a propriedade alheia, se é péssimo aluno, se destrói o que é seu ou dos outros, se apresenta mudanças de humor.6º- Respeitar o mundo da criança, lembrando que ela não é um brinquedo. 7º- Ser coerente entre o que diz para a criança e o que faz. CORRETIVO 1º- O que se deve fazer é levar a pessoa a interessar-se por si mesma, a se gostar, mostrar-lhe o quanto a sociedade perde por tê-la tão distante, agonizante mesmo. 2º- Fazer o dependente compreender o valor da vida. 3º- Entender que o jovem procura agredir a família ou se autodestruir. 4º- Entender que ele é por demais orgulhoso, tímido ou complexado. 5º- Lembrar que não importa sua idade, mas que ele se julgue útil e amado por todos. 6º- Que se os pais derem ao filho a certeza de um amor equilibrado, ele voltará atrás e abandonará o vício. 7º- Que se os pais continuarem apenas desejando que ele seja um homem de bem, sem a família ter um procedimento elevado, ele continuará a agredir. 8º- Que ao descobrir que o filho é viciado, tudo deve ser feito para mudar o ambiente familiar, o pai voltando a ser o herói da época infantil, a mãe o ninho de amor que o aconchega nas horas de tormenta. Apesar das duas décadas que nos separam da publicação do livro, seu conteúdo permanece extremamente atual não somente na avaliação do grave problema, mas também na elaboração de programas e estratégias tentando enfrentar e solucionar o mesmo.



Eu acho divino tudo o que Jesus disse que devemos fazer para o próximo. Mas, quem tem condições de não julgar, de perdoar sempre, do jeito que ele fez? Só se for um santo, e santos não existem na Terra... (Comentário de uma jovem...)


Você deve se referir principalmente aos ensinos do Sermão da Montanha, aliás o mais belo e divino discurso da História. De fato, seguir esse caminho é muito difícil para nós, que estamos muito aquém daquele preceito do amor incondicional. Entretanto, temos de convir que Jesus estabeleceu metas a serem atingidas ao longo do tempo- quer dizer, ao longo da evolução do Espírito. Aliás, ele – que sabia ler o íntimo das pessoas – teve muito trabalho com os próprios apóstolos que, embora tivessem sido por ele escolhidos, eram pessoas tão imperfeitas quanto nós.


Eles viviam se desentendendo, cada um consigo mesmo e com os demais. Eram pessoas comuns, que ele escolheu para seguir seus passos. Mas, em todos os momentos, apesar dos absurdos que ouvia no dia-a-dia, procurou compreendê-los e insistir para que seguissem o preceito do amor fraterno. Nem por isso, com todo o trabalho que teve, com todos os conselhos que deu, e com toda a espiritualidade que demonstrou, conseguiu evitar que Pedro o negasse e que Judas o traísse. No entanto, Jesus sabia o que podia esperar de cada um: só pedia que se esforçassem mais um pouco.


Todavia, Espíritos elevados da estatura de Jesus têm uma visão profunda e ampla da vida. Eles sabem que nenhum ser humano é capaz de se tornar santo apenas numa única existência. Uma grande parte da humanidade, que nasce na condição de miséria cultural e moral, morre, sem jamais tem a oportunidade de rever seus valores, de reconhecer seus erros ou de crescer espiritualmente para a vida. Não seria justo que esses, vivendo apenas uma única vida, não pudessem mais recomeçar, para aprender mais e encontrarem outros caminhos que levam a Deus. Por isso, Jesus compreendia a limitação de todos e, por isso também, recomendava não julgar.


Houve um momento, porém, em que ele deixou escapar uma frase importante; frase essa que resume tudo o que falou e ensinou, quando disse: “Sede perfeitos, como vosso Pai Celestial é perfeito” . Ora, seria absurdo tal pretensão para homens espiritualmente tão fracos, principalmente se considerarmos que ele pretendia uma mudança brusca, imediata. Mas, na verdade, Jesus falava dessa perfeição que todos nós buscamos – não apenas através desta vida, mas de outras muitas existências que nos ensinarão a viver e a conviver bem uns com os outros, para atingirmos no futuro aquele estágio de amor universal, o Reino dos Céus, de que ele tanto falou.


quarta-feira, 29 de setembro de 2021

LONGA, ACELERADA, MAS, ARDUA CAMINHADA; EM BUSCA DA VERDADE COM O PROFESSOR

 -“A Humanidade terrestre, tendo chegado a um desses períodos de crescimento, está em cheio, há quase um século, no trabalho da sua transformação, pelo que a vemos agitar-se de todos os lados, presa de uma espécie de febre e como que impelida por invisível força. Assim continuará, até que se haja outra vez estabilizado em novas bases”. O comentário faz parte de mensagem assinada por um Espírito chamado Dr. Barry e foi inserida por Allan Kardec no capítulo final do livro A GÊNESE. Considerando a informação “há quase um século”, conclui-se que o programa objetivando a elevação do Planeta Terra na escala dos mundos, alcançando a condição de Mundo de Regeneração iniciou-se por volta de 1755, introduzindo na Humanidade terrena Espíritos que voluntariamente deixaram sociedades mais evoluídas dentre as distribuídas pelas “muitas moradas na Casa do Pai”, para aqui vir e colaborar no progresso observado nas revoluções politicas, sociais, industriais, tecnológicas surgidas nos últimos dois séculos. Na seção ESTUDOS MORAIS da edição de julho de 1865 da REVISTA ESPÍRITA, Allan Kardec comenta matéria divulgada em publicação da época lida e comentada em reunião da Sociedade Espírita de Paris sobre pequena localidade existente na Floresta Negra, onde se notava o modelo do Mundo Futuro em miniatura. Depois de reproduzir breve mensagem psicografada pelo Espírito Lamennais, através da médium Sra Didier, Kardec formula interessante comentário do qual destacamos alguns pontos que nos permitem entender a dimensão dos problemas atuais: -“Qual a causa da maior parte dos males da Terra, senão o contato incessante dos homens maus e perversos? O egoísmo mata a benevolência, a condescendência, a indulgência, o devotamento, a afeição desinteressada e todas as qualidades que fazem o encanto e a segurança das relações sociais. Numa sociedade de egoístas não há segurança para ninguém, porque cada um, apenas buscando o próprio interesse, sacrifica sem escrúpulo o do vizinho. Muitas criaturas se julgam perfeitamente honestas, porque incapazes de assassinar e de roubar nas estradas; mas será que aquele que, por cupidez e severidade, causa a ruína de um indivíduo e o impele ao suicídio, reduzindo toda uma família à miséria, ao desespero, não é pior que um assassino e um ladrão? Assassina em fogo brando; e porque a lei não o condena e os semelhantes aplaudem sua maneira de agir e sua habilidade, crê-se isento de censuras e marcha de fronte erguida! Assim os homens estão sempre desconfiados uns dos outros; sua vida é uma ansiedade perpétua; se não temem o ferro, nem o veneno, são alvo das chicanas, da inveja, do ciúme, da calúnia, numa palavra, do assassinato moral. Que seria preciso fazer para cessar esse estado de coisas? Praticar a caridade. Tudo está aí, como diz Lamennais. A comuna de Koenigsfeld oferece-nos em miniatura o que será o mundo quando for regenerado. O que é possível em pequena escala sê-lo-á em grande? Duvidar disto seria negar o progresso. Dia virá em que os homens, vencidos pelos males gerados pelo egoísmo, compreenderão que seguem caminho errado, e quer Deus que eles o aprendam à própria custa, porque lhes deu o livre-arbítrio. O excesso do mal lhes fará sentir a necessidade do Bem e eles se voltarão para este lado, como para a única âncora de salvação. (...)Tendo a Terra chegado a uma de suas fases progressivas basta não mais permitir aos Espíritos atrasados de aqui reencarnarem, de modo que, à medida que se forem extinguindo, Espíritos mais adiantados venham tomar o lugar dos que partem, para que em uma ou duas gerações o caráter geral da Humanidade seja mudado.


Quando Jesus disse em João 10:16, que haverá um só rebanho para um só pastor, ele queria dizer que haverá uma única religião e todas as outras religiões desaparecerão da Terra? Que religião seria essa? (Maria Luzia Paes)


As religiões, são meras criações humanas. Toda vez que alguém resolve interpretar de maneira própria algum texto na Bíblia, funda uma nova religião e sai a procura de seguidores. E é por isso que, no mundo, existem tantas e não pára de surgir outras mais, todos os dias. Jesus, porém, não veio fundar mais uma religião e nem se preocupou em introduzir novos rituais celebrativos e deveres de adoração, como faziam seus contemporâneos fariseus, que viviam soprando nos ouvidos das pessoas a necessidade de seguirem os preceitos rigorosos da tradição religiosa.


Jesus veio ensinar a doutrina do amor; e amor está acima de todas as religiões, acima de todas as doutrinas que existem na Terra. Analise bem os evangelhos e você não vai encontrar um só momento em que Jesus se entregou a uma celebração religiosa. Religião, para ele, era o amor vivido no dia-a-dia, em relação ao próximo. Por isso, ele fez questão de desvalorizar as figuras do sacerdote e do levita na parábola do Bom Samaritano, onde mostrou que a prática do bem pode não ter nada a ver com religião, ao mesmo tempo em que o fato de uma pessoa ser religião não quer dizer que ela ame o próximo.


O que Jesus mais exaltou foi o amor e o que ele mais criticou foi a hipocrisia dos que ostentam o rótulo de religiosos mas que, na verdade, segundo ele, são túmulos caiados – bonitos por fora, mas cheios de podridão por dentro. Não poderia haver uma imagem mais adequada para simbolizar a hipocrisia. Religião para Jesus, portanto, é seguir os preceitos do bem, é fazer o bem quanto possa, servir quanto possa, lutando contra o orgulho e contra o egoísmo. Ele sabia que, um dia, o mundo se aproximaria dessa condição ideal de vivencia do amor, fazendo do amor uma linguagem universal entre os homens.


Eis o rebanho único a que ele se referia, rebanho dos que se respeitam e dos que se amam de verdade, independente de um ter uma religião e o outro ter outra, independente de raça, de cor, de sexo, de idade, de partido político, de condição social ou de qualquer outro fator que diferencia as pessoas. O amor está acima de todas as diferenças humanas; é a força que congrega e unifica todas as forças da Terra, todas as religiões do mundo, uma espécie de ecumenismo que alguns religiosos mais abertos hoje estão defendendo.


Assim, cara ouvinte, não podemos esperar que haja uma só religião, mas podemos lutar para que as diferentes religiões – antes de pensarem em se digladiarem – se esforcem para falar a mesma linguagem do amor, onde há chance para todos e por onde caminharemos sob o comando de Jesus.



terça-feira, 28 de setembro de 2021

EVIDÊNCIAS; EM BUSCA DA VERDADE COM O PROFESSOR

 Dos 20 CASOS SUGESTIVOS DE REENCARNAÇÃO (Nova Cultural,1971) reunidos em 1966 no livro do mesmo título, pelo psiquiatra canadense Ian Stevenson, dois foram coletados no Brasil. Curiosamente numa mesma família, residente em Dom Feliciano, Estado do Rio Grande do Sul. Um deles, o da jovem Maria Januária de Oliveira que, na véspera de sua morte por tuberculose contraída pelo desinteresse pela vida ao ver frustrados seus sonhos afetivos por intransigência do pai, prometeu à amiga Ida Lorenz que retornaria e renasceria como sua filha, predizendo ainda que quando começasse novamente a falar, contaria muitas coisas sobre a vida que estava abandonando voluntariamente. Dez meses após sua morte, Ida deu à luz a uma menina batizada Marta, que, efetivamente, ao atingir os dois anos e meio, começou, para espanto dos familiares, a falar sobre fatos da vida de Sinhá. O outro caso é de Paulo que, como destaca o Dr Stevenson, responsável pela cadeira de Psiquiatria na Universidade da Virgínia, nos Estados Unidos da América do Norte, ilustra, primeiro “uma diferença de sexo nas duas personalidades”; segundo, “uma personificação altamente desenvolvida da primeira, por parte da segunda pessoa”; e, terceiro, “a manifestação, nas segunda personalidade, de um talento especial para a costura que, embora nada tendo em si de incomum, foi nesta família, na verdade, grande e quase especificamente desenvolvido nestes dois filhos, em mais nenhum outro, numa família de 13 filhos”. Paulo seria a reencarnação de Emília, a segunda filha do casal Ida e Francisco Valdomiro Lorenz. Apurou o professor Stevenson que “Emília em sua curta existência foi uma pessoa profundamente infeliz, sentindo-se constrangida como menina e, alguns anos antes de sua morte, disse, a vários de seus irmãos e irmãs, mas não aos pais, que se existisse reencarnação, ela retornaria como homem. Disse também que desejava morrer solteira, e, embora tenha tido várias propostas de casamento, recusou todos os pretendentes. Cometeu várias tentativas de suicídio. Em uma delas, tomou arsênico, cuja ação foi neutralizada pela grande quantidade de leite que a fizeram tomar. Afinal tomou cianureto, em consequência do que morreu aos 19 anos, em 12 de outubro de 1921”. Na época da morte de Emília, Ida Lorenz já tinha tido doze filhos, e, embora não esperasse engravidar novamente, o fato se repetiu e, pouco mais de uma ano e meio depois da morte de Emília, deu à luz a um menino a que deram o nome Emílio, tratado na intimidade familiar de Paulo. Nos primeiros quatro ou cinco anos de vida, Paulo recusou resolutamente usar roupas de menino. Usava de menina ou nenhuma. Brincava com meninas e bonecas. Quando tinha quatro ou cinco anos, fizeram-lhe um par de calças de uma saia que havia sido de Emília, o que agradou-lhe, consentindo, desde então, em usar roupas de menino. Fez vários comentários, confirmando sua identidade com Emília, tendo também em comum vários outros traços ou interesses como Emília. Na personalidade de Emília, demonstrava talento para costura, ultrapassando muito em competência suas irmãs mais novas e a própria mãe, Ida, que não gostava de coser, nunca tendo usado uma máquina de costura, que compraram para Emília que a usou bastante. Depois da morte de Emília, fracassaram as tentativas de ter uma sucessora para ela e, mesmo as que aprenderam, não demonstraram a mesma habilidade da irmã. Ao contrário, Paulo manifestou real habilidade antes de ter recebido qualquer instrução, quando tinha menos de 5 anos, pois após a mudança no sentido do desenvolvimento mais masculino, não prosseguiu demonstrando a perícia em costurar, praticamente esquecida na fase adulta. Segundo Stevenson, aos 39 anos, quando o conheceu, Paulo conservava uma tendência mais feminina que muitos homens de sua idade, não tendo se casado e lidando pouco com mulheres, exceto suas irmãs. Submetido a teste específicos, o Dr Stevenson concluiu que, “embora Paulo estivesse com menos tendência à feminilidade do que quando criança, persistia nele um grau definitivamente maior de tal tendência do que em homens de sua idade”.


Por que nós não vemos os Espíritos? Se pudéssemos ver os Espíritos, com certeza, acreditaríamos neles e conheceríamos logo a verdade sobre tudo.


Sua conclusão parece lógica, cara ouvinte, mas não é assim que funcionam as leis da natureza. A descoberta da verdade é um caminho longo e tortuoso e é assim que a humanidade vem caminhando durante milênios. Isso porque somos Espíritos em evolução. Assim como a criança, que devagar vai adquirindo conhecimentos do mundo que a rodeia, nós com suas próprias experiências, como Espíritos, precisamos de maturidade para entender as coisas. Não somos perfeitos: a perfeição é uma busca constante, e ela se dá de acordo com a lei de evolução. Se você compulsar as obras que contam a história da humanidade, vai perceber que o homem sempre esteve à procura da verdade e que, ao longo do tempo, ele veio penetrando nela, muito devagar.


Há, pelo menos, três grandes campos de conhecimento, que viemos percorrendo. O campo da religião, que surgiu primeiro na vida humana, mas se deteve exclusivamente na busca da verdade pela fé; o campo da filosofia, que veio em seguida, e que foi buscar a verdade, baseando-se na razão, no raciocínio; e, finalmente, o campo da ciência, que tem por base a experimentação para descobrir as leis da natureza. Nenhum desses campos, todavia, é completo, ou seja –nenhum deles, até hoje, nos deu uma resposta pronta e cabal de toda a verdade – simplesmente porque a verdade é uma conquista que vamos obtendo, pouco a pouco, conforme o caminhar de nossa evolução.


Por milhares de anos, o homem acreditou que, de acordo com a Bíblia, a Terra era o centro do Universo, posição defendida com unhas e dentes pela religião, até que chegou um momento em que não mais foi possível calar a boca de alguns estudiosos que apresentavam outra verdade. O mesmo aconteceu com a maioria das outras questões fundamentais, pois os conhecimentos se renovam por meio de novas descobertas e essas descobertas custam muito trabalho e dedicação do ser humano. Até meados do século XIX, a ciência desconhecia por completo a existência do mundo invisível dos microorganismos ou micróbios. Louis Pasteur, um químico francês, quase foi linchado quando afirmou que existem micróbios no ar que respiramos, em nosso corpo e em tudo que pegamos.


Antigamente só se acreditava naquilo que era possível ver. O mundo material, para o homem, era somente o que ele podia perceber pelos sentidos. Depois do descobrimento das leis da eletricidade, do eletromagnetismo, dos microorganismos e dos intrigantes fenômenos quânticos (completamente invisíveis a olho nu), foi possível conceber que existem tipos de matéria ou energia, que não perceptíveis aos sentidos humanos. Entretanto, com relação ao mundo espiritual, o Espiritismo antecedeu a ciência e vem afirmando, desde o século XIX, a existência de outras dimensões da natureza, que escapam totalmente à capacidade comum de percepção.


segunda-feira, 27 de setembro de 2021

LEMBRANDO UMA VIDA PASSADA; EM BUSCA DA VERDADE COM O PROFESSOR

 No numero de julho de 1860 da REVISTA ESPÍRITA, Allan Kardec inclui interessante matéria relatando o desdobrando da análise de carta recebida de um assinante na qual um amigo lhe confidencia ter vívida em si a lembrança de uma vida passada. Tal reminiscência rica em detalhes surgiu-lhe ainda na infância. Conta ele: “Por mais ridículo que pareça, direi que guardo a sincera convicção de ter sido assassinado durante os massacres de São Bartolomeu. Eu era muito criança quando tal lembrança veio ferir a minha imaginação. Mais tarde, ao ler essa triste página de nossa História, pareceu que muitos detalhes me eram conhecidos, e ainda creio que, se a velha Paris pudesse ser reconstruída, eu reconheceria aquela alameda sombria, onde, fugindo, senti o frio de três punhaladas nas costas. Há detalhes desta cena sangrenta que se conservam na minha memória e que jamais desapareceram. Por que tinha eu essa convicção antes de saber o que tinha sido a noite de São Bartolomeu? Por que, ao ler o relato desse massacre, perguntei a mim mesmo: é meu sonho, esse sonho desagradável que tive em criança, cuja lembrança me ficou tão viva? Por que, quando quis consultar a memória, forçar o pensamento, fiquei como um pobre louco ao qual surge uma ideia e que parece lutar para lhe descobrir a razão? Por quê? Nada sei. Por certo me achareis ridículo, mas nem por isso guardarei menos a lembrança, a convicção. “Se vos dissesse que eu tinha sete anos quando tive um sonho assim: Eu tinha vinte anos, era jovial, bem-posto, e penso que rico. Vim bater-me em duelo e fui morto. Se dissesse que a saudação feita com a arma, antes de me bater, eu a fiz pela primeira vez que tive um florete na mão; se dissesse que cada preliminar mais ou menos graciosa que a educação ou a civilização pôs na arte de se matar me era desconhecida antes de minha educação nas armas, diríeis, sem dúvida, que sou louco ou maníaco. Bem pode ser; mas às vezes me parece que um clarão penetra nesse nevoeiro e tenho a convicção de que a lembrança do passado se restabelece em minha alma”. O remetente acrescenta ainda: -“O Sr. V..., autor desta carta, é oficial da marinha e atualmente em viagem. Poderia ser interessante ver se, evocando-o, confirmaria as suas lembranças; mas haveria a impossibilidade de o prevenir de nossa intenção e, por outro lado, considerando-se a sua profissão, poderia ser difícil encontrar o momento propício. Todavia, disseram-nos que chamássemos o seu anjo-da-guarda, quando quiséssemos evocá-lo, e ele nos diria se poderíamos fazê-lo. (...) Assim procederam e o resultado foi interessante entrevista da qual destacamos algumas questões e respostas: 1- Por que motivo essa lembrança lhe é mais precisa do que para outros? Há nisso uma causa fisiológica ou uma utilidade particular para ele? – Essas lembranças vivazes são muito raras. Dependem um pouco do gênero de morte, que de tal modo o impressionou que está, por assim dizer, encarnado em sua alma. Entretanto, muitas outras criaturas tiveram mortes igualmente terríveis, mas a lembrança não lhes ficou. Só raramente Deus o permite. 2- Depois dessa morte, ocorrida na noite de São Bartolomeu, teve ele outras existências? – Não. 3- Que idade tinha quando morreu? – Uns trinta anos. 4- Pode-se saber o que ele era? – Era ligado à casa de Coligny. 5- Se tivéssemos podido evocá-lo, ter-lhe-íamos perguntado se recorda o nome da rua onde foi assassinado, a fim de ver se, indo a esse local, quando voltar a Paris, a lembrança da cena lhe será ainda mais precisa. – Foi no cruzamento de Bucy. 6- A casa onde foi morto ainda existe? – Não; foi reconstruída. 7- Com o mesmo objetivo teríamos perguntado se recorda o nome que tinha. – Seu nome não é conhecido na História, pois era simples soldado. Chamava-se Gaston Vincent.



De uns tempos para cá, minha mãe achou uma nova religião e vem tentando convencer meu pai, mas ele não concorda com ela. Tenho conversado com os dois para serem mais maleáveis, porque suas discussões sempre acabam em briga. Fico pensando se as religiões prejudicam mais do que ajudam e por que a verdade não é uma só para todo mundo. (Anonima)

Com certeza, para nós, seria mais cômodo se a verdade fosse a mesma para todos. Pelo menos, é o que pensamos. Mas a realidade da vida não é assim. Nem a mesma pessoa, em toda a sua vida, não conserva sempre a mesma verdade. É o caso de sua mãe. A criança não pensa como o jovem, o jovem não pensa como o adulto e o adulto, por sua vez, não tem a mesma visão de vida de uma pessoa idosa. Em cada fase, a pessoa está em um nível evolutivo diferente.

Todos nós, porém, estamos submetidos à lei de evolução. O pensamento evolui, ao longo da vida, assumindo várias formas ou tomando vários rumos. Acompanhando o crescimento de uma pessoa, desde o nascimento até a morte, vamos constatar que, ao longo desse caminho, ela veio mudando em sua forma de pensar – não só sobre religião – mas sobre qualquer outro assunto.

Ora, se isso acontece com a mesma pessoa, na trajetória de sua existência, quanto mais entre pessoas diferentes. Essas transformações fazem parte do processo evolutivo – tanto do processo evolutivo individual, como coletivo: as coletividades também mudam a forma de pensar, criam e desenvolvem várias mentalidades ao longo de sua história, embora base cultural seja a mesma.

Somos livres para pensar, para crer ou para não crer, e é essa liberdade que precisamos aprender a utilizar, sem agredir a liberdade do outro, como não queremos ser agredidos na nossa. É nesse caminhar que vamos aprendendo a lidar com as diferenças e com os diferentes, e a compreender porque os outros não pensam como nós - e nem são obrigados a pensar como nós pensamos

O seu papel, prezada ouvinte, é de servir de mediadora nessas discussões, fazendo justamente o que você fazendo – ou seja, mostrar, principalmente à sua mãe, que cada um tem seu modo de pensar e ninguém está obrigado a seguir as idéias do outro. E, ainda mais, em matéria de religião, vence aquele que tiver maior espírito de tolerância. De fato, eles precisam entender que religião não deve servir para separar, mas para aproximar as pessoas, por que, o que deve caracterizar o sentimento religioso, é a concepção de um Deus-Pai,que quer que seus filhos se respeitem e se amem. Sobre estema tema, convidamos você a ler, n’O LIVRO DOS ESPÍRITOS, o capítulo Lei de Liberdade.



domingo, 26 de setembro de 2021

O QUE TODOS QUEREM SABER; EM BUSCA DA VERDADE COM O PROFESSOR

 Convivendo com fatos relacionados ao Mundo Espiritual, natural que se queira mais informações sobre essa realidade invisível ao sentido da visão de que somos dotados. Paulatinamente, desde o surgimento do Espiritismo várias entidades desencarnadas, através de inúmeros médiuns, tem transferido para nossa Dimensão informes tão precisos quanto possível, até pelas restrições de nosso vocabulário para definir e explicar coisas para que ainda não temos palavras. Um deles operoso trabalhador na seara espírita de Belo Horizonte (MG), desencarnado em 1953. Pouco depois, manifestou-se por intermédio de Chico Xavier durante reunião havida no Centro Espírita Luiz Gonzaga, na noite de 7 de outubro de 1954. Seu nome Efigênio Victor que, enquanto encarnado, funcionou como médium em duas Casas Espíritas da capital mineira. Comentando que alimentou por anos tal curiosidade, recém chegado ao outro Plano, sua primeira comunicação mediúnica não poderia falar de outra coisa que não fosse suas impressões sobre a Vida no chamado Além. Tentando explicar o que fosse possível, diz o Espírito: -“Operamos aqui em bases de matéria noutra modalidade vibratória. Possuímos nossa sede de trabalho em Cidade Espiritual, que se localiza nas regiões superiores da Terra ou, mais propriamente, nas regiões inferiores do Céu. Gradativamente, a Humanidade compreenderá, com dados científicos e positivos, que há no Planeta outras faixas de vida. Na elucidativa mensagem repassada psicofonicamente através de Chico Xavier, Efigênio, a certo trecho diz: -“Acima da crosta terrestre comum, temos uma cinta atmosférica que classificamos por ‘cinta densa’, com a profundidade aproximada de 50 quilômetros e, além dela, possuímos a ‘cinta leve’, com a profundidade aproximada de 950 quilômetros, somando 1000 quilômetros acima da Esfera em que os encarnados respiram. Nesse grande mundo aéreo, encontramos múltiplos exemplares de almas desencarnadas, junto de variadas espécies de criaturas sub-humanas, em desenvolvimento mental no rumo da Humanidade.”. Quase vinte anos antes, o Espírito daquela que foi mãe de Chico Xavier, Maria João de Deus no livro CARTAS DE UMA MORTA (lake), revelou: -““A Terra é o centro, isto é, a sede de grande número de Esferas Espirituais que a rodeiam de maneira concêntrica. Não posso precisar o número dessas esferas, porque elas se alongam até um limite que a minha compreensão, por enquanto, não pode alcançar. Acrescentou também: -“Quanto mais evoluído o Ser, mais elevada será sua habitação, até alcançar o ponto em que essas Esferas se interpenetram com as de outros mundos mais perfeitos”. (...).Temos casas, pássaros, animais, reuniões, institutos como os das famílias terrenas, onde se agrupam os Espíritos através das mais santas afinidades”. Mais à frente, o Espírito André Luiz reproduz no livro OS MENSAGEIROS (1944; feb), uma informação do Instrutor Aniceto de que “há, porém, outros Mundos Sutis, dentro dos mundos grosseiros, maravilhosas Esferas que se interpenetram.  Cada uma dessas divisões compreende outras, conforme asseguram os Espíritos, distinguindo-se por vibrações distintas que se apuram à medida que se afastam do núcleo. Os que estão acima podem transitar pelas esferas que lhe estão abaixo; os que estão nas Esferas Inferiores não podem, sozinhos, passar para as Esferas Superiores”. Se cortarmos uma cebola ao meio, teremos uma ideia de como se superpõem e interpenetram essas Esferas, Planos e Sub-Planos”.



Esta questão nos foi enviada pelo Carlos Henrique Burque, do Labienópolis: No Evangelho Jesus Cristo manda a gente reconciliar com o adversário. Mas, eu pergunto: e se o adversário for uma pessoa má? Se a presença dele representar para mim um perigo? Será que, mesmo assim, devo fazer amizade com ele e correr risco de ser prejudicado pelas costas?”

No sermão da montanha, Jesus diz: “Concerta-te, sem demora, com o teu adversário, enquanto estás a caminho com ele, para que não suceda que ele te entregue ao juiz e que o juiz te entregue ao ministro, e sejas mandado para a cadeia. Em verdade vos digo, que não sairás de lá, enquanto não pagares o último ceitil.”

Essa recomendação de Jesus, como você pode perceber pelas palavras do evangelho, é endereçada à pessoa praticou o mal contra alguém, criando assim um inimigo. Jesus está prevenindo, neste caso específico, para que ela ( que agiu mal, que ofendeu, que prejudicou), vá pedir perdão à sua vítima, antes que esta venha a tomar alguma providência mais drástica, como (por exemplo) comunicar as autoridades e mandá-lo para a cadeia. É o que Jesus está falando.

Podemos concluir, portanto, que, se de um lado Jesus manda que perdoemos nossos agressores (quando somos nós os agredidos), de outro lado, ele manda que peçamos perdão à nossa vítima (quando fomos nós os agressores). Jesus é, aqui, a voz da prudência, do equilíbrio, do bom senso. Ele recomenda que resolvamos nossos problemas entre nós mesmos, para não restarem farpas no futuro, que nos venham a surpreender. Daí a necessidade do perdão. Logo, perdoar e pedir perdão são condições em que todos nós podemos nos encontrar na vida.

Por outro lado, voltando à sua pergunta – sobre o risco que você pode correr, se se aproximar do agressor – recomendamos que leia com atenção o capítulo 12 d’O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO. Nesse capítulo, “Amai os vossos inimigos”, Allan Kardec examina bem essa questão e deixa claro que o amor, que podemos ter para com os amigos, não é o mesmo amor que devemos conceder aos inimigos. Há uma grande diferença entre eles. Veja o que diz Kardec, dentre outras coisas:

Amar os inimigos não pode, pois, significar que não se deve fazer nenhuma diferença entre eles e os amigos. Este preceito parece difícil e, até mesmo, impossível de se praticar, porque falsamente supomos que ele prescreve darmos a uns e a outros o mesmo lugar no coração (...) Amar os inimigos, pois, não é ter por eles uma afeição que não é natural, uma vez que a presença de um inimigo faz bater o coração de maneira inteiramente diversa que a presença de um amigo. Mas é não lhes ter ódio, nem rancor, ou desejo de vingança. É perdoá-los sem segunda intenção e incondicionalmente, pelo mal que nos fizeram.”








sexta-feira, 24 de setembro de 2021

UMA VOZ INTIMA; EM BUSCA DA VERDADE COM O PROFESSOR

 Alcançada a fase em que a responsabilidade de viver é atingida pelo Espírito em seu processo evolutivo, a consciência pessoal passa a comandar o mecanismo da Lei de Ação e Reação no próprio indivíduo. Encarnado ou desencarnado, o Ser passa a experimentar com mais frequência sensação de arrependimento e remorso, buscando sua reabilitação perante si mesmo, por saber que a dor e o sofrimento experimentados são culpa sua. Chico Xavier, por sinal, afirmou que o remorso é uma das mais difíceias experiências vividas pelo Ser humano. Como se o relógio parasse dentro a gente. Allan Kardec no número de agosto de 1867, da REVISTA ESPÍRITA, reproduz e comenta interessante mensagem assinada Um Espírito ampliando nossa compreensão sobre o tema. Diz ele: -“Não é somente no Mundo Invisível que a visão da vítima vem atormentar o assassino para o forçar ao arrependimento; lá onde a justiça dos homens não começou a expiação, a Justiça Divina faz começar, à revelia de todos, o mais lento e o mais terrível dos suplícios, o mais temível castigo. Há certas pessoas que dizem que a punição infligida ao criminoso no Mundo dos Espíritos, e que consiste na visão contínua de seu crime, não pode ser muito eficaz, e que em nenhum caso não é esta punição que, por si só, determina o arrependimento. Dizem que um naturalmente perverso, como é um criminoso, não pode senão amargurar-se cada vez mais por essa visão, e assim se tornando pior. Os que assim falam não fazem ideia do que pode tornar-se um tal castigo; não sabem quanto é cruel esse espetáculo contínuo de uma ação que jamais se queria haver cometido. Certamente vemos alguns criminosos empedernidos, mas muitas vezes é só por orgulho e por quererem parecer mais fortes que a mão que os castiga; é para fazer crer que não se deixam abater pela visão de imagens vãs; mas essa falsa coragem não tem longa duração, pois logo os vemos fraquejar em presença desse suplício, que deve muito de seus efeitos à sua lentidão e persistência. Não há orgulho que possa resistir a esta ação, semelhante à da gota d’água sobre a rocha; por mais dura que possa ser a pedra, é inevitavelmente atacada, desagregada, reduzida a pó. É assim que o orgulho, que faz com que esses infelizes se obstinem contra seu soberano senhor, mais cedo ou mais tarde é abatido, e que o arrependimento, enfim, pode ter acesso à sua alma. Como sabem que a origem de seus sofrimentos está em sua falta, pedem para repará-la, a fim de trazer um abrandamento a seus males. Pondera Allan Kardec: --“Sem ir buscar aplicações do remorso nos grandes criminosos, que são exceções na sociedade, nós as encontramos nas mais corriqueiras circunstâncias da vida. É esse sentimento que leva todo indivíduo a afastar-se daqueles contra os quais sente que tem censuras a se fazer; em presença deles sente-se mal; se a falta não for conhecida, ele teme ser adivinhado; parece-lhe que um olhar pode penetrar o fundo de sua consciência; vê em toda palavra, em todo gesto uma alusão à sua pessoa, razão por que, desde que se sente desmascarado, retira-se. O ingrato também foge de seu benfeitor, já que sua visão é uma censura incessante, da qual em vão procura desembaraçar-se, pois uma voz íntima lhe grita no fundo da consciência que ele é culpado. Se o remorso já é um suplício na Terra, quão maior não será esse suplício no Mundo dos Espíritos, onde não é possível subtrair-se à vista daqueles a quem se ofendeu! Felizes os que, tendo reparado já nesta vida, poderão sem receio enfrentar todos os olhares no mundo onde nada é oculto. O remorso é uma consequência do desenvolvimento do senso moral; não existe onde o senso moral ainda se acha em estado latente. É por isto que os povos selvagens e bárbaros cometem sem remorsos as piores ações. Aquele, pois, que se pretendesse inacessível ao remorso, assimilar-se-ia ao bruto. À medida que o homem progride, o senso moral torna-se mais apurado; ofusca-se ao menor desvio do reto caminho. Daí o remorso, que é o primeiro passo para o retorno ao Bem”.

O que a gente deve fazer quando está sofrendo ofensa de uma pessoa, que a gente está querendo amar, mas não consegue, porque ela não deixa? ( A)

Se você já se preocupa em amar essa pessoa – que você dizer lhe ofender, com certeza, já deu um grande passo no seu crescimento espiritual, cara ouvinte. Mas você sabe que só querer não é o bastante. O “querer” é uma porta que você abre. Depois de abri-la, é preciso adentrar. E é aí que vem o problema... Não é fácil. E, se fosse, que mérito teria? “Não fazem assim também os gentios? – disse Jesus. Jesus pediu que fossemos especiais.

Que mérito há em amar a quem nos ama? ( Foi Jesus que levantou esta questão!) Isso, de fato, é fácil: “amar a quem nos ama” não vai exigir nenhum esforço e, muito menos sacrifício. O desafio é amar o inimigo, como Jesus colocou. Este, sim, é um verdadeiro desafio. Em assim fazendo, vamos demonstrar que somos realmente discípulos do Mestre.

Muitos subestimam o amor, porque não refletiram mais a fundo sobre que tipo de amor Jesus recomendou. Tornam o amor uma coisa banal. E, constantemente, estão dizendo que amam, estão declarando seu amor por alguém. Mas isso, quando a situação está fácil, confortável.

quinta-feira, 23 de setembro de 2021

EVIDENCIAS; EM BUSCA DA VERDADE COM O PROFESSOR

 Dos 20 CASOS SUGESTIVOS DE REENCARNAÇÃO (Nova Cultural,1971) reunidos em 1966 no livro do mesmo título, pelo psiquiatra canadense Ian Stevenson, dois foram coletados no Brasil. Curiosamente numa mesma família, residente em Dom Feliciano, Estado do Rio Grande do Sul. Um deles, o da jovem Maria Januária de Oliveira que, na véspera de sua morte por tuberculose contraída pelo desinteresse pela vida ao ver frustrados seus sonhos afetivos por intransigência do pai, prometeu à amiga Ida Lorenz que retornaria e renasceria como sua filha, predizendo ainda que quando começasse novamente a falar, contaria muitas coisas sobre a vida que estava abandonando voluntariamente. Dez meses após sua morte, Ida deu à luz a uma menina batizada Marta, que, efetivamente, ao atingir os dois anos e meio, começou, para espanto dos familiares, a falar sobre fatos da vida de Sinhá. O outro caso é de Paulo que, como destaca o Dr Stevenson, responsável pela cadeira de Psiquiatria na Universidade da Virgínia, nos Estados Unidos da América do Norte, ilustra, primeiro “uma diferença de sexo nas duas personalidades”; segundo, “uma personificação altamente desenvolvida da primeira, por parte da segunda pessoa”; e, terceiro, “a manifestação, nas segunda personalidade, de um talento especial para a costura que, embora nada tendo em si de incomum, foi nesta família, na verdade, grande e quase especificamente desenvolvido nestes dois filhos, em mais nenhum outro, numa família de 13 filhos”. Paulo seria a reencarnação de Emília, a segunda filha do casal Ida e Francisco Valdomiro Lorenz. Apurou o professor Stevenson que “Emília em sua curta existência foi uma pessoa profundamente infeliz, sentindo-se constrangida como menina e, alguns anos antes de sua morte, disse, a vários de seus irmãos e irmãs, mas não aos pais, que se existisse reencarnação, ela retornaria como homem. Disse também que desejava morrer solteira, e, embora tenha tido várias propostas de casamento, recusou todos os pretendentes. Cometeu várias tentativas de suicídio. Em uma delas, tomou arsênico, cuja ação foi neutralizada pela grande quantidade de leite que a fizeram tomar. Afinal tomou cianureto, em consequência do que morreu aos 19 anos, em 12 de outubro de 1921”. Na época da morte de Emília, Ida Lorenz já tinha tido doze filhos, e, embora não esperasse engravidar novamente, o fato se repetiu e, pouco mais de uma ano e meio depois da morte de Emília, deu à luz a um menino a que deram o nome Emílio, tratado na intimidade familiar de Paulo. Nos primeiros quatro ou cinco anos de vida, Paulo recusou resolutamente usar roupas de menino. Usava de menina ou nenhuma. Brincava com meninas e bonecas. Quando tinha quatro ou cinco anos, fizeram-lhe um par de calças de uma saia que havia sido de Emília, o que agradou-lhe, consentindo, desde então, em usar roupas de menino. Fez vários comentários, confirmando sua identidade com Emília, tendo também em comum vários outros traços ou interesses como Emília. Na personalidade de Emília, demonstrava talento para costura, ultrapassando muito em competência suas irmãs mais novas e a própria mãe, Ida, que não gostava de coser, nunca tendo usado uma máquina de costura, que compraram para Emília que a usou bastante. Depois da morte de Emília, fracassaram as tentativas de ter uma sucessora para ela e, mesmo as que aprenderam, não demonstraram a mesma habilidade da irmã. Ao contrário, Paulo manifestou real habilidade antes de ter recebido qualquer instrução, quando tinha menos de 5 anos, pois após a mudança no sentido do desenvolvimento mais masculino, não prosseguiu demonstrando a perícia em costurar, praticamente esquecida na fase adulta. Segundo Stevenson, aos 39 anos, quando o conheceu, Paulo conservava uma tendência mais feminina que muitos homens de sua idade, não tendo se casado e lidando pouco com mulheres, exceto suas irmãs. Submetido a teste específicos, o Dr Stevenson concluiu que, “embora Paulo estivesse com menos tendência à feminilidade do que quando criança, persistia nele um grau definitivamente maior de tal tendência do que em homens de sua idade”.



Quando vejo alguém sofrendo muito e por muito tempo, e os espíritas dizem que é uma prova, fico pensando se não é absurdo ele mesma ter escolhido uma vida com tantos problemas. Qualquer um de nós ia querer uma vida mais fácil, é claro!... (Comentário de um ouvinte anônimo).


Sua conclusão é lógica, mas não retrata a realidade. A vida não é tão simples assim. Nem mesmo esta que estamos vivendo hoje sobre a face da Terra. Há pessoas que podem escolher o caminho mais cômodo, menos trabalhoso, mais fácil – e resolver não fazer nada de útil na vida, nem para os outros, em para si mesmas. Mas, depois elas irão se arrepender, ao colher frutos amargos, pois, no fundo, elas sabem que, sem esforço, sem luta e sem sacrifício, ninguém pode aspirar a nada de bom.


Se o progresso da humanidade dependesse dos acomodados, dos preguiçosos e dos covardes, ainda estaríamos vivendo nas cavernas; isso se já não tivéssemos desaparecido do planeta. No entanto, foi graças ao sacrifício dos mais ousados, dos mais corajosos e empreendedores, que o mundo progrediu. Mas, se, ao invés de se sacrificarem, eles tivessem pensado primeiramente na própria comodidade, a história da humanidade seria outra. Por isso, não estranhe que um Espírito, na ânsia de crescer e buscar a própria felicidade, não queira se expor a uma situação de desconforto e dificuldade, até porque, do ponto de vista espiritual, esta vida é muito curta.


Ademais, precisamos considerar que, em qualquer questão, sempre há dois lados e, quando estamos encarnados aqui na Terra, geralmente só vemos um – o lado que nos interessa. Quando o individuo é empregado, ele não se interessa muito pelos motivos do patrão; quando patrão, não vê os do empregado. Num caso de briga de casal, o marido acha que está sempre certo e a mulher também. Em geral, temos dificuldade de olhar o conjunto da situação, de entender um lado e outro da questão; e, por isso, as nossas decisões, quase sempre, são equivocadas, pois só vemos as vantagens imediatas, esquecendo de avaliar o futuro.


Uma coisa é o Espírito, quando encarnado; outra, quando já desencarnou. Se estamos aqui, neste mundo, só vemos os interesses imediatos deste mundo. Muitos Espíritos, mesmo depois de desencarnados, estão tão apegados à vida terrena, que ainda não conseguem superar tais interesses. Mas aqueles que já sabem se autoanalisar, que sabem avaliar as conseqüências de uma vida, reúnem o discernimento necessário para fazer a melhor escolha, não se importando, nem mesmo, de se sacrificar – se preciso for – para alcançar uma condição espiritual melhor.


Vemos tantas mães que se sacrificam pelos filhos, mulheres que se sacrificam pelos maridos, pessoas abnegadas que não se importam em doar seus esforços pela coletividade - que não podemos duvidar que, atrás de tudo isso, há um plano de vida – anteriormente elaborado por esses Espíritos mais esclarecidos - no sentido de dar a sua contribuição pelo bem do próximo, seja por uma prova que escolheram, seja por uma missão que lhes foi confiada.


Há Espíritos que, sabendo de suas más tendências e querendo corrigi-las no exercício da vida, pedem para nascer com certas limitações, deficiências ou enfermidades, porque sabem que – se as condições lhe forem muito fáceis – eles acabarão recaindo nos mesmos erros que cometeram em vidas anteriores e que só serviram para lhes trazer dissabores. Tudo, portanto, é uma questão do ponto de vista, e os mais esclarecidos, com certeza, quando no plano espiritual, dotados de maior lucidez, podem escolher obstáculos muito difíceis, à semelhança do atleta olímpico que se entrega exaustivamente aos treinamentos, na certeza de que vai superar a própria marca.


quarta-feira, 22 de setembro de 2021

CONEXÕES; EM BUSCA DA VERDADE COM O PROFESSOR

Vinte e quatro anos após o Psiquiatra Brian Weiss surpreender-se com as revelações de uma paciente de nome Catherine a ele encaminhada por colegas de trabalho no Hospital onde respondia pela direção do Departamento de Psiquiatria, na cidade de Miami, nos Estados Unidos da América do Norte, demonstrou o quanto havia aprendido através dos 4 mil pacientes que se sucederam em seu consultório. E, embora ignorando as informações e conteúdos oferecidos pelo Espiritismo, a verdade é que suas pesquisas conduzidas com isenção de preconceitos mostram-se perfeitamente identificadas com a original proposta apresentada mais de um século antes pelo intelectual e educador francês oculto no pseudônimo Allan Kardec. Uma das constatações é a de que “as pessoas importantes em nossa vida presente foram importantes em vidas passadas e permanecem conosco”. Tanto n’O LIVRO DOS ESPÍRITOS quanto em OBRAS PÓSTUMAS, encontram-se afirmações de Allan Kardec sobre essa interligação entre os Seres na sua caminha da evolutiva. Segundo ele, “muitas vezes um indivíduo renasce na mesma família, ou, pelo menos, os membros de uma família renascem juntos para constituir uma família noutra posição social, a fim de apertarem os laços de afeição entre si, ou reparar agravos recíprocos”. E, acrescenta: -“Por considerações de ordem mais geral, a criatura renasce no mesmo meio, na mesma nação, na mesma raça, quer por simpatia, quer para continuar, com os elementos já elaborados, estudos começados, para se aperfeiçoar, prosseguir trabalhos encetados e que a brevidade da vida não lhe permitiu acabar”. Outra constatação do Dr Weiss: -“A forma mais provável de reencarnar num grupo de pessoas específico, definido por religião, raça, nacionalidade ou cultura, é odiar essas pessoas numa vida pregressa, ter preconceito ou praticar violência contra esse grupo”. Exemplo disso foi oferecido pelo Espírito Emmanuel, o orientador das tarefas mediúnicas de Chico Xavier, que rememorando existências passadas, no livro HÁ DOIS MIL ANOS, identifica-se como um Senador romano que, como se sabe alimentava ódio pelos dominados judeus e, após sua morte, reencarna como personagem central do livro 50 ANOS DEPOIS, na condição de um escravo judeu reconhecido pelos profundos conhecimentos a respeito da história de Roma. Dentre as experiências do psiquiatra americano, encontra-se a com bem sucedida profissional de pouco mais de trinta anos, mergulhada numa depressão pela recente separação do marido logo após os ataques suicidas de 11 de setembro no World Trade Center, em Nova Iorque. Um sentimento de profunda e obsessiva solidariedade aos judeus e aversão aos árabes. Já na primeira regressão buscando entender seu comportamento atual, viu-se na Segunda Guerra Mundial, como um oficial nazista, membro da S.S., apaixonado por seu trabalho de supervisor do embarque de judeus a quem considera “vermes” nos vagões que vão levá-los a Dachau, para morrer, não sentido nada pelas pessoas que matara durante tentativas de fuga. Quando de sua morte na referida vida, revisando-a sentiu remorso e culpa intensa, o que a trouxe a nova encarnação para confirmar seu aprendizado e recompensar aqueles a que ferira em sua vida germânica. Outra constatação derivada das regressões de vários pacientes por ele tratados: A alternância da condição masculina para a feminina e vice versa. A revelação inclui-se entre as respostas dadas a Allan Kardec nas questões 200 a 202 d’O LIVRO DOS ESPÍRITOS, publicado em 1857. Ali, numa nota de rodapé, derivada dos esclarecimentos das Entidades Superiores, descobre-se que “os Espíritos se encarnam homens ou mulheres porque não tem sexo como o entendemos. Como devem progredir em tudo, cada sexo, como cada posição social, lhe oferece provas à deveres especiais, além da oportunidade de adquirir experiência. Aqueles que fosse sempre homem não saberia senão o que sabem os homens”. 



Eu gostaria de saber se o Espírito, quando vai reencarnar, ele sabe exatamente quanto tempo vai viver na Terra, que dia vai morrer e de que modo vai morrer.

Isso depende de cada um, mas, em se tratando da vida humana, não há nada que se possa antever com precisão absoluta. Cada um tem sua história, cada Espírito está num estágio de desenvolvimento e, portanto, tem suas próprias necessidades. Quando ele já se acha num estágio em que é capaz de programar a própria vida, de assumir certas responsabilidades e de ter consciência de suas necessidades, então ele pode traçar suas metas de vida e saber quanto tempo, mais ou menos, ele pode viver na Terra.

Não há um determinismo, um destino traçado e irrevogável. Cada um escolhe o caminho, que deve trilhar, mas a forma como vai fazer isso depende muito dele, de suas decisões e principalmente de seus atos. O que depende de apenas sua vontade não pode ser previsto, pois a vontade é uma decisão do momento. Ele pode ter previsto uma vida mais ou menos longa, mas, como abusou demais da saúde na juventude, acaba antecipando a própria morte.

Logo, o nosso caminhar nesta existência obedece às lei das probabilidades, como quase tudo na vida. Há certos acontecimentos que são mais prováveis na vida de uma pessoa do que de outra, pela forma como cada uma se conduz, pelo seu caráter e pelo seu estilo de vida. Mas não existe uma previsão absoluta em termos de duração de vida, até porque uma pessoa pode recorrer ao suicídio, e o suicídio nunca está na programação de ninguém.






terça-feira, 21 de setembro de 2021

MÉDIUNS OSTENSIVOS SÃO ESSENCIAIS ÀS REUNIÕES; EM BUSCA DA VERDADE COM O PROFESSOR

 Argumento sustentado por muitos interessados no conhecimento e prática do Espiritismo é que na ausência de médiuns, as reuniões tornam-se desinteressantes e inúteis. No número de fevereiro de 1861, da REVISTA ESPÍRITA, Allan Kardec escreve matéria que não apenas responde a esta questão como orienta os que desejam conhecer a posição do Codificador a respeito. Explica ele: -“Um médium, sobretudo um bom médium, é incontestavelmente um dos elementos essenciais de toda assembleia que se ocupa do Espiritismo; mas seria erro pensar que, em sua falta, nada mais resta a fazer senão cruzar os braços ou suspender a sessão. Não compartilhamos absolutamente a opinião de uma pessoa que comparava uma sessão espírita sem médiuns a um concerto sem músicos. (...). Vai-se a um concerto para ouvir música. É, pois, evidente que se os músicos estiverem ausentes, o objetivo falhou. Mas numa reunião espírita vamos, ou pelo menos deveríamos ir, para nos instruirmos. A questão agora é saber se se pode fazê-la sem médium. Seguramente, para os que vão a essas reuniões com o único objetivo de ver efeitos, o médium é tão indispensável quanto o músico no concerto; mas para os que, acima de tudo, buscam instruir-se, que querem aprofundar as diversas partes da ciência, em falta de um instrumento de experimentação terão mais de um meio de o obter. É o que tentaremos explicar Inicialmente diremos que se os médiuns são comuns, os bons médiuns, na verdadeira acepção da palavra, são raros. A experiência prova diariamente que não basta possuir a faculdade mediúnica para obter boas comunicações. É preferível privar-se de um instrumento do que o ter defeituoso. Certamente para os que buscam, nas comunicações, mais o fato que a qualidade, que as assistem mais por distração do que para esclarecimento, a escolha do médium é completamente indiferente. Mas falamos dos que têm um objetivo mais sério e veem mais longe. É a eles que nos dirigimos, porque estamos certos de que nos compreendem. Por outro lado, os melhores médiuns estão sujeitos a intermitências mais ou menos longas, durante as quais há suspensão parcial ou total da faculdade mediúnica, sem falar das numerosas causas acidentais que podem privar-nos momentaneamente de seu concurso. Acrescentemos também que os médiuns inteiramente flexíveis, os que se prestam a todos os gêneros de comunicações, são ainda mais raros. Geralmente possuem aptidões especiais, das quais importa não os desviar. Vê- se, pois, que se não houver provisão de reserva, podemos ficar desprevenidos quando menos o esperamos, e seria desagradável que em tal caso fôssemos obrigados a interromper os trabalhos. O ensino fundamental que se vem buscar nas reuniões espíritas sérias é, sem dúvida, dado pelos Espíritos. Mas que frutos tiraria um aluno das lições dadas pelo mais hábil professor se, por seu lado, ele também não trabalhasse? Se não meditasse sobre aquilo que ouviu? Que progresso faria a sua inteligência se tivesse constantemente o mestre ao seu lado para lhe mastigar a tarefa e lhe poupar o esforço de pensar? Nas assembleias espíritas os Espíritos preenchem dois papéis; uns são professores que desenvolvem os princípios da ciência, elucidam os pontos duvidosos e, sobretudo, ensinam as leis da verdadeira moral; outros são materiais de observação e de estudo, que servem de aplicação. Dada a lição, sua tarefa está acabada, enquanto a nossa começa: a de trabalhar sobre aquilo que nos foi ensinado, a fim de melhor compreender, de melhor captar o sentido e o alcance. É com vistas a nos deixar tempo livre para cumprirmos o nosso dever – que nos permitam essa expressão clássica – que os Espíritos suspendem algumas vezes as suas comunicações. Bem que eles querem nos instruir, mas com uma condição: a de lhes secundarmos os esforços. Cansam-se de repetir sem cessar e inutilmente a mesma coisa. Advertem; contudo, se não são ouvidos, retiram-se, a fim de que tenhamos tempo para refletir. Na ausência de médiuns, uma reunião que se propõe algo mais que ver manejar um lápis tem mil e um meios de utilizar o tempo de maneira proveitosa”.


Uma de nossas ouvintes relatou um caso que a deixou intrigada. Ela ganhou de presente de pessoa muito querida a imagem de uma santa. Embora não seja católica, com muito respeito, colocou a imagem do lado de sua cama sobre um criado-mudo. Estava um dia no quarto, sozinha, quando um estalo ensurdecedor, como se fosse um tiro, aconteceu ao seu lado. A cabeça da santa explodiu, espalhando cacos pelo quarto. O ruído foi tão intenso que outras pessoas da casa acorreram imediatamente para ver o que havia acontecido. Ela pede nossa opinião a respeito.

Primeiramente, queremos dizer que temos o maior respeito pelos nossos irmãos católicos e, portanto, a nossa análise sobre o caso será apenas descritiva, sem qualquer crítica ou conotação religiosa. Evidentemente, o susto foi grande e nem poderia ser diferente. Entretanto, só um exame técnico apurado seria capaz de apontar as causas da explosão. Queremos crer que vários fatores podem ter contribuído para isso, inclusive o de ordem paranormal. Este, contudo, não estaria alcance da ciência analisar.

Vamos levantar algumas hipóteses. A primeira, que poderíamos chamar de material, é a mais simples: a explosão se deu a partir de algum fenômeno físico-químico. Calor, aumento da pressão interna da imagem, microrrachaduras na região da cabeça, teriam ocasionado o fato. A segunda hipótese poderíamos chamar de paranormal: se Sigmund Freud, o criador da Psicanálise, acreditasse em fenômeno paranormal ( mas ele não acreditava), poderia dizer que o fato de uma pessoa não-católica ter uma imagem de santa ao seu lado estaria lhe causando um incômodo inconsciente. E esse inconsciente, incomodado, poderia ter acionado ectoplasma que aumentaria a pressão interna da imagem, rompendo sua parte mais vulnerável, a cabeça.

A terceira hipótese seria de ordem espiritual. Trata-se de um fenômeno de efeitos físicos, envolvendo uma ou mais entidades desencarnadas brincalhonas o mal intencionadas, que teriam aproveitado a situação para assustar a nossa ouvinte, causando-lhe mal-estar e apreensão. Entretanto, não poderíamos deixar de considerar, também, uma quarta hipótese, que seria a reunião das três hipóteses anteriores, um conjunto de fatores atuando ao mesmo tempo e provocando o estranho efeito; ou seja, o fenômeno teria tanto aspectos físicos, psicológicos, como espirituais.