As chamadas reuniões de tratamento da obsessão poderão se constituir em fonte inesgotável de confirmação dos Princípios da Reencarnação, bem como dos mecanismos do instrumento que os regula que é a Lei de Causa e Efeito. O caso do Espírito Joaquim tratado no Centro Espírita Luiz Gonzaga, em Pedro Leopoldo (MG), enquadra-se na situação. Segundo o dirigente encarnado dos trabalhos ali realizados em favor da desobsessão, a entidade manifestou-se numa das reuniões através do médium Chico Xavier, revoltada e infeliz. Dizia-se molestado por fortes jatos de água fria, alegando estar sendo dissecado vivo numa aula de anatomia numa Faculdade de Medicina. Afirmava sentir pavoroso sofrimento, repetindo, a cada passo, entre lágrimas: -“Como é possível aplicar semelhante procedimento a um homem vivo? Não há justiça na Terra?”. Meses depois, retornaria, segundo ele, para trazer ao grupo notícias suas. Na comunicação preservada em um gravador disponibilizado por admirador daquelas tarefas e depois transcrita, Joaquim conta o seguinte: -“Minha derradeira máscara física era a de um pobre homem, que tombou na via pública, num insulto cataléptico. Tão pobre que ninguém lhe reclamou o suposto cadáver. Conduzido à laje úmida, não consegui falar e nem var, contudo, não obstante a inércia, meus sentidos da audição e do olfato, tanto quanto a noção de mim mesmo, estavam vigilante. Impossível para mim descrever-nos o que significa o pavor de um morto-vivo. Depois de muitas horas de expectação e agonia moral, carregaram-me seminu para a câmara fria. Suportei o ar gelado, gritando intimamente sem que a minha boca hirta obedecesse. Não posso enumerar as horas de aflição que me pareceram intermináveis. Após algum tempo, fui transportado para certo recinto, em que grande turma de jovens me cercou, em animada conversação que primava pela indiferença à minha dor. Inutilmente procurei reagir. Achava-me cego, mudo, paralítico... Assinalava, porém, as frases irreverentes em torno e conseguia ajuizar, quanto à posição dos grupos a se dispersarem junto de mim... Mais alguns minutos de espera ansiosa e senti que lâmina afiada me rasgava o abdômen. Protestei com mais força, no imo de minha alma, no entanto, minha língua jazia imóvel. Tolerando padecimentos inenarráveis, observei que me abriam o tórax e me arrebatavam o coração para estudo. Em seguida, um hoque no crânio para a trepanação fez-me perder a noção de mim mesmo e desprendi-me, enfim, daquele fardo de carne viva e inerte, fugindo horrorizado qual se fora um cão hidrófobo, sem rumo... Não tenho palavras para expressar a perturbação a que me reduzira. E, até agora, não sou capaz de imaginar, com exatidão, as horas que despendi na correria martirizante. Trazido, porém, à vossa casa, suave calor me requentou o corpo frio. Escutei vossas advertências e orações. E braços piedosos de enfermeiros abnegados conduziram-me de maca a um hospital que funciona como santa retaguarda, além do campo em que sustentais abençoada luta. Banhado em águas balsâmicas, aliviaram-se-me as dores. Transcorridos alguns dias, implorei o favor de vir ao vosso núcleo de prece, solicitando-vos cooperação para que todos os cadáveres, constrangidos aos tormentos da autopsia, recebessem, por misericórdia, o socorro de injeções anestésicas (...). Em resposta, porém, à minha alegação, um de vossos amigos, que considero agora também por meus amigos e benfeitores -, numa simples operação magnética, mergulhou-me no conhecimento da realidade e vi-me, em tempo recuado, envergando o chapéu de um mandarim principal. O rubi simbólico investia-me na posse de larga autoridade. Revi-me, numa noite de festa, determinando que um de meus companheiros, por mero capricho de meu orgulho, fosse lançado em plena nudez num pátio gelado. Ao amanhecer, recomendei lhe furtassem os olhos. Mandei algemá-lo qual se fora um potro selvagem, embora clamasse compaixão. Impassível, ordenei fosse ele esfolado vivo. Depois, quando o infeliz se debatia nas vascas da morte, decidi fosse o seu crânio aberto, antes de entregue aos abutres, em pleno campo. Exigi, ainda, lhe abrissem o abdômen e o tórax. Reclamei-lhe o coração numa bandeja de prata. O toque magnético impusera-me o conhecimento de minhas atrocidades em vida passada.
José Sérgio
de Conti nos relatou domingo passado um episódio que aconteceu com uma
cachorrinha que há cerca de um ano e meio está em sua casa. O fato inusitado
aconteceu quando a cachorrinha passou a latir na porta de um dos quartos, como
preparada para investir contra alguém que estivesse dentro. As pessoas da casa
acorreram, imaginando haver algum estranho no quarto ou, no mínimo, algum outro
animal. Mas não encontraram nada e, com muito custo, conseguiram afastar a
cachorrinha e acalmá-la. O Sérgio pergunta se, de fato, o animal teve alguma
vidência.
Existem estudos a respeito da percepção
extrassensorial nos animais. Percepção extrassensorial ou paranormalidade é o
nome que se dá à percepção além dos sentidos físicos (como visão e audição).
Não resta dúvida – e hoje se sabe bem disso – que os animais, dependendo da
espécie, podem ter percepções bem mais apuradas que os humanos. É o caso, por
exemplo, do olfato e da audição nos cães. Entretanto, há estudos sobre percepção além
dos sentidos nos animais.
Um desses pesquisadores – que, aliás, se
dedicou muito ao estudo de médiuns e fenômenos espíritas – é o italiano Ernesto
Bozzano, autor de um livro que, no Brasil, tem por título “OS ANIMAIS TÊM
ALMA?” Existem, no entanto, outras obras que tratam do assunto. Há registros envolvendo
cães, gatos e cavalos, principalmente, pois são animais que convivem com o
homem. Mas são estudos ainda incipientes, pois o maior interesse está no estudo
da mediunidade e da paranormalidade no ser humano, que já não é fácil.
Ao que tudo
indica, porém, os animais são mais sensíveis à presença de Espíritos. E isso só
pôde ser atestado, em casos em que havia um médium vidente observando a reação
do animal. Essa percepção – como qualquer outro – acontece devido a certas
disposições inatas, que estariam ligadas ao sistema nervoso do animal. No ser
humano, a percepção mediúnica se dá através de uma glândula chamada PINEAL ou
EPÍFESE, e que se localiza no cérebro. É possível que isso também ocorra com os
animais.
A maior
parte dos casos é de registro de telepatia, quando o animal é capaz de captar o
pensamento do dono ou de anunciar com bastante antecedência a sua chegada em
casa. Não foi possível, até hoje, verificar se eles têm realmente vidência, até
porque o animal não fala, não tem como descrever o que percebe. A telepatia
seria apenas a captação de ondas mentais, ou seja, do pensamento de pessoas ou
até de outros animais.
Todavia, precisamos enfatizar que os animais
não são médiuns, no sentido que damos à mediunidade no Espiritismo. Mediunidade
pressupõe autoconsciência, capacidade de comunicação ou de transmissão de
mensagens, e isso os animais não têm – só o ser humano. O que eles devem ter é
o que chamamos de faculdade anímica – ou seja, capacidade de perceber, de
alguma forma, fatos que estão além da terceira dimensão espacial e, portanto,
inacessível à percepção normal do ser humano.
No caso em questão, relatado pelo Sérgio de
Conti, é possível que alguma entidade espiritual tivesse entrado no local e que
a cachorrinha, sentindo essa aproximação, se enfurecesse no sentido de
expulsá-la. É uma hipótese plausível, mas não podemos dar certeza de que isso
realmente foi assim, porque não temos maiores elementos para isso.
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