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segunda-feira, 27 de setembro de 2021

LEMBRANDO UMA VIDA PASSADA; EM BUSCA DA VERDADE COM O PROFESSOR

 No numero de julho de 1860 da REVISTA ESPÍRITA, Allan Kardec inclui interessante matéria relatando o desdobrando da análise de carta recebida de um assinante na qual um amigo lhe confidencia ter vívida em si a lembrança de uma vida passada. Tal reminiscência rica em detalhes surgiu-lhe ainda na infância. Conta ele: “Por mais ridículo que pareça, direi que guardo a sincera convicção de ter sido assassinado durante os massacres de São Bartolomeu. Eu era muito criança quando tal lembrança veio ferir a minha imaginação. Mais tarde, ao ler essa triste página de nossa História, pareceu que muitos detalhes me eram conhecidos, e ainda creio que, se a velha Paris pudesse ser reconstruída, eu reconheceria aquela alameda sombria, onde, fugindo, senti o frio de três punhaladas nas costas. Há detalhes desta cena sangrenta que se conservam na minha memória e que jamais desapareceram. Por que tinha eu essa convicção antes de saber o que tinha sido a noite de São Bartolomeu? Por que, ao ler o relato desse massacre, perguntei a mim mesmo: é meu sonho, esse sonho desagradável que tive em criança, cuja lembrança me ficou tão viva? Por que, quando quis consultar a memória, forçar o pensamento, fiquei como um pobre louco ao qual surge uma ideia e que parece lutar para lhe descobrir a razão? Por quê? Nada sei. Por certo me achareis ridículo, mas nem por isso guardarei menos a lembrança, a convicção. “Se vos dissesse que eu tinha sete anos quando tive um sonho assim: Eu tinha vinte anos, era jovial, bem-posto, e penso que rico. Vim bater-me em duelo e fui morto. Se dissesse que a saudação feita com a arma, antes de me bater, eu a fiz pela primeira vez que tive um florete na mão; se dissesse que cada preliminar mais ou menos graciosa que a educação ou a civilização pôs na arte de se matar me era desconhecida antes de minha educação nas armas, diríeis, sem dúvida, que sou louco ou maníaco. Bem pode ser; mas às vezes me parece que um clarão penetra nesse nevoeiro e tenho a convicção de que a lembrança do passado se restabelece em minha alma”. O remetente acrescenta ainda: -“O Sr. V..., autor desta carta, é oficial da marinha e atualmente em viagem. Poderia ser interessante ver se, evocando-o, confirmaria as suas lembranças; mas haveria a impossibilidade de o prevenir de nossa intenção e, por outro lado, considerando-se a sua profissão, poderia ser difícil encontrar o momento propício. Todavia, disseram-nos que chamássemos o seu anjo-da-guarda, quando quiséssemos evocá-lo, e ele nos diria se poderíamos fazê-lo. (...) Assim procederam e o resultado foi interessante entrevista da qual destacamos algumas questões e respostas: 1- Por que motivo essa lembrança lhe é mais precisa do que para outros? Há nisso uma causa fisiológica ou uma utilidade particular para ele? – Essas lembranças vivazes são muito raras. Dependem um pouco do gênero de morte, que de tal modo o impressionou que está, por assim dizer, encarnado em sua alma. Entretanto, muitas outras criaturas tiveram mortes igualmente terríveis, mas a lembrança não lhes ficou. Só raramente Deus o permite. 2- Depois dessa morte, ocorrida na noite de São Bartolomeu, teve ele outras existências? – Não. 3- Que idade tinha quando morreu? – Uns trinta anos. 4- Pode-se saber o que ele era? – Era ligado à casa de Coligny. 5- Se tivéssemos podido evocá-lo, ter-lhe-íamos perguntado se recorda o nome da rua onde foi assassinado, a fim de ver se, indo a esse local, quando voltar a Paris, a lembrança da cena lhe será ainda mais precisa. – Foi no cruzamento de Bucy. 6- A casa onde foi morto ainda existe? – Não; foi reconstruída. 7- Com o mesmo objetivo teríamos perguntado se recorda o nome que tinha. – Seu nome não é conhecido na História, pois era simples soldado. Chamava-se Gaston Vincent.



De uns tempos para cá, minha mãe achou uma nova religião e vem tentando convencer meu pai, mas ele não concorda com ela. Tenho conversado com os dois para serem mais maleáveis, porque suas discussões sempre acabam em briga. Fico pensando se as religiões prejudicam mais do que ajudam e por que a verdade não é uma só para todo mundo. (Anonima)

Com certeza, para nós, seria mais cômodo se a verdade fosse a mesma para todos. Pelo menos, é o que pensamos. Mas a realidade da vida não é assim. Nem a mesma pessoa, em toda a sua vida, não conserva sempre a mesma verdade. É o caso de sua mãe. A criança não pensa como o jovem, o jovem não pensa como o adulto e o adulto, por sua vez, não tem a mesma visão de vida de uma pessoa idosa. Em cada fase, a pessoa está em um nível evolutivo diferente.

Todos nós, porém, estamos submetidos à lei de evolução. O pensamento evolui, ao longo da vida, assumindo várias formas ou tomando vários rumos. Acompanhando o crescimento de uma pessoa, desde o nascimento até a morte, vamos constatar que, ao longo desse caminho, ela veio mudando em sua forma de pensar – não só sobre religião – mas sobre qualquer outro assunto.

Ora, se isso acontece com a mesma pessoa, na trajetória de sua existência, quanto mais entre pessoas diferentes. Essas transformações fazem parte do processo evolutivo – tanto do processo evolutivo individual, como coletivo: as coletividades também mudam a forma de pensar, criam e desenvolvem várias mentalidades ao longo de sua história, embora base cultural seja a mesma.

Somos livres para pensar, para crer ou para não crer, e é essa liberdade que precisamos aprender a utilizar, sem agredir a liberdade do outro, como não queremos ser agredidos na nossa. É nesse caminhar que vamos aprendendo a lidar com as diferenças e com os diferentes, e a compreender porque os outros não pensam como nós - e nem são obrigados a pensar como nós pensamos

O seu papel, prezada ouvinte, é de servir de mediadora nessas discussões, fazendo justamente o que você fazendo – ou seja, mostrar, principalmente à sua mãe, que cada um tem seu modo de pensar e ninguém está obrigado a seguir as idéias do outro. E, ainda mais, em matéria de religião, vence aquele que tiver maior espírito de tolerância. De fato, eles precisam entender que religião não deve servir para separar, mas para aproximar as pessoas, por que, o que deve caracterizar o sentimento religioso, é a concepção de um Deus-Pai,que quer que seus filhos se respeitem e se amem. Sobre estema tema, convidamos você a ler, n’O LIVRO DOS ESPÍRITOS, o capítulo Lei de Liberdade.



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