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quinta-feira, 14 de outubro de 2021

O ESPIRITISMO É OU NÃO UMA RELIGIÃO; EM BUSCA DA VERDADE COM O PROFESSOR

 Má fé, ignorância, intolerância são alguns dos aspectos relacionados à resposta ouvidas das pessoas comuns sobre a pergunta: -“O Espiritismo é ou não uma religião? No número de dezembro de 1868, da REVISTA ESPÍRITA, Allan Kardec oferece elementos para reflexões a respeito. Argumenta ele: -“O verdadeiro objetivo das assembleias religiosas deve ser a comunhão de pensamentos; é que, com efeito, a palavra religião quer dizer laço. Uma religião, em sua acepção larga e verdadeira, é um laço que religa os homens numa comunhão de sentimentos, de princípios e de crenças; consecutivamente, esse nome foi dado a esses mesmos princípios codificados e formulados em dogmas ou artigos de fé. (...). Se é assim, perguntarão, então o Espiritismo é uma religião? Ora, sim, sem dúvida, senhores! No sentido filosófico, o Espiritismo é uma religião, e nós nos vangloriamos por isto, porque é a Doutrina que funda os vínculos da fraternidade e da comunhão de pensamentos, não sobre uma simples convenção, mas sobre bases mais sólidas: as próprias leis da Natureza. Por que, então, temos declarado que o Espiritismo não é uma religião? Em razão de não haver senão uma palavra para exprimir duas ideias diferentes, e que, na opinião geral, a palavra religião é inseparável da de culto; porque desperta exclusivamente uma ideia de forma, que o Espiritismo não tem. Se o Espiritismo se dissesse uma religião, o público não veria aí mais que uma nova edição, uma variante, se se quiser, dos princípios absolutos em matéria de fé; uma casta sacerdotal com seu cortejo de hierarquias, de cerimônias e de privilégios; não o separaria das ideias de misticismo e dos abusos contra os quais tantas vezes a opinião se levantou. Não tendo o Espiritismo nenhum dos caracteres de uma religião, na acepção usual da palavra, não podia nem devia enfeitar-se com um título sobre cujo valor inevitavelmente se teria equivocado. Eis por que simplesmente se diz: doutrina filosófica e moral. As reuniões espíritas podem, pois, ser feitas religiosamente, isto é, com o recolhimento e o respeito que comporta a natureza grave dos assuntos de que se ocupa; pode-se mesmo, na ocasião, aí fazer preces que, em vez de serem ditas em particular, são ditas em comum, sem que, por isto, sejam tomadas por assembleias religiosas. Não se pense que isto seja um jogo de palavras; a nuança é perfeitamente clara, e a aparente confusão não provém senão da falta de uma palavra para cada ideia. Qual é, pois, o laço que deve existir entre os espíritas? Eles não estão unidos entre si por nenhum contrato material, por nenhuma prática obrigatória. Qual o sentimento no qual se deve confundir todos os pensamentos? É um sentimento todo moral, todo espiritual, todo humanitário: o da caridade para com todos ou, em outras palavras: o amor do próximo, que compreende os vivos e os mortos, pois sabemos que os mortos sempre fazem parte da Humanidade. A caridade é a alma do Espiritismo; ela resume todos os deveres do homem para consigo mesmo e para com os seus semelhantes, razão por que se pode dizer que não há verdadeiro espírita sem caridade. Mas a caridade é ainda uma dessas palavras de sentido múltiplo, cujo inteiro alcance deve ser bem compreendido; e se os Espíritos não cessam de pregá-la e defini-la, é que, provavelmente, reconhecem que isto ainda é necessário. O campo da caridade é muito vasto; compreende duas grandes divisões que, em falta de termos especiais, podem designar-se pelas expressões Caridade beneficente e caridade benevolente. Compreende-se facilmente a primeira, que é naturalmente proporcional aos recursos materiais de que se dispõe; mas a segunda está ao alcance de todos, do mais pobre como do mais rico. Se a beneficência é forçosamente limitada, nada além da vontade poderia estabelecer limites à benevolência.


É verdade que, depois da morte, no mundo espiritual, a gente se arrepende de todos os pecados que cometeu?


Esse fato não acontece do mesmo modo para todo mundo, Elias. Mas existe uma forte possibilidade de sermos tocado por um sentimento de arrependimento, após ou até durante a desencarnação, pelo mal que fizemos ou pelo bem que deixamos de fazer. Essa é uma condição natural do ser humano. Assim como, chegando à idade madura e à velhice, nós costumamos reconsiderar o que fizemos na juventude - mudando, até mesmo, nossas atitudes e hábitos de vida diante das pessoas a quem ofendemos, depois da morte esse fenômeno ocorre ainda com mais intensidade.


Certa vez, em contato com o médium Carlos Baccelli, de Uberaba - médium que costuma receber dezenas de mensagens de entes queridos desencarnados para seus familiares - ele nos falou sobre isso. Disse, na ocasião, que a maioria dos Espíritos, que se comunicam com seus entes queridos, mostram-se arrependidos de muita coisa que fizeram. E, é claro, esses Espíritos sofrem por isso, pois todos nós sabemos que não existe nada tão sofrido quanto a dor moral, como o arrependimento e o sentimento de culpa.


Entretanto, Elias, devemos esclarecer que o arrependimento ou o grau de arrependimento depende da evolução moral de cada um. Assim, pode haver Espíritos, que não se arrependam de imediato pelo mal que praticaram, que demorem muito para se arrepender, mas isso é apenas uma questão de tempo. Cedo ou tarde, todos haveremos de nos enveredar pelo caminho do amor. Quanto mais desenvolvido o senso moral do individuo, mais depressa ele se arrepende dos erros cometidos e, ao contrário, quanto menos desenvolvimento é o senso moral, menos ele se arrepende.


Mas a evolução é uma lei da natureza, de modo que, mais cedo ou mais tarde – como dissemos - todos nós vamos passar pelo crivo do arrependimento. E que é o arrependimento? É o fato de a pessoa lamentar e sofrer pelo erro cometido e querer voltar atrás. Trata-se de uma manifestação de sua consciência moral e um indicio de um passo no seu crescimento espiritual. Assim, todo arrependimento acarreta um sofrimento, mas somente o arrependimento não resolve a situação do Espírito. De que vale a pessoa se arrepender do erro praticado e, depois, voltar a cometê-lo de novo!...


Mais do que arrepender-se, o Espírito precisa reparar o erro cometido, para se sentir quites com sua consciência. Por isso é que existe a reencarnação. Caso contrário, nunca mais teríamos oportunidade de nos reconciliar com a consciência, repondo o prejuízo causado ou desenvolvendo à vítima o que tiramos dela. Na trajetória de todos os Espíritos, estamos constantemente reparando ou tentando reparar o dano causado para nos livrar da culpa. Quando isso não acontece numa mesma encarnação – o que é mais difícil – acontece de uma para outra encarnação. Muitas vezes, aqueles a quem prejudicamos no passado, numa nova encarnação, vêm como nossos filhos ou dependentes, a quem nos dedicamos com especial desvelo. 


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