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terça-feira, 30 de novembro de 2021

PORQUE OS MÉDIUNS FRACASSAM; EM BUSCA DA VERDADE COM O PROFESSOR

 Embora inerente ao Ser humano pelas múltiplas funções da glândula pineal ou epífise, a mediunidade em alguns casos, serve como instrumento de reabilitação Espírito imortal perante os artigos do Código Penal de Vida Futura apresentado por Allan Kardec no capítulo 7 da obra O CÉU E O INFERNO ou A Justiça Divina segundo o Espiritismo. Comentário do Espírito Emmanuel através do médium Chico Xavier observa que trazidos às tarefas do Espiritismo, somos seres endividados de outras épocas, empenhados ao trabalho de aperfeiçoamento gradativo com o amparo de Jesus. Tiranos de ontem, somos agora convocados a exercícios de obediência e tolerância para as aquisições de humildade. Autoridades absorventes que dilapidávamos os bens que se nos confiavam, em benefício de todos, vemo-nos induzidos, na atualidade, a servir em regime de carência a fim de aprendermos moderação à frente da vida. Inteligências despóticas que abusávamos da frase escrita ou falada, prejudicando multidões, estamos hoje entre inibições e dificuldades, nos domínios da expressão verbal, de modo a reconhecermos quanto respeito se deve à palavra. Criaturas que infelicitávamos outras muitas, deteriorando-lhes a existência em nome do coração, achamo-nos presentemente em longos calvários do sexo a fim de aprimorarmos os impulsos do próprio amor. Raros, contudo, os que vencem a si mesmos no exercício de suas faculdades tarefas mediúnicas. Allan Kardec com a precisão de sempre, comenta o motivo de tantas quedas na edição de março da REVISTA ESPÍRITA. Segundo ele “o orgulho é o escolho de um grande número de médiuns e vimos muitos cujas faculdades transcendentes se aniquilaram ou perverteram, desde que deram ouvidos a este demônio tentador. As melhores intenções não dão garantia contra os embustes e é precisamente contra os bons que dirige as suas baterias, pois se satisfaz em fazê-los sucumbir e mostrar que ele é o mais forte; insinua-se no coração com tanta habilidade que muitas vezes o enche sem que o suspeite. Assim, o orgulho é o último defeito que confessamos a nós mesmos, semelhante a essas moléstias mortais que se tem em estado latente e sobre cuja gravidade o doente se ilude até o último momento. Eis por que é tão difícil erradicá-lo. A partir do momento que um médium desfrute de uma faculdade, por menos notável que seja, é procurado, elogiado, adulado. Para ele isso é uma terrível pedra de toque, pois acaba se julgando indispensável, se não for essencialmente simples e modesto. Infeliz dele, sobretudo se julgar que somente ele poderá entrar em contato com os Espíritos bons. Custa-lhe reconhecer que foi enganado e, muitas vezes, escreve ou ouve sua própria condenação, sua própria censura, sem acreditar que a ele seja dirigida. Ora, é precisamente essa cegueira que o aprisiona. Os Espíritos enganadores se aproveitam para o fascinar, dominar, subjugar cada vez mais, a ponto de lhe fazerem tomar por verdades as coisas mais falsas; é assim que nele se perde o dom precioso, que não havia recebido de Deus senão para se tornar útil aos semelhantes, já que os Espíritos bons sempre se afastam daqueles que preferem escutar os maus. Aquele a quem a Providência destina a ser posto em evidência o será pela força das coisas, e os Espíritos bem saberão tirá-lo da obscuridade, se isso for útil, ao passo que, muitas vezes, quanta decepção para quem é atormentado pela necessidade de fazer falar de si”! Com isso, além de se comprometerem, acabam por retardar a expansão da própria Doutrina Espírita. Conforme o Espírito do grande pesquisador e escritor Gabriel Dellane em entrevista a André Luiz pelo médium Waldo Vieira “os maiores embaraços para o Espiritismo procedem da atuação daqueles que reencarnam, prometendo servi-lo, seja através da mediunidade direta ou da mediunidade indireta, no campo da inspiração e da inteligência, e se transviam nas seduções da esfera física, convertendo-se em médiuns autênticos das regiões inferiores, de vez que não negam as verdades do Espiritismo, mas estão prontos a ridiculariza-las, através de escritos sarcásticos ou da arte histriônica”.



Amanda, da Rua Miguel Bruno, pergunta: “No filme NOSSO LAR, o médico sente-se mal em sua casa, é levado para o hospital, mas não resiste a uma cirurgia e morre. Logo depois, ele (agora Espírito) está naquele lugar horrível, cheio de lama, com outros espíritos sofredores. Eu entendo que ele foi pra lá porque cometeu muitos erros e comprometeu sua vida. Pergunto: como é que ele foi parar naquele lugar? Ele mesmo foi ou alguém o levou? Como que funciona isso no mundo o espiritual? Para onde vão as pessoas, quando morrem?

André Luiz transmitiu, pelo médium Chico Xavier, 13 livros que tratam da questão da vida após a morte, numa certa sequência, que seria interessante você tomar conhecimento. NOSSO LAR foi o primeiro desses livros. Quem ler NOSSO LAR pela primeira vez, com certeza, vai ficar com uma série de interrogações, como a sua, Amanda. Quem só vê o filme, fica com mais interrogações ainda, porque um filme, por melhor que seja, não é capaz de informar tanto quanto um livro.

Na verdade, essas informações vão acontecendo ao longo da obra de André Luiz; como, por exemplo, no quarto livro OBREIROS DA VIDA ETERNA, onde ele relata nada menos que cinco casos de desencarnação. Vamos entendendo, por essas obras, que não existem duas desencarnações iguais, como não existem duas pessoas iguais e nem tampouco duas vidas iguais. Cada uma é uma. Entretanto, o fator que mais influi no desprendimento do Espírito e no seu retorno ao mundo espiritual é, sem dúvida, o seu caráter, o seu grau de moralidade.

Uma pessoa pode morrer de repente, pode vir a falecer após longa e sofrida enfermidade, pode vir a óbito em virtude de um acidente ou de outra forma traumática. Cada morte é uma morte, mas a desencarnação é mais complexa que a morte do corpo, porque desencarnar não depende apenas da forma como a pessoa morreu, mas, sobretudo, das condições íntimas do Espírito, durante e após o desenlace – ou seja, de como está sua relação consigo mesmo.

Aliás, a doutrina moral de Jesus está assentada, toda ela, sobre essa relação que cada um tem com sua própria consciência. O que a nossa consciência moral está nos pedindo hoje, agora? O que ela já nos pediu antes que ainda não fizemos ou não queremos fazer? Até que ponto podemos dizer que, diante dela, estamos tranquilos e felizes, agora, neste momento?

Evidentemente, como nenhum de nós é perfeito, todos temos problemas de consciência; porém, uns têm mais, outros têm menos. Para alguns, o problema é suportável, para outros desgastantes e, para outros ainda, muito perturbadores. Aqueles, cujos problemas são perturbadores – como a culpa, a mágoa, a revolta, a inveja, o ciúme, a cobiça, etc. - pode-se dizer, consideram-se infelizes e, automaticamente, são atraídos para lugares de mais sofrimento após a desencarnação.

Logo, não existem castigos divinos, no sentido que as religiões dão a essa expressão. O que existem são consequências naturais de nossos atos, de nossas omissões, de nossas emoções, muitas vezes advindas de conflitos de consciência que precisamos superar. Esses conflitos são, na verdade, os embates entre o dever moral que nos chama e a nossa pobre conduta. Quando um não bate com o outro, a consciência cobra. E, se cobra aqui – enquanto estamos encarnados – cobrará mais ainda, quando estivermos no mundo espiritual.

Mas essa não é uma situação definitiva, Amanda, porque todos temos de aprender e, na maioria das vezes, vamos ter que aprender com nossos próprios erros – ou melhor, aprenderemos porque os sofrimentos decorrentes desses erros nos levarão a tomar outro rumo na vida, assumindo novas atitudes e novas condutas. Portanto, Amanda, o que vamos encontrar no mundo espiritual é o resultado de nossa atuação nesta vida. Depois, teremos oportunidades de reencarnar e começar tudo de novo. Essa é lei.

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segunda-feira, 29 de novembro de 2021

ATUALÍSSIMO; EM BUSCA DA VERDADE COM O PROFESSOR

 Aproximadamente mil e duzentas pessoas, oitenta por cento dos quais encarnados presentes em função da liberação natural do sono físico. Conforme explicações, não guardariam plena recordação do que ouviriam em retomando o corpo carnal, em virtude da deficiência do cérebro, incapaz de suportar a carga de duas vidas simultâneas, persistindo, contudo, a lembrança no fundo do Ser, orientando as tendências pessoais para o terreno da elevação e abrindo a porta intuitiva para serem assistidos no pensamento. O encontro, desdobrado durante a madrugada da Terra, reunia trabalhadores de várias frentes espiritualistas, necessitados de orientação e fortalecimento em suas lutas. A prédica, a cargo de um Instrutor de nome Eusébio que, no diagnóstico apresentado delineia a situação da Humanidade no estágio atual. Pode se dizer atualíssimo. De suas palavras, destacamos algumas que bem demonstram a razão de dessa avaliação. “Somos, no palco da Crosta Planetária, os mesmos atores do drama evolutivo. Cada milênio é um ato breve, cada século um cenário veloz. Utilizando corpos sagrados, perdemos, entretanto, quais despreocupadas crianças, entretidas apenas em jogos infantis, o ensejo santificante da existência (...). Falamos de todos nós, viajores que extravagamos no deserto da própria negação (...). O vendaval das paixões fulminantes de homens e de povos passa ululante, de um a outro polo, a semear maus presságios. (...) Contraímos pesados débitos e nos escravizamos aos tristes resultados de nossas obras (...). Foi assim que atingimos a época moderna, em que loucura se generaliza e a harmonia mental do homem está a pique de soçobro. De cérebro evolvido e coração imaturo, requintamo-nos, presentemente, na arte de esfacelar o progresso espiritual. (...). Hoje, as coletividades humanas ainda sofrem o assédio da espada homicida, e chuvas de bombas arremetem contra populações indefesas (...). Existe, porém, nova ameaça ao domicílio terrestre; o profundo desequilíbrio, a desarmonia generalizada, as moléstias da alma que se inserem, sutis, solapando-vos a estabilidade. Como fruto de eras sombrias, caracterizadas pela opressão e pela maldade reciprocas, em que temos vivido, odiando-nos uns aos outros, vemos a Terra convertida em campo de quase intérminas hostilidades. Homens e nações perseguem o mito do ouro fácil; criaturas sensíveis abandonam-se aos distúrbios das paixões, cérebros vigorosos perdem a visão interior, enceguecidos pelos enganos, enceguecidos pelos enganos de personalidade e do autoritarismo. Empenhados em disputas intermináveis, em duelos formidandos de opinião, conduzidos por desvairadas ambições inferiores, os filhos da Terra abeiram-se de novo abismo, que o olhar conturbado não lhes deixa perceber (...).Não basta crer na imortalidade da alma. Inadiável a iluminação de nós mesmos, a fim de que sejamos claridade sublime (...). Admitireis, porventura, vossa permanência na Crosta Planetária, sem finalidades específicas? (...) Abandonais a ilusão, antes que a ilusão vos abandone. (...) Deixai plantado o Bem na esteira de vossos passos. O desequilíbrio generalizado e crescente invade os departamentos da mente humana. Combatem-se, desesperadamente, as nações e as ideologias, os sistemas e os princípios (...). Encarnados e desencarnados de tendências inferiores colidem ferozmente, aos milhões. Inúmeros lares transformam-se em ambientes de inconformação e desarmonia. Duela o homem consigo mesmo no atual processo acelerado de transição. Equilibrai-vos, pois, na edificação necessária, convictos de que é impossível confundir a Lei ou trair-lhe os ditames universais”.

Uma jovem está passando por um estado de perturbação emocional. De uns dias pra cá, ela sente uma presença estranha que a está impedindo de fazer as coisas. Alguém invisível. Ela não tem conhecimento espírita e a primeira vez que teve isso foi dentro de uma igreja. Recorreu a um espírita e este lhe disse que ela deveria de desenvolver a mediunidade, que não haveria outro caminho...

O caso requer exame e ponderação. No passado, quando uma pessoa se apresentava no centro com sintomas que pareciam mediunidade, ela era logo encaminhada para uma sessão mediúnica, para exercitar a faculdade. Ninguém lhe perguntava se ela queria ou não. A situação lhe era imposta, sob advertência de que, se não o fizesse, poderia enlouquecer. Essa atitude precipitada ,porém, nada tem a ver com as orientações de O LIVRO DOS MÉDIUNS. Pelo contrário. Infelizmente, muitos dirigentes de sessões nunca tinham lido esse livro de Allan Kardec.

Hoje, a situação nos centros, parece bem melhor, salvo exceções. Quando uma pessoa apresenta sintomas de perturbação, é preciso, primeiramente, analisar com critério o que está acontecendo: se se trata apenas e tão somente de uma influência espiritual, se não é um desconforto emocional que a pessoa vem passando, se não é necessário, também, um tratamento médico ou psicológico. Atrás de uma perturbação, em geral, existem uma série de causas, e não uma só.

Do ponto de vista espírita, entretanto, convém ressaltar que, mesmo sendo um problema de ordem física ou emocional – a exigir acompanhamento profissional - o tratamento espiritual é sempre recomendável. Precisamos compreender que a saúde depende da espiritualidade. Entenda-se por “tratamento espiritual”, a busca de valores que reforcem a fé do paciente, para que ele se sinta amparado por Deus. Não precisa ser um tratamento necessariamente espírita. Pode-se fazer isso em outras religiões, mas o Espiritismo reúne meios práticos e eficazes para isso, porque, acima de tudo, ele leva a pessoa a compreender exatamente o que está acontecendo com ela e o que pode fazer para superar seus problemas.

Além do mais, “desenvolver a mediunidade” significa preparar-se para uma missão específica dentro do Espiritismo. Isso quer dizer que, se a pessoa não aceita ou oferece resistência às idéias espíritas ( mesmo que seja uma resistência inconsciente), ela não poderia desenvolver essa faculdade na forma como o Espiritismo propõe. Logo, antes de mais nada, é preciso levar-lhe os conceitos espíritas, para que saiba como o Espiritismo pode ajudá-la e, além disso, verificar se ela aceita suas orientações e se é capaz de absorvê-las. Uma coisa é importante que todos saibam: antes da pessoa se preocupar em ser médium, é preciso que se convença da verdade espírita.

Logo, a primeira providência que tomamos, quando uma pessoa se apresenta no centro com sintomas de perturbação é entrevistá-la, ouvi-la, ajudá-la emocionalmente, procurando transmitir-lhe confiança em si mesma e fé em Deus. Em seguida, vêm o passe, a água fluída, a prática do evangelho no lar, as informações sobre a doutrina e sobre mediunidade. O surto mediúnico, que geralmente acontece na adolescência, é comum à maioria dos jovens, mas em cada um ele se manifesta de uma maneira diferente.

A mediunidade, porém, não pode ser avaliada simplesmente por tais manifestações. Ela é mais profunda e só vai ser constatada mesmo, depois que o jovem se reequilibra e sinta mais seguro. Se os sintomas continuarem e se ele ou ela se identificou com as idéias e com o ideal espírita, então, teria condições de iniciar suas atividades na mediunidade, como missão, se estiver disposta a se entregar a uma tarefa de doação pessoal, de abnegação mesmo, com o intuito de praticar a caridade.

Portanto, precisamos tomar muito cuidado ao prescrever “desenvolvimento mediúnico” para um recém chegado. O que o centro deve fazer é primeiro acolher essa jovem, dar-lhe assistência emocional, espiritual, apoio e segurança, para que ela esteja aberta às orientações que a Doutrina Espírita tem a lhe oferecer. Na maioria das vezes – aliás, na expressiva maioria – depois dessa fase, os sintomas acabam desaparecendo, o que quer dizer que, na verdade, não seria o caso de desenvolvimento mediúnico. Os médiuns propriamente ditos – aqueles que têm missões específicas no campo da mediunidade – constituem uma porcentagem muitíssimo reduzida da população. A grande maioria das pessoas experimenta apenas “surtos mediúnicos”, mas não são médiuns propriamente ditos.





domingo, 28 de novembro de 2021

ESTAR É DIFERENTE DE SER ESPÍRITA; EM BUSCA DA VERDADE COM O PROFESSOR

 O rótulo de Espírita, a exemplo de qualquer outro, significa quase nada do ponto de vista do aproveitamento da individualidade na sua passagem pela nossa Dimensão. Uma matéria reproduzida na edição de setembro de 1865 da REVISTA ESPÍRITA confirma essa conclusão. O caso foi relatado a Allan Kardec em 10 de janeiro daquele ano por correspondente da cidade de Lyon. Envolvia um indivíduo espírita que sob o domínio dessa crença se melhorou, embora não a tivesse aproveitado tanto quanto poderia tê-lo feito, devido à sua inteligência. Vivia com uma velha tia, que o amava como filho, e que não poupava trabalhos nem sacrifícios por seu caro sobrinho. Por economia era a boa mulher que cuidava da casa. Até aí tudo muito natural; o que o era menos é que o sobrinho, jovem e em boa forma, a deixava fazer trabalhos acima de sua força, sem que jamais lhe acudisse à ideia poupar-lhe marchas penosas para a sua idade, o transporte de fardos e coisas semelhantes. Na casa não mudava um móvel de lugar, como se tivesse criados às suas ordens; e mesmo que previsse algum penoso serviço excepcional, arranjava um pretexto para se abster, temeroso de que lhe pedissem um auxílio, que não poderia recusar. Entretanto, havia recebido várias lições a respeito, poder-se-ia dizer afrontas, capazes de fazer refletir um homem de coração; mas era insensível (...). Era estimado como um homem decente e de boa conduta, (...). Em consequência dos esforços que fazia, a velha senhora foi acometida por uma hérnia muito grave, que a fazia sofrer muito, mas que ela tinha coragem para não se lamentar. Um dia, provavelmente querendo esquivar-se a um trabalho penoso, o sobrinho saiu cedo e não voltou. Ao atravessar uma ponte, foi vitima da queda da viatura em que estava e arrastado por uma encosta, morreu duas horas depois. Informados do fato, quisemos evocá-lo, e ouvimos de um dos nossos guias: “Não poderá comunicar-se antes de algum tempo. Neste momento ele está muito perturbado pelos pensamentos que o agitam. Vê a tia e a doença que ela contraiu em consequência das fadigas corporais e da qual ela morrerá. É isto que o atormenta, pois se considera como o seu assassino. E o é, com efeito, já que lhe podia poupar o trabalho que será a causa de sua morte. Para ele é um remorso pungente que o perseguirá por muito tempo, até que tenha reparado a sua falta. Ele queria fazê-lo; não deixa a tia, mas seus esforços são inúteis e, então, se desespera. É preciso, para o seu castigo, que a veja morrer devido à sua negligência egoísta, porque sua conduta é uma variedade do egoísmo. Orai por ele, a fim de que possa manter o arrependimento, que mais tarde o salvará”. Dirigiram ao Benfeitor Espiritual a seguinte pergunta: - Poderia dizer-nos se não lhe serão levados em conta outros defeitos de que se corrigiu por causa do Espiritismo e se sua posição não se abrandou? Explicou o seguinte: – Sem nenhuma dúvida, essa melhora lhe é levada em conta, pois nada escapa ao olhar perscrutador da Divina Providência. Mas eis de que maneira cada boa ou má ação tem suas consequências naturais, inevitáveis, conforme estas palavras do Cristo: “A cada um segundo as suas obras”. Aquele que se corrigiu de algumas faltas se poupa da punição que elas teriam acarretado e, ao contrário, recebe o prêmio das qualidades que as substituíram; mas não pode escapar às consequências dos defeitos que ainda ficaram. Assim, não é punido senão na proporção e conforme a gravidade destes últimos; quanto menos os tiver, melhor a sua posição.

Será que a ciência vai demorar muito para descobrir que a alma existe e que o espírito é imortal? (Nelson)

Isso ainda não podemos saber, caro ouvinte. Sabemos, no entanto, que a verdade, mais cedo ou mais tarde, se revela ao homem. Não uma verdade absoluta, acabada, pronta e imutável, porque não somos perfeitos (mas limitados), não temos como conhecer tudo; só Deus ( o absoluto) é toda a verdade. Desse modo, é possível que, nos próximos séculos, a ciência esteja mais próxima da espiritualidade, não tanto pelas pesquisas em si, mas principalmente por causa do amadurecimento espiritual do homem.

A verdade não é uma coisa tão simples assim. Com o progresso do conhecimento, ao longo dos séculos, podemos perceber que a visão humana se alarga cada vez mais, porque o homem vai se melhorando moralmente, adquirindo uma compreensão mais ampla da vida. Logo, o conhecimento da verdade não depende apenas e tão somente da inteligência. Depende muito, também, do sentimento. A verdade tem várias facetas, inclusive seu aspecto moral: quando uma pessoa não quer saber da verdade, nenhuma prova será suficiente para convencê-la.

É o que acontece em nossa vida todos os dias, caro ouvinte. Devido ao orgulho e ao egoísmo, que ainda residem em nós, fechamo-nos propositadamente às verdades que não nos interessam, e abraçamos somente aquelas que atendem às nossas conveniências. Talvez, por isso, Jesus tenha se calado diante de Pilatos, quando este lhe perguntou “ E o que é a verdade?” O mundo está aí, à nossa disposição, para explorá-lo e conhecê-lo. Contudo, o quanto podemos conhecê-lo depende sempre do conhecimento de nós mesmos. Sem o autoconhecimento não poderemos alcançar a humildade.

Uma boa parte dos cientistas reluta em aceitar a imortalidade da alma: e, com certa razão. É preciso muita coragem para embrenhar-se por esse campo, porque, assim como a religião, os meios científicos também estão cheio de preconceitos e conflitos, e ninguém quer ser vítima deles. Entretanto, foi a própria religião que cavou esse abismo que hoje existe entre ela e a ciência, ao desprezar novas verdades e mover perseguição violenta contra homens que dignificaram a ciência, e trouxeram enormes contribuição ao progresso e bem-estar da humanidade.

O Espiritismo, todavia, surgido há mais de 160 anos, veio justamente para construir a ponte sobre esse abismo entre a religião e a ciência, tentando despertar o homem para valores que o dignificam e que não podem concordar com nenhum tipo de preconceito. Contudo, se a verdade sobre o Espírito não se consolidou até hoje nos meios científicos em geral, é porque, como humanidade, ainda não estamos em condições de encará-la com a devida compreensão e humildade, com serenidade e, acima de tudo, com muita responsabilidade.

Tudo é questão de tempo; tudo depende do amadurecimento espiritual do homem. Por isso, todos nós - e não apenas os líderes religiosos e os cientistas – temos participação na grande redescoberta do Espírito, à medida em que podemos contribuir para que os homens em geral melhorem seus sentimentos, cresçam em atitudes e gestos de bondade, conquistando de fato a humildade. Nesse sentido, eles poderão transformar a ciência num amplo canteiro de pesquisas elevadas, abrangendo não somente os fenômenos muito próprios de nossa dimensão material, mas também aqueles que ocorrem na dimensão espiritual do universo, e que ainda permanecem relegados ao domínio do sobrenatural.


sábado, 27 de novembro de 2021

AFOGAMENTO - TRAÇO COMUM EM VÁRIAS HISTÓRIAS ; EM BUSCA DA VERDADE COM O PROFESSOR

No riquíssimo acervo construído pelo médium Chico Xavier com as cartas psicografadas de forma mais intensa ao longo de mais de duas décadas, não faltam casos de pessoas que morreram por afogamento e voltaram para confirmar aos familiares que apenas o corpo teve interrompido o fluxo da vida. Eles sobreviveram para contar o sucedido nos momentos que marcaram e se seguiram à traumatizante experiência, bem como, revelarem indicadores dos fatores causais que determinaram o inesperado retorno ao Plano Espiritual. Além de provarem através de dados pessoais desconhecidos pelo médium, deram-lhes não só a certeza de que se reencontrariam e que se mantinham emocional e mentalmente ligados ao ambiente do lar em que conviviam. Dentre os relatos preservados em livros, destacamos: 1- Cleide Aparecida Rodrigues de Almeida, 20 anos, afogada na noite de 19 de fevereiro de 1980 após o carro em que saíra a passeio com amigo ter sido arrastado para o leito do Rio Tamanduateí que transbordara em meio às torrenciais chuvas que caiam sobre a capital paulista. 2– Os irmãos Fortunato, Jair (de 13 anos), Osmar (de 15) e José (com 16), mortos em 4 de dezembro de 1961, afogados na piscina em Fazenda de amigos de seus pais, em meio a tentativas de se salvarem, após um deles ter caído acidentalmente. Em sua mensagem, Cleide revela: -Aquela terça-feira de carnaval, para nós, foi realmente uma noite de redenção pela dor. Quando nos afastamos de casa para alguns minutos de entretenimento, ignorávamos que nos púnhamos a caminho de um ponto alto de vossa vida espiritual. A Terra física apresenta dessas surpresas. (...) Não choremos senão de reconhecimento a Deus pelo fato da vida não nos cercear a necessidade do resgate de certas contas que jazem atrasadas no livro do tempo. É verdade que o nosso veículo rodou no asfalto da rua para o curso do Tamanduateí, compelindo o nosso amigo Nelson e a mim própria à desencarnação violenta, mas é possível imaginar que os automóveis de hoje substituem as carruagens de ontem e sempre existiram perigosos cursos d´água, sobre os quais muitos delitos foram cometidos e ainda são perpetrados até hoje por espíritos que se fazem devedores perante as leis Divinas. O companheiro e eu estávamos empenhados a certa dívida do pretérito que, pela Misericórdia do Senhor, fomos chamados a ressarcir, em nosso próprio benefício”. Já José Fortunato, 21 anos após o terrível acidente em mensagem recebida em reunião publica de 19 de fevereiro de 1982 explica: -“Quando caímos nas águas da grande piscina, o Osmar, o Jair e eu estávamos sendo conduzidos pelos Desígnios do Senhor a resgatar o passado que nos incomodava. O sono compulsivo que nos empolgou foi algo inexplicável de que voltamos à forma da consciência, dias após o estranho desenlace. (...) Dois anos passados, fomos visitados por um amigo de nossa família que se deu a conhecer por Miguel Pereira Landim, respeitado e admirado por nossos familiares da Espiritualidade. Indagamos dele a causa do sucedido em nossa ida a Mogi. Ele sorriu e marcou o dia em que nos facultaria o conhecimento do acontecido em suas causas primordiais. Na ocasião prevista, conduziu-nos, os três, à Matriz do Senhor Bom Jesus, em Ibitinga. Entramos curiosos e inquietos. A igreja estava repleta de militares desencarnados. Muitos traziam as medalhas conquistadas, outros ostentavam bandeiras. Em meu coração passou a surgir a recordação que eu não estava conseguindo esconder. De repente, vi-me na farda de que não me lembrava, junto dos irmãos igualmente transformados em homens de guerra e o nosso olhar se voltou inexplicavelmente para as cenas que se nos desenrolavam diante dos olhos. Envergonho-me de confessar, mas a consciência não me permite recuos. Vi-me com os dois irmãos numa batalha naval, quando nós, na condição de brasileiros, lutávamos com os irmãos de república vizinha... Afundávamos criaturas sem nenhuma ligação com as ordens belicistas nas águas do grande rio, criaturas que, em vão, nos pediam misericórdia e vida... Replicávamos que em guerra tudo resulta em guerra”. 


RELAÇÃO ENTRE DOENÇA E PECADO - Alguns irmãos de outra crença – disse o ouvinte, disseram que doença é fruto do pecado e, quando o homem se converter a Jesus e não pecar mais, não haverá mais doença sobre a Terra. O que vocês tem a dizer sobre isso?

A simplicidade da história bíblica, conforme lemos no Gênesis, leva muita gente a uma visão ingênua da vida e do mundo. O Espiritismo, no entanto, vê a história de Adão e Eva como uma alegoria que sugere um padrão de conduta, e não como uma realidade, assim como percebe nas lendas e mitos de cada povo mensagens de ensinamentos morais. Não temos dúvida de que existe uma relação entre os males da vida e os erros que cometemos. Isso é inequívoco, em vista da Lei de Causa e Efeito, que rege todos os fatos do mundo.

Mas o sofrimento humano não se resume nisso. É claro que uma doença pode vir em consequência de um comportamento equivocado – como é comum nos casos de negligência com a saúde nestes tempos de pandemia – ou de de abusos ou vícios de uma maneira geral, que redundam em violência e agressão contra o próprio corpo, causando-lhe enfermidades. E não falamos apenas na violência física – como cigarro, drogas, acidentes, guerras – mas também da violência causada pela mágoa, pela revolta, pela inveja, pelo orgulho, pelo egoísmo, pelo ódio e por todas as cargas emocionais negativas que podemos cultivar na alma, que acaba funcionando como arma contra nós. Tudo isso provoca danos em nossa saúde.

Sabemos, por exemplo, que o Espírito, ao longo de suas encarnações, colhe o que plantou e isso, sem dúvida, implica na colheita de doenças e anomalias que resultam em sofrimento e morte prematura. O que fazemos contra o próximo, fazemos contra nós mesmos - essa carga negativa, que desferimos pelo caminho da vida, em decorrência de impulsos primitivos, acaba atingindo em cheio a nossa própria consciência, podendo se manifestar na mesma encarnação ou em encarnações seguintes em forma de enfermidades e deficiências, quando não, agravando doenças preexistentes.

Mas não é só isso. A doença também é decorrente da imperfeição do corpo, que está em constante processo de evolução ao longo da história humana no planeta. Todos os Espíritos, que reencarnam na Terra, independente de seu nível evolutivo, estão sujeitos à deterioração do corpo e, portanto, às doenças. Todos os seres vivos – e não apenas o ser humano ( falamos também das plantas e dos animais) – nascem, crescem, reproduzem e morrem. É o ciclo natural da vida sobre o nosso planeta. De modo que não podemos tratar a questão com tanta simplicidade, como se a doença fosse um castigo divino.

O que o Espiritismo nos mostra é que a vida está evoluindo. A própria ciência, hoje, vem impulsionando essa evolução e desvendando novos caminhos para melhorar a qualidade de vida que temos sobre a Terra . Com certeza, no futuro, quando a ciência descobrir novos instrumentos para proteger e a vida, e quando o homem se elevar moralmente, superando esta fase de extremo materialismo, teremos uma vida mais longa e de melhor qualidade, sob todos os pontos de vista. Essa é, sem dúvida, uma tendência da evolução.


sexta-feira, 26 de novembro de 2021

AOS QUE SE AMAM; EM BUSCA DA VERDADE COM O PROFESSOR

 Quem se serve da REVISTA ESPÍRITA publicada por percebe que ela a transformou num manancial extraordinário de informações complementares às dúvidas suscitada pelos estudiosos do Espiritismo procedentes de vários grupos espalhados por outra localidades ou países. No número de julho de 1862, por exemplo, numa das seções da publicação um questionamento proposto por praticantes da cidade de Bordeaux, em reunião de fevereiro daquele ano sobre a UNIÃO SIMPÁTICA DAS ALMAS. Primeira pergunta sobre se a reencarnação não acaba separando os que associados em relações afetivas, o esclarecimento: -“Deus permite aos que se amam sinceramente e souberam sofrer com resignação para expiar suas faltas, reunir-se, a princípio no Mundo dos Espíritos, onde progridem juntos, a fim de conseguirem encarnações nos mundos superiores. Podem, pois, se o pedirem com fervor, deixar os Mundos Espírituais na mesma época, reencarnar nos mesmos lugares e, por um encadeamento de circunstâncias previstas, reunir-se pelos laços que mais convierem aos seus corações. Uns terão pedido para serem pai ou mãe de um Espírito que lhes era simpático e se sentirão felizes por o dirigirem no bom caminho, cercando-o dos ternos cuidados da família e da amizade. Outros terão pedido a graça de se unirem pelo matrimônio e verem escoar-se muitos anos de felicidade e de amor. Refiro-me ao casamento entendido no sentido da união íntima de dois seres que não querem separar-se mais. À pergunta sobre se Nós nos reconhecemos nessas novas e felizes existências?, o Espírito comunicante, entre outras coisas, diz –“Assim como em vossa Terra dois amigos de infância gostam de encontrar-se no mundo, na sociedade, e se buscam muito mais do que se suas relações apenas datassem de alguns dias, também os Espíritos que mereceram o inapreciável favor de se unirem nos mundos superiores são duplamente felizes e reconhecidos a Deus por esse novo encontro, que corresponde às suas mais caras aspirações. (...) Allan Kardec observa: –“Enganar-nos-íamos redondamente quanto ao sentido desta comunicação se nela víssemos uma crítica às leis que regem o casamento e a sanção das uniões efêmeras extraoficiais. No que respeita às leis, as únicas imutáveis são as Leis Divinas, ao passo que as leis humanas, devendo ser apropriadas aos costumes, aos usos, aos climas e ao grau de civilização, são essencialmente mutáveis; seria deplorável que assim não fosse, e que os povos do século dezenove estivessem presos às mesmas regras que regiam os nossos pais. Assim, se as leis mudaram deles até nós, como não chegamos à perfeição, deverão mudar de nós aos nossos descendentes. No momento em que é feita, toda lei tem a sua razão de ser e a sua utilidade; mas pode acontecer que, sendo boa hoje, não mais o seja amanhã. No estado dos nossos costumes, de nossas exigências sociais, o casamento necessita ser regulado pela lei, e a prova de que esta lei não é absoluta é que não é a mesma para todos os países civilizados. É, pois, permitido pensar que nos mundos superiores, onde não há os mesmos interesses materiais a salvaguardar, onde não existe o mal, isto é, onde os Espíritos maus são excluídos da encarnação, onde, conseguintemente, as uniões resultam da simpatia e não do cálculo, as condições devam ser diferentes. Mas aquilo que é bom para eles poderia ser muito mau para nós. Além disso, é preciso levar em conta que os Espíritos se desmaterializam à medida que se elevam e se depuram. Só nas fileiras inferiores a encarnação é material. Para os Espíritos superiores não há mais encarnação material e, consequentemente, não há procriação, pois esta se dá pelo corpo e não pelo Espírito. Uma afeição pura é, pois, o único objetivo da união e, por isto, ao contrário do que ocorre na Terra, não necessita da sanção oficial.

A questão, de que vamos tratar agora, surgiu de uma conversa com alguns companheiros, quando se questionou se o Espiritismo pode adotar algum ritual religioso, como os hinos cantados nas igrejas.

Muitos confundem o Espiritismo com as religiões em geral e acham, portanto, que existe o culto espírita formal, que pode ser celebrado com rituais, hinos de louvores e vestes especiais. Não existe culto religioso ou formalismos no Espiritismo. A doutrina codificada por Allan Kardec, não adota, como prática religiosa, nenhum tipo de ritual.

Cantos, poesias e outras apresentações artísticas podem existir no meio espírita em encontros, confraternizações e situações festivas, nunca em sessões mediúnicas, mas não se trata de culto religioso. O máximo, que se pode verificar num centro, na hora da prece ou durante uma sessão mediúnica, é a uma música orquestrad1a e suave, e em volume baixo, que tem por objetivo ajudar as pessoas a se concentrarem mentalmente.

A razão é bem simples: a ritualística e os atos cerimoniosos servem para encantar os sentidos, por causa da beleza que se lhes imprimem, realçando o aspecto material do ato, mas não contribuem para melhorar a concentração mental, que é o fator mais importante no momento em que precisamos estar ligados a Deus. O efeito da cerimônia pode ser justamente o contrário e, na maioria das vezes, ela – que deveria ser apenas um elemento acessório na prática religiosa – acaba chamando mais atenção do que o sentimento, que se deveria realçar naquele momento.

Neste sentido, Kardec chega a afirmar que o ritual ajuda a desviar a atenção do objetivo principal do ato, que é a prece em si, que é a concentração do pensamento em Deus. Quando Jesus, no Sermão do Monte, ensinou o povo a orar, ele não condicionou a oração a nenhum objeto exterior, nem à utilização de qualquer prática especial; e nem mesmo disse que se deveria orar sentado, em pé ou ajoelhado.

Simplesmente disse que cada um entrasse no seu quarto ( ou seja, no seu aposento mais íntimo, olu na sua intimidade) e, em silêncio – quer dizer, apenas em pensamento – se dirigisse ao Pai. Nesse particular, não há necessidade nem mesmo de se articular palavras, porque o que vale não é a expressão material da oração e muito menos os acessórios com que se possa envolve-las, mas o sentimento de que ela está revestida. Se dependesse da palavra, por exemplo, uma pessoa muda não poderia orar.

Vejam a simplicidade da oração ensinada por Jesus. Ao dizer o Pai Nosso, uma oração extremamente curta, ele o fez sem nenhum adorno material, sem nenhum sinal ou gesto especial e, ainda disse, que não era preciso repetir a oração, deixando claro que o Pai sabe que do que necessitamos, muito antes de lhe fazermos qualquer pedido.

O que vale na prece é o pensamento voltado a Deus e um sentimento sincero de plena confiança na sua presença, em qualquer hora ou lugar. Tudo o mais é acessório, tudo o mais é secundário. Os rituais religiosos ( sinais cabalísticos, músicas, danças e sacrifícios) surgiram em épocas bem remotas da humanidade, nos povos polteístas, que acreditavam no poder mágico dessas práticas.

Contudo, o Espiritismo respeita todas as formas de orar, porque elas dependem do meio em que as pessoas vivem, dependem da maneira como elas aprenderam e de suas necessidades. Kardec diz que devemos respeitar as diversas formas pelas quais as pessoas se dirigem a Deus, mesmo aquelas que não adotamos no Espiritismo, uma vez que o mais importante não é o ato exterior, mas o conteúdo espiritual que a prece transmite. Mas,isso não quer dizer o centro espírita vai adotá-las. No centro, pelo contrário, aprendemos a nos libertar dessa necessidade, para buscar uma forma mais espiritualizada de orar.

Por isso, o centro espírita prefere a simplicidade. Lá não existem hinos, cantos, ladainhas, velas, imagens, defumadores ou qualquer objeto de veneração. O Espiritismo ensina que precisamos aprender a nos ligar a Deus pelo sentimento e principalmente pelos nossos atos, sem depender de formas exteriores, pois o que vale na oração é a sinceridade e a qualidade do sentimento, é o que realmente vai em nossa intimidade. O pensamento é a maior força do mundo e nós aprendemos a utilizá-lo, no dia-a-dia, através da prece, como Jesus ensinou.






quinta-feira, 25 de novembro de 2021

A ÚNICA SOLUÇÃO PARA A SOCIEDADE HUMANA; EM BUSCA DA VERDADE COM O PROFESSOR

 Avaliada por Allan Kardec como “conjunto de hábitos adquiridos”, segundo a Espiritualidade na questão 796 d’ O LIVRO DOS ESPÍRITOS, “somente a educação pode reformar os homens”. O grande inspirador do Espiritismo, já havia afirmado quando de sua presença física na Dimensão em que nos achamos que o “conhecimento da Verdade nos libertará”. Necessário, portanto, refletirmos sobre o tema educação integral para tirar proveito de nossa existência e cooperarmos para a recuperação da Humanidade da realidade cada vez mais angustiante em que se encontra. Destacamos a seguir algumas respostas às perguntas que naturalmente surgem quando nos pomos a pensar na questão: 1- O que vem a ser Educação Integral? Atividade meio – ou fim - dos ciclos evolutivos capazes de conduzir a individualidade ou Espírito na direção da conquista da felicidade e paz, ou progresso pleno. Principia no reconhecimento do Ser como Espírito, imortal, preexistente e sobrevivente a caminho da perfeição através de reencarnações sucessivas na condição humana, controlado pela Lei de Causa e Efeito cujo mecanismo e conceito funcionando adentro de si mesmo, vai se ampliando à medida que o grau de inteligência e consciência se desenvolvem. 2- Por que e como buscar a Educação Integral? O homem quintessencia o Espírito pelo trabalho e não é, senão pelo trabalho do corpo que o Espírito adquire conhecimentos.(Prol) O conhecimento de si mesmo é, portanto, a chave do progresso individual. Mas, direis, como há de alguém julgar-se a si mesmo? Não está aí a ilusão do amor-próprio para atenuar as faltas e torná-las desculpáveis? O avarento se considera apenas econômico e previdente; o orgulhoso julga que em si só há dignidade. Isto é muito real, mas tendes um meio de verificação que não pode iludir-vos. Quando estiverdes indecisos sobre o valor de uma de vossas ações, inquiri como a qualificaríeis, se praticada por outra pessoa. (LE, 919) 3 - Preso, segundo o Espiritismo inexoravelmente, aos efeitos das suas ações, o homem mantem-se ligado às pessoas com que se compromete. Como tirar proveito das relações humanas? A maior parte das misérias da vida tem origem no egoísmo dos homens. Desde que cada um pensa em si antes de pensar nos outros e cogita antes de tudo de satisfazer aos seus desejos, cada um naturalmente cuida de proporcionar a si mesmo essa satisfação, a todo custo, e sacrifica sem escrúpulo os interesses alheios, nas mais insignificantes coisas, como nas maiores, tanto de ordem moral, quanto de ordem material. Daí todos os antagonismos sociais, todas as lutas, todos os conflitos e todas as misérias, visto que cada um só trata de despojar o seu próximo. (OP) 4 - Neste contexto de mudanças, a visão do papel da família na busca de soluções para o caos social dominante precisa ser revisto e melhor compreendido? Sendo os primeiros médicos da alma de seus filhos, os pais deveriam estar instruídos, não só de seus deveres, mas dos meios de cumpri-los; não basta ao médico saber que deve procurar curar, é preciso que saiba como deve fazê-lo. Ora, para os pais, onde estão os meios de se instruírem sobre essa parte tão importante de sua tarefa? Dá-se às mulheres muita instrução hoje; fazem-na suportar exames rigorosos mas jamais foi exigido de uma mãe que saiba como deve fazer para formar o moral de seu filho.. (RE, 2/1864)




Uma ouvinte, que não quis revelar o nome, nos telefonou, descrevendo a seguinte situação: “Existem pessoas que morrem com muita facilidade. Não falo de acidentes, mas de morte natural mesmo. Outras, porém, demoram anos pra morrer. Elas sofrem e a família sofre junto. Por que essa diferença? Eu sei que o Espiritismo é contra a eutanásia. Mas a eutanásia não é uma forma de abreviar o sofrimento da pessoa que vai morrer? Se existe anestesia para evitar a dor do paciente, por que não a eutanásia que, além do paciente, alivia a dor da família? “

Antes de responder diretamente sua pergunta, vamos esclarecer aos ouvintes em geral o que é eutanásia. Eutanásia é o procedimento que antecipa a morte de uma pessoa, aplicando-lhe uma substância letal, quando ela está sofrendo muito e já desenganada da medicina. A eutanásia pode ser pedida pelo próprio paciente ou sugerida pelos seus familiares. A princípio, em casos como esses, a intenção é boa, é de interromper o sofrimento – para ela e para seus familiares. No Brasil, a eutanásia é crime.

Do ponto de vista materialista – isto é, para aqueles que não acreditam em Deus, nem que a alma sobrevive à morte do corpo – o procedimento é válido, quando há concordância de todos, principalmente do paciente, que não quer sofrer mais e quando a lei do país permite que esse procedimento seja utilizado para cada caso específico, ou seja, com autorização da autoridade competente. Neste caso, seria um direito que o paciente tem, bem como seus familiares. Mas, não é o que pensam os espiritualistas – as pessoas que acreditam em Deus e na imortalidade.

No Espiritismo, entretanto, temos mais razões ainda não concordar com a chamada “morte piedosa”, a eutanásia. Do ponto de vista espírita, a morte jamais deve ser provocada. Pelo contrário, devemos envidar todos os esforços para manter a vida, uma vez que ela é valiosíssima para o Espírito, até o último minuto. Se uma pessoa passa por período muito longo de sofrimento, é porque tal experiência é necessária para seu progresso espiritual.

Portanto, tirar-lhe a vida é tirar-lhe uma oportunidade de resgate ou de prova a que ela se submeteu. É claro que evitar sofrimento também é caridade, mas não nesse caso. Muitas vezes, os estertores da vida, os momentos mais sofridos dão ao Espírito uma oportunidade de expurgar sentimentos, dos quais ela, de outro modo, não conseguiria se libertar tão cedo. Assim, devemos entender que tanto a concepção, como o nascimento e a morte devem ser revestidos de todo cuidado, porque representam momentos importantes para o progresso do Espírito.

Com relação à família, é claro que ela está envolvida na dor do paciente. Não poderia ser de outro modo. Cada familiar, que participa desse quadro de dor prolongada, ou tem a ver com o sofrimento do moribundo (em outras encarnações), ou se comprometeu a participar desses difíceis momentos, para acompanhá-lo com paciência e resignação na fase terminal de sua vida. Com relação à anestesia, cara ouvinte, devemos entender que a anestesia serve para atenuar a dor da pessoa, para que ela continue vivendo, ao passo que a eutanásia pretende interromper seu sofrimento, causando-lhe a morte


quarta-feira, 24 de novembro de 2021

A MEDIUNIDADE E A INSPIRAÇÃO ; EM BUSCA DA VERDADE COM O PROFESSOR

Fechando a edição de março de 1869 da REVISTA ESPÍRITA, Allan Kardec reproduz interessante mensagem escrita por um Espírito identificado como Halévy obtida no Grupo Déliens, no dia 16 do mês anterior enfocando o tema A MEDIUNIDADE E A INSPIRAÇÃO. A avaliação de Kardec coloca a mensagem entre as que merecem ser lidas pela lógica e teor de seu conteúdo. Dia ela: -“ Sob suas formas variadas ao infinito, a mediunidade abarca a Humanidade inteira, como uma rede à qual ninguém pode escapar. Cada um, estando em contato diário, saiba-o ou não, queira-o ou se revolte, com inteligências livres, não há um homem que possa dizer: Não fui, não sou ou não serei médium. Sob a forma intuitiva, modo de comunicação ao qual vulgarmente se deu o nome de voz da consciência, cada um está em relação com várias influências espirituais, que aconselham num ou noutro sentido e, muitas vezes, simultaneamente, o bem puro, absoluto; acomodações com o interesse; o mal em toda a sua nudez. – O homem evoca essas vozes; elas respondem ao seu apelo, e ele escolhe; mas escolhe entre essas diversas inspirações e o seu próprio sentimento. – Os inspiradores são amigos invisíveis; como os amigos da Terra, são sérios ou eventuais, interesseiros ou verdadeiramente guiados pela afeição. São consultados, ou aconselham espontaneamente, mas, como os conselhos dos amigos da Terra, seus conselhos são ouvidos ou rejeitados; por vezes provocam um resultado contrário ao que se espera; muitas vezes não produzem qualquer efeito. – Que concluir daí? Não que o homem esteja sob a ação de uma mediunidade incessante, mas que obedece livremente à sua própria vontade, modificada por avisos que, no estado normal, jamais podem ser imperativos. Quando o homem faz mais do que se ocupar dos mínimos detalhes de sua existência, e quando se trata de trabalhos que ele veio realizar mais especialmente, de provas decisivas que deve suportar, ou de obras destinadas à instrução e à elevação gerais, as vozes da consciência não se fazem mais somente e apenas conselheiras, mas atraem o Espírito para certos assuntos, provocam certos estudos e colaboram na obra, fazendo ressoar certos compartimentos cerebrais pela inspiração. Aqui é uma obra a dois, a três, a dez, a cem, se quiserdes; mas, se cem nela tomaram parte, só um pode e deve assiná-la, porque só um a fez e é o seu responsável! Afinal de contas, o que é uma obra, seja qual for? Jamais é uma criação; é sempre uma descoberta. O homem nada faz, tudo descobre. É preciso não confundir esses dois termos. Inventar, no seu verdadeiro sentido, é tornar evidente uma lei existente, um conhecimento até então desconhecido, mas posto em germe no berço do Universo. Aquele que inventa levanta uma das pontas do véu que oculta a verdade, mas não cria a verdade. Para inventar é preciso procurar e procurar muito; é preciso compulsar os livros, rebuscar no fundo das inteligências, pedir a um a Mecânica, a outro a Geometria, a um terceiro o conhecimento das relações musicais, a um outro, ainda, as leis históricas e, do todo, fazer algo novo, interessante, inimaginável. 



O que a gente pode fazer para evitar explosões de raiva. Muitas vezes, quando a gente tem essas explosões, acaba se arrependendo e sofrendo muito por ter ferido pessoas queridas... (E.M.B)

Talvez você tenha visto o filme “Nosso Lar”, baseado na obra de mesmo nome, de André Luiz. No filme, André se encontra numa enfermaria ( onde está internado) e um paciente o, ao seu lado, muito nervoso, começa a fazer insistentes reclamações contra o tratamento que vem recebendo. André pede a esse companheiro que, para se sentir melhor, tome um copo d´água. Mas pede que não engula a água de uma vez, que a retenha na boca, contando até dez.

Quando o paciente termina a contagem e engole a água, a raiva já passou e ele pára de reclamar. Esta é uma técnica que André tinha aprendido com o enfermeiro Lísias, quando ele mesmo passara por situação semelhante. Na verdade, prezada ouvinte, todos nós encontramos muita dificuldade em superar reações emocionais de impacto, quando essas reações já estão incorporadas ao nosso comportamento. Os maus hábitos, de que somos portadores, são o resultado da repetição de maus atos.

O próprio cérebro, que é uma espécie de computador para o Espírito, vai se amoldando à forma habitual de suas reações emocionais e, de tal forma, que as respostas (principalmente as respostas agressivas) já estão praticamente prontas em nossos esquemas mentais, e costumam se manifestar com muita facilidade, ante um estímulo inesperado. Daí porque devemos sempre estar preparados para o imprevisto, através da autovigilância. Quando Jesus recomendou “Vigiai e orai”, também foi nesse sentido.

A maioria das pessoas, como você, deve ter consciência do desconforto que lhe trazem situações como essas, em que elas acabam se descontrolando emocionalmente (às vezes, por bobagem) , causando, muitas vezes, sérios prejuízos morais - tanto às pessoas agredidas, como a si mesmas (que agrediram), porque acabarão se arrependendo. Então, vem a dor do arrependimento, o sentimento de culpa, a autocondenação e, até mesmo, a depressão.

É terrível sentir culpa. A pessoa acaba se autoflagelando, se autopunindo. E isso pode ser extremamente nocivo, tanto à sua saúde mental, quanto à sua saúde física, comprometendo a sua autoestima. Por isso, precisamos estar atentos, e nos preparar cada dia, para aquele dia – não só pedindo a Deus que nos dê forças para vencer esse vício – mas, sobretudo, nos policiando para evitar que o pior aconteça. Se acontecer, não restará outra alternativa, senão pedir desculpas, até porque pedir perdão é um ato de humildade que também precisamos aprender.


terça-feira, 23 de novembro de 2021

A PLURALIDADE DOS MUNDOS HABITADOS E O ESPIRITISMO; EM BUSCA DA VERDADE COM O PROFESSOR

 Num tempo em que a Astronomia começava a ampliar sua visão contida por quase dois milênios pelas ingerências religiosas, Allan Kardec busca colher informações dos Espíritos que o auxiliaram a compor a base da proposta espírita sobre a vida em outros mundos da imensidão do Universo. Seu intento foi satisfeito e não só as respostas foram originais como depoimentos importantes vieram se agregar a ela. Tal fato torna-se relevante na medida em que nas ultimas décadas a Teoria das Supercordas formulada pela Física Quântica vem se aprofundando nas cogitações e proposições dos Universos Paralelos que, entre outras coisas, abre caminho para se considerar a vida material em outras formas de vida humana, não percebidas pelos limitados sensores do nosso sentido da visão, os olhos. Vejamos alguns dos dados apurados nas pesquisas mediúnicas da Sociedade Espírita de Paris: 1- N’ O LIVRO DOS ESPÍRITOS: Todos os Globos que circulam no espaço são habitados? -Sim, e o homem terreno está bem longe de ser, como acredita, o primeiro em inteligência, bondade e perfeição. (LE,55) A constituição física dos mundos não sendo a mesma para todos, os seres que os habitam terão organização diferente? -Sem dúvida, como entre vós os peixes são feitos para viver na água e os pássaros, no ar (LE,57) “As condições de existência dos seres nos diferentes mundos devem ser apropriadas ao meio em que tem de viver. Se nunca tivéssemos visto peixes não compreenderíamos como alguns seres pudessem viver na água”. (nota/q 58). 2- Na REVISTA ESPÍRITA - CASOS DE ESPÍRITOS DE OUTROS PLANETAS - MARÇO 1859 : Humboldt- “Havia numerosos candidatos a esta obra - Humboldt passou para a História pela sua contribuição no mapeamento climático da Terra - / ela (existência anterior) se passou num mundo superior longe e muito diferente de nossa Terra, não podendo ser visto porque não é luminoso e não reflete a luz dos sóis que o rodeiam, com uma numa relação de cem para um em relação à Terra”. No mesmo ano, Allan Kardec reproduz interessante mate´ria com o médium Victorien Sardou que relata seus contatos com o Espírito do oleiro Bernard Palissy descrevendo detalhes da vida no Planeta Jupiter, certamente numa das múltiplas dimensões de vida naquele Orbe. MARÇO 1867: - “Logo depois da libertação o Espírito Lumen transportou-se com a velocidade do pensamento para o grupo de Mundos componentes do sistema da estrela designada em Astronomia sob o nome de Capela ou Cabra”. Em entrevista reproduzida no ANUÁRIO ESPÍRITA 64 (Ide,1964), o Espírito André Luiz esclarece: -““Espíritos originários de outras plagas costumam estagiar na Terra em encarnações de exercício evolutivo com frequência, de vez que muitos Espíritos superiores se reencarnam no planeta terrestre a fim de colaborarem na educação da Humanidade e criaturas inferiores costumam aí sofrer curtos ou longos períodos de exílio das elevadas comunidades a que pertencem, pela cultura e pelo sentimento, porquanto, a queda moral de alguém tanto se verifica na Terra quanto em outros domicílios do Universo”. Anos depois, o médium Chico Xavier, contaria que “quando iniciei a psicografia dos livro de André Luiz, passei a reconhecer que a matéria se caracterizava por diferentes gradações e compreendi que, em torno de paisagens cósmicas, sejam elas quais sejam, podem existir cidades e vida comunitária, em condições que nos escapam, por enquanto, ao conhecimento condicionado de Espíritos temporariamente encarnados na existência física”. (9/76)





Esta questão nos foi colocada, dias atas, durante um velório: “Na hora de passar desta vida para a outra, da vida material para a vida espiritual, o que vale mais: a religião que a pessoa tem, a sua fé em Deus ou os atos que praticou durante sua vida?”

Frei Leonardo Boff, um dos articuladores da Teologia da Libertação, durante uma entrevista na televisão, contou um episódio singular de sua vida. Ele se reportou à figura do grande antropólogo brasileiro, Darci Ribeiro, que era seu amigo e que morreu de câncer. Darci Ribeiro, autor de várias obras, ocupou cargos públicos e chegou a ser Secretário da Educação no Rio de Janeiro e Ministro da Educação

Quando Darci Ribeiro se encontrava nos últimos momentos de sua vida terrena, tomado pelo câncer que lhe devorava o corpo, Frei Leonardo estava ali, a seu lado, prestando-lhe assistência espiritual. Contudo, embora fossem muito amigos e estivessem ali, naquele momento crucial, tão próximos um do outro, havia uma grande distância entre eles: Leonardo era um frei católico e Darci simplesmente um ateu.

Boff, no entanto, para consolar o amigo, disse-lhe que se mantivesse sereno naquele momento, porque ele fora um homem bom, um homem que prestou muitos serviços ao seu país, que sempre lutara pelo bem-estar de seu povo e que, embora ateu, reunira muitos méritos para ganhar o céu . Explicou que Deus não leva em conta a crença ou a religião, nem mesmo as adorações ou homenagens que se lhe queira prestar, mas os atos que a pessoa pratica durante sua vida e, naturalmente, seus sentimentos em relação ao próximo.

É claro que Darci Ribeiro, ateu convicto, não acreditava em Deus e muito menos na recompensa do céu, de modo que ante a descrição de Boff; de que estaria próxima sua chegada ao paraíso celestial, Ribeiro simplesmente exclamou: “Que bom, Boff, se isso fosse verdade!. Apesar dessa exclamação, Leonardo respeitou a convicção do amigo e permaneceu ao seu lado, procurando confortá-lo. O que vale na vida é a soma das boas obras que cada um conseguiu realizar nesta vida,