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domingo, 21 de novembro de 2021

A LÓGICA DIFÍCIL DE ACEITAR; EM BUSCA DA VERDADE COM O PROFESSOR

 Na questão 350 d’ O LIVRO DOS ESPÍRITOS Allan Kardec ao indagar se “o Espírito, uma vez unido ao corpo da criança, e não podendo mais retroceder, lamenta algumas vezes a escolha feita”, obteve o seguinte esclarecimento: - Queres perguntar se, como homem, ele se queixa da vida que tem? Se desejaria outra? Sim, Se lamenta a escolha feita? Não, porque não sabe que a escolheu. O Espírito, uma vez encarnado, não pode lamentar uma escolha de que não tem consciência, mas pode achar muito pesada a carga. Pesquisando e estudando há mais de uma década as chamadas Cartas de Chico Xavier, ou seja, o extraordinário acervo construído com o resultado do trabalho continuado de atendimento a Espíritos encarnados e desencarnados que buscaram nele ou nas reuniões públicas na cidade de Uberaba, Minas Gerais, nos deparamos com duas situações interessantes sobre aqueles que reencarnaram para cumprir uma passagem de curta duração no corpo físico, ou seja, que sabiam que morreriam como se diz “precocemente”, para reabilitarem-se de atitudes equivocadas em vidas passadas, tipo suicídios ou homicídios. Alguns imprimiram a suas existências um ritmo intenso de aprendizados ou realizações, enquanto outros mantiveram-se como que desinteressados de qualquer comprometimento nas oportunidades a eles oferecidas. Analisando um caso sobre o qual refletimos recentemente, cremos enquadrado no segundo grupo. Já no renascimento, um erro de avaliação sobre a data provável do nascimento, quase lhe impõem a morte ou possíveis lesões cerebrais; os últimos anos de vida física, consumiu em obsessiva preocupação a respeito da morte, provavelmente traído pelo inconsciente, que trazia o registro da informação sobre a volta mais cedo. Muitos, pelo que vimos, exercendo seu livre arbítrio, desistem da vida e de si mesmos, frustrando projetos cuidadosamente elaborados em seu favor. A questão da morte precoce de muitos reencarnados, encontrou em mensagem psicografada seis meses após sua desencarnação em acidente automobilístico a explicação obtida pelo comunicante com um tio desencarnado anos antes dele. Comentou que por amigos daqui, veio a saber que milhões de pessoas estão passando pela desencarnação no tempo áureo da existência, porque nos achamos numa fase de muitas mudanças na Terra. E aqueles Espíritos retardatários em caminho, quando induzidos a considerar a extensão das próprias dívidas, aceitam a prova da desencarnação mais cedo do que o tempo razoável para a partida, e são atendidos com a separação de pais e afetos outros, no período em que mais desejariam continuar vivendo, em razão do tempo que perde­ram com frivolidades nas vidas que usufruíram. São muitos os companheiros que se retiraram da Ter­ra, compulsoriamente; das comodidades humanas em que repousavam, de modo a rematarem o resgate de certos débitos que os obrigavam a sofrer no âmago da própria consciência”. Surge, naturalmente, a pergunta sobre os pais e os sofrimentos derivados das perdas. No livro AÇÃO E REAÇÃO (1957,Feb), do Espírito André Luiz pelo médium Chico Xavier, no final do capítulo RESGATES COLETIVOS, a questão é apresentada ao Instrutor Druso. Com argumentos lógicos, explica: - “As entidades que necessitam de tais lutas expiatórias são encaminhadas aos corações que se acumpliciaram com elas em delitos lamentáveis, no pretérito distante ou recente ou, ainda, aos pais que faliram junto dos filhos, em outras épocas, a fim de que aprendam na saudade cruel e na angústia inominável o respeito e o devotamento, a honorabilidade e o carinho que todos devemos na Terra ao instituto da família”.


Se existe vida depois da morte e voltamos, depois, para outras vidas, por que tudo não se revela de uma vez? Se o homem soubesse que isso é verdade, acabaria essa discussão entre as religiões e a ciência, tudo mudaria no mundo e a humanidade não ficaria mais nessa dúvida. (C.G.F.)

Há, nos evangelhos, uma cena em que Jesus, feito prisioneiro, é interpelado por Pôncio Pilatos, governador da Judéia. Quando Jesus lhe falou sobre verdade, Pilatos questionou: E o que é a verdade? Jesus se calou. Adiantava responder? Pilatos, simplesmente, não tinha condições de ouvi-lo. Não estava suficientemente amadurecido para compreendê-lo.

O problema da verdade é complexo, pois depende do caminhar evolutivo de cada um – e também das coletividades, das nações e de toda a humanidade, enfim. Veja, por exemplo, como que, ao longo de centenas de séculos, o homem veio percorrendo o caminho da verdade. É um caminho longo, íngreme e tortuoso; ao mesmo tempo, cheio de ameaças e perigos.

Por centenas de séculos, o ser humano acreditou que a Terra era o centro do universo e que, portanto, o Sol girava em torno da Terra. No entanto, o desenvolvimento científico e a evolução da mentalidade humana nos mostraram que bem outra era a verdade: não é Sol que gira em torno da Terra, mas a Terra que gira em torno do Sol. O que nos parece verdade, todos os dias, quando vemos o Sol nascer e se pôr, é pura ilusão de ótica.

Estamos citando este exemplo apenas para mostrar como a verdade é complexa. O que achamos verdade pode não ser verdade para outros. O que considerávamos verdade ontem, pode não ser a nossa verdade hoje e, talvez amanhã, teremos outra ainda. A verdade não é um ponto de chegada, mas um caminho que percorremos ao longo de nossa trajetória evolutiva. Não há uma verdade pronta, acabada e integralmente definida para nós, seres humanos.

A ciência, todos os dias, descobre novas verdades, reformulando teses que,antes, foram tidas como verdade. E esse caminhar depende do nível de maturidade espiritual que o homem vai conquistando com o tempo. Assim como não ensinamos física nuclear para uma criança que está na pré-escola, mas somente quando ela chegar à faculdade, do mesmo modo o ser humano só pode conhecer determinadas verdades quando estiver preparado para compreendê-las.

Se toda a humanidade, até hoje, não se convenceu da realidade do Espírito e da reencarnação, é porque ainda não está suficientemente madura para assimilar essas verdades. Tais idéias vão se disseminando com o tempo e, aos poucos, encontrando aceitação dos mais preparados, para – só bem mais tarde – abranger grande parte dos homens e mulheres de todo o mundo.

Seria contraproducente antecipar verdades para quem não está preparado para absorvê-las. Se determinados homens tiverem acesso a certas verdades, sem preparo moral para isso, eles as utilizarão para o mal, como tem sido feito com relação a muitas descobertas e invenções científicas. Logo, embora o esforço de levar a nossa verdade aos outros, devemos considerar que as dificuldades decorrem da falta de amadurecimento do homem para compreender determinadas idéias. Cada coisa chega a seu tempo. É lei da natureza.


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