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sexta-feira, 26 de novembro de 2021

AOS QUE SE AMAM; EM BUSCA DA VERDADE COM O PROFESSOR

 Quem se serve da REVISTA ESPÍRITA publicada por percebe que ela a transformou num manancial extraordinário de informações complementares às dúvidas suscitada pelos estudiosos do Espiritismo procedentes de vários grupos espalhados por outra localidades ou países. No número de julho de 1862, por exemplo, numa das seções da publicação um questionamento proposto por praticantes da cidade de Bordeaux, em reunião de fevereiro daquele ano sobre a UNIÃO SIMPÁTICA DAS ALMAS. Primeira pergunta sobre se a reencarnação não acaba separando os que associados em relações afetivas, o esclarecimento: -“Deus permite aos que se amam sinceramente e souberam sofrer com resignação para expiar suas faltas, reunir-se, a princípio no Mundo dos Espíritos, onde progridem juntos, a fim de conseguirem encarnações nos mundos superiores. Podem, pois, se o pedirem com fervor, deixar os Mundos Espírituais na mesma época, reencarnar nos mesmos lugares e, por um encadeamento de circunstâncias previstas, reunir-se pelos laços que mais convierem aos seus corações. Uns terão pedido para serem pai ou mãe de um Espírito que lhes era simpático e se sentirão felizes por o dirigirem no bom caminho, cercando-o dos ternos cuidados da família e da amizade. Outros terão pedido a graça de se unirem pelo matrimônio e verem escoar-se muitos anos de felicidade e de amor. Refiro-me ao casamento entendido no sentido da união íntima de dois seres que não querem separar-se mais. À pergunta sobre se Nós nos reconhecemos nessas novas e felizes existências?, o Espírito comunicante, entre outras coisas, diz –“Assim como em vossa Terra dois amigos de infância gostam de encontrar-se no mundo, na sociedade, e se buscam muito mais do que se suas relações apenas datassem de alguns dias, também os Espíritos que mereceram o inapreciável favor de se unirem nos mundos superiores são duplamente felizes e reconhecidos a Deus por esse novo encontro, que corresponde às suas mais caras aspirações. (...) Allan Kardec observa: –“Enganar-nos-íamos redondamente quanto ao sentido desta comunicação se nela víssemos uma crítica às leis que regem o casamento e a sanção das uniões efêmeras extraoficiais. No que respeita às leis, as únicas imutáveis são as Leis Divinas, ao passo que as leis humanas, devendo ser apropriadas aos costumes, aos usos, aos climas e ao grau de civilização, são essencialmente mutáveis; seria deplorável que assim não fosse, e que os povos do século dezenove estivessem presos às mesmas regras que regiam os nossos pais. Assim, se as leis mudaram deles até nós, como não chegamos à perfeição, deverão mudar de nós aos nossos descendentes. No momento em que é feita, toda lei tem a sua razão de ser e a sua utilidade; mas pode acontecer que, sendo boa hoje, não mais o seja amanhã. No estado dos nossos costumes, de nossas exigências sociais, o casamento necessita ser regulado pela lei, e a prova de que esta lei não é absoluta é que não é a mesma para todos os países civilizados. É, pois, permitido pensar que nos mundos superiores, onde não há os mesmos interesses materiais a salvaguardar, onde não existe o mal, isto é, onde os Espíritos maus são excluídos da encarnação, onde, conseguintemente, as uniões resultam da simpatia e não do cálculo, as condições devam ser diferentes. Mas aquilo que é bom para eles poderia ser muito mau para nós. Além disso, é preciso levar em conta que os Espíritos se desmaterializam à medida que se elevam e se depuram. Só nas fileiras inferiores a encarnação é material. Para os Espíritos superiores não há mais encarnação material e, consequentemente, não há procriação, pois esta se dá pelo corpo e não pelo Espírito. Uma afeição pura é, pois, o único objetivo da união e, por isto, ao contrário do que ocorre na Terra, não necessita da sanção oficial.

A questão, de que vamos tratar agora, surgiu de uma conversa com alguns companheiros, quando se questionou se o Espiritismo pode adotar algum ritual religioso, como os hinos cantados nas igrejas.

Muitos confundem o Espiritismo com as religiões em geral e acham, portanto, que existe o culto espírita formal, que pode ser celebrado com rituais, hinos de louvores e vestes especiais. Não existe culto religioso ou formalismos no Espiritismo. A doutrina codificada por Allan Kardec, não adota, como prática religiosa, nenhum tipo de ritual.

Cantos, poesias e outras apresentações artísticas podem existir no meio espírita em encontros, confraternizações e situações festivas, nunca em sessões mediúnicas, mas não se trata de culto religioso. O máximo, que se pode verificar num centro, na hora da prece ou durante uma sessão mediúnica, é a uma música orquestrad1a e suave, e em volume baixo, que tem por objetivo ajudar as pessoas a se concentrarem mentalmente.

A razão é bem simples: a ritualística e os atos cerimoniosos servem para encantar os sentidos, por causa da beleza que se lhes imprimem, realçando o aspecto material do ato, mas não contribuem para melhorar a concentração mental, que é o fator mais importante no momento em que precisamos estar ligados a Deus. O efeito da cerimônia pode ser justamente o contrário e, na maioria das vezes, ela – que deveria ser apenas um elemento acessório na prática religiosa – acaba chamando mais atenção do que o sentimento, que se deveria realçar naquele momento.

Neste sentido, Kardec chega a afirmar que o ritual ajuda a desviar a atenção do objetivo principal do ato, que é a prece em si, que é a concentração do pensamento em Deus. Quando Jesus, no Sermão do Monte, ensinou o povo a orar, ele não condicionou a oração a nenhum objeto exterior, nem à utilização de qualquer prática especial; e nem mesmo disse que se deveria orar sentado, em pé ou ajoelhado.

Simplesmente disse que cada um entrasse no seu quarto ( ou seja, no seu aposento mais íntimo, olu na sua intimidade) e, em silêncio – quer dizer, apenas em pensamento – se dirigisse ao Pai. Nesse particular, não há necessidade nem mesmo de se articular palavras, porque o que vale não é a expressão material da oração e muito menos os acessórios com que se possa envolve-las, mas o sentimento de que ela está revestida. Se dependesse da palavra, por exemplo, uma pessoa muda não poderia orar.

Vejam a simplicidade da oração ensinada por Jesus. Ao dizer o Pai Nosso, uma oração extremamente curta, ele o fez sem nenhum adorno material, sem nenhum sinal ou gesto especial e, ainda disse, que não era preciso repetir a oração, deixando claro que o Pai sabe que do que necessitamos, muito antes de lhe fazermos qualquer pedido.

O que vale na prece é o pensamento voltado a Deus e um sentimento sincero de plena confiança na sua presença, em qualquer hora ou lugar. Tudo o mais é acessório, tudo o mais é secundário. Os rituais religiosos ( sinais cabalísticos, músicas, danças e sacrifícios) surgiram em épocas bem remotas da humanidade, nos povos polteístas, que acreditavam no poder mágico dessas práticas.

Contudo, o Espiritismo respeita todas as formas de orar, porque elas dependem do meio em que as pessoas vivem, dependem da maneira como elas aprenderam e de suas necessidades. Kardec diz que devemos respeitar as diversas formas pelas quais as pessoas se dirigem a Deus, mesmo aquelas que não adotamos no Espiritismo, uma vez que o mais importante não é o ato exterior, mas o conteúdo espiritual que a prece transmite. Mas,isso não quer dizer o centro espírita vai adotá-las. No centro, pelo contrário, aprendemos a nos libertar dessa necessidade, para buscar uma forma mais espiritualizada de orar.

Por isso, o centro espírita prefere a simplicidade. Lá não existem hinos, cantos, ladainhas, velas, imagens, defumadores ou qualquer objeto de veneração. O Espiritismo ensina que precisamos aprender a nos ligar a Deus pelo sentimento e principalmente pelos nossos atos, sem depender de formas exteriores, pois o que vale na oração é a sinceridade e a qualidade do sentimento, é o que realmente vai em nossa intimidade. O pensamento é a maior força do mundo e nós aprendemos a utilizá-lo, no dia-a-dia, através da prece, como Jesus ensinou.






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