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sábado, 13 de novembro de 2021

UM CASO COMO MUITOS; EM BUSCA DA VERDADE COM O PROFESSOR

Como as estatísticas demonstram, a violência resultante do consumo de drogas foi ganhando proporções epidêmicas na sociedade no final do século 20. Muitas vidas físicas foram interrompidas marcando dolorosamente a dos que remanesceram em nossa Dimensão. A história contada a seguir ilustra isso, embora a mediunidade tenha mostrado aos envolvidos um aspecto ignorado da fato, provocando reações até certo ponto positivas. Para entender por que vamos voltar à noite de 5 de junho de 1984, em São Paulo, capital. O dia terminava para a família Sorrentino, todos já haviam se recolhido, o casal e dois de seus filhos, faltando apenas Renato, um jovem que apesar dos seus 22 anos já trabalhava como analista de sistemas da Bolsa de Valores de São Paulo e cursava o quarto ano da Faculdade de Economia e Administração da USP. Um telefonema por volta da meia noite, porém, provoca um alvoroço naquele lar, até aquele momento tranquilo e feliz. A voz era de um policial que informava que Renato havia sido vítima de um assalto seguido de roubo da moto, que utilizava para os deslocamentos de casa para o trabalho e deste para a Faculdade. Como consequência de tiros recebidos, não resistira e viera a falecer no próprio local da ocorrência. Perplexidade, dor, revolta, inconformação, ódio, misturaram-se no coração e mente de seus pais e irmãos nos cinco meses que se seguiram. A aceitação somente começaria a ser experimentada no dia 9 de novembro, na cidade de Uberaba, Minas Gerais. Naquela noite, em meio às cartas psicografadas pelo médium Francisco Cândido Xavier, encontrava-se a de Renato, esclarecendo e envolvendo seus entes queridos no reconforto conforme depoimento de sua mãe, que “admitiu que passaram todos a experimentar um novo alento e muita vontade de trabalhar pelos companheiros necessitados”. Em sua mensagem, Renato conta: -“Lembro-me da última frase que o jovem desconhecido me endereçou com a voz suplicante: – “Oi, companheiro, dê-me por favor uma carona. Sou seu colega sem nica no bolso...” O pedido me alcançou o coração e parei a moto. Estava de saída da USP e devia a meu ver prestar um gesto de solidariedade ao amigo anônimo. Coloquei-lhe a garupa ao dispor e seguimos juntos. Não houve tempo para muito diálogo. Passados alguns minutos, o rapaz pediu parada e deixou o pedal que eu lhe havia cedido. Mal nos defrontamos e ele sacou um revólver e os projéteis me atingiram com violência. Compreendi que era o fim. Fixei o infeliz que me prostrara sem comiseração e roguei a Deus em silêncio que me fizesse entender aquele estranho assalto, em que os meus melhores sentimentos haviam sido cruelmente explorados... O desventurado amigo ou inimigo (ainda não sei bem) procurou ganhar distância, mas foi reconhecido. A sangria desatada não me permitia qualquer movimento. Recordo-me de que alguns desconhecidos se abeiraram de mim, no entanto, meu cérebro como que se apagara. Nada mais vi nem ouvi, porque um torpor, que nunca imaginei pudesse ser assim tão forte, se me apoderou do corpo e da mente. Quanto tempo permaneci naquele desmaio sofrido de profunda inconsciência, ainda não sei. Acordei num aposento confortável, assistido por uma senhora em cuja presença adivinhava uma enfermeira prestimosa. Não pude articular a palavra logo após retomar a própria consciência, abrindo os olhos. Notei que uma grande dificuldade me tomara a garganta e, entre pensamentos enfileirando orações, esperei o momento no qual me foi permitido falar. Então, perguntei à protetora diligente sobre o meu próprio destino, já que a minha triste cena final me voltava à memória. Estaria em algum recanto de tratamento na Terra mesmo ou me achava em algum lugar fora do plano físico? O corpo estava quebrado, dolorido... A senhora me informou que a minha presença, fosse onde fosse, lhe seria muito grata ao coração e me recomendou chamá-la por vovó Josefina. Vovó Josefina era um nome que, muitas vezes, ouvi como sendo alguém de nossa família que a morte arrebatara, e ainda estávamos naquele início de conversação, que me espantava, quando outra senhora veio até nós, abraçou-me afetuosamente e me solicitou nomeá-la por vovó Benedita. Então, não tive mais dúvida. Chorei ali mesmo, refletindo em meus queridos pais, em meus irmãos e em nossa querida Sílvia, a quem prometera casamento. Vovó Josefina consolou-me e, qual se fizesse de mim um menino de volta à infância, me fez rememorar preces do tempo de criança que eu desde muito havia esquecido... Entendi, no entanto, que não estava numa universidade e sim num santuário. O santuário do lar em cujo clima de amor formara o coração. Minhas avós me recomendaram pedir à Divina Providência bastante força para perdoar ao jovem que me despojara da vida física. E quando fiz isso, com todo o meu coração, pois, repeti as petições por vários dias consecutivos até que conseguisse repeti-las com sinceridade, pensei no infeliz companheiro qual se fosse ele meu próprio irmão do lar e, desde essa hora, um calor diferente me animou por dentro da própria alma”.


Se as sessões de desobsessão existem para combater a obsessão, eu pergunto: como se combatia a obsessão antes do Espiritismo? Ou não havia obsessão naquele tempo? ( Anônimo)

Allan Kardec chamou de obsessor o Espírito que persegue o encarnado, seja por que motivo for. Em geral, ambos, perseguidor e perseguido, são inimigos do passado, desta ou de outras encarnações; e o obsessor, quase sempre, está procurando se vingar de um prejuízo moral causado por este que, hoje, é sua vítima, mas, que no passado, foi seu agressor.Sempre há algum motivo muito forte para a obsessão, um sentimento de ódio e um impulso de vingança. Nada acontece por acaso. Mas pode acontecer que o autor mental da obsessão não seja o Espírito ou os Espíritos, que estão obsedando diretamente o encarnado. Alguns Espíritos se valem de outros, que ficam a seu serviço, e que também podem ser agentes de obsessão.

A pergunta, que o ouvinte coloca, é sobre o papel do Espiritismo no tratamento da obsessão. Ora, se o Espiritismo tem pouco mais de 160 anos, quem fazia isso antes? Ou não existia obsessão? É claro que obsessão sempre existiu no seio da humanidade, pois a obsessão nada mais é do que conseqüência de nossa inabilidade, de nossa incompetência em matéria de convivência. Erramos muito uns com os outros, e acabamos por prejudicar pessoas ao longo de nossas vidas, da mesma como cada um de nós também, em algum momento, é prejudicado.

No estágio atual em que nos encontramos – e, no passado da humanidade, mais ainda - não existe relação humana sem conflitos. Nossos atos têm muito de orgulho e de egoísmo e, com isso, ao tentar levar vantagem sobre os outros, acabamos fazendo vítimas. Nesses episódios de luta pelos interesses próprios, ou fazemos o papel de obsessores ou somos os obsedados; ou prejudicamos ou somos prejudicados.

Nos centros espíritas existem, geralmente, sessões mediúnicas, chamadas de “desobsessão”, destinadas ao atendimento de pessoas que apresentamos sintomas de perturbação espiritual. Nessas sessões, os obsessores são esclarecidos e chamados a um acordo com a sua vítima, a fim de que se reconciliem, e resolvam de uma vez a contenda. A tentativa é válida: às vezes, funciona e de outras não. No entanto, a parte mais importante da obsessão, sem dúvida, é a reeducação do encarnado, até porque é mais fácil cuidar do encarnado a quem vemos do que do desencarnado, que não vemos.

Quando, na questão nº 469 de O LIVRO DOS ESPÍRITOS, Kardec perguntou aos mentores como se livrar dos Espíritos maus, em nenhum momento, eles mencionaram sessões de desobsessão. Disseram, simplesmente, que a melhor forma de nos livrarmos dos maus é atrair os bons, e a melhor forma de atrair os bons é fazer o bem, mudar o rumo da própria vida – ou seja, fechar as portas da alma a qualquer influência perniciosa e negativa. Prevenir é sempre melhor que remediar: isso em tudo na vida.

Logo, não é difícil percebe que não é só o Espiritismo que pode combater a obsessão, mas todos aqueles que, de boa vontade, concorrem para que as vítimas da obsessão, pelo seu próprio esforço, se libertem dela. E isso veio acontecendo em todas as épocas da humanidade, antes mesmo do Espirit8ismo por interferência das religiões e dos espíritos esclarecidos, quando se mostraram capazes de conduzir a pessoa para o caminho do próprio equilíbrio espiritual.

Só afastar o obsessor não é desobsessão. A obsessão é um processo complexo que começa na mente do obsidiado - ou seja, é ele quem desencadeia o problema e, se não tratado, tende a se agravar. Como afirma Kardec, no último capítulo de O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO, “removida a causa, remove-se o efeito”. Mas a causa está no próprio paciente que, tomando consciência de que deve mudar sua conduta, reaproxima-se de Deus por algum meio ( por algum caminho, por alguma religião mesmo), afastando a causa e obtendo seu equilíbrio.

Kardec ainda apresenta uma figura interessante para ilustrar o mecanismo da desobsessão. Ele compara o defeito moral ( uma mágoa, por exemplo), a uma ferida que atrai moscas e serve de entrada para todo tipo de agentes de infecção. Enquanto não combatermos essa ferida, não adianta espantar as moscas, porque elas sempre voltarão; e a ferida continuará expondo nosso corpo a toda espécie de infecção. Se, porém, conseguimos tratá-la devidamente, até sua cura, as moscas se afastam naturalmente. Desse modo, podemos entender porque os Espíritos perseguidores só têm acesso a nós pelos canais de nossas imperfeições.



 

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