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terça-feira, 28 de dezembro de 2021

DEPOIS DE GALILEU ; EM BUSCA DA VERDADE COM O PROFESSOR

 POSTAGEM 5-1-22 

Quando surgiu o Espiritismo, a Revolução Industrial já provocava mudanças significativas no panorama mundial em vista da necessidade de produção em escala de alimentos e bens de consumo diante da densidade demográfica que seria acelerada na passagem de um ciclo evolutivo para outro da Terra marcada por uma transição turbulenta. A Revolução Tecnológica do século XX ‘turbinaria’ ainda mais a primeira, materializando avanços somente antevistos por visionários do passado. Nenhuma das duas mudanças contudo atendeu às mais remotas inquietações humanas expressas nas cogitações filosóficas e religiosas ‘porque existimos’, ‘sofremos’, etc. Esse o principal objetivo do Espiritismo como explica Allan Kardec com a matéria com que abre a edição da REVISTA ESPÍRITA de abril de 1867. Vejamos alguns de suas ponderações e argumentos: -“Nem Moisés, nem o Cristo tinham a de ensinar aos homens as leis da Ciência; o conhecimento dessas leis devia ser o resultado do trabalho e das pesquisas do homem, da atividade e do desenvolvimento de seu próprio espírito, e não de uma revelação a priori, que lhe tivesse dado o saber sem esforço. Eles não deviam nem podiam lhes ter falado senão numa linguagem apropriada ao seu estado intelectual, sem o que não teriam sido compreendidos. Moisés e o Cristo tiveram sua missão moralizadora; a gênios de uma outra ordem são deferidas missões científicas. Ora, como as leis morais e as leis da Ciência são Leis Divinas, a religião e a filosofia só podem ser verdadeiras pela aliança destas leis. O Espiritismo baseia-se na existência do princípio espiritual, como elemento constitutivo do Universo; repousa sobre a universalidade e a perpetuidade dos seres inteligentes, sobre seu progresso indefinido, através dos mundos e das gerações; sobre a pluralidade das existências corporais, necessárias ao seu progresso individual; sobre sua cooperação relativa, como encarnados ou desencarnados, na obra geral, na medida do progresso realizado; sobre a solidariedade que une todos os seres de um mesmo mundo e dos mundos entre si. Nesse vasto conjunto, encarnados e desencarnados, cada um tem sua missão, seu papel, deveres a cumprir, desde o mais ínfimo até os anjos, que nada mais são que Espíritos humanos chegados ao estado de Espíritos puros, e aos quais são confiadas as grandes missões, o governo dos mundos, como a generais experimentados. Em vez das solidões desertas do espaço sem limites, por toda parte a vida e a atividade, em parte alguma a ociosidade inútil; por toda parte o emprego dos conhecimentos adquiridos; em toda parte o desejo de progredir ainda e de aumentar a soma de felicidades, pelo emprego útil das faculdades da inteligência. Em vez de uma existência efêmera e única, passada num cantinho da Terra, que decide para sempre de sua sorte futura, impõe limite ao seu progresso e torna estéril, para o futuro, o trabalho a que se entrega para instruir-se, o homem tem por domínio o Universo; nada do que sabe ou do que faz fica perdido: o futuro lhe pertence; em vez do isolamento egoísta, a solidariedade universal; em lugar do nada, segundo alguns, a Vida Eterna; em lugar da beatitude contemplativa perpétua, segundo outros, que a tornaria de uma inutilidade perpétua, um papel ativo, proporcionado ao mérito adquirido; em vez de castigos irremissíveis por faltas temporárias, a posição que cada um conquista por sua perseverança no bem ou no mal; em vez de uma mancha original, que o torna passível de faltas que não cometeu, a consequência natural de suas próprias imperfeições nativas; em vez das chamas do inferno, a obrigação de reparar o mal que se fez e recomeçar o que se fez mal; em vez de um Deus colérico e vingativo, um Deus justo e bom, que leva em conta todo arrependimento e toda boa vontade. Tal é, em resumo, o quadro que apresenta o Espiritismo, e que ressalta da situação mesma dos Espíritos que se manifestam; não é mais uma simples teoria, mas resultado da observação.




Olívia Dedini, residente em Álvaro de Carvalho, nos coloca o seguinte. Sendo de família católica, ela aprendeu desde a infância a necessidade e a importância de orar pelos mortos. Dias destes, porém, alguém a procurou para dizer que não se deve orar pelos que se foram desta vida, porque o destino dos mortos está decidido de forma irrevogável. Dona Olivia sabe que o Espiritismo também considera necessário a oração pelos desencarnados. Ela pede nossas considerações.


Dona Olívia, para atender a sua solicitação, nós vamos dar a resposta que Allan Kardec deu aos que crêem na eternidade das penas e não acreditam na eficácia da prece pelos mortos. Esse texto de Kardec se encontra no livro, O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO, ( não sabemos se a senhora tem esse livro; mas se não tiver, é bom adquirir) – e essa resposta está no capítulo 27, item 19, que diz o seguinte:


Algumas pessoas não admitem a prece pelos mortos, porque acreditam que a alma só tem duas alternativas: ser salva ou ser condenada às penas eternas. Num e noutro caso, portanto, a prece seria inútil (segundo elas). Sem discutir a validade dessa crença, admitamos por um instante a realidade das penas eternas e irremissíveis, e que as nossas preces sejam impotentes para interrompê-las.”


Perguntamos (prossegue Allan Kardec), se mesmo com essa hipótese, é lógico, é caridoso, é cristão, recusar a prece pelos condenados... Essas preces, por mais impotentes que sejam para libertá-los, não serão para eles uma prova de piedade, que poderá minorar-lhes o sofrimento? Na Terra, quando um homem é condenado à prisão perpétua, mesmo que não haja nenhuma esperança de obter sua liberdade, é proibido a uma pessoa caridosa auxiliá-lo a carregar os peso dos grilhões? “


E prossegue Kardec: “Quando alguém é atacado de uma doença incurável, não havendo portanto nenhuma esperança de cura, deve-se abandoná-lo sem nenhum alívio? Pensai que, entre os condenados, pode estar alguém que vos seja caro: um amigo, talvez um pai, a mãe ou um filho e só porque – segundo julgais – essa criatura não pode ser perdoada, poderei recusar-lhe um copo d’água para mitigar a sede, um bálsamo para secar-lhe as feridas? Não faríeis por ela o que farias por um prisioneiro? Não lhes daria uma prova de amor, uma consolação?”


Não, isso não seria cristão. Uma crença, que endurece o coração, não pode conciliar-se com a crença num Deus que coloca, como primeiro de todos os deveres, o amor ao próximo! Negar a eternidade das penas não implica negar uma penalidade temporária, mesmo porque, na sua justiça, Deus não pode confundir o mal com o bem. Ora, nesse caso, negar a eficácia da prece seria negar a eficácia da consolação, dos estímulos e dos bons conselhos; e isso equivaleria a negar a força eu haurimos de assistência moral dos que nos amam.”


E veja que, mesmo admitindo a eternidade das penas, ainda assim, a prece seria de grande utilidade para os mortos. Entretanto, devemos considerar que no Espiritismo não admite a eternidade das penas, porque não admite a existência de um Deus violento e vingativo. Sabemos que os Espíritos – ora estão encarnados, ora desencarnados. Orar pelos desencarnados é um dever moral de todos nós, principalmente se esses desencarnados são nossos entes queridos.


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